Arquivos Economia - Página 173 De 393 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Economia

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Mercado global: Um pé na Irlanda, um pé em Pernambuco

O empresário recifense Felipe Antunes, 29 anos, há cinco anos deixou Pernambuco para experimentar a vida no continente europeu. Após trabalhar por um tempo no setor de vendas em Dublin, na capital da Irlanda, ele decidiu criar seu próprio negócio. Antenado às tendências do mercado e conectado aos profissionais do setor de TI do Brasil, ele fundou um conjunto de empresas: a Client Hall (no segmento de desenvolvimento de websites e aplicativos), a Eat & Repeat (que faz marketing digital para restaurantes), a Via Brasil (um marketplace para fornecedores brasileiros no exterior) e a Ondway (serviço de delivery on-demand, uma plataforma que ainda está em desenvolvimento). Com um bom networking em solo irlandês, ele percebeu uma brecha no mercado. Com o avanço da digitalização dos negócios, em especial durante a pandemia, muitos microempresários e pequenos empresários não conseguiam desenvolver um site ou aplicativo porque o custo era muito alto. Daí suas empresas passaram a criar soluções para esses clientes. "Eu sabia fazer sites de forma mais simples e comecei a contratar pessoas do Brasil para fazer esse serviço. Eu era curioso da área, adoro tecnologia, mas não era um desenvolvedor profissional. Contratei algumas pessoas e comecei a vender o serviço. Hoje consigo fazer um site e reduzir bastante o preço para o mercado local". Com o câmbio do euro bem valorizado, o empresário conseguiu atrair mão de obra qualificada de Pernambuco e de outros Estados do Brasil e prestar um serviço a preços competitivos para o mercado irlandês. "O custo da prestação de serviços daqui é muito grande. No Brasil, temos profissionais com boa expertise nesse mercado digital para desenvolver sites e aplicativos. Mantemos assim um serviço de qualidade a preço justo de venda para a Irlanda", afirma Felipe. Ele conta que o Brasil e a Índia são dois países que começam a fornecer profissionais ao mercado internacional dentro dessa modalidade. As empresas do seu grupo hoje trabalham apenas com trabalhadores brasileiros nesse modo remoto. Sua equipe que está em home office no Brasil conta com profissionais em Pernambuco, no Rio Grande do Sul, no Ceará, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Além de atrair a mão de obra de brasileiros interessados no mercado internacional, para ganhar em dólar ou euros, Felipe afirma que há muitas pessoas que moram hoje na Europa e que desejam voltar ao Brasil, mas seguir conectados ao mercado de trabalho do Velho Mundo. As possibilidades do trabalho remoto abrem um caminho para isso. "É bem evidente a quantidade de brasileiros que desejam retornar para o Brasil e continuar trabalhando para o mercado europeu". O novo negócio em construção, o On the Way, está focado na maior necessidade dos empreendedores locais que é qualificar a entrega no segmento de alimentação e restaurante. "É um serviço bem semelhante ao iFood, mas atua apenas na prestação de serviços de delivery, sem o marketplace, e por metade dos valores que eles cobram. Ofereceremos assim um custo mais barato e resolvemos o que realmente é o problema do mercado local", conta Felipe. Para quem deseja acessar o mercado europeu de forma remota, Felipe indica que as áreas com maior atratividade de profissionais são de desenvolvimento de softwares, vendas, Business Development, logística e até de contabilidade. O primeiro passo que ele indica, porém, é dominar a língua inglesa e se possível um outro idioma também. "Além da construção de um bom networking, a conexão com as vagas pode acontecer também através do LinkedIn. Funciona bastante aqui na Europa. Pode adicionar sem medo os profissionais que você deseja se conectar, as pessoas aqui são muito abertas. Ser mais ativo no LinkedIn, gerando valor nas redes sociais para chamar atenção dos headhunters, pode ser uma boa estratégia", sugere o empresário. *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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Trabalho remoto entre o Canadá e o Recife

