A 23ª edição da Fenearte, que acontece de 5 a 16 de julho, terá como tema Loiceiros de Pernambuco – Arte da Terra, Poesia das Mãos e, este ano oferece ao visitante uma série de inovações. Além da tradicional exposição dos trabalhos de mais de 5 mil artesãos de Pernambuco, do Brasil e de outros países, realizada no Centro de Convenção, outras atividades vão acontecer paralelamente em cerca de 50 espaços culturais e restaurantes do Recife e de Olinda dentro do Circuito Fenearte. Outras ações inéditas é a instalação do restaurante Pernambuco à mesa, com pratos do chef Cesar Santos, e a realização do estudo da cadeia produtiva do artesanato, que será realizado durante a feira.
O tema das loiças faz um resgate histórico da arte feita em barro, já que todo o artesanato brasileiro em cerâmica tem sua origem nas peças utilitárias produzidas pelos povos originários, em especial as panelas. Aspecto que foi ressaltado, de forma afetiva, pela governadora Raquel Lyra, durante o anúncio do evento realizado nesta terça-feira (13) no Palácio do Campo das Princesas.
“Para quem veio de Caruaru é uma emoção a mais falar de Fenearte. Nasci e cresci indo buscar saquinho de barro lá na casa de seu Severino Vitalino para brincar de fazer boneco. O quanto isso foi importante para minha formação e para a compreensão da importância do que é economia criativa, do que é a nossa identidade cultural, do que é a força do artesanato”, afirmou.
São esperadas 300 mil pessoas para visitar os estandes que ocuparão 25 mil metros quadrados do Centro de Convenções. O investimento para a realização do evento é de R$ 8 milhões e a expectativa de movimentação financeira, superior a R$ 40 milhões.
NOVIDADES
A ideia de transbordar a feira para além do Centro de Convenções, segundo Camila Bandeira, vice-diretora da 23ª Fenearte, surgiu porque o evento não tinha mais para onde crescer. “A demanda dos artistas era tão grande e o espaço físico limitado, então vamos ocupar outros espaços e, dessa forma, capilarizar a feira e espalhá-la pela cidade”, justifica Camila, que está à frente da Diretoria Geral de Promoção da Economia Criativa da Adepe ( Agência de Desenvolvimento de Pernambuco).
Ela revela que a inspiração dessa inovação veio da Fuorisalone, realizada em Milão. “Lá, a principal feira fica no pavilhão principal, mas economia da cidade vive hoje a partir do que acontece no seu entorno, nas galerias, nos outros equipamentos que são ocupados”. Já Raquel Lyra adiantou que no próximo ano pretende ampliar as atividades para além da Região Metropolitana do Recife. “Para o ano que vem, o desafio é invadir o interior e com isso a gente poder fortalecer o nosso turismo”, projeta.
O Circuito Fenearte é uma das principais inovações desta edição da Fenearte, que promoverá o diálogo do artesanato com as artes visuais, o design e a gastronomia e vai acontecer em galerias, museus e restaurantes do Recife e de Olinda. Nas artes visuais o destaque é para a ART-PE (Feira de Arte de Pernambuco) iniciativa do arquiteto Digo Viana, que contará com 30 galerias e artistas urbanos, além de programação de palestras e rodadas de conversa com nomes como Cris Rosebaum, Juliana Nortari e Daniela Falcão.
Na área de design, a exposição Sertão sobre Sertão, do designer de mobiliário Fábio Melo, acontece no Museu Cais do Sertão. O salão principal do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa estará com a mostra Tapeçaria Timbi: Bordando as Obras do Mestre J. Borges. Já a Design Week (DW), mais importante feira do segmento no Brasil, que acontece em São Paulo, vai estabelecer uma ponte com Pernambuco, ao realizar uma ativação no Edifício Pernambuco, no bairro de Santo Antônio.
E numa Fenearte em que o tema é a loiçaria, gastronomia ganha espaço ainda maior. Em parceria com o Instituto César Santos, o evento traz a Cozinha Fenearte, em que 10 restaurantes farão parte do Circuito Fenearte, com cardápio especial. São eles: Altar Cozinha Ancestral; Bar do Cabo; Cá-Já; Cais Rooftop; Chica Pitanga; Oficina do Sabor; Moendo na Laje; Retetéu Comida Honesta; São Pedro; Vieira.
Ainda na parte gastronômica, acontece a Cozinha Fenearte, instalada no mezanino do pavilhão, com 16 aulas demonstrativas, que vão acontecer de quarta a domingo, com uma novidade: ao final de cada uma, dois espectadores serão sorteados para degustar o prato elaborado pelo chef convidado. A receita também estará disponível no cardápio do restaurante Pernambuco à Mesa, que estreia neste ano, de quinta a domingo. O menu é assinado pelo chef Cesar Santos, com sobremesas da associação Assucar e a participação do confeiteiro Negro Brownie, além de harmonização guiada pelo sommelier Angelo Miranda.
PESQUISA
Durante a feira também será realizado o estudo da cadeia produtiva do artesanato, pesquisa e mapeamento. A ideia segundo Camila é entender esse mercado e fazer um diagnóstico para traçar diretrizes. “A partir disso, a gente vai ter informações relevantes para construir estratégias e ações estruturais para o artesanato nos próximos anos”, explica Camila.
No mezanino do pavilhão, o visitante que for à feira também poderá ir à exposição As Loiceiras de Tacaratu – A Arte Milenar das Mulheres do Meu Sertão, com fotografias de Ana Araujo, que apresenta a tradição da loiça no município pernambucano; um saber difundido pelo povo Pankararu. As loiças terão destaque também no Espaço Janete Costa, que terá ainda palestras com artesãos, artistas, designers e produtores.