Galeria Amparo recebe exposição Vértice, com curadoria de Clarissa Diniz - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Galeria Amparo recebe exposição Vértice, com curadoria de Clarissa Diniz

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Na foto: Clara Moreira, Clarissa Diniz e Fefa Lins

A Galeria Amparo 60 abriu a exposição Vértice, de Clara Moreira e Fefa Lins, com curadoria de Clarissa Diniz. A mostra fica em cartaz até agosto e celebra as aproximações, diálogos e distanciamentos entre os trabalhos dos dois artistas, nomes de destaque da cena figurativa brasileira contemporânea. Ao propor apresentar o trabalho de artistas do seu casting em conjunto a galeria aproveita também para comemorar os seus 25 anos de trajetória, completados em 2023.

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“Neste ano tão importante para a Amparo 60, pensamos num calendário de exposições que dialogassem com nossa trajetória. Estamos apresentando esse percurso nas feiras que estamos participando, e, na galeria, estamos convidando artistas do nosso casting para comemorar junto com a gente. E celebrar a produção de Fefa e Clara, artista de um nova geração, nesse momento especial nos pareceu bastante pertinente”, explica a galerista Lúcia Costa Santos. 

Tanto Clara como Fefa encontram na pintura e no desenho seu principal suporte de criação, e, nos últimos anos, vêm colecionando coincidências. “Durante a SP-Arte do ano passado, começamos a perceber alguns encontros entre os nossos trabalhos. As obras que estávamos apresentando lá eram autorretratos, com o corpo em destaque, o posicionamento das cabeças bem similares. Os desenhos apresentados juntos chamavam a atenção, fortaleciam um ao outro, ainda que tivessem vida própria”, lembra Clara Moreira. Pouco depois dessa edição da feira, ambos foram indicados ao Prêmio Pipa daquele ano.  

Nos bastidores, na intimidade, os artistas também tinham grande aproximação num diálogo fecundo, no qual falavam de tintas, papéis, pincéis, misturas, histórias de ateliê e conversas sobre o fazer artístico. “Queríamos mostrar esses diálogos, botar em evidência essas coincidências, mostrar as diferenças. Trocar figurinhas, mostrar esse encontro tão antigo”, conta Fefa. A ideia ganhou ainda mais força este ano, quando Clara e Fefa tiveram, durante a mesma SP-Arte, obras adquiridas para compor o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

O duo vai apresentar 14 trabalhos, muitos deles inéditos. “Fefa e Clara compartilham interesses pelo retrato enquanto gênero (ambos se filiam a dimensões canônicas do desenho e da pintura, tensionando-as) e pelos gêneros (no sentido da identidade de gênero) implicados nas políticas de representação. Acredito que, assim, inscrevem suas vizinhanças a uma história da arte que é amplamente clássica, eurocentrada, branca e masculinista desde uma torção: a de protagonizar o corpo da mulher, o corpo transgênero, a experiência da maternidade. O fazem também ao investigar a tradição da alegoria e da fabulação na arte, mas não anseiam transformar suas obras em janelas do poder tal como têm feito as alegorias históricas (especialmente produzidas pela igreja, pelas monarquias e pelo Estado). Acredito que fazem uso dessa tradição alegórica e retratística para colocar em primeiro plano a dimensão cotidiana e quase invisível da vida e da subjetividade, que encontram um imaginário (que adquirem corpo, imagem, carnalidade) em suas obras, fazendo com que aspectos de suas vidas íntimas possam habitar o espaço público e, dessa forma, transformá-lo na mesma medida em que ele é ocupado por suas perspectivas”, reflete a curadora.

A exposição também vai fazer parte do Circuito Fenearte, que acontece entre  5 e 16 de julho, no Centro de Convenções. Nesta edição, a feira vai promover um circuito com translado para levar o público para outros equipamentos culturais na cidade.

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