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Janeiro Branco: coloque o exercício físico na sua rotina e tenha benefícios mentais

Janeiro é encarado por muitos como o marco para o recomeço, como uma nova oportunidade de fazer tudo diferente do ano anterior. A cor branca, por sua vez, não representa somente a paz, simboliza uma página limpa para escrever novos projetos. O mês de janeiro é dedicado à campanha nacional de conscientização sobre a saúde mental, criada a partir da Lei Federal nº 14556/23. O objetivo é estimular a promoção de hábitos e ambientes saudáveis e a prevenção de doenças psiquiátricas. Nos últimos anos, as doenças mentais tiveram um aumento considerável. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental no mundo e destas, mais de 300 milhões sofrem de depressão. O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. A depressão é o mal do século XXI. A ansiedade afeta quase 10% dos brasileiros. Os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades nas Américas. O Brasil ocupa o quarto lugar entre os piores índices de saúde mental em um ranking global, divulgado em março de 2024, que analisou as emoções das pessoas em 71 países. O relatório anual "Estado Mental do Mundo" coloca o Brasil atrás apenas da África do Sul, Reino Unido e Uzbequistão. Além disso, o país se destaca negativamente como o terceiro mais estressado. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), os transtornos mentais representam 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas de 10 a 19 anos. Diversos estudos apontam que a pratica regular do exercício físico (orientado) contribui efetivamente para a prevenção de doenças e promoção da saúde física e mental. O exercício físico feito com frequência pode ter um impacto profundamente positivo na depressão, na ansiedade, no Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, dentre outros. Também alivia o estresse, melhora a memória e o estado de humor e ajuda a dormir melhor. O Profissional de Educação Física é, sem dúvidas, essencial no tratamento e prevenção dos transtornos mentais. É preciso uma mudança de mindset. Precisamos ter equilíbrio em nossas vidas. Ter tempo para a família, amigos, trabalho, estudo, lazer e bons hábitos. O cuidado deve ser integral. Manter hábitos saudáveis como não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool e outras drogas. Exercício físico orientado, alimentação saudável, espiritualidade, convívio social, religiosidade, sono e propósito fazem a diferença quando se trata de prevenir a ocorrência de lesões e de doenças metabólicas, cardiovasculares, pulmonares, musculoesqueléticas, psiquiátricas e neurológicas. A sociedade precisa entender que não há hierarquia entre os profissionais de saúde. Todos são fundamentais e precisam trabalhar de maneira multiprofissional com muita comunicação, interação e planejamento com vistas ao cuidado integral do paciente. A diferença entre o medicamento e o veneno está na dose. O mesmo pode ser dito a respeito da prática de exercício físico, uma vez que é preciso respeitar, dentre outros, o princípio da individualidade, pois cada pessoa responde de maneira diferente a um mesmo estímulo. Duração, local, horário, frequência, volume, cadência, ritmo, intensidade, especificidade, regime de treinamento, tempo de repouso, modalidade, dentre outras, são variáveis determinantes para o alcance de resultados positivos. A partir de uma boa avaliação física, o Profissional de Educação Física é capaz de prescrever com segurança um treino específico baseado nas características individuais e nos objetivos almejados por cada aluno/paciente. Comece hoje! Mais movimento, menos tela e mais vida (com saúde)! Prof. Lúcio Beltrão (CREF 003574-G/PE) é Profissional de Educação Física e Especialista em Saúde Mental pela Faculdade de Ciências Médicas da UPE (Residência Multiprofissional em Saúde Mental). @luciobeltrao @cref12pe

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Harmonia corpo e mente: descubra os benefícios do shiatsu para a saúde mental

