A mensagem do punk rock hardcore

A banda Devotos, formada por Cannibal, Neilton e Cello, conseguiu fazer a classe média subir o Alto José do Pinho, berço do grupo e de uma cena punk que surgiu no final dos anos 1980. Em 30 anos, o som instigante do punk rock hardcore foi pano de fundo para letras que deram voz aos problemas da comunidade. E ainda ajudaram a quebrar o estigma da violência das periferias. Devotos e outras bandas viraram matéria de jornais do Sudeste, que compararam a cena do Alto José do Pinho com o punk rock surgido em Londres em 1977.

Só que a potência da voz, guitarra, bateria e baixo do Devotos nem sempre permitiram que as letras escritas por Cannibal fossem compreendidas por todo mundo. Daí a ideia de escrever  Música para o povo que não ouve, publicação editada pela Cepe a ser lançada no dia 1º de setembro, a partir das 16h, no Alto José do Pinho, com direito a show pós-lançamento.

Editado como um fanzine, o livro de 196 páginas traz cerca de 90 letras e muitas fotografias dessas três décadas de estrada da banda, cartazes de shows, além de diversas matérias de jornal, e da história da formação e ascensão do grupo, contada por Cannibal e pelo diagramador do livro e produtor Marcus AsBarr.

Este último define a produção de Cannibal não apenas como letras de música, mas também “manifestos e gritos de revolta”, em um misto entre “crônicas cotidianas e densas poesias”, descreve AsBarr.

E pensar que Cannibal nem músico queria ser. “Quando conheci o movimento punk, aos 17 anos, não queria fazer música, queria panfletar, participar de passeatas, fazer parte das organizações dos shows, mas tocar não!”, revela o músico, que por conta disso sentia necessidade de mostrar ao público o que ele estava cantando.

Na publicação, o leitor vai encontrar também letras que só foram executadas no início da carreira da banda, e que nem sequer foram gravadas.

 

Meu País

 

Vivo tão feliz

Esse é o meu país

E todos que o amam

Sabem a sua fama

De país do Carnaval

Da selva mundial

Do Rei do Futebol

Do extermínio de menor

Sabemos do presente

Qual será nosso futuro?

Os menores estão morrendo

Que país inseguro

Eu já disse isso a você

Não adianta esquecer

Eu vou sempre te lembrar

Só me deixe expressar

Não canto só pra mim

Canto pra você

Igualdade e consciência

É o que nós devemos ter

O futuro é inseguro

E o caminho obscuro

Mas tem solução

Vamos todos dar…as mãos

O país do Carnaval

Da selva mundial

Do Rei do Futebol

Do extermínio de menor

Mas já disse isso a você

Não adianta esquecer

Eu vou sempre te lembrar

Só me deixe expressar

O futuro é inseguro

O caminho é obscuro

Mas tem solução

Vamos todos dar as mãos

 

SERVIÇO

Lançamento do livro Música para o povo que não ouve (Cepe Editora), de Cannibal

Quando: 1º de setembro, a partir das 16h

Onde: Alto José do Pinho

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