Arquivos Notícias - Página 167 De 680 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Notícias

Ponto Cidadão retoma programa voluntário e-Mentoring

As possibilidades de ajuda ao próximo podem ser encontradas de diversas formas, e o Ponto Cidadão, projeto social localizado em Igarassu, município da Região Metropolitana do Recife, retomou uma fórmula que tem dado muito certo. O e-Mentoring é um modelo onde profissionais voluntários ajudam alunos de acordo com a afinidade da área de atuação. Para facilitar ainda mais, tudo é feito de forma online, em dias específicos da semana. "Como funciona: tem o mentor e o mentorando, e nós fazemos uma seleção com os jovens do projeto, de acordo com a avaliação de desempenho deles, para saber quem vai participar", explica Roberta Cavalcanti, coordenadora executiva do Ponto Cidadão. "Essa interação acontece pelo menos uma vez na semana, que é o que a gente solicita. É claro que tem mentor que até interage mais, dependendo da demanda do jovem." O e-Mentoring surgiu em 2007 e geralmente conta com uma média de 40 mentores anuais, cada qual com um jovem. O número total, vez ou outra, oscila, mas é importante que voluntários busquem a instituição para que os jovens tenham mais opções de profissionais de áreas diversas no banco de dados. "Hoje, trabalhamos por e-mail ou WhatsApp, sempre com a supervisão de um coordenador. Depois que os jovens são selecionados, temos uma reunião para identificar qual a área de interesse deles. E aí verificamos o banco de dados de alguns mentores e tentamos linkar as afinidades. Por exemplo, o jovem tem interesse em trabalhar com recursos humanos, então a gente coloca um mentor que já trabalha nessa área para orientá-los", detalha a coordenadora. A retomada do e-Mentoring representa um modelo bastante significativo para o papel que o Ponto Cidadão desempenha na carreira dos jovens, como destaca Roberta. "Tem sido muito importante não só para nós, mas também para o jovem e para o próprio mentor, por conta dessa troca de experiência. Para o jovem, é desenvolvimento profissional puro. Alguns, inclusive são encaminhados para o mercado de trabalho por meio do seu mentor. Eles têm um progresso enorme com as atividades que os mentores passam, com algumas provocações e muita coisa relacionada ao mercado de trabalho."

Ponto Cidadão retoma programa voluntário e-Mentoring Read More »

Por que a fome voltou a assombrar o País e como reverter esse fenômeno?

Uma pesquisa recente de professores da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal da Minas Gerais e Universidade de Brasília (UNB) revelou que quase três quintos (59,4%) dos domicílios brasileiros no final do ano 2020 apresentaram um crescente grau de insegurança alimentar. Conversamos com José Arlindo Soares, que é sociólogo e pesquisador do Centro Josué de Castro, sobre esse cenário de recrudescimento da fome e quais as possíveis saídas para o País. José Arlindo explica que os dados dessa pesquisa não significam que todo esse conjunto dos 59,4% dos brasileiros estejam em uma situação de fome absoluta, mas o estudo aponta que essas famílias diminuíram o consumo de alimentos em importantes níveis. "É considerado um domicílio que vive em insegurança alimentar ou em uma situação de incerteza quanto ao acesso de comida quando a família já foi obrigada a reduzir a quantidade e a qualidade de alimentos que consumia. No Nordeste, na nossa região, a situação é mais grave, o fato ocorre em 73% das casas", afirma o pesquisador. Ele explica que a pesquisa faz um distinção entre os graus de insegurança. Entre os lares brasileiros, 31,7% são considerados em insegurança alimentar leve, 12,7% são avaliados como moderados e 15% vivem a insegurança grave. "Essa última é que deve ser motivo de maior de preocupação da sociedade e do poder público. O Brasil, já no final de 2020, chegou em números absolutos de 19 milhões de pessoas em situação de grave insegurança. O maior destaque é dirigido para o Nordeste, para famílias com crianças e para aquelas que não concluíram o ensino fundamental", disse Arlindo. Para exemplificar o agravamento do cenário da fome, o pesquisador lembra que a conclusão da pesquisa de Orçamentos familiares de 2017-2018, divulgada pelo IBGE em setembro do ano passado, já indicava essa tendência de aumento da insegurança alimentar. "Esse crescimento da insegurança alimentar vem desde a recessão de 2014/2015, quando o desemprego atingiu cerca de 12 milhões da trabalhadores. Agora, o problema foi aguçado pela pandemia que agravou a situação econômica do País . Temos então um quadro histórico bem diferente daquele momento em que a ONU declarou o Brasil livre da fome. As pesquisas revelam que desde 2015 já havia uma sinalização de um quadro de aumento da insegurança alimentar, situação que foi apenas ligeiramente amenizada em 2019. Agora vivemos um aumento da dramaticidade da fome outra vez". Auxilio Emergencial O sociólogo explica que no meio da Pandemia ocorreram três movimentos importantes na análise do quadro de insegurança alimenta no Brasil. "Primeiro houve uma queda do consumo de alimentos. Em seguida, com o auxílio emergencial, houve um efeito imediato na própria diminuição da miséria ou mesmo da pobreza, com uma diminuição da insegurança alimentar. Em um terceiro momento houve um recrudescimento da situação de fome com o final do auxílio". Em números, José Arlindo Soares explica que tomando como referência o mês de abril de 2020, cerca de 66 milhões de famílias receberam o auxílio na primeira fase. Isso correspondia a três vezes a quantidade de famílias que recebiam o Bolsa Família.  "O principal problema, além da descontinuidade do Auxílio Emergencial, é que o desenho dele não foi resultado de um conceito mais estruturador do fenômeno que, em tese, se pretendia combater. Foi mais o resultado da pressão imediata sobre o Governo Federal, que ele procurou se livrar. Não foi apresentada uma proposta estruturadora para a crise, que tinha obrigação dimensionar e projetar o tempo necessário do auxílio. Além disso, faltou um projeto coerente em relação a implicações sanitárias, econômicas e humanitárias do fenômeno da pandemia que ainda estamos vivendo". Além da crítica a falta de um programa mais consistente de distribuição de renda de forma emergencial, José Arlindo criticou a rejeição da compra cerca de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer sob o pretexto de exigências de cláusulas draconianas no contrato. "Foram cláusulas que 58 países com sólidas estruturas jurídicas já tinham aceito. Isso permitiria começar a vacinar entre dezembro e janeiro, o que significaria que já em março ou abril  teríamos 50 milhões de pessoas vacinadas, com repercussões naturais na economia. Claro que o problema não era de rigor jurídico, longe disso, mas de colocar obstáculos ao reconhecimento da própria pandemia. Isso porque no mesmo período o presidente e o medieval Ministro das Relações Exteriores faziam uma diplomacia das cruzadas contra uma potência mundial na produção de insumos de vacinas, que hoje é responsável por 90% das vacinas  efetivamente aplicadas no Brasil, além de ser é o principal comprador do agronegócio do Brasil", afirmou o pesquisador se referindo aos ataques do ex-ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, à China. Renda Mínima Para além do retorno do Auxílio Emergencial, o sociólogo José Arlindo Soares defende que o País crie um programa de Renda Mínima para combater o problema da fome de forma mais sustentável. "O retorno do ciclo da fome no Brasil coloca a urgência para a criação de um programa de renda mínima mais substantivo, que possa superar as oscilações das conjunturas econômicas. Isso sem falar na necessidade de uma maior prioridade da educação, que é quem faz com que a renda do trabalho ultrapasse a renda da proteção social. É preciso entender que o Programa Bolsa Família foi e ainda é muito importante para aliviar a pobreza, mas ele só funciona funciona bem como complemento de uma outra renda da família. Quando a única renda é a Bolsa a situação da família é de vulnerabilidade absoluta, ou seja, uma situação de insegurança alimentar grave".