O shiatsu é uma técnica de massagem terapêutica que tem sua origem no Japão. Trata-se de uma terapia que desempenha papel significativo na promoção da saúde mental. Sua importância está na capacidade de promover harmonia entre o corpo e a mente, que se traduzem em benefícios que ultrapassam o alívio físico. O fisioterapeuta e terapeuta shiatsu, Roberto Júnior, faz um panorama da técnica e sua importância para a saúde mental e o bem-estar. O shiatsu ajuda a reduzir o estresse. Um estudo observacional realizado com 948 clientes de shiatsu, conduzido em três países (Áustria, Espanha e Reino Unido), revelou resultados positivos significantes na percepção dos clientes sobre os efeitos do shiatsu. “Os resultados mostraram melhoras de sintomas relacionados a tensão/estresse, estrutura corporal e baixa energia/fadiga. Além disso, os participantes relataram mudanças positivas no comportamento relacionado à saúde, incluindo redução no uso de medicamentos convencionais”, informa Roberto Júnior. O estudo concluiu que o shiatsu pode ter um papel importante na manutenção e melhoria da saúde. Sono regenerador Além disso, o shiatsu melhora a qualidade do sono, um aspecto crucial para a saúde mental. Um estudo realizado em um grande hospital acadêmico em Tóquio investigou a eficácia do shiatsu na melhoria do sono em pacientes com dor lombar crônica. “Observou-se uma melhora na eficiência do sono e na redução das perturbações do sono, sugerindo que o shiatsu pode ser um complemento valioso para o tratamento padrão da dor lombar crônica, contribuindo também para uma melhor qualidade do sono”, relata o fisioterapeuta. O shiatsu é uma prática segura e não invasiva, que é uma uma excelente opção para pessoas que buscam formas naturais de melhorar seu bem-estar mental e físico. Seus benefícios, baseados em evidências científicas, demonstram seu valor na promoção da saúde mental. Indicação do Shiatsu No contexto da saúde mental, o shiatsu é frequentemente indicado para: É importante notar que o shiatsu deve ser visto como uma terapia complementar, e não como um substituto para tratamentos psicológicos ou psiquiátricos convencionais. Para condições específicas de saúde mental, sempre é aconselhável consultar profissionais de saúde qualificados. Refereências Long AF. The effectiveness of shiatsu: findings from a cross-European, prospective observational study. J Altern Complement Med. 2008 Oct;14(8):921-30. doi: 10.1089/acm.2008.0085. Erratum in: J Altern Complement Med. 2008 Nov;14(9):1175. PMID: 18990043. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36790421/ Fonte da Reportagem Roberto Junior é Fisioterapeuta Quiropraxista (UEPB) e Terapeuta Shiatsu (IBRATES), Mestre e Doutor em Saúde (IMIP), docente e coordenador de cursos de Pós-graduação stricto sensu. @quiropraxia_recife Atividade física na escola: o caminho para uma vida saudável desde cedo No término da série “Voltas às Aulas”, o Professor de Educação Física, Valdir Monteiro, fala da importância da criança em criar hábitos saudáveis de atividades físicas e esportivas no espaço de aprendizado escolar. E faz um alerta: “muitas crianças chegam na pré-adolescência com um acervo motor deficitário”. Confira! "Atividades físicas e esportivas dentro das escolas são importantes não apenas para o desenvolvimento motor das crianças, mas para o melhoramento da saúde dos pequenos e das questões psicossociais envolvidas. Como profissional da área, percebo que nem todas as crianças gostam de se exercitar, então é preciso utilizar estratégias lúdicas que para elas são tidas como uma brincadeira, mas que o propósito é trabalhar suas capacidades físicas e motoras. Diante do acesso à tecnologia, as telas estão cada vez mais tomando tempo no nosso cotidiano e o cenário é bastante desafiador. Muitas crianças chegam à pré-adolescência com um acervo motor deficitário. Os pais e responsáveis precisam entender que uma criança sedentária vai se tornar um adulto doente. E as crianças que se exercitam são mais ativas e conseguem assimilar com mais facilidade o trabalhado dentro da sala de aula". A falta de atividade física ou esportiva em crianças pode levar a uma série de problemas de saúde, tanto físicos quanto emocionais, como: obesidade, problemas de saúde cardiovascular, diabetes tipo 2, problemas de saúde óssea, problemas de saúde mental, falta de desenvolvimento motor, sono irregular, prejudica o desenvolvimento social. Valdir Monteiro é professor de educação física na Escola João Veríssimo, em Areias, Recife/PE. @vl_monteiro90 Curso ensina a manipular hidratante à base de ureia O Centro Universitário UniFBV Wyden realizará nos dias 1 e 2 de março dois minicursos de farmacotécnica abertos ao público em geral sobre “Formulação Hidratante de Ureia”. Nos dois cursos, ministrados pelo preceptor de estágios do curso de Farmácia, Salatiel Henrique Lima, possuem quatro horas de duração (dia 1, das 14h às 18h e dia 2, das 8h às 12h) e os participantes irão aprender o que é a ureia, o que é o creme, sua função e qual o impacto de percentual da concentração da ureia na sua formulação. Todo o quantitativo de hidratante produzido ficará no UniFBV para uma ação de Dia da Mulher com as mulheres colaboradoras da instituição. As inscrições podem ser feitas no Campus do Centro Universitário. Mais informações pelo telefone: (81) 0800.771.5001 Inscrições para o 25º Torneio da Amizade de natação master A piscina da Associação Atlética Banco do Brasil – AABB Recife, nas Graças, recebe no dia 02 de março, a primeira competição do ano realizada pela Associação de Nadadores Master de Pernambuco - ANMPE em 2024. O 25º Torneio da Amizade reunirá nadadores de todo o Estado em cinco provas individuais - medley, costas, borboleta, peito e livre - e ainda revezamento.  