Saúde Auditiva preocupa especialistas
A saúde auditiva preocupa especialistas do mundo inteiro em um cenário preocupante, na qual problemas de audição provocados por causas diversas já afetam 360 milhões de indivíduos, de acordo com alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS). As perdas auditivas chegam a ser irreversíveis e, de acordo com o organismo internacional, podem ser divididas em duas categorias: as chamadas causas congênitas e as causas adquiridas. A primeira envolve aquelas que estão relacionadas a doenças como rubéola congênita, sífilis e outras infecções durante a gravidez; nascimento abaixo do peso ideal; falta de oxigênio na hora do parto; uso inapropriado de medicamentos ao longo da gestação; e icterícia neonatal, um problema de saúde que pode danificar o nervo auditivo em recém-nascidos. E segunda está relacionada ao desenvolvimento de meningite, sarampo, caxumba, infecções crônicas no ouvido, otite média, lesões na cabeça ou no ouvido e uso de alguns remédios, como os utilizados no tratamento de infecções neonatais, malária, câncer e tuberculoses agressivas. “Apesar do avanço no diagnóstico precoce. Nos ainda falhamos muito no diagnóstico precoce da deficiência auditiva. Temos 1 milhão de jovens com surdez e 2 milhões com perda auditiva severa ou profunda. 30% dos idosos com mais de 60 anos tem surdez. E 80 a 90 % dos com mais de 85 anos. E a predominância hereditária tem importância fundamental devendo ser pesquisada nos pacientes em causa aparente para deficiência auditiva”, destaca a Dra Patrícia Santos, vice-gerente do serviço de ORL (Serviço de Otorrinolaringologia) do Hospital Agamenon Magalhães, uma das duas maiores unidades hospitalares responsáveis pelos tratamentos mais graves do problema. Um problema que é crescente entre os mais jovens, segundo pesquisa recente Organização Mundial de Saúde, a deficiência auditiva não faz distinção de idade, sexo ou genética, mesmo atingindo atualmente uma maioria de adolescentes e adultos jovens que correm o risco de prejudicar sua audição devido a suas práticas de escuta inseguras. Afinal, no dia a dia, somos expostos a um volume absurdo de sons e ruídos que podem comprometer de diversas formas a audição e, consequentemente, a fala. Este quadro de contato constante com música alta diretamente no ouvido e outras formas de impacto de ruídos e sons, perceptíveis e não perceptíveis, é maior a incidência de danos das células ciliadas sensíveis no ouvido interno e, desta forma, que faz com que se corra o risco de perder a audição muito cedo. Quando a pessoa se expõe a um determinado tipo de ruído diariamente, ela fica exposta a uma forma mais insidiosa ao aparecimento de problemas na qual talvez não se perceba. Só após diversos anos é que vai notar que já está havendo um problema auditivo. “Tive um paciente com acidente de moto que sofreu trauma e ficou com surdez profunda bilateral. O resultado após o implante foi muito bom, mas o paciente tinha 16 anos e aceitação da deficiência até realizar a cirurgia foi um longo processo bastante doloroso. Acho que as causas de deficiência que podemos prevenir são as que precisamos fazer um trabalho de conscientização. Os trabalhadores que precisam de EPI são muito prejudicados porque a perda auditiva vai ocorrendo progressivamente chegando a níveis de tornar o trabalhador inapto para o trabalho”, lembra Santos. Esclarecimento e conscientização podem amenizar, desta forma, o cenário de deficiência auditiva no Brasil especialmente na indústria e construção onde fatores específicos colocam em questão a saúde auditiva e aumentam os índices de deficiência auditiva no Brasil, preocupando especialistas. Mas, além disso, tudo a perda auditiva requer cuidados e adaptações para resultados adequados e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros que chegam a 10 milhões entre os portadores de surdez. Cuidados e tratamentos nos casos graves podem fazer a diferença dentro de um cenário que já é difícil para o paciente, acometido pela perda auditiva irreversível, que não teria remissão com tratamentos com medicamentos ou cirurgicamente. Se a perda for definitiva, a intervenção necessária será a indicação de um aparelho auditivo e/ou implante coclear, dependendo do grau dessa perda auditiva. E depois de passar por todo este delicado e difícil processo, o paciente tem que ultrapassar a principal barreira, a da sua própria discriminação e das pessoas ao seu redor, pois a criança e o adolescente em um novo universo ao qual não está preparada. “O desafio inicial é aceitar que possui uma alteração auditiva e necessita de um sistema auxiliar para melhorar a condição de escuta. Principalmente, os familiares de crianças que possuem o diagnóstico precoce, que é a condição ideal. Aceitar que seu filho possui uma alteração auditiva necessita de todo apoio da equipe multidisciplinar e dos familiares para superar a notícia inicial”, comenta a fonoaudióloga Roberta Garcia do Serviço de Implante do IMIP. De acordo com ela, os desafios afetam todos os envolvidos e em graus distintos. Temos então o desafio do AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual) em criança é fazer a criança usar, enquanto para os pais e familiares é estar bem atentos as situações em que a criança não quer utilizar para ajudar o fonoaudiólogo na programação, além de verificar se a criança não está fazendo do uso do equipamento um motivo para desestabilizar os pais emocionalmente. “No caso de alguns adultos que estão indicados o uso de Aparelho de Amplificação Sonora Individual, precisamos desmistificar a ideia de que é algo incômodo. Sempre relatam que alguém falou que usar AASI é incômodo. Mas na realidade, alguns desses pacientes foram adaptados, mas não retornaram ao fonoaudiólogo responsável pela adaptação para relatar a queixa na tentativa de solucionar a queixa. Já no caso das próteses implantáveis o uso e manuseio é um grande desafio, seja qual for o dispositivo e a idade, assim como, adaptação ao novo som (o profissional tem que orientar que se o paciente já ouviu antes, não será a mesma qualidade sonora); a reabilitação auditiva; tempo para que os avanços aconteçam”, destaca Garcia. Para quem usa os implantes cocleares os desafios são os mesmos ou até maiores, pórem, superadas as dificuldades, as barreiras e os preconceitos, esses pacientes mudam totalmente após
Saúde Auditiva preocupa especialistas Read More »