Por que a fome voltou a assombrar o País e como reverter esse fenômeno? Read More »

Monitor de Secas registra piora em Pernambuco e no NE

Da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) A última atualização do Monitor de Secas aponta que no Nordeste houve uma piora na condição de seca em março, devido às chuvas abaixo da média ao longo dos últimos meses, marcada pelo aumento das áreas com seca moderada e/ou grave em parte de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Por outro lado, devido às precipitações acima da média no último mês, houve uma redução das áreas com seca fraca e moderada no Maranhão – único estado nordestino que registrou melhora nas condições do fenômeno. Em Pernambuco, entre fevereiro e março, a área com seca moderada subiu de 54% para 67% nas regiões central e oeste por conta das chuvas abaixo da média nos últimos meses. Além disso, o estado voltou a registrar seca grave em 3% do seu território no sul. Esta é a pior condição do fenômeno desde fevereiro de 2020, quando 36% do estado teve seca grave e cerca de 64% de seca moderada. Os impactos são de curto e longo prazo no sudoeste pernambucano e no nordeste do estado, enquanto nas demais áreas os impactos são de curto prazo. Em março deste ano, em comparação a fevereiro, as áreas com seca tiveram redução em seis das 20 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor de Secas: Alagoas, Maranhão, Paraná, Piauí, Santa Catarina e Tocantins. O território capixaba, por sua vez, deixou de registrar seca, o que não acontecia desde abril de 2020. No sentido oposto, Rio de Janeiro e Minas Gerais tiveram aumento de sua área com seca, enquanto São Paulo registrou a categoria mais intensa para o fenômeno no país: seca excepcional, que não era registrada pelo Monitor no Brasil desde março de 2019. Em sete estados, 100% de seus territórios continuaram com seca no último mês em comparação a fevereiro: Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe. A Bahia passou a ter seca em 100% do estado, o que não acontecia desde março e 2019. Outros três estados registraram entre 96 e 98% de área com seca: Paraná, São Paulo e Goiás. O Distrito Federal e o Espírito Santo são as únicas unidades da Federação sem o fenômeno, conforme o gráfico a seguir.

Monitor de Secas registra piora em Pernambuco e no NE Read More »

Roberto Gusmão: "Nós vamos ter a Transnordestina aqui"

