Arquivos juros - Página 2 de 2 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Juros pagos pelas famílias brasileiras aumentaram 36% entre 2013 e 2016

Os efeitos da crise econômica foram fortemente sentidos pelo mercado de crédito. Entre 2013 e 2016, o saldo das operações de crédito com recursos livres para pessoa física (PF) recuou 13% em termos reais, ao passar de R$ 943 bilhões para R$ 820,3 bilhões, ou seja, uma perda de R$ 123 bilhões em apenas três anos. Embora o volume de empréstimos tenha caído nesse período, a taxa média efetiva de juros cobrada cresceu mais de 16 pontos porcentuais (p.p.), ao passar de 42,9% em 2013 para 59,2% em 2016. Como consequência, o valor pago pelas famílias anualmente apenas a título de juros passou de R$ 212 bilhões em 2013 para mais de R$ 288 bilhões em 2016, um aumento de 36% em termos reais, e que corresponde a um dispêndio extra de R$ 76,3 bilhões. Com juros elevados e menor oferta de crédito, as famílias brasileiras viram sua capacidade de consumo diminuir drasticamente. É o que mostra o estudo "Juros e Inadimplência no Brasil 2014-2016", realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados do Banco Central contemplando apenas as operações formais de empréstimo e desconsiderando operações lastreadas em recursos direcionados. O volume de juros pagos pelas famílias em 2014 foi de R$ 251,2 bilhões, alcançando seu maior valor em 2015 (R$ 293,2 bilhões) e apresentando leve recuo em 2016, atingindo R$ 288,3 bilhões, o que representa 4,46% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e 9,2% da renda anual das famílias. Isso significa que o pagamento de juros, em termos individuais, representou um dos maiores itens de despesa das famílias, superando o dispêndio total por ano com grupos de itens como os de saúde, educação e vestuário. Mesmo diante dessas circunstâncias, as famílias brasileiras mostraram forte disposição para cortar gastos e controlar sua inadimplência no período. A taxa de inadimplência das famílias inicialmente apresentou comportamento de crescimento, saltando de 5,3% em dezembro de 2014 para 6,2% no fim de 2015 e praticamente se estabilizando em dezembro de 2016 (6,1%). Em termos de valores em atraso, nota-se claramente um forte ajuste por parte das famílias, que conseguiram reduzir em 8% o volume real das dívidas com mais de 90 dias de atraso, cujo montante caiu de R$ 53,9 bilhões em dezembro de 2013 para R$ 49,6 bilhões no fim de 2016, retração de R$ 4,3 bilhões no período. Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, embora a inadimplência das pessoas físicas seja uma das questões mais preocupantes nos tempos atuais, isso se dá muito mais em decorrência da sua alta disseminação em termos do grande conjunto de famílias inadimplentes do que propriamente de seu volume agregado. Para a Federação, o custo elevado do crédito no Brasil é decorrente, obviamente, das altas taxas de juros praticadas no País, consequência direta do descontrole das contas públicas, que se refletem em uma dívida gigantesca que, em meio a crescente perda de confiança dos agentes econômicos, necessita ser financiada diariamente no mercado, com juros elevados pelo risco de descontrole. Isso também torna o setor público o maior tomador de crédito, de acordo com a Entidade, no qual os recursos são escassos, colaborando para fixação de um piso elevado para todos os demais tomadores. Em junho de 2017, a dívida pública bruta atingiu R$ 4,7 trilhões, correspondentes a 73% do PIB. Em apenas três anos e meio, essa dívida cresceu quase 70%, acrescentando quase R$ 2 trilhões ao montante do início de 2014, sendo que R$ 747 bilhões foram gerados nos últimos 18 meses, período em que a sua taxa em relação ao PIB saltou de 65% para os atuais 73%. Nesse ritmo, e com os imensos déficits públicos estimados para os próximos meses, o passivo público deve atingir, antes do fim de 2018, o delicado patamar de 80% do PIB. Para a Federação, fica evidente a pressão que uma dívida pública dessa dimensão exerce na fixação dos juros na economia. Na avaliação da FecomercioSP, seria lógico supor que com uma dívida significativamente menor, a taxa de juros necessária para seu financiamento também seria proporcionalmente inferior ao dos patamares atuais.

