Segundo recorte local realizado pela Fecomércio-PE, o índice de Intenção de Consumo das Famílias pernambucanas (ICF-PE) voltou a apresentar pequena variação mensal na passagem de setembro para outubro. Mesmo com o desempenho tímido – mas mantendo média acima de 80 pontos ao longo de 2022 – o índice registra agora o maior patamar desde o maio de 2020, em meio à deflagração da pandemia de Covid-19.
Pernambuco: evolução do ICF (valores em pontos) – janeiro/2020 a outubro/2022
Fonte: CNC. Elaboração Fecomércio-PE.
Com o resultado de 82,8 em outubro, o ICF-PE ainda sinaliza estagnação no ímpeto de compras, além de se manter muito abaixo da zona otimismo ou satisfação, que é de 100 pontos ou mais. Observando a série histórica recente, houve uma trajetória de recuperação ocorrida entre agosto de 2021 e abril de 2022, mas o ICF-PE mantém estabilidade desde então, corroborando o ambiente de incerteza dos consumidores com relação à economia após o pleito eleitoral.
As medidas de suporte à renda, embora relevantes em termos de volume de recursos, considerando o longo período de desemprego em alta e de elevação de preços e que o movimento recente de deflação tem sido mais expressivo apenas nos segmentos de combustíveis e de energia, ainda não foram suficientes para melhorar amplamente a situação do orçamento familiar.
Observando as questões componentes do ICF, apenas duas perspectivas apresentaram avaliação mais favorável entre setembro e outubro. O primeiro que se destaca é o quesito ‘perspectiva profissional’, cujo índice cresceu 5,1% (de 86,1 para 90,5 pontos), o que representa um certo otimismo sobre o mercado de trabalho no curto prazo, tendo em vista o avanço no setor de serviços do estado, além das expectativas de emprego temporário no fim de ano e para efetivações durante o primeiro trimestre de 2023. Ademais, na comparação anual (com outubro de 2021) a avaliação sobre ‘perspectiva profissional’ apresentou a maior variação positiva (36,6%) entre os quesitos da pesquisa.
Em seguida, destaca-se o quesito ‘momento para duráveis, que registrou crescimento de 3,1% em outubro frente a setembro (de 61,4 para 63,3 pontos), ficando no mesmo patamar observado em outubro do ano anterior. Esse componente investiga a propensão dos consumidores à realização de compras de bens duráveis, produtos de maior valor agregado, como móveis e eletrodomésticos, e que em comumente demandam acesso a crédito para a sua aquisição. Vale salientar que entre outubro e dezembro de 2021 esse componente avançou de 63,4 para 71,3 pontos, evidenciando a influência do Black Friday e das comemorações de final de ano para o ímpeto de consumo.
Nesse sentido, espera-se que em novembro, passada a decisão eleitoral e o ambiente de tensão, o índice apresente uma pequena melhora de perspectivas para o final de ano – perspectiva que é corroborada pelo quesito ‘momento para duráveis –’, mas ainda se configurando um quadro de baixa intenção de consumo para o início de 2023.
Pernambuco: ICF e subíndices – outubro/2021, setembro/2022 e outubro/2022
ICF e Componentes (sub-índices) | Out/21 | Set/22 | Out/22 | Variação Mensal * | Variação Anual ** |
ICF Geral | 70,9 | 82,3 | 82,8 | 0,6% | 16,8% |
Emprego atual | 82,1 | 101,4 | 101,3 | -0,1% | 23,4% |
Renda atual | 81,9 | 98,9 | 97,5 | -1,4% | 19,1% |
Nível de consumo atual | 54,7 | 66,8 | 66,2 | -0,9% | 21,2% |
Compra a prazo | 94,0 | 101,6 | 100,8 | -0,8% | 7,2% |
Momento para duráveis | 63,4 | 61,4 | 63,3 | 3,1% | -0,1% |
Perspectiva profissional | 66,3 | 86,1 | 90,5 | 5,1% | 36,6% |
Perspectiva de consumo | 54,2 | 60,2 | 60,3 | 0,1% | 11,2% |
Fonte: Pesquisa direta CNC. Elaboração Fecomércio-PE. Nota: * base: mês imediatamente anterior; ** base: mesmo mês no ano anterior.