O presidente de Suape Roberto Gusmão está atento à votação de dois projetos de lei que estão próximo de serem votados no Congresso. Um deles é a lei chamada BR do Mar, que incentiva a navegação de cabotagem, feita nos portos dentro do País. Atualmente, só empresas brasileiras com navios próprios podem operar o serviço no Brasil. Pela BR do Mar, o mercado seria aberto a companhias sem frota própria, que poderiam alugar embarcações estrangeiras, desde que 2/3 da tripulação seja de brasileiros. O outro projeto é a PL 261, de autoria do senador José Serra (SP), que permite a uma empresa privada concluir obras de ferrovias, como a Transnordestina. Seria a oportunidade para Pernambuco concluir o trecho de Salgueiro a Suape, que está parado há anos. Grupos, como os que detêm as jazidas de minério de ferro, no sul do Piauí, que seriam transportadas pela Transnordestina, poderiam se interessar. Nesta entrevista a Cláudia Santos, no último dia 16, Roberto Gusmão comenta como essas novas legislações podem beneficiar o porto pernambucano. Gusmão também apontou soluções para tornar a movimentação de contêineres mais competitiva, a atração de players do setor metalmecânico para o complexo e a perspectiva de o Estado se tornar o principal produtor ensavador de gás de cozinha do Nordeste. Suape obteve o aval da Capitania dos Portos para receber navios de 366 metros de comprimento. De que forma essa autorização vai estimular a movimentação do porto? Esses navios apresentam um comprimento que é fundamental para que se tenha o maior número de contêineres carregados. São navios como o que interrompeu o Canal de Suez. Eles serão o futuro. O Panamá gastou US$ 3 bilhões para fazer uma outra passagem no seu canal que contemplasse o comprimento e a largura desses navios, que não estão ainda operando no Brasil. Um dos portos que primeiro conseguiu a autorização foi o de Santos, que é o maior da América Latina. Pela nossa estratégia de médio a longo prazos, precisamos já estar habilitados para quando houver essa demanda. Além disso, conseguimos, em março, do Ministério da Justiça e da Segurança a deliberação de que o Complexo de Suape está habilitado também quanto à segurança, no grau de risco dos portos. Muitos poucos portos têm essa certificação. O senhor mencionou o Canal do Panamá, e há uma expectativa que com a sua ampliação, Suape se consolidaria como um hub portuário. Os navios cargueiros provenientes principalmente da Ásia, trafegariam pelo canal e, em Pernambuco, passariam a carga para navios menores que a distribuiriam para outras localidades. Qual a perspectiva disso se tornar realidade? É uma perspectiva muito intensa. Hoje temos absoluta certeza que somos líder no Nordeste, principalmente nessa parte de cabotagem, que é a navegação no nosso próprio litoral. Existe uma lei que está sendo estabelecida que é a BR do Mar. Ela regulamenta essa questão da cabotagem, estabelecendo-a como prioridade, inclusive com uso de embarcações internacionais, salvaguardando a questão da mão de obra. Como somos líder em cabotagem, acreditamos, não só pelo Porto do Panamá, mas mesmo nas diversas rotas que há no mundo, que estamos habilitados e em condição de ser um hub. Já somos um hub de granéis líquidos, na parte de combustível, e nos habilitamos a ser também hub em todos os tipos de carga do Nordeste, pela localização privilegiada, pela profundidade do nosso canal (que tem quase 15,60 m e chegará em 20m), pela estrutura e infraestrutura do porto e do Complexo de Suape como um todo, mas principalmente pelo mercado. Estamos rodeados por cinco grandes capitais do Nordeste com 45 milhões de consumidores, num raio de até 800 km, o que faz com que Suape seja extremamente competitivo na parte logística, tanto do transbordo como você falou – isto é, os navios vêm carregados, deixam uma parte aqui e vai distribuindo em outros portos – como também a questão da carga completa aqui em Suape e a distribuição em caminhões para pequenas distâncias. Qual a sua expectativa para a votação no Senado do projeto BR do Mar? Acredito que serão aprovados agora neste primeiro semestre não só o BR do Mar, mas também o projeto de lei do senador José Serra (PL 261), que permite a um ente privado concluir os trechos que ainda estão faltando de ferrovias, como a Transnordestina. Hoje, se a decisão da conclusão da Transnordestina for técnica, não tenho dúvida de que Suape será o beneficiado (entre os trechos da obra que estão incompletos estão: de Salgueiro a Suape, que beneficiaria o escoamento de cargas pelo porto pernambucano, e da cidade de Missão Velha ao Porto de Pecém, que favorece o porto cearense). Mas, mesmo que a decisão não for técnica, nós nos habilitaríamos a fazer o trecho que está faltando de Salgueiro até Suape, por meio da iniciativa privada, com a chamada outorga autorizativa. Um ente privado, em vez de esperar que o governo faça uma concessão e essa concessão passe por uma licitação, ele faz uma proposição ao Governo Federal para autorizar fazer aquele trecho que ainda não foi feito. Hoje a concessão da Transnordestina está se arrastando há mais de 15 anos com um grupo que não tem uma estratégia muito bem definida como negócio. Agora, estamos falando de grupos que têm diversas jazidas de minério de ferro extremamente competitivos e que precisam de ferrovia para poderem se integrar a portos no Brasil como um todo, mas que hoje precisam de uma concessão, o que demanda um prazo muito grande, e agora vão poder fazer por meio de uma outorga de autorização. Assim, vamos conseguir ter a nossa Transnordestina para que possamos fazer um escoamento de cargas não só do Piauí, que tem diversas jazidas, principalmente de minério de ferro, mas também das outras mercadorias que Pernambuco também é líder nacional, como a gipsita (o gesso do Araripe) e as frutas do São Francisco. Será que finalmente a Transnordestina será concluída? ANTT (Agência Nacional do Transporte Terrestre) e o Tribunal de Contas sugeriram a caducidade da atual concessão da

Roberto Gusmão: "Nós vamos ter a Transnordestina aqui" Read More »

