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Frei Caneca: um herói esquecido pelo Brasil

Aos 200 anos de sua morte, o mártir permanece pouco lembrado no País e mesmo em Pernambuco, apesar da sua importância para a independência do Brasil *Por Rafael Dantas Há 200 anos, o Frei Caneca vivia seus últimos dias. Preso na capital pernambucana, o religioso e líder revolucionário, que participou dos dois maiores movimentos políticos da história de Pernambuco, seria executado pelos seus feitos e por suas ideias no dia 13 de janeiro de 1825. O grande pensador da Confederação do Equador e sobrevivente da Revolução Pernambucana de 1817 foi fuzilado, mas sua mensagem permaneceria viva. Ainda que até hoje não tenha o reconhecimento merecido, nem em Pernambuco, nem no Brasil. Mais que uma liderança política local, Frei Caneca é um dos grandes revolucionários do País. As repetidas amputações do território Pernambucano, que perdeu muito da sua extensão para a Bahia e para Alagoas, foram represálias aos movimentos da então província que balançaram o Reinado de Dom João VI em 1817 e o Império de Dom Pedro I em 1824. As rupturas com o poder central e a conclamação de outras províncias para a construção de um País com um sistema de governo mais sofisticado indicam a força desses movimentos. Mesmo com poucos meses de resistência, ambas as revoluções vividas por Frei Caneca foram marcadas por batalhas, com muitos mortos, articulações políticas intensas e mensagens em prol de uma ordem política muito avançada para a época. É por esses e outros motivos que muitos historiadores comparam a dimensão dada no País a Frei Caneca e a Tiradentes. Ambos terminaram mortos com as revoluções com as quais se envolveram. Mas enquanto o mineiro Joaquim José da Silva Xavier virou um mito nacional, com uma praça monumental em sua homenagem em Ouro Preto e registros fartos nos livros didáticos, as reverências ao pernambucano Joaquim da Silva Rabelo são muito mais tímidas, mesmo no Estado de Pernambuco. UM LÍDER POLÍTICO INTELECTUAL Frei Caneca não foi o presidente da Confederação do Equador, mas de longe é o mais reconhecido. Vindo de uma família humilde, que morava num local considerado periférico do Recife na época, ele era um intelectual. Com os ideais que aprendeu nos livros que teve acesso em seus estudos, com especial atenção ao período do Seminário de Olinda, o religioso contestou Dom Pedro I. “Mesmo jamais tendo saído da sua província natal, exceto pela temporada na Bahia, ele se tornou um dos homens mais cultos e um dos maiores pensadores políticos do País, além de notável poeta. Juntando-se a isso muita coragem, energia, carisma e capacidade de comunicação, afora um grande amor pelo povo brasileiro, reuniram-se nele os ingredientes para formar um líder político como jamais se vira antes por aqui”, escreveu sobre Frei Caneca em seu livro Pernambuco - Histórias e Personagens do jornalista Paulo Santos de Oliveira. Os principais embates que levaram a Confederação do Equador em 1824 eram relacionados ao autoritarismo de Pedro I. A centralização do poder nacional, ainda hoje questionada, estava no foco do problema naquele ano. Dom Pedro I havia indicado para governar Pernambuco Francisco Paes Barreto. Porém, os pernambucanos escolheram Manoel de Carvalho. Um ano antes, o monarca havia ainda dissolvido a Assembleia Constituinte e criado ele mesmo um projeto de constituição, também rejeitado por suas ideias centralistas e autoritárias. “A gente pode considerar o Caneca como um ideólogo. Parte das questões relacionadas com a ideologia do movimento de 1824 era sobre os enfrentamentos de entendimento do que seria pátria, cidadão e república. Ele fala muito sobre a federação. Ação política em direção à concentração de poderes na mão do Executivo – no caso, o imperador – fez com que o Frei Caneca rechaçasse todo esse modelo que considerava já ultrapassado diante dos novos momentos que se viviam, já depois da Revolução Francesa e de muitas revoluções liberais”, afirmou o historiador e professor da Unicap Flávio Cabral. ENFRENTAMENTO AO AUTORITARISMO Havia um conjunto de pensamentos defendidos por Frei Caneca que representava um verdadeiro terremoto no sistema escravista, centralizador e com forte influência lusitana do Brasil da época. E diante de um líder autoritário, como Dom Pedro I, ter um habilidoso intelectual em Pernambuco era um problema. Embora seja lembrado principalmente por 1824, Caneca já estava presente em 1817. O professor Flávio Cabral rejeita a ideia de que ele era apenas um mero estagiário nesse primeiro movimento, mas destaca uma atuação forte do jovem no primeiro levante contra a Coroa Portuguesa. “Eu encontrei uma documentação que afirmava que Frei Caneca distribuiu panfletos na hora da bênção da bandeira de Pernambuco, onde hoje é a Praça da República. Ele saiu pelo meio do povo entregando panfletos, falando sobre a nação, glorificando a pátria naquele momento histórico. Por sua atuação, ele foi preso após a revolução na Bahia e só foi sair em 1821 da cadeia”, afirmou o pesquisador, que lembrou ainda que o líder escreveu um Plano de Educação para Pernambuco durante o Governo de Gervásio Pires. “Era fabuloso! Na época, a educação no País não existia, mas ele chega a apresentar à Junta de Governo um plano interessantíssimo”. O próprio fato de ser um religioso enfrentando a maior autoridade do País por si já era um fato político revolucionário para o pesquisador Carlos André Silva de Moura, que é historiador e professor da Universidade de Pernambuco. “Todos os ideais do Frei Caneca foram revolucionários. Desde ser um padre que questionou o status quo daquele período à possibilidade de rompimento com o governo central. Imagine um padre, que tem toda uma tradição, uma necessidade de uma hierarquia, questionar o governo central! Isso no Século 19 era algo muito difícil”, salientou. Unir carisma, força política e intelectualidade não é uma tarefa fácil sequer no Século 21. Mas Frei Caneca conseguiu unir essas habilidades em pleno Século 19 – sendo religioso e político – com outra característica muito valorizada atualmente: a capacidade de comunicação. UM COMUNICADOR ACIMA DA MÉDIA Como religioso, Frei Caneca era um orador, que mesmo muito jovem foi professor de uma disciplina de retórica. Ele