A jornalista Bruna Siqueira Campos, 41 anos, é recifense e sócia da BSCPro Comunicação Estratégica. Sua empresa nasceu durante a pandemia, o que já era um desafio para qualquer novo negócio. Desde setembro, no entanto, ela mora em Vancouver, no Canadá. As facilidades do trabalho remoto permitiram que ela seguisse trabalhando na agência, mesmo a alguns milhares de quilômetros de distância e com um fuso horário diferente. Bruna foi uma das entrevistadas na edição 187.4 da Revista Algomais em que tratamos sobre as oportunidades e desafios do trabalho remoto internacional. A BSCPro Comunicação Estratégica surgiu após uma vasta experiência profissional no Diario de Pernambuco, em diversos veículos por onde ela trabalhou como freelancer, a exemplo de O Globo, G1, Ópera Mundi/UOL e Agência Lusa, e na gerência de comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. Antes dessa vivência internacional, ela trabalhou três anos em Tóquio, no Japão, para o jornal International Press. Publicamos hoje na Gente & Negócios a entrevista na íntegra. . . O que te motivou a se mudar para o Canadá? Como já morei no exterior antes (estive por três anos no Japão e depois passei um tempo nos Estados Unidos), sempre tive vontade de voltar a repetir a experiência. Apesar das dificuldades de começar tudo de novo, encarar outro idioma sem ser fluente, mudar de casa e de trabalho aos 41 anos, queria que meu filho tivesse oportunidades que, sabemos bem, são mais difíceis de se conquistar em um país que vive envolvido em turbulências socioeconômicas, como o Brasil. O Canadá é um sonho antigo do meu marido, mas era um plano que estava “adormecido” por conta de nossas trajetórias profissionais. Mas em 2019, um pouco antes da pandemia, ele teve a oportunidade de fazer uma seleção para a AWS (Amazon Web Services) e agora estamos em Vancouver. Como existe uma carência mundial por profissionais de TIC, a empresa bancou todo o processo migratório e a mudança, além das despesas para ficarmos o primeiro mês no Canadá. Como planejou essa transição, sem se desligar dos negócios que você construiu aqui no Recife? Quando ele passou no processo seletivo, eu estava ocupando um cargo de gestão no governo do estado, mas comissionado - ou seja, sem estabilidade ou vínculo empregatício. O processo levaria tempo, a gente sabia, mas não esperávamos uma pandemia no meio do caminho. Demorou cerca de um ano e meio, então deu tempo de sair do Estado, recusar duas propostas de emprego e começar a empreender por conta própria, atendendo empresas privadas. Ou seja, me adequei completamente ao trabalho híbrido, entre casa, escritório em um coworking e visitas a empresas. Mas ter um sócio no Recife, além de colaboradores que nos ajudam no atendimento presencial aos clientes, tem sido fundamental para tudo caminhar sem problemas. Você pretende ter clientes aí também no Canadá ou o foco será seguir apenas com clientes no Brasil? Claro que, por conta do real desvalorizado, conquistar clientes no Canadá é uma meta para o médio e longo prazos. Preciso aumentar minhas receitas para bancar minhas despesas em dólar, essa diferença está pesando bastante! Penso em usar minha expertise na área de economia, atuando em comunicação corporativa e relações governamentais, para fazer essa “ponte” com investidores e entidades entre os dois países. Quem sabe não dá certo? Mas, inicialmente, preciso melhorar o inglês e quero me dedicar aos estudos. Quais os desafios de trabalhar não só na gestão, mas também na operação da empresa, de modo remoto? Acredito que estamos muitíssimo bem adaptados ao trabalho remoto, a pandemia forçou o mercado a acelerar essa transição “na dor”. Mesmo em meio a uma gestão de crise, quando atuava na gestão pública, segui trabalhando por várias semanas numa fazenda no interior de Pernambuco, no meio de mato, boi e cavalo. Agora, o princípio é o mesmo - continuar com as entregas a distância, mas contando com uma internet de altíssima qualidade. Nem me sinto tão distante da equipe e dos clientes, por conta da rotina. O único fator que atrapalha é mesmo o fuso horário, que aqui é de 4h a menos. Então tenho acordado muitas vezes “no escuro” para participar de reuniões no Brasil e andar com as demandas. Se não tivéssemos vivido a Pandemia, você veria isso como uma possibilidade ou esse modo de trabalho só foi possível após todo esse amadurecimento que vivemos a partir do home office forçado da Pandemia? Certeza que esse modus operandi, de viver fora e trabalhar para clientes em outro país, só está sendo possível por conta dessa transição forçada pela Covid. A gente falava muito nisso, mas a prática sempre foi diferente. Agora temos a certeza de que produtividade não tem nada a ver com presença física. Dá para se trabalhar de qualquer lugar, com um computador e um telefone. Basta ter proatividade, flexibilidade e boa vontade para fazer dar certo. Você chegou a bem pouco tempo no Canadá, mas quais são seus planos futuros? Ainda não parei para pensar sobre meus planos em detalhes, mas certamente incluem adequar minha rotina para atender meus clientes brasileiros e expandir a carteira; melhorar o inglês para crescer no país e poder empreender, também, do lado de cá; e conquistar a cidadania para ter o direito de morar em um país de primeiro mundo. Embora a gente ame nossa cultura e sinta falta de muita gente, essas oscilações e insegurança no Brasil mexeram muito com os planos dos brasileiros para o longo prazo, inclusive com os meus. Torcendo para o cenário melhorar. . *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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Gente, negócios e investimentos em Pernambuco