Tem gente com fome, alerta Solano Trindade

O poema de Solano Trindade Nestes tempos em que a segurança alimentar voltar a assolar o Brasil, o poema Tem Gente com Fome, do pernambucano Solano Trindade passou a ser lembrado e chegou a inspirar uma campanha de arrecadação de alimentos encampada por várias entidades. Francisco Solano Trindade nasceu em 24 de julho de 1908, no bairro de São José, no Recife. Filho do sapateiro Manoel Abílio e da doméstica Emerenciana Quituteira, ele foi um multiartista: folclorista, pintor, escritor, ator, teatrólogo, cineasta. Nos anos 1930 idealizou o I Congresso Afro-Brasileiro, no Recife, e fundou o Centro Cultural Afro-Brasileiro e a Frente Negra Pernambucana. Morou também Rio de Janeiro, São Paulo e Embu das Artes. O poema “Tem gente com Fome” faz um contraponto com “Trem de Ferro”, conhecido poema de outro pernambucano Manuel Bandeira. Enquanto Bandeira mostras as paisagens de fora percorrida pelo trem e sonoramente coloca o ritmo da locomotiva nos versos “café com pão/café com pão/café com pão”, Solano Trindade alerta: “tem gente com fome/tem gente com fome/tem gente com fome”. Segundo informações do site “Falas ao Acaso”, em 1975 o poema “Tem Gente Com Fome”, foi musicado por João Ricardo, um dos integrantes do grupo Secos & Molhados. Mas não foi liberado pela censura. Entretanto, foi gravado por Ney Matogrosso em 1979, no LP Seu Tipo. Solano também foi tema da Escola de Samba Vai-Vai, em 1976.   Confira o poema e a interpretação de Ney Matogrosso Tem Gente Com Fome Trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Piiiiii Estação de Caxias de novo a dizer de novo a correr tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Vigário Geral Lucas Cordovil Brás de Pina Penha Circular Estação da Penha Olaria Ramos Bom Sucesso Carlos Chagas Triagem, Mauá trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Tantas caras tristes querendo chegar em algum destino em algum lugar Trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Só nas estações quando vai parando lentamente começa a dizer se tem gente com fome dá de comer se tem gente com fome dá de comer se tem gente com fome dá de comer Mas o freio de ar todo autoritário manda o trem calar Psiuuuuuuuuuuu

Tem gente com fome, alerta Solano Trindade Read More »

Sérgio Ferreira: "Precisamos incentivar a autoconsciência"

Sérgio Ferreira era um homem dos números e dos cálculos, mas foi fisgado pelas elucubrações filosóficas. Engenheiro e economista, fez doutorado em filosofia, com uma tese que unia os pensamentos de Viktor Frankl e Friedrich Nietzsche. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele conta um pouco dessa sua trajetória e analisa como a fusão desses dois grandes pensadores podem nos ajudar neste trágico momento da pandemia. O que o levou a estudar filosofia? Sou formado em engenharia e economia, sempre trabalhei com projeto econômico e adoro ser engenheiro também. Mas sempre gostei muito de filosofia, de pensar sobre a vida. Com as minhas filhas já criadas, resolvi voltar para a academia com o objetivo de entender melhor o mundo. Fiz meu mestrado em administração, especificamente em teoria institucional, que também nos dá uma certa ideia do mundo como um todo e das instituições. Fui presidente da AD Diper, no terceiro governo de Dr. Arraes. Quando saí de lá, nessa perspectiva de entender melhor o mundo, resolvi entrar para o movimento de cursilho de cristandade. Fui da igreja católica e esse foi um movimento trazido para cá por Dom Hélder. O interessante é que era um movimento somente dos leigos. Uma das mensagens do cursilho é sobre o sentido da vida, mas eu sentia que a resposta religiosa é boa quando se tem fé. Mas o mundo mudou de uns tempos para cá, quando Nietzsche falou que Deus estava morto. Ele não estava querendo dizer que Deus não existe mas que, como explicação do mundo, Deus não fazia mais sentido, porque na contemporaneidade, no mundo da ciência, essas explicações religiosas deixaram de existir. Durante muito tempo o mundo ocidental foi carregado de explicações dogmáticas que a gente aceitava, mas isso foi deixando de existir. É o que Nietzsche chama de morte de Deus. Eu tenho fé, mas consigo separar o conhecimento religioso do conhecimento filosófico científico que vive da crítica, de perguntas. No conhecimento religioso, você tem que aceitar as explicações que são dadas. Eu queria entender mais sobre o sentido da vida, não apenas sobre esse aspecto religioso. Nessa caminhada me deparei com um pensador chamado Viktor Frankl, que criou a logoterapia. Ele escreveu um livro muito famoso Em busca de sentido, sobre sua experiência como prisioneiro num campo de concentração. Ele nasceu em 1905 e morreu em 1997, era austríaco. Antes de ser preso, já com 16 anos, teve um artigo aceito na revista de Freud. Ele começou como freudiano mas, depois, foi achando que esse pensamento não explicava bem o que ele queria que era o sentido da vida. Ele achava que colocar o sentido apenas no prazer, principalmente sexual, não explicava. E onde entra seu interesse por Nietzsche? Estudando Frankl, reparei que ele de vez em quando citava Nietzsche e fiz meu doutorado unindo o pensamento dos dois. Nietzsche influenciou o mundo como um todo naquele período até a Primeira Guerra e depois também. Mas Nietzsche é amado e odiado. Muita gente acha que ele disseminou o suicídio porque esse pensamento da morte de Deus não é bem compreendido. Na verdade, Nietzsche é um crítico do niilismo mas muita gente acha que ele é niilista. Ele mostrou que as pessoas, ao quererem explicar o mundo a partir de Deus e se conscientizarem que isso não explica a realidade, vão ficar frustradas e verão que isso é “um nada” e o niilismo vem disso. Mas, para Nietzsche, os cientistas também acabariam niilistas por buscarem a verdade e ele afirmou que não existe verdade. Nietzsche diz que o mundo é aqui na Terra e temos que olhar para a Terra, não para os céus, para entender o mundo. Essa discussão foi cada vez me encantando mais ao longo da pesquisa. E Nietzsche tem um conceito importante que se chama vontade de potência. O que vem a ser vontade de potência? Nietzsche afirmou que o mundo está em eterna luta, tudo são lutas em movimento. Se você olhar para o cosmo como um todo, são asteroides batendo um com outro. Também na Terra os seres viventes querem ter mais força, querem progredir, permanecer, existir. A partir desse conceito eu respondo a uma pergunta que muita gente se faz nesta pandemia: se Deus só quer o bem do mundo, como é que está acontecendo tanto sofrimento? Acontece que coronavírus está querendo também permanecer, lutar, ele precisa infectar as pessoas para poder se reproduzir. E aí a partir desse conceito de Nietzsche, minha conclusão é que vai caber a nós, seres humanos, nos unirmos para vencer todas essas adversidades. Ou cooperamos mais, olhamos mais para a Terra, mais para o entorno, ou o mundo se acaba, porque o mundo é vontade de potência e se nós, seres humanos, não procuramos nos entender, nos organizar, ficarmos buscando explicações no céu, um vírus desse pode nos derrotar. Da mesma forma, tempos e tempos atrás, um asteroide bateu na Terra. Mas, ao contrário de Nietzsche, tenho minha religiosidade acredito que existem energias que nós não explicamos, não acho que tudo seja filosófico. Eu me considero um espiritualista. Essa união não parece pouco provável nestes tempos de tanta polarização política? Esse modelo de mundo dividido entre esquerda e direita, com partidos políticos, vem da Revolução Francesa, com os girondinos e jacobinos. Acho que até hoje existe uma crise de identidade porque logo depois disso chega Karl Marx, com a teoria dele desenvolvida em plena Revolução Industrial e ele não foi um crítico dessa revolução, dessa produção em massa. Ele foi contra o controle do capital que estava na mão de poucos, mas ele não criticou essa forma de ser do mundo, massificada. Nietzsche foi um crítico da Revolução Francesa. O que eu vejo – e talvez seja um sonho, uma utopia – é que nós precisamos nos unir porque desse jeito o mundo está acabando. E isso não é só no Brasil, o mundo todo é assim. Acredito que o modelo que foi criado até hoje está nos levando à destruição. A economia tem uma lei

