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Arena Pernambuco

Pernambuco entre as sedes da Copa do Mundo Feminina de 2027

Evento internacional vai movimentar a economia local com turismo, esportes e serviços A Arena Pernambuco foi confirmada como uma das oito sedes da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2027, que será realizada no Brasil. A escolha foi anunciada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), após um processo de seleção que envolveu 12 cidades brasileiras. Além de São Lourenço, também foram selecionadas como sedes as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Fortaleza. “Somos profundamente gratos a todas as 12 cidades que participaram de um minucioso e competitivo processo de seleção para sediar a Copa do Mundo Feminina. Foi uma decisão muito difícil", afirmou o presidente da Fifa, Gianni Infantino. O Maracanã sediará tanto a abertura quanto a grande final da competição. Para o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, o Brasil está preparado para receber o maior evento esportivo feminino do planeta. “As cidades-sede escolhidas pela FIFA já contam com estádios modernos e centros de treinamentos para receber atletas e torcedores de todas as partes do mundo. Além disso, oferecem rede hoteleira qualificada e infraestrutura urbana eficiente”, destacou. Com previsão para acontecer de 24 de junho a 25 de julho de 2027, a competição deve impulsionar o turismo e diversos setores da economia nas cidades escolhidas. Na RMR, a expectativa é de geração de empregos temporários, atração de investimentos e projeção internacional da capital pernambucana. Ontem (07), a governadora Raquel Lyra comemorou a escolha de Pernambuco para a realização do evento. “Recebemos a notícia de que Pernambuco será sede da Copa do Mundo Feminina da FIFA 2027™ com felicidade. A Arena de Pernambuco está à altura de um evento desse porte. Temos cuidado da infraestrutura da Arena com muito zelo, o que foi comprovado pela FIFA em todas as análises técnicas. O nosso Estado será palco de uma bonita festa, reunindo pernambucanos e turistas, para celebrar o protagonismo das mulheres no futebol e a união das nações por meio do esporte", afirmou a governadora Raquel Lyra. Serviço:A Copa do Mundo Feminina 2027 será realizada entre 24 de junho e 25 de julho. Recife sediará jogos na Arena Pernambuco.

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Fiz as pazes com meu útero

*Por Beatriz Braga Eu nunca vi muitas vantagens em ter um útero, toda a vida o encarei como um contratempo. Carregá-lo significava renúncia, fragilidade e um ciclo de dor física e estorvo. Domingo passado eu fui à Bênção do útero, um movimento que acontece no mundo inteiro, em horas sintonizadas, na lua cheia. O evento conta com meditações focadas no Sagrado feminino. Criado pela britânica Miranda Gray, mulheres meditam juntas a fim de liberar as amarras de uma sociedade patriarcal. Com os pés na terra, mentalizei a árvore dentro de mim - um dos exercícios propostos - e me senti conectada a todas elas. Pensei nelas além dos oceanos, nas recifenses e em todas as outras ao redor planeta. Nas mulheres da minha vida e das que nunca vi, nem vou conhecer. Fui levada a pensar nas minhas ancestrais. Nas mulheres antes de mim que passavam a vida no puerpério, que não tinham escolha a não ser escravas dos seus úteros; em todas que foram violentadas e oprimidas; pensei nos choros contidos que me precederam; cada útero em luto da minha mãe e das mães antes dela; em toda dor de cada parto e nas alegrias depois dele. Sentindo a vibração da lua cheia, pensei nas mulheres que, naquele momento, entrariam nas estatísticas do estupro e do feminicídio. Nas que se sentem invisíveis. Desejei que encontrem nos seus ventres não a vulnerabilidade, mas a sua força vital. Não é toa que a natureza é chamada de Mãe Terra. Somos bicho, terra, lua e natureza. Domingo pude compreender minha experiência pessoal. Tomei anticoncepcional por dez anos ininterruptos e só via alegrias. Sem cólicas, fluxo controlado e pele equilibrada, era defensora dos hormônios. Além disso, eu cresci achando a menstruação uma das grandes desvantagens biológicas femininas. Por conta dela, somos vistas como irracionais e reduzidas à TPM. Há alguns meses, parei a pílula durante o tratamento de uma sinusite. Meu cabelo e minha pele viraram óleo puro e eu fiquei insuportável. Impaciente, estressada e muito sensível. Apesar disso, só de ver a cartela me aguardando no armário, meu corpo demonstrava repulsa. Após três meses e sentimentos controlados, eu me sinto mais leve e não voltarei a tomar hormônios nunca mais. Sinto-me mais conectada comigo, mais feliz. Como se depois de uma década de omissão e disfarce, eu dissesse “bem-vinda de volta” a uma versão de mim que havia esquecido. Miranda criou a Bênção do Útero porque acredita que precisamos ter consciência das vantagens do nosso ciclo natural. Num passado distante, a menstruação era vista como sagrada e fonte criativa. O patriarcalismo tornou o ciclo um tabu, algo sujo e impuro. Em algumas comunidades, mulheres menstruadas ainda são vistas como uma aberração. Há alguns anos, vi Anticristo de Lars Von Trier e tem uma cena que nunca me deixou. Na trama, a mulher se revela o Anticristo, punida pela natureza. No desenrolar do filme, o homem queima sua esposa na fogueira e, depois, é seguido por uma legião de mulheres que emergem do solo. A cena, vez ou outra, volta para mim. Mulheres mortas em nome de um único homem que representava a sociedade machista. Cada geração herda da anterior as suas conquistas, mas também seus fardos e traumas. Durante a Bênção, fiz as pazes com meu útero. Sangramos porque somos animais, porque precisamos sangrar a dor que nos antecedeu. Sangramos porque somos bruxas queimadas na fogueira. Sangramos toda vez que uma mulher é calada ou morta. Sangramos porque, todo mês, renascemos. No domingo, cada uma pegou uma carta simbólica. A minha foi a da dor, que dizia que é preciso viver intensamente cada sofrimento para, só depois, superá-lo. Sempre enxerguei essa sabedoria na minha mãe. Ela não tem medo da dor e agora acredito que essa força vem do seu útero. O exercício da carta é missão para uma vida inteira: superar o sofrimento das nossas ancestrais e garantir que o futuro herde mais a consciência da fortaleza e menos os nossos traumas. Para começar, me enxergarei nas fases da lua, reconhecerei a natureza cíclica do meu corpo e a receberei com consciência, em vez de reprimi-la. Segundo Miranda, ao termos ciência do nosso ciclo, ganhamos grandes vantagens nos nossos trabalhos, relacionamentos e vida. Carregar um útero, agora, significa ter poder. O Sagrado feminino, que eu não entendia bem, tornou-se claro. Trata-se de mudar toda uma sociedade, todas as relações humanas. Trata-se de estar conectada com a mais poderosa energia do planeta, a feminina.

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