Serão provas para atletas da categoria master feminino e masculino, a partir de 25 anos. O Torneio da Amizade, que abre a temporada 2024 de competições em Pernambuco, terá o aquecimento às 15h e as provas iniciam às 16h. As inscrições estão abertas AQUI Congresso de Neuropsicologia A capital pernambucana será palco da neuropsicologia nos dias 7, 8 e 9 de março, com a realização do I Congresso Brasileiro de Práticas Neuropsicológicas (CONNEUROPSI), em Boa Viagem. Organizado pelo Centro Pernambucano de Psicologia Aplicada (CEPPA) em colaboração com a Clincog Mais, o evento reunirá mais de 40 profissionais de diversas partes do Brasil e do exterior, estabelecendo-se como um ponto de convergência para o intercâmbio de conhecimentos e experiências na área. O objetivo

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Corpo ativo, mente sã: fortalecendo corpo e mente para uma vida equilibrada

Presidente do CREF/PE, Lúcio Beltrão, orienta sobre a importância do exercício físico e a saúde mental. Por Jademilson Silva Manter uma rotina de exercícios físicos orientados por Profissionais de Educação Física traz benefícios não apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental, conforme já mencionou a Organização Mundial da Saúde (OMS), em diversas ocasiões. Existe, inclusive, um bom nível de evidências científicas que sugerem que os exercícios físicos orientados melhoram a cognição, reduzem os riscos de doenças psiquiátricas (como depressão e ansiedade) e as chances de desenvolvimento de enfermidades neurodegenerativas (como o Alzheimer). Dados divulgados em 2022 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mostram que quase 1 bilhão de pessoas vivem com transtorno mental, sendo 14% adolescentes. Segundo a pesquisa, depressão e ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia. O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. Mudança de estilo de vida O presidente do Conselho Regional de Educação Física da 12ª Região/Pernambuco (CREF12/PE) e especialista em Saúde Mental (UPE), Prof. Lúcio Beltrão (CREF 003574-G/PE), informa que é importante buscar sempre a orientação com um Profissional de Educação Física. “A diferença entre o medicamento e o veneno está na dose. O mesmo pode ser dito a respeito da prática de exercício físico, uma vez que é preciso respeitar, dentre outros, o princípio da individualidade, pois cada pessoa responde de maneira diferente a um mesmo estímulo. Duração, local, horário, frequência, volume, cadência, ritmo, intensidade, especificidade, regime de treinamento, tempo de repouso, modalidade, dentre outras, são variáveis determinantes para o alcance de resultados positivos. A partir de uma boa avaliação física o Profissional de Educação Física é capaz de prescrever com segurança um treino específico baseado nas características individuais e nos objetivos almejados por cada aluno” aponta o especialista. Alguns efeitos do exercício físico podem ser sentidos no mesmo dia, como ficar mais ativo e atento. No entanto, os maiores benefícios dos exercícios são alcançados com a prática regular. Esses efeitos podem ser potencializados quando combinados com outros hábitos saudáveis como não fumar, evitar consumo excessivo de álcool e ter um sono regular. “É preciso uma mudança de mindset. Precisamos ter equilíbrio em nossas vidas. Ter tempo para a família, amigos, trabalho, estudo, lazer e bons hábitos. O cuidado deve ser integral. Exercício físico orientado, alimentação saudável, espiritualidade, convívio social, religiosidade, sono e propósito fazem a diferença quando se trata de prevenir a ocorrência de lesões e de doenças metabólicas, cardiovasculares, pulmonares, musculoesqueléticas, psiquiátricas e neurológicas. A sociedade precisa entender que não há hierarquia entre os profissionais de saúde. Todos são fundamentais e precisam trabalhar de maneira multiprofissional com muita comunicação, interação e planejamento com vistas ao cuidado integral do paciente” explica Lúcio Beltrão. É incontestável os benefícios do exercício físico sobre os diferentes sistemas corporais, inclusive para melhorar a saúde mental. O exercício físico feito com frequência pode ter um impacto profundamente positivo na depressão, na ansiedade, no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, dentre