Sérgio Ferreira: "Precisamos incentivar a autoconsciência" Read More »

Como estimular a criatividade em tempos de home office

O trabalho remoto, mais conhecido como home office, tornou-se abruptamente regra para muitos profissionais durante a pandemia. Mas manter a criatividade e a produtividade depois de pouco mais de um ano em casa, depende de diversos fatores. Com o isolamento social prolongado, as pessoas têm desenvolvido uma carga de estresse maior, gerando bloqueios na hora de realizar atividades que antes fluíam de maneira mais leve. De acordo com o especialista em intervenções clínicas de base psicanalítica e professor do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), Rafael Matias, os processos criativos estão diretamente ligados com o bem estar individual. “Quanto mais qualidade de vida a pessoa tiver, boa relação com a família, alimentação saudável, boas noites de sono, melhor será o rendimento e consequentemente a criatividade e produtividade melhoram. Não adianta acharmos que os processos criativos se dão através da cobrança ou de um processo autoritário. A criatividade precisa de um tempo livre, solto, para que possa surgir.” Para estimular a criatividade mesmo no home office, existem algumas técnicas que podem ajudar a manter o foco e a produtividade. “É preciso dosar os processos emocionais, encontrar formas de elaboração e manifestação dos sentimentos, para favorecer a criatividade. Deixar a mente livre é essencial para conseguir criar e produzir. Como o trabalho de certa forma agora faz parte de casa, é importante que o indivíduo estabeleça um cronograma com as atividades diárias, para não sobrecarregar a mente”, ressalta Rafael. O especialista ainda dá cinco dicas de como estimular mais a criatividade: Realize, sempre que possível, autoavaliação das suas atividades, descobrindo quais são os seus maiores problemas. Dessa forma, você poderá trabalhá-los. Ex: De que forma eu posso melhorar no trabalho? Faça anotações. Agendas diárias podem ser um ótimo caminho para gerir o seu tempo. Não confie essencialmente no seu cérebro para registrar todas as suas atividades. Ex: faça uma lista com as tarefas diárias. Seja curioso o suficiente para buscar novas fontes de conhecimento, atravessando barreiras, entrando em contato com outras filosofias, seja em filmes e/ou livros. Isso ajuda no processo de inspiração. Coloque suas ideias em prática. De que adianta ideias que não saem do papel? Sempre que tiver uma ideia anote no seu caderno e busque exerce-la. Pratique exercícios físicos, tenha uma boa alimentação, realize no seu tempo ocioso atividades que geram prazer. Altos níveis de estresse são bloqueadores de novos processos criativos.

