Pernambucana fala do isolamento na Irlanda

Com a velocidade nas ações de combate ao coronavírus, a Irlanda está saindo da crise mais rápido que o vizinho Reino Unido. Enquanto os irlandeses adotaram o isolamento social em meados de março, os britânicos decidiram pela estratégia da imunidade de rebanho
(que é de deixar a população se contaminar aos poucos, sem o fechamento de escolas, comércio e eventos). Um mês e meio depois, a
Irlanda tem 769 mortos e o Reino Unido contabiliza 18.151 óbitos até o fechamento desta reportagem (24/04).

A pernambucana Alice Miranda, 31, trabalha como business intelligence analyst na capital Dublin, onde mora há 18 meses. O isolamento foi ficando mais abrangente aos poucos no País, permanecendo apenas os serviços essenciais, e com restrição de sair de casa apenas em um raio de 2 quilômetros. Ela, que está em um novo emprego há pouco tempo, afirma que tem lidado bem com o home office, embora sinta falta do ambiente de trabalho em equipe.

“As primeiras medidas de isolamento social começaram no dia 14 de Marco, quando escolas, universidades e creches fecharam as portas. Neste mesmo dia recebi a noticia que havia passado no processo seletivo de uma empresa, então foi um alivio enorme, ainda que a data de inicio e as condições ainda não estavam claras. Alguns dias depois, com o contrato assinado, tive que esperar por 3 semanas ate o começo do trabalho, o que fiz de forma tranquila, aproveitando para fazer atividades que nunca temos tempo: leitura, yoga, cozinhar, etc. Ao passo que as medidas de isolamento aumentavam: restaurantes e pubs foram fechados e em seguida todas as lojas e negócios não essenciais. Apenas farmácias e supermercados permanecem abertos. Segui com as mesmas atividades, restringindo apenas a distancia das caminhadas (há 4 semanas existe a limitação de sair apenas em um raio de dois quilômetros de casa. Agora, há duas semanas trabalhando de casa no trabalho novo, apesar de sempre gostar de trabalhar de casa pelos menos 1 ou 2 dias por semana, sinto falta dos contatos sociais e mal posso esperar para conhecer o novo escritório e os colegas. Vejo muitos trabalhando dentro de seus quartos, pois dividem a casa com outras pessoas, o que não deve ser nada confortável. Mas, de maneira geral, tenho encarado o isolamento bem, tentado focar nos privilégios que tenho, e que enquanto muitos perderam o emprego, tive a oportunidade de começar um no conforto da minha casa”, relata

Um dos pontos fortes do isolamento no País foi o apoio da população, mas Alice relata que os mais jovens driblam as orientações do poder público em dias mais quentes. “A população aderiu as medidas restritivas, mas em dias de sol é difícil convencer os irlandeses a ficarem dentro de casa (pelo menos os mais jovens, inclusive eu, que sou do grupo de risco por ter asma). A media de idade dos óbitos aqui é bastante alta, 82 anos, com pico de mortes em casas geriátricas, o que tem deixado a população mais jovem um pouco mais confiante em sair de casa para ar fresco”.

Alice relata que recentemente foram reabertas lojas de equipamentos e materiais de construção e que foi divulgada a data de 5 de maio para
reavaliação da quarentena. “Nada está garantido. O governo avaliará o número de novos casos, a capacidade de testes e a situação dos hospitais antes de relaxar as medidas”.

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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