Arquivos Negócios - Página 13 De 13 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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De universitários a concorrentes do Google e Facebook

De um projeto de final do curso de Ciência da Computação da UFPE nasceu a semente de uma empresa que tem como concorrentes gigantes do mercado mundial como o Google e o Facebook. Em plena crise brasileira, a In Loco Media deslanchou. Em 2015 teve um faturamento de R$ 5 milhões, passando para R$ 50 milhões no ano passado. Oferecendo uma solução tecnológica inovadora dentro do mercado de publicidade mobile baseada em geolocalização indoor, eles projetam um faturamento de R$ 150 milhões em 2017. A tecnologia exclusiva de localização desenvolvida pela empresa consegue identificar a partir do IP do celular (número identificador de cada aparelho em rede) onde cada consumidor está passando, numa precisão entre um e dois metros. A tecnologia é considerada a de maior precisão no mercado mundial. A ideia inicial do CEO André Ferraz, ainda dentro da universidade, em 2011, era oferecer a partir dessa tecnologia um aplicativo para shoppings. O serviço indicaria no app o mapa do mall e onde estariam as promoções que tivessem maior relação com o perfil do consumidor. Em 2012, já em sociedade, a empresa foi incubada dentro do Porto Digital. No mesmo ano, a partir da publicação de uma reportagem em um site especializado, surgiu o interesse do grupo Naspers (que é sócio do Buscapé no Brasil e uma das maiores corporações de mídia do mundo), que passou a investir na startup. O aplicativo para shoppings ficou de lado. A empresa identificou que, frente à tradição de investimentos em publicidade do setor do varejo moderno, o modelo de negócios não decolaria. A partir daí voltou-se para a mídia mobile, focada em publicidade em locais fechados. “Uma rede de fast food pode utilizar nossos serviços e enviar uma publicidade para um perfil segmentado de clientes que estão passando na frente da sua loja. Ou mesmo um restaurante pode enviar uma campanha promocional quando o cliente está circulando próximo a um concorrente”, exemplifica Eduardo Martins, cofundador da empresa. Mesmo sem ter informações pessoais dos portadores dos smartphones, a empresa traça um perfil a partir do comportamento de geolocalização dos aparelhos. Alguém que frequenta uma academia algumas vezes por semana fica classificado num perfil de “fitness”, por exemplo. Um cinéfilo que vai ao cinema semanalmente tem o seu comportamento de consumo mapeado por essa tecnologia. Com essas informações e a customização da campanha, a taxa de cliques nos anúncios da In Loco Media é 10 vezes maior que a média da publicidade nos concorrentes Google e Facebook. Além de oferecer um serviço de entrega de mensagem publicitárias contextualizadas com a localização, a tecnologia da In Loco Media consegue medir quantos consumidores de fato atenderam à campanha. “A grande sacada da In Loco é que a gente consegue, através do nosso serviço, identificar a jornada do consumidor. Sabemos se ele entrou na loja onde foi feita a campanha ou se foi para uma concorrente, por exemplo. Unir o mundo online com o mundo offline é um grande desafio. Para a publicidade é muito difícil identificar o retorno de investimento de uma mídia. A In Loco quebra esse paradigma e identifica a efetividade do anúncio”, explica Eduardo Martins. Evoluir de uma startup com tecnologia inovadora para uma empresa que atua no competitivo mercado global aconteceu após a In Loco Media ser referendada em 2015 pelo Festival de Cannes como uma das 10 empresas mais promissoras do mundo no mercado publicitário. A partir daí, o crescimento da demanda acelerou. Em sua carteira de clientes de 200 empresas estão organizações como a Coca-Cola, Hyundai, McDonald’s, Samsumg, Pizza Hut, entre outros. Atualmente, 70% delas chegam à In Loco via agência de publicidade e os demais como clientes diretos. O aumento da demanda levou a empresa a contratar mais funcionários. O quadro de 30 pessoas em 2015 saltou para 130 neste ano, com mais 15 vagas a serem preenchidas. A empresa pernambucana já tem os pés na capital paulista, onde estão os profissionais responsáveis pelo comercial e pelo desenvolvimento de novos negócios. Mais recentemente, a In Loco Media já tem profissionais atuando também nos Estados Unidos, em São Francisco e Nova Iorque. Além da expansão internacional, a In Loco também está num momento de reposicionamento. Mais que atuar no segmento da publicidade, a empresa passa a oferecer uma plataforma de tecnologia de dados de localização com outros serviços que estão em desenvolvimento, como no segmento de segurança para bancos e um voltado para o pequeno varejo. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@revistaalgomais.com.br)