Muro Alto recebe segundo resort e residência da ARA Empreendimentos A ARA Empreendimentos está lançando o La Fleur Polinésia Villa & Resort na praia de Muro Alto, no município de Ipojuca. Um projeto une lazer para quem deseja usar e rentabilidade para quem busca investir. O empreendimento de alto padrão nasceu após o sucesso do La Fleur Polinésia Residence & Resort. “Fomos assertivos ao lançarmos um conceito que unia a solução de construção e operação do empreendimento, pois quando falamos de segunda residência, a solução de serviços é tão importante quanto a construção. Com esse sucesso e amadurecimento, estamos lançando o segundo”, comenta o diretor comercial da empresa, Ricardo Lucena. O empreendimento está em operação desde 2018 com a bandeira do Samoa Resort e possui taxa de ocupação média anual de 75% de suas 170 unidades. O projeto tem o Valor Gerado de Vendas (VGV) superior a R$ 350 milhões. A previsão de entrega da primeira etapa é em abril de 2025, que compreende um total de 90 unidades, distribuídos em três blocos, além dos 166 leitos do resort. Já a segunda, que contempla três blocos e mais 90 unidades, será inaugurada em abril de 2026. . Reckitt Health & Nutrition Comercial expande negócios em Pernambuco A Reckitt Health & Nutrition Comercial, divisão de saúde e nutrição do Grupo Reckitt - multinacional de bens de consumo em higiene, saúde e nutrição - expande seus negócios em Pernambuco. Nuromol e LuftaFEM chegam para compor o portfólio da companhia no Brasil e representam a entrada da empresa na categoria de analgésicos, o maior segmento dentro do mercado de Medicamentos Isentos de Prescrição. Em Pernambuco, a empresa estreitou o contato com profissionais da saúde, dobrando o número de representantes nas ruas com o objetivo de ampliar sua cobertura. Para potencializar essa expansão, a empresa mapeou as principais especialidades com o objetivo de promover o acesso àqueles pacientes que mais podem se beneficiar destes analgésicos. . Sommelier pernambucano embarca para curso em Portugal O sommelier pernambucano, Helton Silva, embarca novamente para Portugal no início de novembro. O objetivo da viagem é fazer um curso com a equipe do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IDVP) e visitar uma seria de vinícolas nas regiões do Minho, Douro, Alentejo e Bairrada. Helton aproveita a viagem e o convite do Grupo Rui Paula para atuar como sommelier no Restaurante DOP, situado na cidade do Porto, durante esse período. Uma boa ocasião para rever amigos, produtores, provar muito vinhos de novos projetos com a cozinha moderna e afetiva do Chef Rui Paula que possui uma estrela Michelin.

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Leilão privilegia fontes fósseis e conta de luz deve aumentar

Da Absolar Mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), aponta que os projetos de grandes usinas solares fotovoltaicas cadastrados no Procedimento Competitivo Simplificado (PCS) nº 001 de 2021, realizado nesta semana, foram responsáveis pela oferta de apenas 3% de toda a potência disponível no certame. A expectativa da entidade é que, com a baixa contratação de menos de 1% de energia solar mais competitiva em contrapartida com mais de 97% de contratação de termelétricas a gás natural, a conta de luz dos brasileiros continue a subir nos próximos meses. Segundo a entidade, a fonte solar, reconhecidamente mais competitiva no Brasil e no mundo, teve resultado irrisório no certame e, assim, os brasileiros vão pagar mais caro para “sujar” a matriz elétrica. Para a associação, uma das razões para baixo de nível de contratação nos leilões deste ano, sobretudo de energia mais competitiva, é a “sobrecontratação” das distribuidoras, que possuem contratos antigos de fornecimento de eletricidade de usinas que hoje não possuem condições estruturais de entregar os megawatts acordados, a chamada garantia física. “Por isso, é necessária uma revisão da garantia física, para que os leilões possam ter contratações alinhadas com as necessidades de geração de energia do País, comenta o presidente executivo da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, O leilão contou com a participação de empreendimentos solares fotovoltaicos, eólicos, termelétricos a biomassa, óleo combustível, óleo diesel e gás natural. Ao todo, foram cadastrados 972 projetos, totalizando 62 gigawatts (GW) de potência, o equivalente a mais de um terço da potência atual da matriz elétrica brasileira. A fonte solar fotovoltaica foi cadastrada com apenas 78 projetos, totalizando 1,86 GW de potência. A contratação das usinas a gás natural representou 97,1% do leilão, enquanto a biomassa ficou com 2,6% e a solar fotovoltaica com apenas 0,3%. Para o vice-presidente de Geração Centralizada da ABSOLAR, Anderson Concon, a fonte solar é uma das melhores soluções para a expansão da capacidade de geração de energia elétrica renovável do Brasil, especialmente neste período crítico de crise hídrica, nova bandeira tarifária e importação de energia. “Infelizmente, a fonte solar, que é a mais competitiva para os cidadãos, ficou muito aquém das necessidades do País, de diversificação da matriz a partir de fontes mais competitivas e acessíveis à população”, comenta. “Com a versatilidade e agilidade da tecnologia solar, uma usina fotovoltaica de grande porte fica operacional em menos de 18 meses, desde o leilão até o início da geração de energia elétrica. A solar é reconhecidamente campeã na rapidez de novas usinas de geração”, comenta. “Por isso, se os leilões cancelados no passado recente tivessem contratado energia solar, o cenário atual estaria menos crítico”, avalia. Segundo a entidade, a potência instalada das grandes usinas solares fotovoltaicas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) já ultrapassou a soma das usinas termelétricas fósseis à carvão mineral. De acordo com mapeamento, são 3,8 GW de potência instalada da fonte solar nas grandes usinas, ante um total de 3,6 GW de termelétricas movidas a carvão mineral. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 20,8 bilhões em novos investimentos e geraram mais de 114 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos. Em 2019, a solar foi a fonte mais competitiva entre as renováveis nos dois LEN A-4 e A-6, com preços-médios abaixo dos US$ 21,00/MWh. Em julho de 2021, repetiu o feito nos LEN A-3 e A-4, com os menores preços-médios dos dois leilões, abaixo dos US$ 26,00/MWh. No leilão A-5 de 2021, realizado no último dia 30 de setembro, a fonte solar fotovoltaica apresentou o segundo menor preço-médio com US$ 30,90/MWh. Com isso, a solar segue como uma das mais fontes mais competitivas do Brasil. Hoje, no PCS, a fonte solar fotovoltaica apresentou o preço mais baixo das fontes contratadas, com preço-médio de US$ 60,43/MWh, o que corresponde a aproximadamente 22,1% do preço-médio das negociações realizadas nesta segunda-feira. Para Sauaia, a situação crítica de escassez hídrica, com elevados reajustes tarifários na conta de luz, reforça o papel estratégico da energia solar como parte da solução para diversificar e fortalecer o suprimento de eletricidade no País, fundamental para a retomada do crescimento econômico nacional. “As grandes usinas solares geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”, esclarece. “Diante da crise e da nova bandeira de escassez hídrica é fundamental que o Governo Federal acelere a energia solar no Brasil, para diversificar a matriz elétrica e baratear a energia para a população e os setores produtivos”, acrescenta.