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11 fotos dos palácios municipais de Pernambuco antigamente

Ainda no clima das eleições municipais, a coluna Pernambuco Antigamente faz um passeio hoje pelos palácios ou casarões que sediam ou foram no passado a casa dos poderes executivo de vários municípios pernambucanos. Muitos desses prédios são verdadeiros ícones da arquitetura nas cidades do interior e da Região Metropolitana. A maioria das imagens resgatadas são de um século atrás, da Revista de Pernambuco. Nesse álbum que publicamos hoje há imagens também da Biblioteca do IBGE e dos próprios municípios. Alguns desses prédios permanecem como sede do poder municipal. Prefeitura de Olinda Prefeitura de Caruaru, maior município do agreste pernambucano Palácio dos Guararapes, em Jaboatão Prefeitura de Nazaré da Mata Prefeitura de Garanhuns Prefeitura de São Lourenço da Mata Prefeitura de Igarassu Prefeitura do Paulista Prefeitura de Petrolina Prefeitura de Inajá Para encerrar, uma imagem com um recorte de jornal de 1925. O prédio, que na época foi do Club Internacional, anos após foi adotado como Gabinete do Prefeito. A provável última sede antes da ida do poder municipal para o Cais do Apolo. A prefeitura mantinha outros edifícios na mesma Rua da Aurora, que também foram sede do poder municipal. O prédio se tornou museu e abriga atualmente o Mamam. Desde a década de 1930 se discutia no município a necessidade de construir um novo edifício para a prefeitura, que só veio a acontecer na década de 70, um projeto é do arquiteto Jorge Martins Junior. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com) *

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8 casas e casarões do Grande Recife Antigamente