outros. Também alivia o estresse, melhora a memória e o estado de humor e ajuda a dormir melhor. O Profissional de Educação Física é, sem dúvidas, essencial no tratamento e prevenção dos transtornos mentais. Em diversas cidades há serviços nas Academias da Saúde, Academia da Cidade, Unidade Básica de Saúde (UBS), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), aulões, Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), entre outras opções públicas e privadas. Para se movimentar e melhorar o equilíbrio mental, há diversas opções gratuitas. Colaborou com a reportagem Prof. Lúcio Beltrão é Profissional de Educação Física, presidente do Conselho Regional de Educação Física da 12ª Região/Pernambuco (CREF12/PE) e especialista em Saúde Mental, (CREF 003574-G/PE). Fez Residência Multiprofissional em Saúde Mental na Faculdade de Ciências Médicas da UPE. @luciobeltrao A dor lombar também pode afetar a saúde mental? Quem responde é o professor Gustavo Arruda, que é Profissional de Educação Física e especialista em coluna "Um dos aspectos mais interessantes da dor lombar é que, caso permaneça mais de 12 semanas sem resolução (de maneira contínua ou intermitente), ela recebe a contribuição de mecanismos neurofisiológicos específicos, que também estão presentes em fenômenos que dizem respeito à saúde mental. Um dos pontos estudados em pacientes com depressão, por exemplo, é o processo de ruminação mental. Esse processo consiste na repetição de pensamentos tristes ou sombrios, e isso não é incomum para quem sente dor lombar crônica. “Será que vou ficar assim pra sempre?” ou “Espero que eu não tenha o mesmo fim de ‘fulano’, ele precisou fazer cirurgia” são pensamentos que habitam a mente de um paciente com dor lombar crônica. Esse espaço mental pode ser nocivo, um terreno fértil para germinar a depressão. Além disso, a dor lombar crônica, a depender da severidade, pode provocar a quebra da função social e relacional. Afinal, é muito difícil alguém querer sair de casa para se divertir quando está com dor. Esse ponto também está presente nos estados depressivos, que por sua vez, retroalimentam o sistema num ciclo vicioso: a função social é quebrada por conta da dor, a depressão aparece e reduz ainda mais a função social -- agravando também o quadro de dor. É um buraco sem fundo. A boa notícia é que o remédio mais eficaz no tratamento da dor lombar crônica também é excelente para afastar a ruminação mental (e assim, diminuir o risco ou a profundidade de processos depressivos): o bom e velho tênis no pé, para gastar um pouco de energia por pelo menos 20 minutos, de 5 a 7 vezes por semana. Escolha aquela opção que mais agrada, adote o acompanhamento de um profissional especializado e familiarizado com os processos de dor e depressão, e tenha um ótimo 2024". Professor M.Sc. Gustavo Arruda @treinadordecoluna Escola realiza colônia de férias A Escola Primeiro Passo, em Boa Viagem, realiza colônia de férias até 19 de janeiro, voltada para crianças a partir de um ano com autonomia para caminhar. Durante a semana, das 8h às 12h e das 13h30 às

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O cansaço das redes sociais

Ficar muito tempo nesses espaços virtuais tem levado à fadiga, afetado a saúde mental e já tem gente decidindo ficar desconectada. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (Reportagem publicada na edição 196.1 da Revista Algomais) As redes sociais revolucionaram a comunicação e trouxeram grandes mudanças na sociedade, mas o seu uso em excesso está deixando um legado de cansaço na população. Instagram, WhatsApp, TikTok, Facebook, Linkedin e tantas outras plataformas ocupam em média aproximadamente quatro horas no dia dos brasileiros, segundo um estudo da agência de marketing digital Sortlist. Quando somados os outros usos de navegação na internet, o tempo conectado supera as 10 horas por dia. Seja por trabalho ou por lazer, a vida virtual excessiva e todo o contexto atrelado a ela (como fake news, cyberbullying, cancelamentos, positividade tóxica, entre outros fenômenos) têm ampliado os problemas de saúde mental e exigido uma mudança na forma como lidamos com o mundo digital. Isadora Domício, 26 anos, é profissional na área de social mídia e enfrentou o cansaço de estar por longas horas conectada. Para além do seu horário de trabalho, ela conta que todos os intervalos e mesmo o horário de almoço eram acompanhados pelo celular e na timeline do Instagram. “Eu vivo na internet. Teve um tempo em que precisei dar uma pausa porque estava me afetando muito. Nas redes vivemos em função das outras pessoas estarem nos vendo e também ficamos observando o que os outros estão fazendo. Eu estava em um ciclo vicioso. Quando não