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Copom sinaliza que juros podem cair para 8,5%

A evolução da conjuntura econômica brasileira já permite uma maior intensificação do ritmo de flexibilização monetária – ou seja, um maior no corte de juros. A afirmação consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje (18), em Brasília, pelo Banco Central. Na semana passada, o juro foi cortado em 1 ponto percentual, caindo para 11,25% ao ano. Segundo a ata, o cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus supõe, entre outras hipóteses, taxas de câmbio de R$ 3,23 e R$ 3,37 ao final de 2017 e 2018, respectivamente, e taxas de juros de 8,5% ao ano ao final dos dois anos. Membros do comitê argumentaram, entretanto, que, dado o caráter prospectivo da condução da política monetária e a continuidade das incertezas e dos fatores de risco que ainda pairam sobre a economia, a decisão foi pela manutenção do ritmo observado na reunião – redução de 1 ponto percentual. “O Copom ressalta que o ritmo de flexibilização monetária dependerá da extensão do ciclo pretendido e do grau de sua antecipação, que, por sua vez, dependerá da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco mencionados acima e das projeções e expectativas de inflação”, diz a ata. (Agência Brasil)

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Gastos com Previdência cresceram R$ 16 bilhões no primeiro trimestre

O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, disse, na última segunda-feira, que as despesas com a Previdência cresceram R$ 16 bilhões no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, incluindo gastos com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e com a aposentadoria de servidores públicos. Enquanto isso, as despesas discricionárias (não obrigatórias) do governo federal tiveram um corte de R$ 10 bilhões. “Ou seja, o governo cortou R$ 10 bi de despesa discricionária e, mesmo assim, não foi suficiente para contrabalançar um crescimento de R$ 16 bilhões da despesa com Previdência. Isso mostra que, cada vez mais, o crescimento da conta da Previdência está deslocando todo o Orçamento público”, disse o secretário, durante seminário sobre a reforma da Previdência. Mansueto alertou que a dinâmica do crescimento dos gastos com a Previdência no Brasil, por causa do envelhecimento da população, faz com que a reforma seja necessária para o país. “O Brasil ainda é um país jovem, e gastamos mais da metade do que se chama gasto social com Previdência. Isso simplesmente não é sustentável. Então, a reforma da Previdência é algo essencial”, ressaltou. Segundo o secretário, mais da metade do crescimento do gasto do governo entre 1991 e 2016 foi com a Previdência. “O gasto do INSS não para de crescer, em decorrência, entre outras causas, do rápido processo envelhecimento da população”, disse. De acordo com Mansueto, sem a reforma da Previdência, as despesas com o INSS chegarão a 16% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) em 2060. Em 2016, o percentual ficou em 8,1%. Ele também criticou as desigualdades no modelo previdenciário atual, com favorecimento dos funcionários públicos. “Não é justo com a sociedade que funcionários públicos se aposentem cedo e tenham rendimentos acima dos do setor privado.” (Agência Brasil)

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Banco do Brasil irá reduzir taxas de juros

Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic para 11,25% ao ano, o Banco do Brasil anunciou ontem (13) que vai reduzir as taxas de juros para pessoas físicas e jurídicas. Essa é a terceira redução consecutiva no ano feita pelo BB. As novas taxas entram em vigor na próxima segunda-feira (17). A queda mais expressiva foi para as linhas de crédito imobiliário pessoa física nas contratações do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e da carteira hipotecária. A nova taxa para as operações no âmbito do SFH passa a ser de 9,99% ao ano na faixa mínima, redução de 0,81 ponto percentual na comparação com os 10,80% praticados hoje. Para a faixa superior, a nova taxa passar a ser de 10,94% ao ano, ante os 11% ao ano que o Banco cobrava até agora. Nos financiamentos da carteira hipotecária, a taxa cai de 11,80% ao ano para 10,90% ao mês no piso; e de 12,02% para 11,99% ao ano no patamar superior. Os juros no crédito para aquisição de veículos por pessoas físicas vão reduzir de 1,28% ao mês para 1,23% ao mês, na faixa mínima, e de 3,86% ao mês para 3,81% ao mês no patamar máximo. Os juros para o cheque especial da pessoa física agora flutuam entre 4,31% ao mês no piso, e 12,84% ao mês no teto, ante 4,36% e 12,89% ao mês, cobrados até agora. Para as pessoas jurídicas, as linhas do cheque ouro empresarial e giro rápido rotativo baixaram para 8,38% ao mês, ante os 8,43% cobrados até então. Na faixa superior, as taxas recuam de 13,60% ao mês para 13,55% ao mês. Para a aquisição de veículos por pessoas jurídicas, houve redução de 1,47% para 1,42% ao mês no piso e de 3,24% para 3,19% ao mês na máxima. A antecipação de crédito lojista (ACL) teve redução de 1,58% ao mês para 1,53% ao mês no piso; e de 3,94% para 3,89 ao mês no maior patamar.

