Arquivos Saúde - Página 37 De 37 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Saúde

Criada nova molécula para tratar insuficiência cardíaca

Um grupo de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos desenvolveu uma molécula que freia o avanço da insuficiência cardíaca e ainda melhora a capacidade do coração em bombear sangue. Ratos com quadro de insuficiência cardíaca tratados por seis semanas com a molécula, denominada SAMbA, apresentaram não só uma estabilização da doença – como ocorre com os medicamentos atuais – como ainda tiveram uma regressão do quadro. Os animais tiveram melhora na capacidade de contração do músculo cardíaco. A insuficiência cardíaca pode ocorrer em consequência de um infarto do miocárdio, quando uma artéria coronária entupida impede a oferta de sangue para parte do coração, sobrecarregando o restante do tecido. Como resultado, o órgão reduz ao longo do tempo sua capacidade de bombear sangue para o corpo. Os pesquisadores já fizeram o pedido de patente da molécula e da sua aplicação nos Estados Unidos. Ela pode eventualmente complementar ou mesmo substituir os medicamentos atuais usados para a insuficiência cardíaca, a maioria deles criada ainda nos anos 1980. O estudo com a descrição da molécula foi publicado na Nature Communications. O nome SAMbA é um acrônimo em inglês para Antagonista Seletivo da Associação de Mitofusina 1 e Beta2PKC. A SAMbA tem a capacidade de impedir a interação entre uma proteína comum na célula cardíaca, a proteína Kinase Beta 2 (Beta2PKC), e a Mitofusina 1 (Mfn1), que fica dentro da mitocôndria, compartimento da célula responsável por produzir energia. Quando interagem, a Beta2PKC desliga a Mfn1, impedindo a mitocôndria de produzir energia e, consequentemente, diminuindo a capacidade das células do músculo cardíaco de bombear sangue. “Um dos achados importantes desse trabalho foi justamente essa interação, que até então não se sabia ser crítica na progressão da insuficiência cardíaca”, disse Julio Cesar Batista Ferreira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e líder do estudo. Ferreira começou a pesquisa com o tema em 2009, ainda durante o pós-doutorado na Escola de Educação Física e Esporte da USP com bolsa da FAPESP. Depois de depositada a patente, o pesquisador espera que a molécula possa ser testada em outras doenças cardiovasculares além da insuficiência cardíaca, já que pode ter ação em patologias como hipertensão. “Suspeitamos que a interação entre essas proteínas seja, de modo geral, um processo conservado em outras doenças degenerativas que apresentam disfunção mitocondrial”, disse Ferreira à Agência FAPESP. Office boy e gerente Em trabalhos anteriores, a equipe liderada por Ferreira no ICB demonstrou que a inibição da Beta2PKC, que é produzida em excesso na célula com insuficiência cardíaca, melhorava o funcionamento do coração com insuficiência. No entanto, a intervenção impedia outras funções da proteína, benéficas para o funcionamento do órgão cardíaco. A novidade da molécula SAMbA é que ela faz uma inibição seletiva, apenas da interação da Beta2PKC com a Mfn1 presente na mitocôndria. As outras interações permanecem acontecendo. Para explicar a diferença, Ferreira faz uma analogia. A célula cardíaca seria como uma empresa, com várias salas. A Beta2PKC circula pelo corredor dessa empresa e entra em diferentes salas, interagindo com os gerentes do setor correspondente para realizar seu trabalho. No entanto, toda vez que entra em uma sala específica (a mitocôndria) o office boy (Beta2PKC) impede um gerente específico (Mfn1) de trabalhar. Na primeira molécula desenvolvida pelo grupo, era como se as portas de todas as salas se fechassem. O office boy não atrapalhava mais o gerente da mitocôndria, mas também não entrava em nenhuma outra sala e a empresa (a célula cardíaca) não funcionava harmonicamente. O que a SAMbA faz é impedir apenas a interação da Beta2PKC com a Mfn1 presente na mitocôndria. “É como fechar apenas a porta da sala em que o office boy não deve entrar, deixando-o livre para entrar nas outras, mantendo a empresa em pleno funcionamento”, disse Ferreira. Ratos infartados Para chegar à SAMbA, foram realizados testes com proteínas recombinantes, células, animais e amostras de tecido de corações humanos com insuficiência cardíaca. Primeiro os pesquisadores fizeram diferentes testes in vitro de interações entre a Beta2PKC e a Mfn1. No total, foram encontradas seis moléculas que fizeram a inibição, mas só a SAMbA a fez de forma seletiva, apenas na interação entre Beta2PKC e Mfn1. Em seguida, a SAMbA foi testada nas células cardíacas humanas. Além de frear o avanço da doença, como fazem as drogas usadas atualmente, a molécula melhorou a capacidade da célula de se contrair (essencial para bombear o sangue do coração para o resto do corpo). A molécula também diminuiu a quantidade de peróxido de hidrogênio na mitocôndria da célula cardíaca. A presença desse peróxido caracteriza o chamado estresse oxidativo, um sinal que maximiza a degeneração da célula cardíaca. Por fim, os pesquisadores induziram infarto do miocárdio em ratos. Depois de um mês, o coração deles apresentava um quadro de insuficiência cardíaca. Cada rato recebeu então um dispositivo embaixo da pele, chamado de bomba osmótica, que liberava pequenas quantidades da SAMbA, ou de uma substância inócua usada como controle, durante seis semanas. Diferentemente dos ratos que receberam a substância controle, os que receberam a SAMbA tiveram não só a doença bloqueada como uma melhora na função cardíaca. “As drogas atuais freiam a progressão da doença, mas nunca fazem com que ela regrida. O que mostramos é que, ao regular essa interação específica, diminui-se a progressão e ainda traz a doença para um estágio mais leve”, disse Ferreira. O próximo passo é disponibilizar a molécula SAMbA para outros grupos de pesquisa poderem testá-la em diferentes doenças e modelos experimentais. Além disso, é necessário testar a interação da molécula com outros medicamentos usados atualmente no tratamento da insuficiência cardíaca. “A validação e a reprodução dos achados por outros grupos são críticos no processo de desenvolvimento da SAMbA como possível terapia na insuficiência cardíaca. Para isso, a busca de parceiros dos setores privado e público é necessária”, disse Ferreira. As doenças cardiovasculares matam anualmente 17,9 milhões de pessoas, 31% de todas as mortes no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Globalmente, o infarto do miocárdio e a insuficiência cardíaca decorrente

