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Campanha alerta tatuadores sobre riscos de lesões nas mãos

A SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão) acaba de lançar a campanha “Não deixe a dor te marcar”, que conscientiza tatuadores sobre os riscos que a atividade traz à saúde das mãos, como o desenvolvimento de LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e perfurações por agulhas. A ação é feita em parceria com a Tattoo You, primeiro estúdio profissional de tatuagens de São Paulo, criado em 1979. Nela, dicas de prevenção serão compartilhadas nas redes sociais da SBCM e da Tattoo You, ao longo de quatro semanas. A campanha será encerrada com palestra para os tatuadores, ministrada por especialistas da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão. “As lesões por esforço repetitivo são muito comuns em pessoas que têm as mãos como principal instrumento de trabalho - como é o caso dos tatuadores –, e as causas vão desde a utilização excessiva do sistema que movimenta o esqueleto humano e da falta de tempo para recuperação, aos esforços que exigem muita força na sua execução, até vibração e estresse”, explica o presidente da SBCM, Dr. Marcelo Rosa de Rezende. A LER envolve um grupo de problemas como tendinite, tenossinovite, bursite, síndrome do túnel do carpo, dedo em gatilho, compressões nervosas, entre outras ocorrências que afetam, principalmente, músculos, nervos e tendões dos membros superiores, além de sobrecarrega no sistema musculoesquelético. Os principais sintomas da LER são dor extrema nos membros superiores e nos dedos, dificuldade para movimentá-los, formigamento, alteração da temperatura e da sensibilidade, redução na amplitude do movimento e inflamação. PREVENÇÃO Os problemas relacionados à LER podem prejudicar a produtividade, a participação no mercado de trabalho e comprometer financeiramente o profissional. Essas lesões são responsáveis pela maior parte dos afastamentos do trabalho e representam custos com pagamentos de indenizações, tratamentos e processos de reintegração à ocupação. Ao longo de sua história, a tatuagem foi desde um símbolo de distinção das pessoas que se submetiam a este processo, até a marginalização social. Hoje, ela está cada vez mais inserida, em um hábito disseminado em todas as classes sociais. O tatuador está gradualmente sendo reconhecido como um profissional que exerce uma atividade que, além da criatividade, exige um trabalho físico desgastante, associado ao estresse de ter como plataforma de trabalho o corpo humano. Isso requer um cuidado especial em relação ao seu instrumento de trabalho, no caso, todo o membro superior, sendo fundamental a sua utilização de forma racional, para que não venha a sofrer os efeitos danosos causados no ato de tatuar. A Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão e a Tattoo You darão início à uma campanha que visa prevenir as doenças causadas pelo exercício da profissão de tatuador, através de orientações de especialistas médicos e reabilitadores. A eficiência e longevidade dos tatuadores só será possível através da prevenção.

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Leitura para transformar vidas

As ruas são estreitas na comunidade Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro. Idosos e adultos sentados nas cadeiras de balanço na frente de suas casas. Crianças correndo na via empoeirada. Um cenário típico de qualquer periferia do Recife, com pouco espaço e muita gente. A maioria com escassas instituições culturais, mas, nesse caso, há uma biblioteca. Há oficinas, pequenos cursos, mediação de leitura e cerca de sete mil livros à disposição. Da janela dos fundos dá para ver parte do manguezal. Mas a verdadeira janela aberta nesse espaço é para o mundo. De lá saíram jovens que entraram na universidade, no mercado profissional e ganharam novos rumos. Como diria Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”. A equipe de reportagem da Algomais chegou à Biblioteca Comunitária de Caranguejo Tabaiares por indicação do professor da UFPE Clecio Bunzen. Doutor em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas, ele questionou o resultado da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro, que aponta que a população do Brasil lê pouco. O estudo apontou que 30% dos brasileiros nunca compraram um livro. “Há um discurso de que o brasileiro não lê, mas não se mostram as razões. Diante da situação de desigualdade do País avalio que se lê muito”, contextualiza o pesquisador que lista o valor do salário mínimo, a pouca estrutura das escolas e a ausência de bibliotecas como alguns dos fatores que dificultam a leitura. Mas ressalva que muitos leem livros emprestados de amigos, de bibliotecas, em materiais disponíveis na internet, entre outros caminhos. “Poderia melhorar o cenário de leitura? Sim. Mas faltam políticas públicas de incentivo à leitura”, sentenciou o docente. Mais da metade das escolas públicas brasileiras não tem bibliotecas ou salas de leitura (55%), segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A formação das bibliotecas comunitárias é um dos esforços populares para compensar essa falta e também a dificuldade de compra de livros. Em Caranguejo Tabaiares, o espaço é frequentado por grupos de escolas públicas e por crianças que chegam espontaneamente para lazer ou para estudar. . . O coordenador atual da instituição é Reginaldo Pereira, 36 anos. Ele frequenta o espaço desde a fundação em 2005. A partir da experiência como voluntário e leitor assíduo, as portas do mundo se abriram. Pereira estudou administração na Universidade de Pernambuco e teve até uma experiência na França, a partir de uma parceria com a Biblioteca de Rua de Nantes. “A leitura abriu meu horizonte. Eu tinha dificuldade de ler. Nunca pensei em fazer um curso superior, mas essa relação com a biblioteca me fez poder sonhar”. Os conhecimentos acadêmicos se voltaram para gerenciar a instituição e arrecadar recursos para manutenção do espaço. Outro jovem que trilhou esse caminho foi Enderson da Costa. Aos 27 anos, ele cursa direito e trabalha numa empresa de rastreamento de veículos. Nasceu e cresceu na comunidade, na qual afirma que 75% dos seus amigos de infância morreram. “A biblioteca mostrou que há vida após os 'muros' da favela. O livro foi a oportunidade que me foi dada para conhecer várias coisas, novos mundos. Quando moramos numa favela somos pré-determinados aos trabalhos braçais ou à criminalidade. A literatura me libertou". Enderson conta que não é fácil ser o único negro na sua sala e que o escasso vocabulário dificultou os primeiros períodos da formação. Mas agora ele sonha em ser aprovado no exame da OAB, seguir carreira na advocacia e escrever um livro. Outra iniciativa de incentivo à leitura que nasceu no Recife é o da Geladeira Cultural (que reforma o eletrodoméstico usado para abrigar cerca de 100 livros). A iniciativa do servidor da UFPE Sérgio Santos já alcança 47 instituições no Estado e atende mais de cinco mil crianças. Desse projeto nasceu também a Feira Literária da Periferia, que está na sua quinta edição. "Sempre quis aproximar os livros das crianças, que transportam o garoto desse mundo caótico, para o mundo literário, onde elas podem ser o que quiser e sonhar", conta o Sérgio. . . Ester Rosa, doutora em psicologia escolar e do desenvolvimento humano, afirma que existem movimentos reivindicatórios de políticas públicas de incentivo à leitura. "Em primeiro lugar é importante oferecer o acesso aos livros e há uma necessidade também de mediadores. A biblioteca segue tendo um papel importante nessa formação, pois é um lugar de sociabilidade, de encontro com o livro e com outras pessoas que gostam de literatura", disse a professora que integra o Centro de Estudos em Educação de Linguagem da UFPE. LEIA TAMBÉM . Leitura de livros clássicos na mira da educação . Família, o grande incentivo para formação de leitores   *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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