Arquivos Sustentabilidade - Página 4 De 5 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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É possível recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa do país até 2030, indica relatório

Elton Alisson – O Brasil perdeu 71 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 30 anos – área maior que a ocupada pela Amazônia – em decorrência de desmatamento e queimadas, entre outros fatores, apontam dados do MapBiomas. Como esse desmatamento ocorreu sem planejamento ambiental e agrícola, boa parte dessas áreas tornaram-se abandonadas, mal utilizadas ou entraram em processo de erosão, ficando impróprias para produção de alimentos ou qualquer outra atividade econômica. A restauração florestal pode diminuir parte desse prejuízo ao possibilitar a recuperação estratégica  de 12 milhões de hectares de vegetação nativa em todo o país até 2030, conforme estabelecido no Plano Nacional de Restauração Ecológica. Dessa forma, seria possível sequestrar 1,39 megatonelada (Mt) de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, interligar fragmentos naturais na paisagem e ainda aumentar em 200% a conservação da biodiversidade. As estimativas constam no sumário para tomadores de decisão do relatório temático “Restauração de Paisagens e Ecossistemas”, lançado na sexta-feira (23/08), no Museu do Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O documento é resultado de uma parceria entre a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na sigla em inglês), apoiada pelo programa BIOTA-FAPESP, e o Instituto Internacional de Sustentabilidade (ISS), e foi elaborado por um grupo de 45 pesquisadores, de 25 instituições do país. “O sumário mostra que as questões ambientais [conservação e restauração ecológica] e a produção agrícola são interdependentes e podem caminhar juntas, sem prejuízo para nenhum dos lados. Pelo contrário, ela só traz benefícios diretos, como a diponibilização de polinizadores para as culturas agrícolas, a conservação da água e do solo e, principalmente, a possibilidade de certificação ambiental da produção, permitindo agregar valor”, disse à Agência FAPESP Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e um dos autores do documento. O sumário destaca que o Brasil tem grandes oportunidades para impulsionar a restauração e a recuperação da vegetação e, com isso, aumentar a geração de benefícios socioeconômicos e ambientais, minimizar a competição de florestas com áreas agrícolas e contribuir para combater as mudanças climáticas. No entanto, para que as oportuni¬dades se tornem realidade, o país não pode retroceder em suas políticas ambientais de redução do desmatamento, conservação da biodiversidade e impulsionamento da recuperação e da restauração da vegetação nativa em larga escala, ponderam os autores. O fim da obrigatoriedade da Reserva Legal, as reduções das alternativas de conversão de multas e a extinção dos fóruns de colaboração e coordenação entre atores governamentais e da sociedade seriam perdas irreparáveis para uma política de adequação ambiental, afirmam. Os autores também ponderam que Brasil tem assumido o papel de líder em negociações ambientais internacionais e qualquer ruptura desse caminho, além de afastar oportunidades, vai afugentar mercados internacionais consumidores de produtos agrícolas. Isso porque, cada vez mais, esses agentes se pautam pela produção e pelo consumo sustentáveis, incluindo políticas de não consumo de produtos