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BC reduz Selic para 11,25% ao ano

Pela quinta vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu hoje (12) a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% ao ano para 11,25% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros. Com a redução, a Selic retorna ao nível de dezembro de 2014, quando também estava em 11,25% ao ano. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história, e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA ficou em 0,25% em março, o menor nível registrado para o mês desde 2012. Nos 12 meses terminados em março, o IPCA acumula 4,57%. Até o ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para este ano, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano.   Da Agência Brasil

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Sinais positivos da economia devem estimular PMEs

Ainda estamos nas primeiras semanas do ano, mas percebemos que, pelo menos por enquanto, as perspectivas do empresariado brasileiro para 2017 são positivas. O País foi tomado de grande desapontamento pelo frustrante desempenho da economia nos últimos tempos e, após o conturbado ano de 2016, os olhos do mercado se voltam para as perspectivas para este novo ano. A retomada do crescimento e do desenvolvimento se apresenta como um dos grandes desafios para a sociedade brasileira. Um dado importante e positivo, que deve ser observado com muita atenção, é a evolução dos preços no País. Em 2015, a inflação oficial do Brasil fechou em quase 11%, mas foi desacelerando ao longo do ano passado, e encerrou 2016 em 6,29%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), abaixo do teto máximo da meta do governo, que é de 6,5%. E, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central do Brasil, o mercado espera que a inflação fique em 4,81% este ano, retornando a uma marca próxima do centro da meta (fixada em 4,5%) e causando um efeito positivo sobre a economia, os consumidores e as empresas. Apesar da retração do mercado até o momento, as pequenas e médias empresas (PMEs), especialmente, esperam ganhar espaço quando a economia se reaquecer. A perspectiva de recuperação do Brasil faz com que as organizações de menor porte se mostrem mais confiantes com os resultados de seus negócios, segundo a pesquisa Agenda 2017, realizada pela Deloitte. De acordo com o levantamento, que contou com a participação de 746 empresas brasileiras de diversos segmentos (das quais 52% PMEs), a soma das receitas líquidas previstas pelas organizações de menor porte deve chegar a cerca de R$ 30 bilhões em 2017, valor nominal 12,2% maior do que os R$ 26,7 bilhões esperados para 2016. Esse crescimento previsto é 3,9 pontos percentuais maior do que os 8,3% de avanço de receitas estimado pela totalidade das organizações que participaram da pesquisa. Apesar de esperarem um aumento de vendas e negócios, a maioria das PMEs (56%) estima manter o mesmo contingente de empregados no ano que vem. Pelo lado mais positivo, outras 30% preveem aumentar seu quadro funcional, enquanto que 14% disseram que vão reduzi-lo, de acordo com a pesquisa. Uma das maiores preocupações das pequenas e médias empresas, de uma maneira geral, é a gestão do caixa. Para manter um bom empreendimento, é necessário ter controle eficiente do fluxo de caixa. Se há algo positivo na crise, concluímos que, ao longo dos últimos anos, as PMEs sofreram bastante para se manterem ativas no mercado e agora elas administram muito melhor este assunto. Apesar de previsões menos otimistas apontarem que a economia brasileira só deve voltar a se reaquecer em 2018, percebemos que as pequenas e médias empresas estão propensas a operar pela mudança de cenário já em 2017. Algumas alternativas aparecem como prioritárias. De acordo com o levantamento, o lançamento de novos produtos ou serviços é a principal prioridade das empresas para destinar seus investimentos este ano; seguido por substituição de máquinas e equipamentos. Outro fator importante é a implementação de práticas de governança e melhorias na qualidade de informação dentro das companhias. Apesar de um cenário ainda incerto, existem diversas indicações de que tendemos a ter a economia em expansão novamente. O varejo já vem dando indícios de progresso. Após quatro quedas seguidas, o comércio varejista voltou a crescer no último trimestre de 2016. De outubro para novembro, foi registrada uma surpreendente alta de 2% nas vendas, tornando-se o melhor resultado desde julho de 2013, quando o avanço foi de 2,9%, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mercado deve ficar atento também ao segmento de infraestrutura, uma das atividades econômicas que deve reagir positivamente este ano, especialmente ante os planos do governo federal de retomar e reforçar grandes projetos, concessões e privatizações, com investimentos em estradas, saneamento, aeroportos, portos, transporte e mobilidade urbana. Outra boa notícia é a baixa das taxas de juros. Agora em janeiro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a taxa básica da economia, a Selic, em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano, o que pode estimular especialmente as companhias de menor porte, tão necessitadas de crédito mais barato. Ainda não é possível dizer que deixamos para trás os principais problemas que têm limitado o impulso desenvolvimentista de nosso País. Mas os sinais de melhora das condições econômicas – aliados ao pujante otimismo de empresários e gestores cansados de padecer diante do momento de grave crise em que vivemos – devem fazer com que 2017 seja de fato um ano de inflexão, que certamente impulsionará a retomada do crescimento, especialmente para as pequenas e médias organizações. Por Othon Almeida,  sócio-líder da área de Desenvolvimento de Mercados da Deloitte.