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Economia compartilhada cresce no Recife

Você já pegou um Uber para se deslocar pela cidade, assiste a filmes pelo Netflix ou já contribuiu com alguma vaquinha virtual nos crowdfundings? Seja bem-vindo à economia colaborativa ou compartilhada. Um modelo de negócio movido principalmente pela conexão entre as pessoas por meio das novas tecnologias de comunicação. A partir de plataformas digitais é possível conseguir o financiamento para um projeto social ou para uma startup, que dificilmente viria de uma instituição bancária. Também pode-se acionar um serviço de entrega por bicicletas ou alugar um quarto num apartamento para passar as férias, sem a necessidade de um intermediário. Esse foi substituído por empresas que não possuem bikes para fazer o delivery ou casa para alugar, mas oferecem plataformas para conectar o dono do veículo ou imóvel ao consumidor. Essa é uma nova lógica econômica que começamos apenas a experimentar suas possibilidades. Um estudo da escola de negócios IE Business School em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Ministério da Economia e Competitividade da Espanha apontou que o Brasil é líder na América Latina em iniciativas da economia colaborativa. Ancorado no potencial de fomento de inovação do Porto Digital, tem nascido em Pernambuco uma série de negócios baseada nesse novo modelo com alta capacidade de redução de custos e inclusão social. O professor dos cursos de economia e ciências da informação da UFPE e sócio da empresa Creativante, José Carlos Cavalcanti, explica que a economia compartilhada torna mais barato os chamados custos de transação (como os relacionados à comercialização, por exemplo). “Isso acontece porque é um modelo que funciona por meio do uso de ferramentas de tecnologia cada vez mais robustas, confiáveis e acessíveis ao mais humilde cidadão”, explica Cavalcanti. Um exemplo desse modelo é a empresa pernambucana Find Up, que eliminou a necessidade de até 5 intermediários nos serviços assistência técnica em informática. Através de uma plataforma digital ele conecta usuários (residenciais ou corporativos) que necessitam de reparos em seus aparelhos aos técnicos cadastrados mais próximos com a qualificação necessária para resolver o problema. É como se fosse o Uber dos consertos de equipamentos de informática. “Desenvolvemos o modelo de negócio com geolocalização do técnico a partir do celular. São 4 mil profissionais que têm o nosso aplicativo instalado no telefone e mais de 100 mil usuários cadastrados”, esclarece o CEO da Find Up, Fábio Freire. “Somos uma interface de conexão do cliente com técnico, só com uma camada de gestão no meio”, garante o gerente de operações, Gustavo Ferreira. A plataforma reduz em até 30% o custo final do serviço e diminui o tempo de espera para a resolução do chamado. Presente em mais de 550 cidades no País, a Find Up começa uma fase de internacionalização e chega em breve à Argentina, Chile, Colômbia, México e República Dominicana. INCLUSÃO Inclusão social é outro benefício proporcionado pela economia compartilhada. Além de garantir serviço para técnicos que ficaram desempregados ou para profissionais que querem incrementar a renda, o sistema consegue incluir pessoas com restrições de horários, como estudantes. Um universitário que estuda pela manhã, por exemplo, e não consegue achar um trabalho compatível com sua rotina, poderia se cadastrar e oferecer seus serviços nos horários disponíveis. Também com DNA pernambucano, a Ecolivery atua no modelo da economia do compartilhamento no segmento de logística sustentável, fazendo entregas com bicicletas. Mais de 500 ciclistas já se cadastraram na plataforma, tendo atualmente em torno de 20 ativos. O diferencial é o fato do serviço agregar um valor socioambiental aos clientes, com uma mobilidade que não emite gases poluentes e contribui para a melhoria do trânsito, evitando mais engarrafamentos. A partir de um aplicativo, qualquer pessoa ou empresa pode acionar o ciclista mais próximo para buscar uma encomenda ou levar um documento. O app permite também acompanhar em tempo real a posição dos entregadores e visualizar as entregas que já foram feitas e as que faltam fazer. “Temos hoje uma clientela bem diversificada, como escritórios, cartórios, farmácias de manipulação, empórios, restaurantes e lanchonetes com delivery, e entregas locais de e-commerce”, lista Hugo Gomes, fundador e sócio da empresa que está incubada no Porto Digital. O potencial de desenvolver negócios sociais é outra característica da economia do compartilhamento. Como a peça que move a sua engrenagem é a comunidade, um empreendimento de alto impacto social pode alcançar engajamento de milhares de microfinanciadores com os crowdfundings. “Por meio das vaquinhas online, uma solução social pode ser viabilizada de forma coletiva e compartilhada, trazendo resultados espetaculares de forma rápida e eficiente”, afirma o gerente de empreendedorismo do Porto Digital e head de Aceleração da Jump Brasil, André Araújo. Ele avalia que as pequenas campanhas que a população começa a se engajar representam o início de uma prática de financiamento social que se tornará comum. “Economia e sociedade não são coisas separadas. Estão surgindo metodologias ágeis para se empreender. Essa é uma das maneiras mais interessantes hoje para que projetos inovadores e de pessoas – que ainda não têm uma marca estabelecida, mas têm conhecimento e capacidade – receberem investimentos pelo próprio público alvo daquele possível produto”, afirma André Araújo. Um projeto local que se beneficiou do crowdfunding foi o Saladorama, que permite à população feminina da Zona Norte do Recife acesso à alimentação saudável e à renda. Criada no Rio de Janeiro, a startup ganhou uma operação em Nova Descoberta. A lógica de funcionamento é formar mulheres de comunidades pobres para produzir os alimentos e educá-las para levar esse hábito de consumo e preparação para suas casas. “Atuamos com cozinhas dentro das comunidades, empregando, capacitando e empoderando mulheres. Alimentos orgânicos e saudáveis são desconhecidos da maioria da população de baixa renda e são inacessíveis em restaurantes que têm essa oferta por causa do alto custo”, afirma Isabela Ribeiro, sócia e responsável pelas operações no Nordeste. Além da vaquinha digital, o Saladorama beneficiou-se da economia compartilhada ao comercializar os pratos preparados por uma plataforma virtual. Eles são entregues no sistema de delivery. Com os recursos das vendas, as mulheres recebem uma bolsa