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Entre Lisboa e Recife: a experiência de internacionalização da Escobar Advocacia

*Por Rafael Dantas Nesta semana, a Algomais está tratando sobre a internacionalização das carreiras e dos negócios. Afinal, o trabalho remoto abriu os horizontes para quem deseja trabalhar em uma cidade e viver em outra, independente do local do mundo em que se esteja. Um dos nossos entrevistados foi o advogado Gustavo Escobar, do Escritório Escobar Advocacia. Atualmente morando em Lisboa, ele segue liderando os negócios da sua empresa que tem sede no Recife. Uma transição que aconteceu ainda antes da pandemia. Confira abaixo essa conversa sobre a experiência de Gustavo de atravessar o oceano e continuar com os negócios no Brasil. Sua decisão de fazer essa mudança aconteceu antes da Pandemia. Atualmente como funciona seu escritório com pessoas trabalhando dos dois lados do oceano? A pandemia consolidou esse modelo de trabalho a distância internacional? Sim. Mudamos para Portugal ainda em 2018. Antes de nos mudar preparamos toda tecnologia no escritório para que pudéssemos fazer as reuniões remotas. Então, quando o cliente queria uma reunião, ele entrava em nossa sala de reunião em Recife acompanhado de um advogado da área em que seria atendido e eu entrava pelo sistema de videoconferência, direto de Lisboa. Além disso, a cada dois meses eu viajava para Recife e passava 10 ou 15 dias na cidade e fazia as reuniões mais delicadas e estratégicas pessoalmente. Isso tudo funcionou muito bem até março de 2020, quando chegou a pandemia e levou ao fechamento do escritório, colocando toda nossa equipe em home office. Embora tivéssemos toda estrutura, uma equipe experiente e, mesmo antes da mudança, o hábito de trabalhar de qualquer lugar do mundo, enquanto viajávamos, sempre havia certa resistência ou inabilidade de alguns clientes em fazer reuniões on-line. Era comum ir a São Paulo e voltar no mesmo dia ou se deslocar a outras cidades do interior de Pernambuco para atender a clientes, o que levava a uma perda de tempo e maior custo para todos. Sem dúvidas a pandemia representou uma mudança nisso. Passamos dois períodos de 8 meses sem ir ao Brasil e todas as nossas reuniões passaram para o formato on-line. Isso serviu para nos mostrar como é possível e eficaz um novo modelo. Também facilitou a aceitação das reuniões on-line e, sem dúvidas, vai tornar os deslocamentos ao Brasil menos frequentes do que antes. Como tem sido a operação, o cotidiano, do escritório remotamente? Sobre o funcionamento do escritório com pessoas em países diferentes ou em home office, existem alguns desafios. A integração e relação com a equipe precisa de foco constante. Rotinas de reuniões internas devem ser criadas e respeitadas. Além disso, todo o controle da gestão precisa estar muito bem “nas mãos”. A vantagem é que, de fato, a tecnologia hoje ajuda muito. Temos 90% da nossa operação a nossa disposição, em tempo real, no celular. Ainda sobre isso, um ponto fundamental são as pessoas. Faz toda diferença ter um time tecnicamente preparado e socialmente positivo, engajado e responsável. Depois de muitos anos, alguns erros e muitos acertos, demos sorte de conseguir contar com pessoas de caráter, comprometidas e bem competentes. Isso ajuda muito! Quais foram suas motivações e quais os desafios de fazer essa migração? Foi um mix de motivos. Estudo e capacitação, qualidade de vida e exploração de um novo mercado. Eu e minha esposa viemos nos capacitar. Ela fez uma especialização em Direito Tributário e eu acabei fazendo duas: uma em Propriedade Intelectual e outra em Proteção de Dados. Meu filho havia sido aprovado para cursar direito na Universidade de Lisboa, então, juntando motivos pessoais, acadêmicos e profissionais, decidimos todos vir juntos e fazer essa experiência, aproveitando ainda para “tirar umas férias” do Brasil que anda tão complicado. Os principais desafios foram a expectativa de adaptação dos filhos, o que ocorreu melhor do que esperávamos e, sem dúvidas, como explorar um novo mercado em Portugal, mantendo a qualidade e responsabilidade com tudo que temos no Brasil. Acredito que, após três anos, podemos dizer que esses desafios foram superados, embora estejamos sempre atentos, monitorando e reavaliando tudo constantemente. Para o mercado de trabalho local, observando do ponto de vista das empresas em Pernambuco, e global, como essas experiências contribuem para o desenvolvimento dos profissionais e para a competitividade das próprias empresas? Vou falar um pouco do meu setor que é serviços jurídicos, mas posso dizer que há grandes descobertas e oportunidades em muitas áreas. Descobrimos que poderíamos advogar aqui em Portugal por haver um convenio entre a OAB e a Ordem dos Advogados portuguesa. Ao chegar aqui, enxergamos oportunidades de atuação que, talvez, não fossem tão evidentes naquela altura se tivéssemos ficado no Brasil. Falo especificamente da atuação na área de Proteção de Dados. Em 2018 ninguém falava sobre isso, mas na Europa o Regulamento Geral de Proteção de Dados – RGPD já era uma realidade. Decidimos estudar essa nova área e nos capacitamos muito para que, quando a LGPD entrasse em vigor no Brasil, pudéssemos atender o mercado que se abriu. Esse é um exemplo concreto que aumentou a capacitação da nossa equipe, melhorou a competitividade do nosso escritório, pois saímos na frente nessa área, e, como resultado, gerou um incremento interessante de faturamento em plena pandemia. Outro diferencial competitivo que acabamos agregando ao nosso negócio foi justamente ser uma base na Europa para investidores brasileiros. Já tínhamos boa experiência no atendimento aos estrangeiros que investiram no Brasil na época de crescimento e desenvolvimento durante o governo Lula. Naquela altura a Europa estava em crise e muitos europeus viram no Brasil, que até então crescia bem, uma alternativa. Com a mudança das coisas – recuperação da Europa e crise no Brasil –, surgiu um fluxo invertido, ou seja, cada vez mais brasileiros investindo e mesmo imigrando para Europa. E Portugal, geralmente, é o destino ou pelo menos a porta de entrada mais natural. Assim, ter um escritório em Lisboa é algo interessante. Isso traz mais segurança ao clientes e também facilita muito a integração com outros prestadores de serviços e nos deixa mais próximos às