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Taxas médias de juros aumentam pela sétima vez no ano, diz Anefac

As taxas médias de juros das operações de crédito aumentaram em julho, chegando à sétima elevação no ano, de acordo com a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Para pessoa física, a taxa de juros média apresentou elevação de 0,03 ponto percentual no mês (3,85 pontos percentuais no ano), passando de 8,06% ao mês em junho para 8,09% ao mês em julho. Trata-se da maior taxa de juros desde setembro de 2003. Das seis linhas de crédito pesquisadas, o cartão de crédito rotativo manteve sua taxa de juros no mês, enquanto os juros do comércio e o empréstimo pessoal em bancos registraram reduções. O cheque especial, o CDC-bancos – financiamento de automóveis e o empréstimo pessoal em financeiras tiveram taxas de juros elevadas no mês. Para pessoa jurídica, das três linhas de crédito pesquisadas, todas foram elevadas no período. A taxa de juros média geral apresentou elevação de 0,09 ponto percentual no mês, aumentando de 4,63% ao mês em junho para 4,72% ao mês em julho. Esta foi a maior taxa de juros desde agosto de 2003. Selic Considerando as elevações da taxa básica de juros promovidas pelo Banco Central desde março de 2013, houve elevação de 7 pontos percentuais da Selic (elevação de 96,55%) de 7,25% ao ano em março de 2013 para 14,25% ao ano em julho deste ano. No período, a taxa de juros média para pessoa física cresceu 66,38 pontos percentuais (elevação de 75,46%), passando de 87,97% ao ano em março de 2013 para 154,35% ao ano em julho de 2016. Nas operações de crédito para pessoa jurídica, houve aumento de 30,34 pontos percentuais (elevação de 69,62%), elevando de 43,58% ao ano em março de 2013 para 73,92% ao ano em julho deste ano. Da Agência Brasil

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Federação critica manutenção da taxa de juros

O Banco Central (BC) preferiu adotar uma postura conservadora e manteve a taxa básica de juros Selic em 14,25% ao ano, pela oitava vez consecutiva. A crítica é da  Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Para a entidade, o cenário já é mais estável do que no passado recente e há condições para o início do processo de redução de juros. "Com o fim da transitoriedade no comando do Executivo, o Banco Central e as autoridades econômicas terão um horizonte ainda mais claro para adotarem medidas que reduzirão os juros mais profundamente, sem comprometimento do controle inflacionário", afirmou em nota a FecomércioSP. As primeiras ações após a definição política no sentido de arrumar a casa na dimensão fiscal, de acordo com a federação, foram positivas e vão ajudar o BC a manter o poder de compra da moeda dentro da realidade com juros mais baixos. Um dos sinais, de acordo com a entidade, é a valorização cambial, que também está abrindo espaço para esse novo momento, ainda não aproveitado pela autoridade monetária. A FecomércioSP também ressalta a confiança de empresários e consumidores, que está em alta nos últimos meses. "Isso garante às autoridades econômicas um espaço que não se via há pelo menos três meses para adoção de medidas positivas, como a redução de juros", afirma em nota a entidade. A FecomercioSP entende que o momento ainda é complicado, mas diante de várias sinalizações positivas de novas diretrizes econômicas para o País, bem como da ligeira desaceleração do IPCA e da valorização do Real, acredita que há espaço para redução de juros imediatamente. Nesse aspecto a opção do BC em se manter neutro pareceu um exagero de propósito e a Entidade espera que já na próxima reunião se inicie um ciclo de queda de juros. A Federação espera ainda que se mantenham as condições ideais para a redução contínua dos juros, entendendo que a economia está estrangulada por impostos demais e juros que permanecem muito elevados, mesmo diante de um quadro de acentuada crise com quedas do PIB superiores a 4% ao ano. "A FecomercioSP deseja e acredita que a estrutura de juros caia em breve para que o comércio, os setores de turismo e de serviços possam começar a respirar um pouco mais aliviados", defende a federação.