provenientes de áreas desmatadas. “O Brasil não deveria ter nenhuma dificuldade de colocar seus produtos agrícolas no mercado internacional, pois o diferencial poderia ser uma agricultura sustentável praticada em ambientes de elevada diversidade natural. Isso é um ativo que nenhum outro país tem”, avaliou Rodrigues. Aumento de produtividade De acordo com o documento, a intensificação sustentável da pecuária brasileira é um processo-chave para aumentar a produtividade do setor e liberar as áreas agrícolas de menor produtividade para o cumprimento de leis e metas ambientais. O aumento da produtividade média da pecuária brasileira de 4,4 para 9 arrobas por hectare por ano permitiria não só a atingir a meta brasileira de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030, como também zerar o desmatamento ilegal e liberar 30 milhões de hectares para a agricultura. “Três quartos da área agrícola brasileira são ocupados hoje pela pecuária, com baixíssima produtividade média. Se tivéssemos uma boa política agrícola, voltada à tecnificação da pecuária, seria possível aumentar a produtividade da atividade e, assim, liberar pelo menos 32 milhões de hectares de pastagem para outras culturas, mantendo a mesma quantidade de cabeças de gado atual”, disse Rodrigues. O aumento da produtividade das pastagens nos próximos 30 anos seria suficiente, considerando o Brasil como um todo, para garantir o cumprimento de leis e metas ambientais, como pode ser confirmado nos resultados regionais, afirmam os pesquisadores. Na Amazônia, por exemplo, para atender a todas as metas de produção agrícola e florestal, de desmatamento ilegal zero e de recuperação da vegetação nativa – visando legalizar ambientalmente as propriedades rurais e ainda potencializar os serviços ecossistêmicos –, seria preciso ampliar a produtividade das pastagens do nível atual de 46% para 63-75% do seu potencial sustentável, em 15 anos. Na Mata Atlântica, esse mesmo processo necessita de um aumento dos atuais 24% para 30-34% do seu potencial, sendo que tal incremento é possível apenas aplicando o conhecimento básico de manejo de pastagens. No Cerrado, bastaria sair dos 35% vigentes para 65% do seu potencial sustentável até 2050 para harmonizar expansão agrícola sustentável, restauração em áreas prioritárias e desmatamento ilegal zero “Não há nenhuma justificativa para o desmatamento que está acontecendo na Amazônia e no Cerrado agora, porque estamos gerando ainda mais pecuária de baixa produtividade”, afirmou Rodrigues. Segundo o documento, o aumento da produtividade nas áreas já agrícolas e a adoção de modelos econômicos alternativos nas áreas com menor potencial agrícola – como aquelas com restrições à produção mecanizada, as ocupadas por vegetação nativa, florestas nativas com aproveitamento econômico sustentável e sistemas agroflorestais biodiversos – também são essenciais para alavancar os benefícios financeiros diretos e indiretos em curto prazo. Somando a exploração econômica das áreas marginais restauradas com fins comerciais, como sistemas agroflorestais biodiversos, e o ganho proporcionado pelo uso destas áreas para compensação de Reserva Legal de propriedades rurais com débito ambiental, torna-se financeiramente viável a reconversão de áreas agrícolas marginais para vegetação nativa. Em Paragominas, no Pará, em apenas quatro anos, propriedades de pecuária irregulares ambientalmente e de baixa produtividade regularizaram suas exigências ambientais legais e aumentaram