Como estimular a criatividade em tempos de home office Read More »

"A competitividade depende de uma formação básica de qualidade"

O que fazer para qualificar a educação brasileira? Qual a relação dessa formação dos nossos jovens com a competitividade dos nossos profissionais? E como tem sido o impacto da pandemia nos diversos sistemas de ensino no País? Conversamos com o professor da UFPE e da Cesar School, Luciano Meira, sobre esse cenário para compreender o momento atual da educação no País e apontar soluções. O docente, que é também sócio-empreendedor da Joy Street, foi um dos entrevistados para a matéria de capa desta semana da Revista Algomais, em que discutimos os desafios para os próximos 15 anos no Estado.   O que você considera fundamental para transformar a educação brasileira no cenário dos próximos 15 anos, na direção de construirmos um sistema educacional de qualidade e que colabore com o desenvolvimento do País e de Pernambuco? - Ordenação e otimização dos recursos garantidos pelo FUNDEB, através de gestão transparente e profissional, incluindo contínua prestação de contas à sociedade. - Completa reformulação dos cursos de pedagogia e licenciaturas e dos programas de formação continuada de professores, através da implementação da Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). - Governança técnica e menos sujeita a interferências políticas de grupos ideológicos nos órgãos de gestão dos sistemas de educação, desde a direção da escola até o alto comando do MEC e suas instituições vinculadas, tais como o INEP. - Articulação nacional para implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), através do desenho de estratégias negociadas entre secretarias de educação, órgãos de classe, educadores, terceiro setor, dentre outros agentes. - Resolução definitiva das questões relativas ao acesso à Internet, através de planos de conectividade, disponibilização de dispositivos apropriados e oferta de recursos digitais eficientes para o engajamento dos estudantes nas atividades escolares e melhoria da aprendizagem. - Uma reformulação completa dos métodos e práticas didáticas implementadas nas escolas, favorecendo a construção de relações intelectuais e afetivas fortes entre educadores e estudantes, inclusive através do uso de tecnologias digitais capazes de criar e escalar novos formatos de aprendizagem, melhor conectados com o novo mundo do trabalho. . Que impactos um avanço consistente na educação pode trazer para a maior competitividade de Pernambuco? O sistema educacional deve conversar mais com o mercado profissional para formar pessoas conectadas com os desafios do nosso tempo? - A competitividade depende de uma formação básica de qualidade, nas várias competências previstas na BNCC, por exemplo, incluindo talvez principalmente os modos de uso dos conhecimentos científicos tradicionalmente trabalhados na escola. Isso quer dizer, entre outras coisas, que devemos promover na escola o exercício da autonomia, da confiança no outro e da cooperação, além do fomento a formas de trabalho menos dependentes de hierarquias rígidas. Essas qualidades têm sido associadas a ganhos de produtividade, e avanços na educação deveriam necessariamente articular conhecimento científico e competências sócio-emocionais, por exemplo. - Dessa forma, nossa maior competitividade pode depender da forma como o espaço escolar está organizado e busca promover o desenvolvimento integral dos estudantes, gerando sujeitos: 1. eticamente mais responsáveis; 2. melhor preparados para uma atuação profissional mais criativa; 3. socialmente mais disponíveis para acolher e promover o outro. - Para que isso aconteça, também é necessário o diálogo entre escola e comunidade, um diálogo que parte de um posicionamento firme da rede escolar acerca de sua missão e propósitos estratégicos. Nesse formato, o mercado de trabalho não dita as regras para a escola, mas se comunica com seus propósitos e é capaz de nela disparar projetos formativos que, ao realizar os resultados listados no item anterior, também contempla as direções inovadoras continuamente construídas pelos setores produtivos representados na comunidade, com a escola no centro. . Quais os impactos a pandemia trouxe para a educação pernambucana e brasileira? Há algum aspecto importante de inovação que experimentamos nesse tempo? O ensino híbrido veio para ficar? - Um primeiro resultado interessante é que, como já prevíamos anteriormente, a maioria dos educadores não são necessariamente resistentes a mudanças ou ao uso de novas tecnologias, como tantos outros preconizavam, e eles podem sim realizar esforços de adaptação, mesmo na ausência de métodos claros e bem estabelecidos de como realizar a mudança ou empregar determinados artefatos e recursos tecnológicos em suas práticas pedagógicas. - Segundo algumas pesquisas recentes, um outro impacto importante foi o reconhecimento do importante papel das relações afetivas de confiança e amparo entre estudantes e professores, e o papel destes últimos na criação de “circuitos de afetos” capazes de manter (ou criar) o lugar da escola no cotidiano daqueles primeiros. - Com a maioria ou todas as atividades acadêmicas realizadas por meio de plataformas digitais, será difícil dispensar seu uso em pelo menos algumas dessas atividades, principalmente em vista da autonomia conquistada por estudantes e professores no processo. por outro lado, ainda experienciamos profundas desigualdades no volume e qualidade do acesso a tecnologias digitais entre estudantes e professores (em termos de conectividade, dispositivos e recursos) e isso será o obstáculo definitivo para manutenção de avanços em suas formas de uso, conquistadas com muito esforço durante a pandemia.

"A competitividade depende de uma formação básica de qualidade" Read More »