A coluna Pernambuco Antigamente preparou uma seleção de fotos do casario do Recife, de Olinda e do Cabo de Santo Agostinho, antigamente. As imagens são da Biblioteca do IBGE. A maioria delas foi do ano de 1957, de Tibor Jablonsky. A transformação urbanística das cidades torna esses espaços, que antes eram de moradia, pouco reconhecíveis nas imagens de um tempo mais bucólico do Estado. Confira abaixo e clique nas fotos para ampliar. 1. Casas no Recife (PE), em 1957 2. Casa de João Fernandes Vieira no Recife (PE), em 1957 João Fernandes Vieira, português nascido em Funchal, senhor de engenho, foi um dos líderes da Insurreição Pernambucana e o primeiro signatário célebre do "compromisso", assumido por 18 líderes insurretos, de 23 de maio de 1645. Fernandes Vieira, comandou um dos quatro Terços do "Exército Patriota" nas duas Batalhas dos Guararapes. Em 1654, entrou triunfante no Recife liberto, recebendo as chaves da cidade. Recebendo do Exército o título de "Patriarcas da Força Terrestre". 3. Casa Navio, no Recife (PE) A Casa Navio foi uma obra de Adelmar da Costa Carvalho, empresário, industrial e ex-deputado federal de Recife. Erguida na orla da praia de Boa Viagem, A Casa Navio foi uma residência que replicava com capricho as acomodações do transatlântico Queen Elizabeth. Já teve como hóspede o ex-presidente Juscelino Kubitschek. 4. Vista interna da casa onde nasceu Joaquim Nabuco, no Recife Joaquim Nabuco, escritor e diplomata, nasceu no sobrado de nº 147, localizado na antiga Rua Aterro da Boa Vista, atual Rua da Imperatriz Tereza Cristina, esquina da Rua Bulhões Marques em Recife, PE, em 19 de agosto de 1849, e faleceu em Washington, EUA, em 17 de janeiro de 1910. 5. Casa no Bairro do Carmo em Olinda (PE), em 1957Casa em estilo mouriso, localizada na Praça Conselheiro João Alfredo, no Bairro do Carmo. 6. Casa do Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho O Engenho Massangana é um conjunto arquitetônico rural do século XIX, composto pela Casa-Grande e Capela de São Mateus em uma área de dez hectares, que está localizado no Cabo de Santo Agostinho. Seu nome, de origem africana, vem do Rio Massangana que na época do auge do açúcar, servia para o escoamento do que era produzido nos engenhos da região até o Porto do Recife. Acredita-se que Tristão de Mendonça tenha fundado o Engenho Massangana, através da doação de um pedaço de terra do município feita por Duarte Coelho, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco. 7. Casas na Praia de Boa Viagem no Recife (PE) 8. Casas na Praia do Pina *Para enviar fotos ou sugerir pautas, mande um e-mail para rafael@algomais.com

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9 fotos do Carnaval de rua do Recife Antigamente

Com a cidade da capital pernambucana já fantasiada para os dias da folia, a coluna Pernambuco Antigamente publica hoje uma sequência de 7 imagens divulgadas pelo Museu da Cidade do Recife na ocasião do lançamento do livro “Leve História para Casa”. As fotos são os Carnavais das décadas de 40 e 50. Além disso, trouxemos ainda uma imagem do primeiro desfile do tradicional galo da madrugada (abertura) e encerramos a postagem com um passista, registrado na Biblioteca do IBGE. .  Passista no Carnaval de 1958. Foto: Mario de Carvalho .Maracatu. Foto: Alexandre Berzim . Passista no Carnaval de 1955. Foto: Rigueira Costa . Passista na Pracinha, em 1955. Foto: Roberto Cavalcanti . Carnaval de 1944. Orquestra de troça. Foto: Alexandre Berzin . Carnaval de 1944, grupo de Foliões fazendo o passo. Foto: Alexandre Berzin . Carnaval de 1953. Foto do Bloco Papagaio na Rua Nova. Foto: NID Passista de frevo no Recife. Foto: IBGE Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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Recife no século passado é um dos destaques de exposição no Instituto Moreira Salles

