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The White Lotus: em qual lado da moeda você está: Daphne ou Harper?

*Por Beatriz Braga Impossível assistir Daphne e permanecer alheio a ela. Impossível assistir The White Lotus 2 e não questionar-se em qual lado do termômetro Daphne-Harper você vive. De um lado, Daphne figura uma versão adulta de pollyana: "eu conheço o mundo e o vejo todo colorido". Com uma inegável esperteza, ela se recusa a ser vítima da sua existência e encontrou os meios para não deixar-se abalar. O que requer coragem, mas não deixa de ser uma falsa ideia de controle. Quem decide trair porque está sendo traída não é livre. Na cena triunfante da conversa com Ethan, ela deixa escapar uma sombra disfarçada: existe dor e tristeza em suas camadas menos superficiais. Apesar disso, ela parece ser a hóspede que mais se diverte e também que está mais confortável em ser quem é. Daphne não vê notícias, não lê, não vota, como se, ao evitar o mundo real, não precisasse assumir as suas próprias profundezas. Resta o true crime, maridos matando esposas na TV de casa, um flerte sádico com a realidade. Já Harper segue outro caminho. Ela questiona, julga, fica obcecada pelo quarto vizinho e está preocupada com o apocalipse. Porém, ao tentar desmascarar a vida alheia, distancia-se do que realmente lhe diz respeito: seu casamento e sua felicidade. Aponta a arrogância e a competição sem notar que tornou-se um exemplo perfeito do seu alvo. Eu não diria que Daphne é, necessariamente, mais feliz, mas certamente vive mais "leve" porque parece ter mais poder sobre suas emoções e escolhas. Do outro, pouco sabemos. Mas sobre nós, The White Lottus tem uma provocação: O que você faz com suas sombras? Você é realmente dono de suas escolhas? Quão protegidos estão os seus castelos? Eu não escolheria viver como Daphne, mas a primeira cena da temporada me deixou atenta: ela sempre teve a garantia da sobrevivência. E aposto que será a única a estar nas Maldivas, na próxima temporada, com seu sorriso constante e seu olhar misterioso. *Beatriz Braga é jornalista e empresária (biabbraga@gmail.com). Ela escreve a coluna Maria pensa assim para o site da Revista Algomais

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Você é um cidadão pleno?

A Revista Algomais realizou uma pesquisa online no Instagram com o objetivo de entender o grau de consciência cidadã dos recifenses e moradores da região metropolitana, que são a maioria dos seguidores das nossas redes sociais. Fizemos 10 indagações sobre seus hábitos no espaço público e conversamos com uma especialista para analisar os resultados. Jogar lixo nas ruas, estacionar nas calçadas ou em vagas de deficientes físicos e furar fila são algumas das questões desse levantamento, que foi realizado com 113 pessoas no mês de agosto deste ano. “Quando as pessoas admitem que usariam a vaga de estacionamento de um idoso ou deficiente, param numa faixa de pedestres ou passam um sinal de trânsito fechado, vemos que estamos diante de um cenário desafiante. Falta um olhar mais cuidadoso de se colocar no lugar do outro. Há uma ausência dessa dimensão de cidadania e de coletividade que precisa ser construída”, afirmou Mariana Lyra, integrante do Observatório do Recife, que trabalha na área de desenvolvimento social há mais de 14 anos e é mestre em gestão do desenvolvimento local sustentável. A segurança das pessoas no trânsito, a limpeza das ruas, a fluidez dos deslocamentos nas calçadas ou mesmo nas avenidas não dependem só do poder público. Pequenas ações do cotidiano da população no volante, caminhando no espaço público ou mesmo em ambientes privados podem colaborar para os desconfortos diários que vivemos em grandes cidades, como no Recife. Acelerar para passar no semáforo que está se fechando é uma prática admitida por 39% dos respondentes da pesquisa, por exemplo. A maioria das pessoas que participou da enquete, porém, admitiu a adoção de práticas urbanas que contribuem para o bem-estar na cidade. Um total de 86,3% dos respondentes afirmou que “param para a passagem de pedestres na sua faixa, mesmo que não haja semáforo”. Outro número positivo no trânsito foi o de que 82% das pessoas negaram “parar em fila dupla ao perceber que a pessoa que irá buscar está perto da saída”. Mariana Lyra avalia que no seu cotidiano, como pedestre e usuária de transporte público, ela não observa algumas dessas práticas positivas levantadas na enquete. “Fiz uma escolha há alguns anos, não tenho carro e me locomovo muito a pé. Ou utilizo transporte público e Uber. No meu dia a dia não percebo esses 86% que param para os pedestres. Quando olhamos para o Código de Trânsito e para o Plano Nacional de Mobilidade, a prioridade é o pedestre. Mas na realidade, há um comportamento individualista muito forte ainda”, comenta. Outras boas práticas sinalizadas na pesquisa da Algomais também são bem difíceis de acreditar quando observamos a sujeira e o barulho nas vias da cidade do Recife. Apenas 1,8% dos participantes da enquete, por exemplo, admitiram jogar lixo na rua quando não há lixeira por perto. E somente 4% informaram que não pensam nos vizinhos, ou passantes, quando desejam aumentar o volume do seu aparelho de som. “Nas redes sociais, quando as pessoas são identificadas, há uma dificuldade dos internautas de admitirem algumas práticas que são incorretas e que prejudicam a própria rotina da cidade. Esses indicadores podem apontar também um nicho de público mais consciente que acompanham as publicações dos nossos canais”, afirmou a publicitária Débora Seabra, que foi a responsável pela execução do Quiz Cidadania e trabalha na gestão e monitoramento das redes sociais da Revista Algomais. Para Mariana Lyra a reversão desses comportamentos urbanos, em direção à prática de uma cidadania plena é um desafio a ser superado. “Na perspectiva de Milton Santos (famoso geógrafo já falecido), quando discutimos cidadania, estão contempladas as garantias dos direitos. Ele traz uma perspectiva de cidadania plena, dentro de um contexto de intensa desigualdade social, e defende os direitos sociais, econômicos e ambientais. É desafiador discutir o respeito aos direitos do outro de forma integral. No caso brasileiro, isso ainda é uma utopia. Para mudar esse cenário, temos que investir em momentos de encontros para refletir coletivamente sobre o que está acontecendo e alimentar o debate para construir uma perspectiva de futuro pensando no melhor para a cidade”.  

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