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Bioenergia pode ajudar a mitigar as mudanças climáticas

Elton Alisson - A bioenergia pode ajudar na mitigação das mudanças climáticas globais contribuindo para diminuir a queima de carvão, petróleo e gás natural para geração de energia e, consequentemente, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros que têm estudado o assunto defendem ser possível expandir o uso de bioenergia sem degradar o solo, comprometer a segurança alimentar ou os recursos hídricos. O tema foi abordado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) no seu mais recente relatório especial, lançado no dia 8 de agosto com o tema “Mudanças climáticas e uso da terra”, e em seu respectivo sumário para os formuladores de políticas. A abordagem do relatório sugere que, entre cientistas e negociadores de governos, o antagonismo entre a produção de biocombustíveis e o cultivo de alimentos começa a se dissipar. O documento reconhece, por exemplo, que o uso da bioenergia, juntamente com a redução do desmatamento de florestas tropicais e o replantio de vegetação nativa para sequestrar e retirar dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, pode ajudar a limitar o aquecimento global a 1,5 ºC ou bem abaixo de 2 ºC nas próximas décadas. Mas ressalva que o aumento generalizado e desordenado da produção de bioenergia no mundo pode resultar em uma grande expansão de áreas de cultivo de culturas energéticas em detrimento do cultivo de alimento, além de aumentar o uso de água para irrigação. “Alguns cenários do IPCC apontam que, com o aumento da demanda por energia, poderia ocorrer um incremento de mais de 25 milhões de hectares por ano da área voltada ao cultivo de culturas para produção de bioenergia no mundo. Isso poderia pressionar áreas de vegetação nativa ou voltadas à produção de alimentos”, disse Luís Gustavo Barioni, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária e um dos autores do capítulo transversal sobre bioenergia e tecnologias de captura e armazenamento de CO2 – as chamadas BECCS (Bionergy Carbon Capture and Storage) – em cenários de mitigação, à Agência FAPESP. “Mas, para chegar a taxas de expansão de uso da terra para bioenergia dessa ordem, precisaria ter um mercado internacional pujante, que pagasse não só por esse tipo de energia, mas também pelo serviço ambiental de captura e armazenamento do carbono. E isso ainda é muito incipiente”, ponderou Barioni. (Leia mais em http://agencia.fapesp.br/31178/). Ação de cientistas brasileiros A declaração final sobre o papel da bioenergia no combate às mudanças climáticas no sumário para tomadores de decisão reflete a ação de diplomatas e funcionários do governo brasileiro, apoiados a distância por cientistas, na reunião do IPCC, em Genebra, na Suíça. Durante o evento, os delegados nacionais de 190 países discutiram o texto até entrar em um acordo para que o documento pudesse ser fechado, de acordo com Gláucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN). A versão preliminar do sumário refletia de modo impreciso as conclusões do relatório e apresentava restrições controversas e enviesadas em relação à bioenergia, afirmam pesquisadores brasileiros que acompanharam as discussões a distância. “O sumário apresentava dados que só depreciavam a bioenergia, baseados em valores equivocados de produtividade e de área necessária para produzir biocombustíveis para atender as necessidades da transição energética global”, acrescentou Luiz Augusto Horta Nogueira, pesquisador associado do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade Estadual de Campinas (Nipe-Unicamp). Por meio de uma interlocução com diplomatas do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que participaram da redação do sumário, na Suíça, um grupo de cientistas brasileiros, integrado por Nogueira e outros pesquisadores ligados ao BIOEN, apresentou uma série de argumentos que permitiram a adequação correta do documento. “Fizemos uma intervenção circunstanciada, baseada em evidências e argumentos científicos, que permitiu alterar ou eliminar opiniões enviesadas no sumário para os formuladores de políticas”, disse Souza. Mais informações sobre essa negociação estão no artigo “Nunca tantos deveram a tão poucos”, publicado no site da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), no dia 9 de agosto. Cenários de expansão De acordo com o relatório, para limitar o aquecimento global a 1,5 ºC até 2050 seria necessário usar até 7 milhões de quilômetros quadrados (Km²) para a produção de culturas energéticas. A área de cultivo necessária em um cenário de aquecimento de 2 ºC seria menor, limitada a 5 milhões de km². Maiores níveis de conversão da terra para produção de bioenergia poderiam ter efeitos adversos que afetariam a disponibilidade de água, de alimentos, a biodiversidade e causariam o aumento da degradação do solo e desertificação, indica o relatório. “A expansão da produção mundial de bioenergia com captura e armazenamento de carbono nas taxas estimadas nos cenários de aquecimento global mais ambiciosos projetados pelo IPCC é factível, uma vez que o aumento da área de cultivo de culturas energéticas em países que são grandes produtores de biocombustíveis, como o Brasil, está bem abaixo desses limites”, afirmou Barioni. Segundo ele, a área de produção de cana-de-açúcar no país, que hoje é de 10,2 milhões de hectares, tem aumentado, junto com a de soja, em 3 milhões de hectares por ano, com maior proporção de lavouras de soja. Além disso, outras formas de energia renováveis, como a eólica e a solar, devem aumentar a competição com o etanol e outros biocombustíveis para ampliar suas participações na matriz energética brasileira. “O Brasil já tem uma matriz energética relativamente limpa e não tem uma expansão muito rápida da demanda energética. Dessa forma, não há perspectiva de aumentar significativamente a área voltada à produção de cana-de-açúcar”, avaliou. O relatório também aponta que a integração da bioenergia em paisagens agrícolas geridas de forma sustentável e que limitar a produção de culturas energéticas em terras marginais ou abandonadas teriam efeitos insignificantes sobre a biodiversidade e a segurança alimentar e poderiam diminuir a degradação da terra. De acordo com Barioni, há cerca de 3 bilhões de hectares de terras pastoris no mundo hoje, dos quais 1,5 bilhão de hectares são

