Turismo de Pernambuco cresce apesar da crise
*Por Maria Regina Jardim Diante de um cenário nacional de retração para o turismo, os pernambucanos têm muito o que comemorar. A Terra dos Altos Coqueiros foi a única a apresentar crescimento no Índice Sazonal de Volume das Atividades Turísticas (Iatur), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A quantidade de turistas que visitou o Estado entre janeiro e outubro do ano passado foi superior 2,6% em relação ao mesmo período de 2015. A Secretaria Estadual de Turismo, Esportes e Lazer aponta que Pernambuco recebeu cerca de 5,5 milhões de visitantes entre janeiro e novembro de 2016. Também registrou 10% mais turistas estrangeiros nos primeiros dois meses do ano passado, quando comparado ao mesmo período de 2015. Um dos motivos desse bom desempenho é reflexo da captação de novas rotas aéreas nacionais e internacionais. Prova disso é a Argentina, que registrou crescimento de 500% no número de turistas após o início do novo voo em março. Outras rotas internacionais conquistadas em 2016 foram Cabo Verde, Uruguai, Itália e EUA. No âmbito doméstico, o grande impulso veio com a instalação do hub (centro de conexões) da Azul em fevereiro. Há um ano, a companhia iniciou a operação de voos regulares para 12 novos destinos a partir da capital pernambucana. Com a oferta de 32 ligações diárias para 24 lugares, o Recife passou a ser a única cidade do Nordeste com voos diretos para todas as demais capitais da região, além de municípios como Jericoacoara e Juazeiro do Norte (CE), Porto Seguro (BA) e Mossoró (RN). Desde a primeira semana de dezembro, a Gol disponibiliza mais de 500 voos extras. O acréscimo ocorrerá até o fim do Carnaval, com rotas exclusivas, sem escalas, para várias cidades do País. Segundo o secretário estadual de Turismo, Esportes e Lazer, Felipe Carreras, a estratégia para os próximos meses é conquistar mais trajetos. "Estamos atentos a mercados promissores, como Cuba, Espanha, Chile e Colômbia, além de frequências nacionais", adiantou. Outra razão importante para as taxas positivas no Estado foi a chegada de empreendimentos hoteleiros na Região Metropolitana do Recife. “Grupos internacionalmente conhecidos, como Marriot, Accor e Meliá aportaram aqui. É importante que renovemos nossa oferta de hospedagem, com equipamentos conhecidos e de ponta”, considera o professor André Durão, vice-coordenador do curso de Turismo da UFPE. A alta do dólar no ano passado também foi um fator benéfico. "Conforme a moeda americana se valoriza, a tendência é aumentar o turismo dentro do País. Isso se deve ao encarecimento de viagens internacionais, que chegam a triplicar seu valor", explica o vice-presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Eduardo Cavalcanti. E as perspectivas para 2017 também são boas. Segundo o governo, espera-se um aumento de visitações de, pelo menos, 5% na temporada de verão, entre dezembro e fevereiro, contabilizando mais de 1,7 milhão de turistas. Essa movimentação deve injetar R$ 2,5 bilhões na economia pernambucana. Governo e trade turístico se preparam agora para fortalecer as ações já implementadas e investir em estratégias para todo território estadual. Através da campanha Pernambuco Coração do Nordeste, por exemplo, uma série de iniciativas foi realizada para promover o Estado. O governo promete, também, ações de implantação, reforma e restauração de equipamentos e vias de acesso a pontos turísticos. Obras como a ampliação do museu Cais do Sertão e a requalificação da Avenida Rio Branco, no Recife, do Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, e do aeroporto de Serra Talhada, no Sertão, são algumas das propostas. Além delas, está a implantação da Rota do Cicloturismo do Agreste e do Eixo Cicloviário, que ligará o Marco Zero, na capital, ao Centro Histórico de Igarassu, na RMR. "Temos ações em andamento em todo o Estado. Apesar de acreditarmos que o turismo de sol e mar sempre será o mais atrativo, temos uma riqueza sem tamanho em outras regiões", afirma Carreras. André Durão concorda com a necessidade de incentivar o turista a conhecer outros locais além do litoral. No Recife, por exemplo, o carro-chefe tem sido o turismo de negócios. Há cerca de cinco anos, a cidade recebe eventos nacionais e internacionais, resultado de uma parceria entre a prefeitura e o Recife Convention & Visitors Bureau. “Embora o RCVB tenha um importante e decisivo papel na atração de demanda turística, a capital precisa 'diversificar seu portfólio', considerando seu rico patrimônio histórico e cultural”, alerta o professor. “É preciso trabalhar cada vez mais nossos atrativos e fortalecer uma marca na mente do turista como um destino de riqueza histórica e cultural”. A resposta da prefeitura a essa demanda foram ações de lazer realizadas o ano inteiro no Bairro do Recife. Capitaneada por projetos como o Recife Antigo de Coração, com shows de artistas locais e práticas esportivas; a programação conta ainda com o projeto Olha! Recife, com passeios de catamarã e de ônibus apresentando a cultura e a história da cidade, além da Ciclofaixa de Turismo e Lazer, com vias exclusivas para ciclistas nos domingos e feriados. No ano passado, a capital recebeu cerca de 3 milhões de visitantes, de acordo com dados da Empetur (Empresa de Turismo de Pernambuco), e a perspectiva para este ano é animadora. "Depois de tangenciar os 100% de ocupação no Réveillon, o trade recifense prevê índices acima de 80% para janeiro, que não foi um mês tão bom no ano passado", informa a secretária municipal de Turismo, Esportes e Lazer, Ana Paula Vilaça. O gasto médio individual dos turistas, entre janeiro e novembro, segundo a secretaria, foi de pouco mais de R$ 200/dia, com a permanência calculada entre 6 a 8 dias. O baixo custo de vida é sentido, principalmente, no Carnaval da cidade, festa considerada a mais barata do Brasil pelo site de viagens TripAdvisor. INTERIOR. A taxa de ocupação dos hotéis no interior também registrou bom desempenho e alcançou crescimento de 15% no segundo semestre de 2016. "Uma das principais razões para esse fortalecimento é o que chamamos de turismo corporativo, correspondente a viagens para treinamentos de empresas, congressos, convenções, feiras", explica Eduardo Cavalcanti. O setor
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