João Campos analisa os 100 dias de sua gestão na Prefeitura do Recife

Assumir uma prefeitura em plena pandemia não tem sido fácil para os prefeitos eleitos no último pleito. No Recife não tem sido diferente. Mas João Campos tem atuado para não só enfrentar os desafios da crise sanitária mas, também, em outras áreas críticas da cidade como a desigualdade social, a mobilidade e a revitalização do centro do Recife. Nesta entrevista Cláudia Santos, o prefeito faz um balanço dos seus primeiros 100 dias à frente da PCR. Levando em conta esses 100 dias à frente da Prefeitura do Recife, quais os maiores desafios que o senhor tem enfrentado na gestão da cidade? O Brasil tem enfrentado os dias mais difíceis da pandemia da Covid-19 e aqui no Recife não tem sido diferente. Nesses 100 dias, a gente trabalhou em três frentes para vencer o novo coronavírus: a vacinação, a abertura de leitos para o tratamento de pacientes com o reforço às normas sanitárias e o apoio à população mais vulnerável. Ainda em janeiro, o Recife tomou a decisão de fazer o processo da vacinação 100% digital. Em apenas quatro dias, criamos o sistema que permite o cadastro e o agendamento do dia, local e horário de imunização. A sistematização também nos permite ter o controle de estoque e de informações sobre as pessoas vacinadas. O resultado é que o Recife tem uma vacinação rápida e eficiente que permite o município abrir a imunização para outros grupos prioritários antes de outras cidades do País. Mas a pandemia não afetou apenas a saúde das pessoas. São muitos os desempregados e desassistidos pelo governo federal. Voltamos o nosso olhar para o cuidado com as pessoas, por meio de iniciativas de apoio à população como o AME Recife, nosso auxílio emergencial para as famílias que estão na fila do Bolsa Família e para aquelas com crianças até 3 anos. O AME Carnaval, que apoia o setor da cultura um dos mais afetados pela pandemia entre outras ações. E isso tudo sem deixar de dar continuidade aos serviços e projetos que a cidade precisa. Estamos nas ruas com a Ação Inverno, com investimento de R$ 69 milhões para atender quem vive em áreas de risco, asfaltamos ruas e passeios, construímos escolas e continuamos trabalhando pela qualidade de vida dos recifenses e das recifenses. Uma das muitas consequências da pandemia é o aumento da pobreza e da fome. Como a prefeitura tem enfrentado esta situação? A prefeitura do Recife tem uma grande preocupação com a questão socioeconômica. Estamos fazendo grandes esforços para amparar a população neste momento difícil em que as atividades econômicas foram duramente afetadas e o desemprego aumentou. Em março, lançamos o maior programa de proteção social da gestão, o Auxílio Municipal Emergencial Recife (AME Recife), que vai atender cerca de 30 mil famílias nos meses de abril e maio. Essa ajuda foi destinada a dois grupos: um formado por famílias que estão no Cadastro Único (CadÚnico), a chamada “fila” do Bolsa Família, e que estavam há meses sem nenhum tipo de assistência para dar conta das necessidades básicas; e outro formado por famílias que já recebem o benefício do governo federal e têm crianças com idade entre 0 e 3 anos, a primeiríssima infância. O primeiro grupo recebe duas parcelas de R$ 150 e o segundo um complemento de renda de R$ 50 também nos meses de abril e maio. O investimento foi de R$ 6,4 milhões dos cofres municipais. Quem trabalha no Carnaval, a maior festa do Recife, suspensa devido à pandemia, também recebeu ajuda da Prefeitura. Criamos o Auxílio Municipal Emergencial Carnaval (AME Carnaval), destinado a artistas, atrações e agremiações que tiravam da principal festa do Recife o sustento. Ao todo, cerca de 800 agremiações receberão o benefício até o fim do mês de abril. O investimento contou com apoio da Ambev e chegou aos R$ 4 milhões. Também oferecemos apoio aos setores produtivos, para que as empresas mantenham o seu funcionamento e não deixem mais pessoas desempregadas. A prefeitura adiou o pagamento do ISS para setores impactados mais severamente pela restrição de circulação de pessoas, como bares e restaurantes, hotéis, casas de eventos, salões de beleza, clínicas de estética, agências de viagem e espaços de entretenimento. Mas não basta somente fazer a nossa parte. A prefeitura também precisa unir esforços com a população. Por isso, em março, quando o Recife completou 484 anos, lançamos a campanha Aniversário Solidário, para arrecadação de alimentos em diversos pontos da cidade, como a sede da prefeitura, os postos de vacinação e supermercados parceiros. Diante dessa crise econômica, como estão as contas da prefeitura? Recebemos a Prefeitura com as contas em ordem, mesmo diante do cenário desafiador do ano de 2020, com os efeitos da pandemia restringindo receitas e exigindo investimentos na criação da rede emergencial de saúde e no apoio da população mais vulnerável. Porém, sempre é necessário cortar custos e manter um bom equilíbrio fiscal. Tivemos esse compromisso com o povo do Recife, de fazer da maneira correta, respeitando o dinheiro público. Por isso, lançamos um ousado plano de ajuste fiscal para melhorar a pontuação do Recife junto aos órgãos internacionais e conseguir fazer mais investimentos. Revimos contratos, cortamos despesas e atentamos para a gestão de pessoal visando a alcançar uma economia de R$ 100 milhões. Tudo isso apoiado na modernização da máquina pública e no planejamento integrado, para tornar a administração mais ágil e eficaz. Uma nova etapa do Parque Capibaribe está sendo realizada com o Parque das Graças. Qual a perspectiva de serem executadas outras etapas do projeto ainda na sua gestão? No dia do aniversário do Recife, 12 de março, a gente anunciou a construção do Parque das Graças, que vai ser o coração do Parque Capibaribe. É mais uma área verde que chega para a nossa cidade, para que a gente possa oferecer espaços de convivência aos recifenses e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente e do nosso Rio Capibaribe. O parque vai ter um quilômetro de extensão e a gente vai dividir em três fases. A primeira, já entrega

João Campos analisa os 100 dias de sua gestão na Prefeitura do Recife Read More »

Os partidos e a realidade sem coligações (por Maurício Romão Costa)