estava no trabalho, usava o Instagram para uso pessoal. Sem perceber, automaticamente estava indo para o Instagram. Isso me cansou”, conta Isadora. A vida nas redes levava Isadora a perder momentos em família, a não aproveitar os contatos presenciais e isso já estava atrapalhando até o desejado networking profissional. “Estava sem tempo de qualidade com a família. Fiz uma pausa de um mês e depois comecei a diminuir a quantidade de entradas nas redes sociais. Parei de ver stories, passei a entrar para postar apenas. Passei a silenciar pessoas que não acrescentavam nada no meu dia. Decidi usar esse momento apenas com perfis que me edificam e não só por vício”. Mesmo após essa experiência de afastamento temporário, ela conta que hoje é preciso manter esse comportamento, inclusive ela usa o alarme do celular para limitar o tempo diário com o aparelho conectado. CANSADOS, MAS CONECTADOS Se estar conectado em excesso promove cansaço, o que nos leva a passar tantas horas nas redes sociais? Para o psicólogo e tutor da FPS (Faculdade Pernambucana de Saúde), Leopoldo Barbosa, há um conjunto de mecanismos de estímulos e recompensas que nos leva a ficar conectados por mais tempo do que desejaríamos. “O conceito de rede nos remete a conexão. No nosso aspecto mais humano, somos seres que precisam ter pessoas por perto. As redes sociais trazem essa dimensão de um lugar onde podemos nos conectar com as pessoas. Só por isso, essas plataformas já chamam muito a nossa atenção. Mas há um segundo ponto que é o aspecto de estímulo e recompensa do nosso cérebro. Esses canais estão propostos dentro de uma dinâmica de informações rápidas, coloridas, com fotos, vídeos, músicas, estímulos auditivos e visuais. Então, naturalmente esses pontos fazem com que a gente se prenda mais ou gaste mais tempo dentro das redes, porque vamos tendo recompensas para ficar mais fixados a visualizar e observar todas essas informações”. Leopoldo considera que vivemos em um tempo de muitas cobranças para produzirmos sempre mais e melhor. E essa pressão empurra as pessoas a estarem cada vez mais conectadas, buscando estar atualizadas. “Isso gera nas pessoas o cansaço de tela, o cansaço de informações, muitas delas sequer são absorvidas. É preciso fazer uma discussão sobre esse momento social em que vivemos e que tem levado as pessoas à exaustão. As redes sociais são um lugar incrível de aprendizagem, mas o ponto de preocupação da saúde mental é o excesso. Principalmente considerando crianças e adolescentes que usam redes sociais sem orientação e podem entrar num processo de comparação banal com outras pessoas, ou mesmo de desperdício de tempo, a partir de uma perspectiva não funcional. As pessoas devem ser orientadas para o uso correto e adequado das redes sociais”. O cansaço, portanto, não está associado ao uso das redes sociais, mas ao excesso de imersão nelas e na internet de modo geral. Renata Almeida, psicóloga e coordenadora do mestrado profissional do Centro Universitário UniFBV Wyden concorda com essa análise. “Tudo que fazemos em exagero pode causar algum dano à saúde e a internet não sai desse contexto. Precisamos pensar no tempo de conexão com a internet, os tipos de páginas normalmente acessadas, a questão da infomania (busca incessante pela informação). O problema não está na internet, mas no uso que a gente faz dela. É curioso perceber que as tecnologias podem aproximar pessoas distantes, porém, se mal utilizadas, também distanciam pessoas próximas, prejudicam o tempo e servem como gatilho de problemas relacionais”. No meio dessa vasta navegação, a psicóloga ressalta que os usuários lidam com muitas informações falsas (as fake news) e consomem com facilidade conteúdos de ódio, que não são saudáveis para ninguém. A própria busca incessante pelos likes entra no leque de ferramentas que nos prejudicam. Véronique Donard, psicóloga e pesquisadora que dirige o laboratório e a linha de pesquisa em ciberpsicologia da Universidade Católica de Pernambuco, defende ainda que essa sensação de cansaço tem um conjunto de raízes mais abrangente. “A questão é complexa, porque o cansaço experimentado por nossa sociedade não se deve unilateralmente às tecnologias digitais da informação e comunicação e muito menos às redes sociais em si, como se fosse uma lógica de causa/efeito. O que vem exaurindo a população é uma conjunção de fatores: socioeconômico, político, sanitário”. Ela avalia que o papel das redes sociais nessa conjuntura é como uma faca de dois gumes. “Elas nos permitem saber que não estamos sós, permitem que possamos nos expressar, mas também veiculam notícias falsas, aumentam nossa propensão a julgarmos uma

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