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Sala do Empreendedor nos Bairros leva palestras e oficinas sobre negócios para a Torre

Moradores e empreendedores da Zona Oeste do Recife terão, nesta semana, a oportunidade de se capacitar para abrir ou gerenciar melhor seus próprios negócios. A Sala do Empreendedor nos Bairros, ação itinerante realizada pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, chega na segunda-feira (31) ao CAIC Creusa Barreto Dornelas Câmara, no bairro da Torre. Gratuita e aberta ao público, a atividade acontece até a sexta (4 de agosto), a partir das 19h, numa parceria da PCR com o Sebrae. As inscrições são realizadas no local e por ordem de chegada. A programação inclui palestras e oficinas, com foco em orientar os participantes sobre temas como formalização do empreendimento e crédito produtivo. Na segunda, o trabalho começa com a palestra de abertura, que apresentará os serviços prestados pela Sala do Empreendedor do Recife. Na terça, serão abordados os temas “Microempreendedor Individual - Para Começar Bem” e “Currículo Inteligente em Tempos de crise”, além de uma oficina sobre vendas. As oficinas “Controlar Meu Dinheiro” e “Inovar”, bem como a palestra “O Empreendedor de Sucesso”, acontecem na quarta-feira. Na quinta, é a vez da palestra “Alvará de Funcionamento” e das oficinas “Empreender” e “Crescer”. Por fim, na sexta haverá palestra sobre o tema “Legislação Trabalhista para Salão de Beleza” e as oficinas “Controlar Meu Dinheiro” e “Planejar”. Para participar, não é preciso ser morador da Torre. ORIENTAÇÕES - A Sala do Empreendedor é uma iniciativa da PCR que orienta as pessoas sobre temas como formalização de empresas, Créditos Produtivos para Microempreendedor Individual (MEI), Microempresas, Empresas de Pequeno Porte (EPPs) e empreendedores informais, cursos de aperfeiçoamento, informações sobre o Programa Municipal de Compras Governamentais e concessão de alvará, licenças ambientais e sanitárias e tributações. A Sala do Empreendedor atende em quatro unidades: andar térreo do edifício-sede da Prefeitura, Centro Público de Casa Amarela, Compaz do Alto Santa Terezinha e Compaz do Cordeiro. Contato: 0800 281 3535 (ligação gratuita). Serviço O quê: Sala do Empreendedor chega ao bairro da Torre Quando: Da segunda (31) à sexta (4), sempre a partir das 19h Onde: CAIC Creusa Barreto Dornelas Câmara - Rua Cantora Clara Nunes, s/n, Vila Santa Luzia – Torre – No mapa: goo.gl/peiLJs