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Recife recebe Selo Verde A3P por gestão sustentável

A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS), recebeu do Ministério do Meio Ambiente o Selo A3P Verde em reconhecimento ao empenho do Poder Municipal em implantar a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). O Selo é conferido às instituições públicas que fazem a adesão formal ao Programa Agenda Ambiental na Administração Pública, cujo objetivo é promover a divulgação de práticas de gestão baseadas em conceitos de sustentabilidade. Desde 2012, Recife faz parte do programa, sendo o Comitê Gestor A3P responsável pela articulação, planejamento e execução de atividades, projetos ou programas de Responsabilidade Socioambiental em toda Prefeitura. Entre as medidas adotadas no órgão, estão a substituição de copos plásticos por copos de vidro, a implantação da coleta seletiva em unidades da Prefeitura, a utilização de papéis reciclados, curso Sustentabilidade Socioambiental com A3P, com a finalidade de sensibilizar e capacitar os servidores e público externo em relação ao tema e a construção do Econúcleo Jaqueira, que foi implantado com base nos preceitos da arquitetura sustentável, através do reaproveitamento e da reutilização de materiais para a confecção e customização dos mobiliários. Na sua estrutura, são usados piso de madeira plástica, telhas de garrafa PET, madeira certificada, torneiras com arejador, lâmpadas Led, mobiliário de madeira reciclada, além de sistemas de captação de água da chuva e de energia solar. “Acredito que este reconhecimento é mais um estímulo em nossa missão de trabalhar em prol da sustentabilidade. O poder público precisa fazer o seu papel e aplicar boas práticas no seu dia a dia junto com os servidores e a sociedade. Esse Selo mostra que estamos no caminho correto”, declarou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Neves Filho. Programa A3P A Agenda Ambiental na Administração Pública é um programa idealizado pelo MMA para internalizar a responsabilidade socioambiental nas atividades do Poder público. A agenda visa sensibilizar os gestores públicos e servidores para as questões ambientais, estimulando-os a incorporar princípios e critérios de gestão ambiental e sustentabilidade em suas atividades rotineiras. O programa está baseado em cinco eixos temáticos: Uso racional dos recursos naturais e bens públicos; Gestão adequada dos resíduos gerados; Qualidade de vida no ambiente de trabalho; Sensibilização e capacitação dos servidores; Compras Públicas Sustentáveis; Construções Sustentáveis e oferece uma metodologia para que os órgãos realizem um diagnóstico, estabeleçam metas e plano de ação. A A3P propõe a mudança de atitude a partir da revisão do modelo de produção e consumo, economizando recursos naturais no dia-a-dia, tais como água, energia, papel, copinhos plásticos; reutilizando ou reciclando os resíduos gerados, optando por insumos ambientalmente corretos, enfim, fazendo escolhas mais conscientes.