*Por Rafael Dantas O fotógrafo português Francisco Manoel Rebello viveu no Recife por décadas e registrou o cotidiano da capital pernambucana, das suas belezas e também dos seus problemas, para a Revista da Cidade. Seu acervo foi preservado pela família e a partir deste mês integrará uma mostra na capital paulista. O Instituto Moreira Salles inaugurou nesta semana a exposição "Moderna pelo avesso: fotografia e cidade, Brasil, 1890- 1930" com algumas imagens do fotógrafo. Com curadoria de Heloisa Espada, a exposição apresentará o Brasil da Primeira República, com foco no processo de urbanização das principais cidades brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Belém, Belo Horizonte e Porto Alegre. As imagens do Recife foram preservadas pelo filho de Francisco Rebello, o Sr. Artur Rebello. "Meu pai era de Goa, Índia Portuguesa. Veio ao Brasil e trabalhou como comerciante, fazendo representação comercial com tio e irmão. Tirar fotos era um hobby. Tem foto do Zeppelin quando chegou ao Recife, fotos do dia a dia, dos costumes. Ele fotografava na rua quando era solteiro. Ele fazia aos sábados as fotos e no domingo revelava. Ele casou com 42 anos, mamãe tinha 20. Como toda mulher, ela baixou a diretriz: Se ele quisesse tirar fotos, era de outra coisa: filhos, sobrinhos, filhos dos amigos… no terraço de casa". De acordo com Ligia Rebello, também filha do fotógrafo, ele registrou o cotidiano do Recife até o final dos anos 30. Muitas de suas imagens foram imortalizadas na Revista da Cidade, que circulou nos anos 20, na capital pernambucana. "Na Revista da Cidade se encontram as primeiras fotos dele públicas. Havia algumas críticas porque ele fotografava muitos mendigos, coisas negativas para a sociedade, que queria a coisa mais elitizada. Mas ele tirava as fotos do momento, das situações de vida. Não era nada planejado, como o cotidiano da feira, do mercado. Cada foto tem a sua história, um local". Confira abaixo algumas fotos do acervo do fotógrafo que foram publicadas na Revista da Cidade. As Lavadeiras O banho do pobre Velharias do Recife O suco de abacaxi

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7 de setembro: Além do grito do Ipiranga

*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com) Dom Pedro I, o Grito da Independência, o quadro de Pedro Américo… muitos são os ícones que rondam o marco da separação da mais importante colônia de Portugal. Mais que várias controvérsias sobre essas imagens que ficaram imortalizadas nos filmes e na arte, no bicentenário do 7 de Setembro existem algumas narrativas sendo relembradas que nos mostram um dicionário de outras independências – incluindo as pernambucanas – e uma pergunta incômoda no meio das festividades dessa célebre data para a nossa história: o Brasil deu certo ou deu errado? O primeiro mito a cair, segundo o historiador e professor da Universidade de Pernambuco, Carlos André Silva de Moura, é que a nossa independência não foi um evento que nasceu da noite para o dia do 7 de Setembro, às margens do Riacho do Ipiranga. “A verdade é que foi um processo de construção política e social, que aconteceu antes e depois do 7 de setembro. Pernambuco, por exemplo, teve em 1817 a Revolução dos Padres. Havia uma insatisfação de várias províncias pelo distanciamento da Capital, pelo aumento de impostos e pelo luxo da corte. Pernambuco foi o espaço onde essa insatisfação foi mais marcante”. A Revolução promovida pela Junta de Goiana, em 1821, a Independência da Bahia, em 1823, e a Confederação do Equador, de novo em Pernambuco, em 1824, são alguns dos mais notórios movimentos que marcam as tensões desse período. Algumas delas contra o domínio português, outras já pelos conflitos gerados após o Grito da Independência. Para o historiador Josemir Camilo, PhD em História pela UFPE e professor aposentado da UFPB, os movimentos posteriores ao 7 de Setembro indicam um conjunto de frustrações com os primeiros anos de governo de Dom Pedro I. “Na época não havia o conceito de Brasil como um País, cada província começou a se pensar pelas juntas provinciais. O caminho era a federação, que só veio em 1889. Mas já havia esse pensamento federativo em 1821, principalmente por Gervásio Pires. O projeto dele era uma monarquia federativa”, afirmou Josemir Camilo. Leia a reportagem completa na edição 198.1: assine.algomais.com

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Walt Disney inventou a Disneylândia, o Recife não precisa inventar nada!