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Por que pensar no mercado de trabalho global?

*Por Rainier Michael Vivemos a necessidade de um novo multilateralismo "glocal" baseado na diplomacia econômica. "Glocal" é um neologismo a partir da fusão dos termos global e local.  Este conceito das relações internacionais não apenas responde pelos fins comerciais das partes envolvidas, mas interpreta sob uma visão humana, com responsabilidade socioambiental, o desenvolvimento e o crescimento das regiões ou países envolvidos. Mas, afinal, por qual razão eu devo pensar em internacionalização? Indico abaixo alguns motivos para empresas, empresários e profissionais. • Oportunidade de reduzir a dependência em relação ao mercado interno, aumentar a produtividade e a inovação, diversificar produtos e, consequentemente, obter mais lucro; • Posicionamento da marca deixa a empresa em uma posição de destaque no mercado e na mente dos consumidores. Isso faz toda a diferença nos resultados do negócio; • “Oceano Azul - exploração de mercados consumidores ainda pouco aproveitados prevendo sazonalidades e suprir a baixa demanda de um país com o aumento no volume de vendas em outro; • Acesso a profissionais estrangeiros com competências e habilidades diferenciadas, muitas vezes, não encontradas em colaboradores nacionais; • Aumento da receita, vendas não ficam limitadas ao mercado nacional ampliando a base de clientes, ainda mais relevante para setores que enfrentam a saturação do mercado interno; • Baratear o custo de produção e se beneficiar com a redução da carga tributária oferecida pelos países que vão receber a mercadoria; • Enquadrar os produtos e serviços às exigências internacionais. Para participar desse mercado glocal, por onde devo começar? Faço algumas indicações abaixo para quem deseja trilhar esse caminho. • Estude o mercado internacional e sua empresa; • Entenda a legislação do país de destino; • Elabore uma estratégia e um plano de negócios; • Crie novas estratégias para a empresa como um todo; • Crie estratégias de marketing internacional; • Prepare o produto e marketing para a internacionalização; • Elabore um planejamento financeiro específico; • Invista na Global Mobility. *Rainier Michael é cônsul da Eslovênia e presidente do Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia (Iperid)

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Confiança do Empresário do Comércio aumenta em Pernambuco