A evidência empírica das eleições proporcionais de 2020 no Brasil, sem as coligações, realçou três fenômenos na comparação com o pleito de 2016: (1) diminuiu o número de partidos em disputa; (2) diminuiu o número de partidos com representação nas Câmaras Municipais e (3) diminuiu o número de vereadores eleitos por siglas pequenas. Com respeito ao item (1), considerando uma amostra de cidades de diferentes tamanhos dos 26 estados da federação, constata-se que houve redução média global de 44% no número de partidos disputando as eleições entre 2016 e 2020, algo como de 22 para 14 partidos, conforme se depreende da Tabela abaixo: Chame-se à atenção que nos grupos de cidades de menor porte (40 mil habitantes, 15 mil habitantes, e as menores dos estados) 16 siglas, em média, disputaram as eleições de 2016, mas esse número caiu para sete em 2020, uma queda de cerca de 56%. Ainda com base no exposto nesta Tabela, é concebível inferir que há uma relação direta entre o número de partidos disputando as eleições e o tamanho das cidades: quanto maior o tamanho, maior a quantidade de partidos em concorrência e vice-versa. Por outro lado, na comparação entre 2016 e 2020, nota-se que à medida que o tamanho das cidades vai decrescendo, vai aumentando o percentual de partidos que deixou de concorrer às eleições. É oportuno mencionar ainda que no grupo de menores cidades de cada estado e naquele cuja população gravita no entorno de 15 mil habitantes as coligações eram destacadamente predominantes em 2016. Tanto assim é que nos 26 estados somente coligações disputaram as eleições em 15 cidades de cada grupo mencionado. Não houve nenhum partido isolado, em vôo solo. Isso só aconteceu em 11 cidades de cada grupo, quando uma ou duas siglas, no máximo, destoando do resto, todas coligadas, se aventuraram em competir isoladamente. Os dados retirados da Tabela projetam, assim, a perspectiva de que uma menor quantidade de siglas, aquelas mais sólidas e competitivas, é que subsistirão no emaranhado quadro partidário do país. Evidenciou-se também, ao fim do primeiro turno das eleições recém-findas, expressiva redução do número de partidos com representação nos legislativos locais dos municípios brasileiros, como estatuído no item (2). De fato, os dados mostram [Portal G1, 25/11/20] que as Câmaras com até seis partidos, que em 2016 respondiam por 50% dos municípios, agora são 82% do total. Em contrapartida, caiu a quantidade de municípios com mais de seis legendas nos Legislativos locais, de 50% em 2016 para 18% em 2020. Chamou à atenção, principalmente, o fato de que entre as duas eleições o total de cidades que tinha até três partidos com vereadores nas Câmaras sextuplicou, subindo de 262 para 1.565. Isso quer dizer que 28% das atuais 5.568 Câmaras de Vereadores do Brasil têm, no máximo, três siglas com representação. Essa queda na quantidade de partidos com vereadores eleitos sinaliza para redução da fragmentação partidária brasileira, considerada uma das maiores do mundo, ensejando melhor exercício da governabilidade por parte do executivo, maior racionalização dos trabalhos no Parlamento e conseqüente melhoria da qualidade legislativa. Por último, em relação ao item (3), o número de vereadores eleitos pelos 10 menores partidos (chamados de partidos nanicos) reduziu-se de 1.378 para 623 entre 2016 e 2020 [Poder360], uma queda de 55%, expondo as dificuldades dessas agremiações de pequeno porte de elegerem representantes nos legislativos quando são obrigadas a concorrerem isoladamente. Esses números, vistos em conjunto, mostram que o fim das coligações proporcionais pode estar ensejando um salutar processo de reconfiguração do arcabouço partidário brasileiro ao longo do tempo, com menos disputantes, maior compactação quantitativa de siglas (hoje são 33) e conseqüente diminuição de sua fragmentação. As causas que estão gerando este novo contexto partidário não são estranhas ao meio político. Com efeito, alguns desses partidos são meros expectadores do processo eleitoral. Não têm densidade de votos e muito menos representação parlamentar, exceto um caso esporádico ali, outro acolá (atestado disso é que em 2020 quatro partidos lançaram candidatos, mas não elegeram sequer um vereador nos 5.568 municípios brasileiros). Sobrevivem à custa do fundo partidário e de emprestar apoio a agremiações mais fortes. Como não há mais o exercício de poder dos grandes partidos em atrair siglas para o seu entorno, mediante concessão de vantagens em troca de cauda eleitoral, situação corriqueira na época das coligações, essas siglas ficam sem estímulos externos para concorrer. Ademais, sem absolutamente nenhuma chance de ascenderem ao Legislativo por seus próprios méritos eleitorais, tais siglas preferem não incorrer nos custos da disputa: os administrativo-financeiros, os contábil-fiscais e, pelos resultados inexpressivos nas urnas, os político-eleitorais. O fato é que o longo período do instituto das coligações proporcionais gerou uma perniciosa acomodação no sistema político-partidário-eleitoral do país, criando uma cômoda zona de conforto para a maior parte das agremiações, um verdadeiro jogo de ganha-ganha em que a estruturação, a qualificação e a solidez dos partidos não eram motivo de preocupação. Daí a histórica resistência no Congresso em acabar com o mecanismo das alianças, apesar de haver um quase consenso de que a fórmula era a grande distorção no sistema eleitoral de lista aberta em uso no Brasil. Enfim, mantido, como é de se esperar, o regramento da reforma eleitoral de 2017 - o fim das coligações proporcionais e a cláusula de desempenho partidário -, a solução para as agremiações com pouca ossatura de votos é enveredar pelo único caminho que lhes restam: o da fusão com outras siglas, através da qual podem ganhar envergadura para a disputa eleitoral e justificar a razão política de suas existências. *Por Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos (mauricio-romao@uol.com.br)

Os partidos e a realidade sem coligações (por Maurício Romão Costa) Read More »