*Por Francisco Cunha Walter Elias Disney (1901-1966), conhecido como Walt Disney, fundou a Disneylândia para dar vida a uma cidade da fantasia, onde todos os personagens e cenários são inventados e se constituem num absoluto sucesso de público e renda há décadas. Já o Recife, não precisa inventar nada porque todos os seus personagens e cenários são reais e pertencem à história que está literalmente em cada esquina do seu Centro. Aliás, desde a pré-história, os depoimentos dos primeiros colonizadores dão conta de que toda a região do delta do Capibaribe era densamente povoada, com diversas aldeias indígenas que ficavam perto dos locais de coleta de alimentos (peixes, crustáceos e demais abundantes frutos do mar, bem como frutas como caju, pitanga, mangaba, todas encontradas em profusão nas matas da planície e na beira-mar). Inclusive, a crônica histórica dá conta de que o próprio Duarte Coelho Pereira, nosso primeiro donatário, teve que expulsar uma aldeia inteira dos índios caetés do alto de Olinda (a “Marim dos Caetés”) para se instalar lá e fundar a nossa primeira capital. A partir da colonização, a relação de personagens notáveis é imensa. Desde os franceses contrabandistas de pau-brasil; passando pelos piratas liderados por James Lancaster; a invasão holandesa, com seu rosário de personagens de todos os tipos, inclusive os mais ilustre deles, Maurício de Nassau; os judeus que moraram na Rua do Bom Jesus e, de volta para os Países Baixos, se perderam, foram parar em Nova Amsterdam e fundaram a colônia judaica de Nova York, a maior do mundo; os heróis da Insurreição e da Restauração Pernambucana; os mercadores que promoveram uma guerra com a “nobreza da terra” de Olinda (só ela, um rosário interminável de personagens), talvez a única entre cidades no Brasil, a “Guerra dos Mascates”; os artistas e artesãos que construíram um dos maiores acervos barrocos religiosos do mundo; os religiosos que povoaram as igrejas e os conventos das mais variadas confrarias e ordens religiosas que imperaram depois da expulsão dos holandeses; os mártires e heróis das revoluções de 1817, de 1824 e de 1848, sem falar das diversas outras menores durante o “Século da Revoluções” (XIX); o naturalista Charles Darwin (que esteve no Recife em 1836); o Conde da Boa Vista (Francisco do Rego Barros), reformador notável do Recife, patrono da vinda de Louis Vouthier (engenheiro revolucionário francês que construiu o Teatro Santa Isabel); Francisco Saturnino de Brito, herói do saneamento nacional, que saneou 100% do Recife na primeira década do século XX; os reformadores dos Bairros do Recife e de Santo Antônio na primeira metade do século XX; sem falar em toda a plêiade de personagens do Império e da República (mulheres e homens públicos, artistas, poetas, empresários) que povoaram o Recife, inclusive a primeira experiência de arquitetura moderna no Brasil com Luiz Nunes, Burle Marx e Joaquim Cardozo); e muitos e muitos outros… Isso tudo, sem citar os ambientes urbanos e edificados com exemplares ainda presentes na paisagem da cidade ou facilmente resconstituíveis pela profusão de imagens ilustrativas (pinturas, gravuras, fotografias), por si sós, cenários que, rigorosamente, nada têm de fantasiosos porque reais. Essa breve relação mostra o pontencial extraordinário que o Recife tem, em especial o seu Centro, para ser mais do que uma cidade da fantasia, uma cidade da história e da cultura, com fantasia, sim, por que não? Com atrações em cada canto, ancoradas na riquíssima história que temos. Para isso, necessário se faz todo um esforço liderado pelo poder público mas que precisa ser encampado e prestigiado pelos que temos conhecimento desta possibilidade e pudemos contribuir com a nossa vontade para torná-la realidade. Nós não precisamos criar nenhuma Disneylândia. Nós já a temos. Só precisamos animá-la e colocar para funcionar. Pode ser um sucesso maior do que sua congênere fantasiosa norte-americana. Um parque temático real: o da fantástica história do Recife! *Francisco Cunha é arquiteto e consultor

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Cipriano Barata: um revolucionário em nome da liberdade