Da Fecomércio PE O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e com recorte local realizado pela Fecomércio-PE, capta a percepção do empresário do varejo quanto ao ambiente de negócios, considerando a sua perspectiva sobre a economia brasileira, o setor de comércio e a situação da sua empresa. O ICEC é composto por três subíndices que avaliam, respectivamente, as condições atuais (ICAEC), às intenções de investimento (IIEC) e as expectativas de curto prazo (IEEC). Na expectativa para o aquecimento das vendas de Black Friday e Natal, os empresários do comércio varejista de Pernambuco mantiveram em alta o índice confiança do segmento no mês de outubro. O ICEC-PE, que registrou o quinto mês consecutivo em elevação, cresceu 1,3% na comparação com o mês anterior (setembro) e 15,1% na comparação com um ano atrás (outubro de 2020), chegando a 115 pontos. Embora o avanço de outubro se apresente mais modesto que os registrados nos quatro meses anteriores, é relevante que o ICEC-PE continue sinalizando o otimismo do varejo no estado para o final de ano. Com esse movimento, o ICEC-PE vem corroborando os resultados recentes do índice de intenção de consumo das famílias (ICF-PE), também levantado pela CNC, o qual demonstra que o consumidor pernambucano recupera gradualmente o seu ímpeto de compras. Por sua vez, em conjunto as duas perspectivas sinalizam para um quarto trimestre mais promissor no comércio de Pernambuco, após a queda das vendas registrada pela pesquisa mensal do comércio (PMC/IBGE) em agosto (-2,6% em relação ao mês anterior e -7,8% em relação a agosto de 2020). Na comparação com setembro apenas o subíndice relacionado às expectativas (IEEC) não registrou variação positiva. Entretanto, esse subíndice ficou praticamente estagnado (-0,1%) em outubro na comparação com setembro, indicando que o empresário do comércio pernambucano apenas ficou mais cauteloso, aguardando sinais de que o ambiente de negócios se confirme mais propício ao longo do último trimestre do ano. De todo modo, cabe ressaltar que esse subíndice se encontra no patamar de 145 pontos, revelando um grau de otimismo muito maior em relação a janeiro (+6,1%), quando estava em 137 pontos, e em relação a outubro de 2020 (48,9%), quando se encontrava em aproximadamente 65 pontos. Entre os três subíndices, apenas o que avalia as condições atuais (ICAEC) ainda se encontra abaixo do patamar considerado de estabilidade – que é de 100 pontos –, tendo alcançado 96,5 pontos em outubro, com variação de 1,2% em relação a setembro. Porém, o subíndice cresceu aproximadamente 26% na comparação com o início do ano e 48,9% na comparação com outubro de 2020, revelando que o avanço da vacinação e o aumento da circulação de pessoas no comércio foram suficientes para a retomada da confiança dos empresários, mesmo em um cenário de inflação, de elevação dos custos e de endividamento do consumidor. Também houve avanço no subíndice que avalia as intenções de curto prazo dos empresários (IIEC) com relação a mão de obra, investimentos e estoque de produtos. Esse subíndice cresceu 3,2% entre setembro e outubro – o maior na comparação com mês imediatamente anterior –, e 19,4% na comparação com outubro de 2020. Ao longo dos dez meses do ano, o IIEC saltou de 92,4 pontos para 103,2 pontos (+11,7%). Sobre estas intenções de curto prazo – posição sobre as estratégias para os próximos três meses –, o levantamento do ICEC/CNC revelou que o percentual de empresários que pretendem “aumentar um pouco” o quadro de funcionários passou de 2,5% em setembro para 5,8% em outubro. No geral, verifica-se que 75,7% dos empresários sinalizam intenção de contratar funcionários nos próximos três meses, patamar praticamente igual ao registrado em setembro. Do ponto de vista dos investimentos da empresa, 51,3% (7,3% “muito” e 44,0% um pouco) dos empresários sinalizam intenção de elevar o volume atual, proporção que era de 45,1% no mês anterior e de 27,3% em outubro de 2020. Já em relação ao estoque de produtos, 88,4% apontam que pretendem aumentar o volume nos próximos meses, patamar semelhante ao registrado em setembro, mas sinalizando que os empresários continuam se preparando para um aumento da demanda de final de ano. Para os próximos dois meses, é esperado que o ICEC-PE continue em ascensão, tendo vista os eventos que se aproximam e que ainda podem animar o comércio varejista antes de encerrar o ano de 2020.

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Pernambuco tem o melhor saldo na geração de empregos do Nordeste