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Férias, hora de cuidar da visão

No período de férias escolares, os pais aproveitam o tempo livre para fazer inúmeras atividades de lazer com os filhos, mas, em muitos casos, esquecem de levá-los a um oftalmologista pra fazer a revisão da saúde ocular. De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, oito milhões de crianças sofrem com problemas nos olhos causados pelo exagero no uso de algumas tecnologias. E esses números podem aumentar durante o período escolar. Nas férias escolares, as crianças passam muito tempo em frente à televisão, computador ou olhando o celular. Esta maratona pode propiciar sintomas como cansaço visual, vermelhidão, lacrimejamento, sensação de peso nas pálpebras, entre outros. Em alguns casos, o baixo rendimento escolar pode ser ocasionado por dificuldades para enxergar, o que gera desinteresse do aluno, por não conseguir acompanhar o conteúdo das aulas. A ida ao oftalmologista pode corrigir um problema ou, até mesmo, prevenir uma doença mais grave. De acordo com cada característica, a criança ou adolescente pode ter miopia, hipermetropia ou astigmatismo. Essas doenças são descobertas por meio de um exame simples, indolor, rápido e que pode trazer benefícios consideráveis.  

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Câncer de colo do útero é um dos mais frequentes entre as mulheres

O câncer de colo do útero é o 3º tumor maligno mais frequente na população feminina e a 4ª causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Segundo dados do INCA- Instituto Nacional do Câncer, 5.727 mortes ocorreram em 2015 (último dado disponibilizado) e no ano passado estimativas indicavam mais 16.370 novos casos no país. No mês de janeiro, a cor verde alerta para a prevenção e a detecção precoce desse tipo de câncer. Dados alarmantes considerando que este tipo de câncer é facilmente prevenível e depende de políticas públicas eficientes de prevenção, afirma o presidente da SBC- Sociedade Brasileira de Cancerologia, o cirurgião oncológico, Ricardo Antunes. “Esse alto índice de tumores do colo do útero está diretamente relacionado às condições sócio-econômicas da população. E à falta de campanhas efetivas de prevenção e detecção precoce da doença”, denuncia. O especialista explica que o câncer de colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papalomavírus humano- HPV oncogênicos. A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo conhecido como Papanicolau e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame. Para Ricardo Antunes, fatores que aumentam o risco da contaminação incluem início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros, tabagismo e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais. “A prevenção primária do câncer deve ser feita com o uso de camisinha nas relações sexuais. Mas a prevenção mais efetiva está na vacinação contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Infelizmente, essas vacinas têm tido baixa adesão da população e as campanhas não obtiveram o índice de cobertura esperado pelo Ministério da Saúde”, explica o presidente da SBC. A vacinação e a realização do exame preventivo Papanicolau se complementam como ações de prevenção desse tipo de câncer. Mesmo as mulheres vacinadas, deverão fazer o exame periodicamente a partir dos 25 anos, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos do HPV. “Salve-se” é a campanha da SBC contra o câncer Campanha em video da SBC- Sociedade Brasileira de Cancerologia, lançada recentemente em TVs do metrô e da grande imprensa, alerta a população para a necessidade de prevenção e detecção precoce do câncer. Com um apelo forte, a SBC informa que o câncer tem cura e faz um apelo intrigante: salve-se! Denuncia a vice-presidente da SBC, a oncologista Nise Yamaguchi, que no Brasil 60% dos casos de câncer no Brasil são diagnosticados nos estágios 3 e 4, mais avançados e difíceis de tratar. “ Esse número alarmante provoca risco de morte para os pacientes e custos pelo menos 19 vezes maiores para o sistema de saúde e de Previdência Social”. O presidente da SBC, Ricardo