Para a maioria, liberdade é o poder de o cidadão exercer a sua vontade, sua autonomia e espontaneidade. De certa forma, pois, a liberdade é utópica, posto ser questionável que os indivíduos tenham, verdadeiramente, a liberdade que pensam ter, especialmente nas sociedades modernas e suas mídias avassalantes. Já a liberdade de expressão, especificamente, é a garantia que permite ao indivíduo expressar livremente suas opiniões e crenças sem impedimentos, isoladamente ou em grupo, dentro dos limites da lei. Não era esse, no entanto, o entendimento vigente no Século 19. Expressar-se, tácita ou explicitamente, pela separação de Portugal tinha como corolário o esquartejamento. Mesmo assim, um homem chamado Cipriano Barata fez da pena a sua lança na Revolução Pernambucana de 1817. Cipriano José Barata de Almeida foi um liberal combativo que, iluminado pelas luzes da Revolução Francesa, movimentou a opinião pública para defender a ideia de um Brasil independente de Portugal, o fim da monarquia e da escravidão. Era tão comprometido com a causa, que graduado em medicina na Universidade de Coimbra, ficou na história como um dos mais atuantes jornalistas políticos do Primeiro Reinado. De fato, ele foi incansável, na Revolução Pernambucana de 1817, o único movimento político que a partir de 1140 afrontou vitoriosamente o reino português. Tratava-se da mais radical ruptura com a monarquia, pondo em prática os princípios da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e deitando por terra o suposto direito divino que a nobreza se atribuía. Por falar em direitos, para assegurar condições mais humanas aos presos políticos, ele fundou comitês de solidariedade. Crítico e contestador, Cipriano Barata foi em 1821 deputado pela província da Bahia às Cortes de Lisboa, mas não se furtava a defender publicamente a separação de Portugal. Por conta disso, regressando da Corte foi impedido de desembarcar em Salvador, vindo, então, para o Recife, onde iniciou sua atividade jornalística no Aurora Pernambucana, o primeiro jornal do Estado. Dois anos depois fundou seu próprio periódico, o Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, posicionado a favor das ideias republicanas e da autonomia das províncias. Incansável, organizou, embora dela não haja participado diretamente, a Confederação do Equador, mais um grande movimento revolucionário, de caráter separatista e republicano ocorrido em Pernambuco. E continuou a escrever, nomeando, com grande engenhosidade, seus jornais, como Sentinela da Liberdade, no entanto variando o final do título de acordo com o local em que estivesse. Em 1830, voltou para a Bahia, onde publicou o Sentinela da Liberdade na Guarita do Quartel-General de Pirajá, e em seguida abandonou as atividades políticas. Em 1836 e foi morar em Natal, passando a ser professor de francês, e, por fim, encontrou sua definitiva e inalienável liberdade. Morreu dois anos depois, aos 76 anos de idade. *Por Marcelo Alcoforado Publicado no 06/06/2018

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9 imagens e a história do Bonde Elétrico no Recife

As ruas e avenidas da capital pernambucana já foram recortadas por Bondes Elétricos. O modal de transporte foi alvo de um recente trabalho acadêmico intitulado Bonde Elétrico e transformações urbanas no Recife, produzido por Mariana Zerbone Alves de Albuquerque e Tales de Lima Pedrosa para a Revista Temporalidades, do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG.   Você pode conferir o artigo no link a seguir: Bonde Elétrico e transformações urbanas no Recife . Bonde Elétrico na Rua do Imperador (Acervo Benício Dias/Villa Digital/Fundaj)   De acordo com os pesquisadores, a chegada dos bondes elétricos no País está conectada a uma série de transformações urbanísticas que ocorreram entre o final do século 19 e início do século 20. Essas mudanças no tecido urbano recifense são fruto da "introdução de novas técnicas e planos urbanísticos em busca de se aproximar à modernidade europeia que havia sido instaurada em cidades como Paris", apontaram os pesquisadores no artigo. De acordo com a pesquisa, a implantação dos bondes elétricos no sistema de transporte da capital pernambucana ocorreu em 1914. "O Jornal de Recife na sua edição do dia 12 de maio de 1913 trouxe em sua capa comentários sobre o discurso do então governador de Pernambuco, Dantas Barreto, ao Congresso. Naquele enunciado, os serviços de bondesde burro eram apontados como “péssimo e arcaico”, algo que envergonhava os cidadãos do Recife “pelo atraso de civilização”, sendo então apresentado um contrato para a exploração da tração elétrica. Para o periódico, nesse momento o estado se integrava ao “movimento de progresso” e, a partir daí, a The Pernambuco Tramways & Power Companypode começar seus trabalhos no ano de 1913. A ideia da eletrificação do sistema já era discutida desde o ano de 1899, mas os elétricos circularam pela primeira vez 13 de maio de 1914 com uma inauguração que movimentou toda a cidade", afirmaram Mariana Zerbone e Tales Pedrosa (2020, p. 585). . Postal com imagem da Avenida Marques de Olinda, com uma sequência de três bondes elétricos. (Acervo Josebias Bandeira/Villa Diital/Fundaj) . A pesquisa destaca que os jornais da época apresentaram o Bonde Elétrico como um avanço em substituição dos bondes de tração animal. A modernização foi comemorada diante dos criticados serviços do antigo modal de transporte, apontado como ineficiente e sem a qualidade que a população almejava. A imagem abaixo é de uma publicidade, que está inserida na pesquisa, que foi publicada na Revista do Nordeste. Ano II. Número 22. Janeiro/1920 . As demais imagens dessa postagem são da Fundaj, publicadas na Villa Digital, nos Acervos de Benício Dias e de Josebias Bandeira. . Rua Nova (Acervo Benício Dias/Villa Digital/Fundaj) . Bonde Elétrico passando em frente à Matriz da Boa Vista (Acervo Josebias Bandeira/Villa Digital/Fundaj) . Bonde elétrico atravessando a Ponte Buarque de Macedo, em 1940 (Benício Dias/Villa Digital/Fundaj) . Bonde Elétrico passando ao lado do Teatro Santa Isabel (Acervo Josebia Bandeira/Villa Digital/Fundaj) . Praça de Boa Viagem e Obelisco (Acervo Josebia Bandeira/Villa Digital/Fundaj) Bonde elétrico, com destino ao bairro de Beberibe, atravessando a Ponte Santa Isabel, em 1930 (Acervo Benício Dias/Villa Digital/Fundaj)   .   . . *Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)     . VEJA TAMBÉM NO NOSSO SITE . 7 imagens para voltar ao tempo dos bondes nas ruas do Recife . 10 fotos do Recife no tempo dos bondes