Do Governo de Pernambuco Pernambuco teve um saldo positivo de 25.732 postos de trabalho formais em setembro. É o melhor resultado desse mês nos últimos oito anos, colocando o Estado em primeiro lugar no Nordeste e em terceiro no Brasil. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26.10) pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged). Em relação ao mês de agosto, quando o saldo foi de 17.215 contratações, houve um crescimento de 8.523 empregos com carteira assinada. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, o Estado gerou um saldo de 70,5 mil ocupações. “Esse resultado aponta para um reaquecimento consolidado da nossa economia. Nosso Plano Retomada está percorrendo todas as regiões do Estado e continua acelerando a volta das oportunidades em todos os setores produtivos. É uma clara sinalização de que estamos no caminho certo e que devemos continuar apoiando os empreendedores e atraindo novos negócios para Pernambuco”, afirmou o governador Paulo Câmara. O secretário do Trabalho, Emprego e Qualificação, Alberes Lopes, comemorou a notícia diante de um ano tão difícil de crise causada pela pandemia. “A vacina é realmente a melhor saída para retomarmos a normalidade, para resgatar os empregos, juntamente com todas as parcerias entre o Governo do Estado e a iniciativa privada. Os números ainda vão melhorar, porque os próximos meses devem sentir o impacto do programa Emprego PE, que já cadastrou 1.802 empresas”, explicou. Cada estabelecimento inscrito no programa terá o benefício de R$ 550 por novo funcionário, o que vai estimular mais contratações. Os dados do último mês, segundo o secretário, refletem o período de safra da cana-de-açúcar e também mostram a recuperação contínua dos serviços e comércio, setores fortes da economia pernambucana. A indústria teve um saldo positivo de 11.546 novos empregos; a agropecuária, 5.957; os serviços 4.573; o comércio, 2.495; e a construção, 1.161. As cidades pernambucanas que mais se destacaram foram Recife (3.967), Rio Formoso (2.750), Sirinhaém (2.277), Petrolina (2.232) e Ipojuca (1.512). BRASIL – De acordo com o Novo Caged, o emprego celetista no Brasil apresentou crescimento em setembro de 2021, registrando saldo de 313.902 postos de trabalho. Esse resultado decorreu de 1.780.161 admissões e de 1.466.259 desligamentos. São Paulo está em primeiro lugar no ranking, com a geração de 84.887 postos e Minas Gerais ficou em segundo com 29.029.

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Prévia da inflação no Grande Recife sobe pelo terceiro mês

Do IBGE O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação, acelera pelo terceiro mês consecutivo e alcança o terceiro maior índice do ano no Grande Recife, com alta de 1,04% em outubro frente ao mês anterior. Ainda assim, essa foi o quinto menor percentual entre as 11 localidades pesquisadas, acima de Belém (0,51%), Salvador (0,87%), Goiânia (1%) e Fortaleza (1,03%). No Brasil, a alta foi superior à da RMR: 1,2%. Os números foram divulgados nesta terça-feira (26) pelo IBGE. No acumulado do ano, por outro lado, a Região Metropolitana do Recife (RMR) fica em quarto lugar no ranking das maiores altas do IPCA-15, com 8,86%, acima da média nacional (8,3%) e atrás de Curitiba (10,91%), Porto Alegre (9,38%) e Fortaleza (9,06%). Já no acumulado dos últimos 12 meses, o Grande Recife está na quinta posição, com alta de 10,29%, ligeiramente abaixo da média nacional (10,34%). O IPCA-15 mede as variações de preço em nove grupos de produtos e serviços cujos preços foram coletados entre 15 de setembro e 13 de outubro. Todos tiveram alta, mas, pela primeira vez no ano, o maior aumento ocorreu no setor de Vestuário (2,22%), pressionado pelos aumentos de 3,94% na camisa/camiseta masculina, de 3,91% na bermuda/short feminino e de 3,44% na lingerie. Em segundo lugar, está o setor de Transportes (1,97%), puxado pela alta de 47,52% nas passagens aéreas, a maior entre todas as capitais e regiões metropolitanas pesquisadas e do reajuste de 20,5% no transporte por aplicativo. Esses foram os dois serviços que mais aumentaram de preço na prévia da inflação de outubro. O terceiro maior aumento nos preços, de 1,3%, foi registrado na categoria Habitação, impactada pela vigência da bandeira tarifária de escassez hídrica, com acréscimo de R$ 14,20 na conta de luz a cada 100kWh consumidos. A alta de 4,56% no gás de botijão foi outro fator a impulsionar a inflação do segmento. Apesar de uma alta relevante, de 0,98%, o grupo de Alimentação e Bebidas registrou as três mercadorias com reduções mais expressivas de preço em todo o IPCA-15. Foi o caso da cebola (-12,75%), da melancia (-9,35%) e da batata-doce (-6,30%). Os demais grupos de produtos e serviços que tiveram aumento na inflação foram os Artigos de residência (0,78%), Despesas pessoais (0,77%), Comunicação (0,15%), Saúde e cuidados pessoais (0,09%) e Educação (0,05%).

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"As possibilidades de viver numa cidade e trabalhar noutra nunca foram tão grandes"