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Anatomia dos juros altos

O Brasil pratica a maior taxa de juros real e nominal do planeta. A esse custo do dinheiro trava-se o consumo e o investimento. Ademais, o custo fiscal é muito alto. Em 2015, o governo pagou aos credores cerca de meio trilhão de reais de juros, equivalente a 8% do PIB. E entre dezembro de 2014 e de 2015, graças à elevação da taxa de juros, o País desembolsou R$ 190 bilhões a mais. Esse valor é muito superior à meta de déficit primário aprovado recentemente pelo Governo Temer para 2016. As razões para o Banco Central praticar eventualmente juros altos não residem apenas no seu objetivo de manter a inflação de demanda sob controle. Há outras duas razões macroeconômicas importantes. Até o início da década passada juros altos atraiam capitais de curto prazo que ajudavam a financiar o déficit de transações correntes. Historicamente, investimento direto e financiamentos externos não fechavam essa conta. Os capitais de curto prazo eram quase sempre necessários para bancar a diferença. Por conseguinte, quando o País não conseguiu gerar saldos crescentemente positivos na sua balança comercial e atrair novos investimentos e financiamentos de forma sustentável, juros reais elevados foram funcionais para atrair os dólares necessários para equilibrar o balanço de pagamentos. A outra razão - muito mais importante e atual- é o desequilíbrio fiscal do setor público. Este setor captura a poupança privada oferecendo taxas de juros atraentes para financiar o seu déficit. A irresponsabilidade fiscal do passado gerou enormes déficits internos que são financiados com poupança privada intermediada pelas instituições financeiras. Uma vez que o estoque da divida representa cerca de 68% do PIB, o mercado para cobrir a possibilidade do default incorpora aos juros um fator de risco. Para rolar essa divida, indexada parte a Selic e parte a índices de preço, a União precisa oferecer uma remuneração que, no fundo, estabelece uma rigidez para baixo na taxa de juros real. Esses são os fundamentos para o argumento de que a taxa de juros real no Brasil tenha um piso alto porque cumpre duas funções: a primeira, agora não mais existente, mas que foi importante no passado, é ajudar a financiar o déficit externo (transações correntes), captando poupança do resto do mundo e, a segunda, bastante atual, é financiar o déficit interno (divida pública), captando poupança doméstica através do sistema financeiro. Todavia, essas razões não são as únicas que explicam as altas taxas de juros. É necessário entender, também, como funciona a intermediação financeira no Brasil e porque esse mercado pratica spreads (diferença entre o custo da captação e da aplicação) tão elevados. Segundo o Banco Mundial, o spread, brasileiro é um dos mais altos do mundo (22,8% em maio de 2016, sendo 32% no segmento de pessoas físicas e 12,2% no de pessoas jurídicas). Por que essa diferença é tão alta? Em primeiro lugar, há um prêmio pela inadimplência. Na composição do spread, a inadimplência responde, por cerca de um quarto da diferença. Em segundo lugar, há o mark-up dos bancos constituído pela soma das participações no spread das despesas administrativas (9,2%), dos impostos diretos (25,4%) e dos lucros (37,75%; dados de 2014). Pergunta-se: Existe indício de cartelização por parte do sistema bancário? Os lucros dos bancos são exagerados? A teoria econômica ensina que, em mercados onde o produto é artificialmente escasso e muito caro em comparação com mercados onde há mais competição, existem fortes indícios de práticas monopolísticas. Existe, de fato, um poder de mercado que se manifesta pelo elevado spread, pela escassez relativa de crédito e por altos lucros. O spread bancário é uma medida da eficiência e da competitividade do sistema financeiro. Países mais desenvolvidos e com sistemas financeiros mais competitivos apresentam spread inferiores a 10% e volumes de crédito, medidos com relação ao PIB, relativamente elevados. Além disso, a concentração bancária está longe de ensejar uma saudável concorrência no mercado de crédito. No Brasil, os quatro maiores bancos- dois públicos e dois privados- respondem por 70% do volume de crédito. É importante estimular a competição entre os bancos. Mais competição amplia o crédito e reduz o seu custo. Isso significa maior desenvolvimento para o mercado financeiro e para a economia como um todo. Caso essas condições se estabeleçam, os juros irão cair até atingir um ponto de equilíbrio que sempre será testado pelo mercado. O importante é que a oferta de crédito aumente e o seu custo caia a níveis que permitam retomar o crescimento econômico.

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