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Recife terá curso de Especialização em Gestão de Negócios de escola referência mundial

O Recife receberá, pela primeira vez, o curso de Especialização em Gestão de Negócios da Fundação Dom Cabral, considerada uma das melhores escolas de educação executiva do mundo e primeira da América Latina pelo jornal britânico Financial Times. As aulas estão previstas para começar em agosto e são voltadas para executivos e líderes que buscam aprimorar suas competências em gestão, alavancar a carreira e ampliar o networking. Na quinta-feira passada (18), o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Recife, Bruno Schwambach, reuniu-se com o professor e representante da Fundação Dom Cabral em Pernambuco, Horácio Forte Bahia Freire, e garantiu o apoio da Prefeitura do Recife à iniciativa. “O curso da FDC se encaixa muito bem na nossa estratégia de estimular a formação de executivos e líderes empresariais, fortalecendo o empreendedorismo na cidade”, avalia Schwambach. De acordo com o professor Horácio Forte Bahia Freire, o foco dos cursos da Fundação Dom Cabral é a conexão entre teoria e prática, formação acadêmica com experiência empresarial e a sustentabilidade como tema transversal. “Em 40 anos de atuação, a FDC se tornou referência internacional, recebendo anualmente cerca de 38 mil executivos em nossos programas de educação e capacitação”, aponta. (PCR)

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Franchising na Região Nordeste cresce 10,5%

O Nordeste do País já é visto como uma das regiões promissoras para contribuir com o crescimento do setor de franchising nos próximos anos. De acordo com recente levantamento da ABF, o mercado de franquias na Região Nordeste faturou cerca de R$ 9,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, o que representa um crescimento de 10,5% em relação aos seis primeiros meses do ano passado. A região corresponde a 14% do faturamento do mercado nacional de franquias no período, que foi de R$ 68,888 bilhões. Em relação ao final de 2015, o mercado Nordestino expandiu 12%, chegando a 23.700 unidades, o que equivale a 16,3% do mercado nacional. “Em marcas, crescemos 4,4%, somando 239 redes. Se olharmos o crescimento de unidades, esses números provam que o Nordeste tem uma grande importância no sistema de franquias brasileiro. É a demonstração de que os empreendedores estão buscando espaços fora do eixo Rio-São Paulo. Somos uma região promissora, temos muitas oportunidades de crescimento”, destaca o diretor da regional Nordeste da ABF, Leonardo Lamartine. A região é responsável por 7,5% das redes no Brasil e diversas delas têm projeção nacional. Mesmo em tempos de instabilidade econômica, todos os estados da Região Nordeste são importantes e têm potencial para crescer nos próximos anos. “O Nordeste é uma região com excelentes oportunidades para os diversos segmentos de franquias. Temos muitos municípios que possuem estrutura para receber grandes marcas e expandir suas unidades. É perceptível que o movimento do franchising para o interior se tornou mais intenso, chegando a cidades com menos de 50 mil habitantes. Várias cidades do interior se desenvolveram muito, formando um novo mercado potencial”, concluiu Lamartine.

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Com ou sem tatuagem no trabalho?

Uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou destaque nas redes sociais e jogou luz sobre uma antiga discussão: tatuagem pode ser um eliminador na hora de assumir um emprego público? Por maioria, em outubro, a Corte decidiu que o tema merece ser analisado, e, por enquanto, aguarda votação. O debate envolve, no entanto, não apenas o mundo dos concursos, mas abrange o mercado de trabalho como um todo. Afinal, o desenho corporal pode desclassificar um candidato para uma vaga de emprego? Segundo a sócia da ÁgilisRH e da TGI Consultoria, Eline Nascimento, não do ponto de vista legal. A tatuagem não deve ser o foco. “Os indicativos devem ser o desempenho, as habilidades, a atitude frente ao ambiente de trabalho e o cuidado que o candidato tem com a sua apresentação.” O adorno, entretanto, ainda sofre resistência em locais mais tradicionais, como escritórios de advocacia e entidades médicas. É preciso, então, que o profissional tome alguns cuidados. Fazer tatuagens em locais discretos, Enquanto o STF não decide a questão, especialistas orientam profissionais recursos humanos além de utilizar roupas e adereços para cobri-las são alguns deles. Apesar de a escola particular onde trabalha permitir o uso das pinturas, a professora de biologia, Taynara Araújo, 24 anos, prefere esconde-las com anéis, pulseiras e camisas de manga. “Eu evito mostrar, porque sei que há pais que ainda não aceitam muito bem. Tem gente que não entende que a tatuagem não influencia em nada. Muitas pessoas nem imaginam que tenho tantas e quando me encontram em outros lugares, até se surpreendem”, revela. Taynara sabe também que o adorno pode dificultar na hora da contratação. “Minha tia trabalha em um colégio mais tradicional. Recentemente fui enviar um currículo para essa instituição e ela me disse que se eu fosse chamada, teria que ir cobrindo todas as tatuagens, porque lá eles não aceitam de jeito nenhum”, conta. Aliás, algumas dicas podem ser seguidas para uma entrevista de emprego. “A nossa recomendação é que não deixe a tatuagem exposta, que tire o piercing, além de perguntar ao entrevistador se há algum problema da empresa com relação a essa questão”, aconselha Eline. Como se pode notar, mesmo que o preconceito com a pintura tenha diminuído em relação a décadas passadas, a rejeição ainda existe. Isso se deve ao estilo de vida de um povo. Presente na história da humanidade, a tatuagem recebeu valores diferentes ao longo do tempo. No Antigo Egito, por exemplo, os cidadãos já ostentavam os adornos na pele. Aceito por algumas sociedades, a pintura foi, associada a pessoas marginalizadas, por outras. “Há países em que tatuagens estão relacionadas a um padrão de beleza. Então, cada cultura vai ter uma forma diferente de ver a estética”, avalia Eline. O mesmo ocorre quando se leva em consideração o ambiente de trabalho. De acordo com a consultora, é preciso avaliar os valores da empresa no momento em que se escolhe se candidatar. “Apresentação pessoal pode ter uma interferência para aquele segmento de trabalho. Essa é uma questão que passa pela história, pela cultura e pelo produto que uma empresa vende. Afinal, a imagem do profissional, também é a imagem do serviço que ela oferece.” Então, se para alguns exibir as tatuagens não é aconselhável, para outros pode ser um diferencial. É o que nota a jornalista Rebeca Tavares, 29 anos. Dona de uma agência, ela acredita que o desenho gravado no corpo em determinadas situações pode colaborar. “Eu trabalho com a cena cultural e a tatuagem não é um problema, na verdade, ela até ajuda, porque você fica com um ar mais descolado”, acredita. As duas tatuagens que possui ficam em locais mais discretos. Uma na costela e outra no cóccix. Na época, a escolha da localização levou em consideração o futuro profissional ainda incerto. “Acho que o preconceito contra a tatuagem é algo que ficou no passado. A última que fiz tem 7 anos. Acho que se tivesse sido há uns 2 anos, teria sido em um local mais visível.” Tanto que Rebeca já marcou as próximas sessões para uma nova tatuagem, agora, no braço. Independente do ambiente de trabalho, algo é certo: um candidato não pode ser excluído de um processo seletivo ou demitido por ter uma tatuagem.“Uma empresa que, por exemplo, restrinja tatuados ou um funcionário que se tatuou posteriormente, nessa situação, sim, cabe uma ação posterior por danos morais, tendo em vista que pode ser considerado preconceito”, esclarece o advogado Cristiano Lopes. O advogado, que também é professor do cursinho espaço Heber Vieira, é contrário à restrição de tatuagens existente nos editais de certos concursos, como por exemplo, para polícia. “O candidato faz o concurso, passa por todas as etapas de formação e depois faz uma tatuagem. Então, existe certa hipocrisia.” Para ele, a proibição vai de encontro aos direitos constitucionais. “Isso fere, inclusive, o conceito da dignidade da pessoa humana. A própria Constituição estabelece que não possa haver distinção em razão do sexo, da idade, da cor, da raça, das preferências sexuais ou qualquer outra forma de discriminação.” Enquanto o STF não toma sua decisão, um conselho é bem-vindo: “Se você não se sente seguro, não faça, embora, isso não deve ser requisito para se ingressar na carreira pública”, coloca Cristiano. Ele inclusive tem várias tatuagens espalhadas pelo corpo e acredita que elas não interferem em sua vida profissional. “Nas ações não é que eu esconda, mas como eu estou de mangas compridas elas realmente não aparecem. Já em aulas, quando eu vou com camisas de manga curta, eu não sinto nenhum tipo de constrangimento. Embora, perceba que ainda há preconceito.” Eline, por sua vez, observa que esse cenário vem mudando e cada vez mais a tatuagem é aceita. “As pessoas têm se posicionado mais e discutido mais essas questões abertamente hoje.” (Por Camila Moura)

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