Quem há algum tempo pensaria em trabalhar para uma empresa de Manaus ou de Porto Alegre sem sair do Recife ou de Caruaru? Com a pandemia se tornou normal trabalhar em home office tanto para uma empresa da mesma cidade, como dos extremos do País e até de outras nações. Essa experiência de seguir em Pernambuco e integrar o quadro profissional de uma empresa do exterior foi o tema da matéria de capa da edição 187.4 da Revista Algomais. Um dos especialistas entrevistados foi o consultor e sócio da TGI, Fábio Menezes. Nesta entrevista, concedida ao jornalista Rafael Dantas, ele fala sobre os desafios e os caminhos para quem almeja participar desse mercado global. Há pouco tempo se falava sobre a fuga de cérebros, em relação aos brasileiros que deixavam o País para trabalhar no exterior. Hoje, com o cenário pandêmico e o avanço do trabalho remoto, qual o cenário desse mercado de trabalho global? O trabalho remoto muda o modelo de funcionamento, mas a inteligência continua sendo exportada quando um profissional presta serviço para uma empresa no exterior, mesmo que fisicamente continue na sua terra natal. A imposição do trabalho remoto por conta da pandemia fez com que muitos modelos fossem repensados. O que antes era entendido como fundamental, como por exemplo a presença física para a realização de alguns trabalhos, reuniões, tarefas, hoje não necessariamente é assim. As organizações descobriram que poderiam funcionar de outra forma, inclusive com mais eficiência. Em algumas situações, a distância física era impeditiva para realização de trabalhos dentro do próprio país, hoje vivemos a experiência do trabalho remoto dentro da mesma cidade e vimos que funciona, pelo menos em boa parte dos casos. Existem experiências de profissionais que estão no Brasil trabalhando para empresas de fora do país, como também o inverso, profissionais no exterior prestando serviço para empresas locais. Esse intercâmbio também é influenciado pela dificuldade de encontrar mão de obra especializada e, com a experiência ampliada do trabalho remoto imposta pela pandemia, a tendência é que a oferta de trabalho global seja estimulada. As fronteiras foram reduzidas. Com o dólar e euro em alta e diante da escassez global de alguns tipos de profissionais, a atratividade para os pernambucanos trabalharem em empresas de outros países aumentou? Como construir uma carreira que vislumbre essa possibilidade de ter clientes internacionais ou mesmo trabalhar remotamente para uma empresa do exterior? Sem dúvida o câmbio é muito atrativo para quem está no Brasil e presta serviço em dólar ou euro. Em algumas áreas, por exemplo a TI, e em especial desenvolvedores de softwares, que é uma área tradicionalmente forte em Pernambuco, alguns profissionais têm muito foco no exterior e praticamente não trabalham mais com empresas locais, mesmo morando no Recife. Uma estratégia utilizada por esses profissionais é o intercâmbio e networking global, por exemplo com a participação em eventos internacionais, realização de cursos e publicação de trabalhos no exterior, iniciativas para chamar atenção dos possíveis contratantes e viabilizar os trabalhos. As demandas das empresas de fora são atrativas não apenas pela remuneração em dólar ou euro, mas também pela satisfação em trabalhar com multinacionais de referência global. Qual o tipo e perfil de profissional que está em alta nesse mercado global? A globalização da economia faz com que o padrão de qualidade dos serviços e produtos tenda a ser, cada vez mais, internacional. Desta forma, quem trabalha em Pernambuco precisa considerar o padrão global. Naturalmente, na maior parte dos casos o domínio da língua inglesa é um ponto chave e estamos ainda impressionantemente distantes desse conhecimento de forma ampla na sociedade. Empresas locais identificam oportunidades de negócios no exterior, mas têm dificuldade de contratar profissionais fluentes em inglês. Trabalhar para empresas de outros países implica não apenas em produzir num padrão global, mas em lidar muitas vezes com culturas diferentes. Os profissionais que têm interesse em trabalhar para empresas no exterior devem estar abertos ao conhecimento de outras realidades e, sobretudo, ter disposição e capacidade de adaptação. Quais as oportunidades e ameaças que você observa para os profissionais e empresas locais diante desse novo campo profissional global que se abre com o trabalho remoto nesse contexto internacional ou ao menos interestadual? A tendência é de crescimento da concorrência entre os profissionais. Ainda que o câmbio atual não seja tão favorável para a contratação de mão de obra no exterior por empresas locais, dentro do próprio país a expansão da experiência com o trabalho remoto viabiliza a contratação de profissionais que não estejam necessariamente na mesma cidade da sede da organização. Quanto mais o mercado se abre, maior a tendência de elevação do padrão de qualidade e, portanto, da exigência de qualificação dos profissionais e das empresas. Se um profissional vai trabalhar para ou no exterior ou localmente é sua estratégia que deve definir, o que é básico deve ser o padrão de excelência das entregas. Temos percebido também o movimento migratório de alguns profissionais e empresários pernambucanos para viver no exterior, sem se desligar da operação dos seus negócios e empresas consolidados por aqui. Essa é uma tendência? Quais as vantagens dessa modalidade para as pessoas que tem o desejo de se mudar ou viver uma experiência temporária em outra cidade ou mesmo país? Para quem passou aproximadamente um ano e meio administrando seus negócios remotamente é compreensível considerar que pode ser viável manter o formato morando no exterior. No entanto, é um projeto que precisa ser concebido e implantado com todo cuidado. Ainda que a experiência com o trabalho remoto tenha sido surpreendente para algumas empresas (ganho de eficiência, maior produtividade, redução de custos, maior satisfação e qualidade de vida da equipe...), entendo que precisamos de mais tempo para analisar o formato com mais segurança. Passamos um bom tempo em isolamento, e num período dramático, isso é diferente de home office. A produtividade da equipe precisa ser acompanhada em “vida normal”, não em isolamento. Além disso, cada negócio tem sua dinâmica própria, depende da natureza do segmento, do padrão de desenvolvimento do seu

"As possibilidades de viver numa cidade e trabalhar noutra nunca foram tão grandes" Read More »