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12 imagens da Livro 7 Antigamente

Nesta semana o Recife se despediu com muito pesar do livreiro Tarcísio Pereira. Em homenagem a sua contribuição à cultura, a coluna Pernambuco Antigamente  publica hoje uma série de 10 imagens da livraria que foi o principal ponto de debates e de difusão de novas publicações da capital por algumas décadas. A maioria das fotos foram lembranças publicadas por amigos e frequentadores do espaço no grupo de Facebook Amigos da Livro 7 ou de acervo pessoal. Originada de uma pequena loja na Rua Sete de Setembro, a Livro 7 teve a sua inauguração no dia 27 de julho de 1970, segundo informações da Fundaj. Situada na vizinhança de importantes pontos culturais e universitários da cidade, como a Faculdade de Direito do Recife, o Cinema Veneza e o Teatro do Parque, a livraria se tornou um espaço muito frequentado por artistas, intelectuais e estudantes. "Em 1978, mudou-se para um grande galpão, na mesma Rua Sete de Setembro, com o objetivo de ser a maior livraria pernambucana. Com os seus cavaletes e estantes, ocupando um espaço de 1.200 m2, tornou-se, nos anos 1970 e 1980 (por cinco anos seguidos), a maior livraria do Brasil, em número de títulos (60 mil) e extensão de prateleiras, segundo o Guiness Book", afirmou Lúcia Gaspar, em artigo da Fundação Joaquim Nabuco. A loja chegou a ser chamada pelo consagrado escritor Fernando Sabino de Maracanã do Livro. Clique nas imagens para ampliar Tarcísio Pereira, em 1975. (Registro de Cláudio Marinho) . Imagens internas da Livro 7 (Do Blog Angústia Criadora) . Outras fotografias interna do acervo de livros, em outro ângulo (Página Recife Antigamente) . Imagem de Tarcísio na livraria (Publicada no portal Vermelho, por Urariano Mota) . .Bar da Livro 7, numa tarde de verão de 1973  (Foto de Daniel Santiago) . Marcus Accioly autografando na Livro 7, em 1980 (Diario de Pernambuco/Hemeroteca da Biblioteca Nacional) . Um clique de Tarcísio Pereira na Livraria, em 1996 (Diario de Pernambuco, Fernando Gusmão; Hemeroteca da Biblioteca Nacional) . Um dos destaques da trajetória da livraria foram os eventos e lançamentos de grandes autores. No destaque abaixo, o poeta João Cabral de Melo Neto. (Imagem de Acervo Pessoal de Tarcísio Pereira, publicada no Por Aqui) . O escritor Sidney Sheldon foi uma das celebridades que passou pela livraria . Registro do Diario de Pernambuco, na comemoração de 15 anos de atividades de Tarcício Pereira, em 3 de agosto de 1985 (Foto: Diógenes Montenegro) Nota sobre a Livro 7 na coluna de João Alberto, em 28 de janeiro de 1983 . . . *Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente rafael@algomais.com rafaeldantas.jornalista@gmail.com . LEIA TAMBÉM Nos arredores da Livro 7   A despedida de Tarcísio Pereira   8 fotos de lojas do Recife Antigamente

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