Antunes, considera a incidência de câncer no Brasil e no mundo uma questão de saúde pública. Os dados são preocupantes: o câncer é a segunda causa de mortes em todo mundo e a OMS calcula que cresçam em 70% os casos da doença nas próximas décadas. A SBC lança a campanha “Salve-se” contra o câncer refirmando seu papel social na luta contra a doença. “Estamos conectados à luta mundial contra o câncer especialmente porque 1/3 dos cânceres podem ser evitados. Pesquisas científicas indicam que em cada 10 casos, 3 estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam”, alerta Antunes. Ele lembra que a Assembleia Mundial da Saúde da ONU aprovou uma resolução para reduzir a mortalidade prematura por câncer através de uma abordagem integrada entre a OMS e os governos. História Fundada em 1946, a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) é uma entidade civil e científica, de direito privado e sem fins lucrativos. É a mais antiga instituição no gênero na América do Sul e objetiva estudar e debater todos os problemas de combate ao câncer no Brasil, promovendo campanhas educativas e discutindo em eventos científicos os maiores avanços no tratamento oncológico.

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Com cerca de 180 mil novos casos por ano, câncer de pele atinge principalmente homens

Proteger a pele das radiações ultravioletas é o cuidado fundamental para manter uma pele saudável, principalmente com a chegada das estações mais quentes. Mas nem todos têm essa preocupação, já que segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são registrados cerca de 180 mil novos casos da doença por ano, sendo que a maioria destes casos ocorre em homens. “O câncer de pele é o tipo de tumor mais incidente no Brasil, correspondendo a 33% de todos os tumores malignos registrados no país. Este tipo de câncer é definido pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Por qualquer célula do tecido poder originar a doença, existem diversos tipos de câncer de pele. Os mais frequentes são o carcinoma basocelular (CBC), responsável por 70% dos diagnósticos, e o carcinoma epidermoide (CEC), representando 25% dos casos. Apesar de ser o mais incidente, o CBC é também o menos agressivo”, explica a dermatologista Dra. Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology (AAD). Além da genética, a principal causa do câncer de pele é justamente a falta de proteção contra os perigosos raios UV. E o descuido dos homens faz com que eles figurem em primeiro lugar no ranking de mortes causadas pela doença. “Além de não utilizarem o filtro solar diariamente, os homens se expõem com mais frequência ao sol, especialmente em horários não recomendados, como entre 10h e 16h. Mesmo os homens que aplicam o protetor solar, o fazem apenas uma vez ao dia e não a cada 2 horas, como é o ideal”, afirma a dermatologista. Mas a falta de proteção não é o único problema. Segundo a Dra. Valéria, o diagnóstico precoce é mais complicado em homens do que em mulheres. Isso porque, nas mulheres, o lugar onde a doença mais aparece é nas pernas, enquanto nos homens aparece mais nas costas, o que torna difícil a percepção dos sinais. “É sempre importante procurar sinais de possíveis tumores. Por isso, peça para alguém de sua família procurar em suas costas por pintas muito grandes, assimétricas, com bordas irregulares, coloração diferenciada e que mudam de aparência com o tempo. Se for o caso, deve-se procurar um médico para realizar o diagnóstico”, destaca. Quanto antes for diagnosticado, maiores são as chances de o tratamento ser bem-sucedido. Porém o mais importante é a prevenção. “O filtro solar é indispensável e deve ser aplicado diariamente a cada duas horas ou quando necessário, independentemente da estação do ano. Até mesmo em dias nublados o protetor se faz necessário, pois apenas 30% da radiação UV é barrada pelas nuvens. Além disso, lembre-se de sempre aplicar protetor solar na nuca, atrás das orelhas, nas costas e pés. Por fim, é fundamental que você realizr consultas regulares com um dermatologista”, finaliza a médica.

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