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Shopping Tacaruna recebe o Projeto TrilogiaBio do biólogo André Maia

Neste mês de agosto, o Shopping Tacaruna recebe o TrilogiaBio, projeto de conscientização ambiental, do biólogo André Maia, que mistura aprendizagem, diversão e descobertas. Será realizada uma palestra especial sobre animais e preservação do meio ambiente com o tema “Preservar é Preciso”. O objetivo é estimular a consciência ambiental em crianças, adolescentes e adultos e ensinar o respeito pela natureza. O TrilogiaBio acontece em todos os sábados de agosto (3, 10, 17, 24 e 31), no espaço rooftop do mall, a partir das 17h, com entrada gratuita. De acordo com André Maia, nas palestras sobre preservação ambiental, ele fala de uma frase muito conhecida que diz “O que eu não conheço eu temo e o que eu temo eu mato”, então é preciso conhecer para preservar. “Vamos falar dos animais e da fauna local e principalmente dos animais exóticos para que o homem entenda que todos os animais têm sua importância dentro do meio ambiente. Se porventura uma espécie de animal for subtraída do meio ambiente pode gerar sérios problemas para a natureza por conta da quebra do elo da cadeia alimentar, ou seja, da quebra do equilíbrio ecológico”, informa o biólogo. Na dinâmica do TrilogiaBio, André Maia, de forma lúdica, ensina como as pessoas devem nutrir o amor por todos os seres vivos existentes no meio ambiente. A linguagem é de fácil entendimento, envolvendo crianças e adultos. “Conforme apontam diversas pesquisas, o contato supervisionado com animais tem efeito terapêutico, estimulando os nossos sentidos causando bem-estar”, destaca. Através de uma parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), o evento também está realizando uma grande campanha social para que as pessoas que mantêm em cativeiro algum animal silvestre possam levá-los até o Tacaruna para serem entregues voluntariamente e posteriormente devolvidos à natureza. “O objetivo é fazer o público ter a consciência ambiental de que possuir um animal silvestre em casa requer autorização e cuidados específicos, além do tráfico desses animas que é considerado crime. Vamos tentar mobilizar o maior número de pessoas para que a gente possa ter um bom quantitativo de animais devolvidos à natureza. Podem ser animais silvestres como papagaio, cagado, jabuti, cobras, iguanas, galo de campina, patativa, sanhaços, entre outros”, frisa André Maia. O TrilogiaBio ainda vai trazer uma exposição fotográfica da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), que mostra a riqueza da fauna e flora de quatro unidades de conservação (locais protegidos ambientalmente) do Governo de Pernambuco. São elas: Estação Ecológica de Caetés, Refúgio de Vida Silvestre Matas do de Gurjaú, Área de Proteção Ambiental de Gudalupe e Parque Estadual Mata da Pimenteira. As 40 fotos da exposição foram feitas pelos moradores das comunidades em torno das unidades de conservação, de acordo com o olhar deles.  

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Aumento do desmatamento na Amazônia é incontestável, diz Carlos Nobre

Elton Alisson, de Campo Grande (MS) – Alvo de recente questionamento, o aumento no desmatamento na Amazônia nos últimos meses, em comparação com 2018, é incontestável. O aumento foi apontado pelo sistema de monitoramento por satélites Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e deverá ser confirmado antes de dezembro com o lançamento dos dados obtidos durante um ano completo por outro sistema de monitoramento da instituição, o Prodes. Nos próximos dias deverão ser divulgados os dados do Deter para o período de agosto de 2018 a julho de 2019. Entre outubro e novembro, sairão os dados do Prodes para o mesmo período, que são utilizados para verificação do Deter. O Prodes usa dados do satélite Landsat – sistema que existe desde 1989 – e apresenta os dados consolidados sobre o desmatamento total apenas uma vez por ano. A afirmação foi feita por Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), durante palestra na 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada de 21 a 27 de julho na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande. “Os números da série anual do Prodes, que compreende o período de agosto de 2018 a julho de 2019, devem confirmar o que os dados dos últimos meses mostraram: que o desmatamento da Amazônia nos últimos 12 meses foi muito maior do que no período anterior”, disse Nobre, que é pesquisador aposentado do Inpe. “Temos que partir do princípio de que está realmente ocorrendo um aumento do desmatamento na Amazônia”, disse. Segundo ele, o questionamento dos dados sobre o desmatamento da Floresta Amazônica nos últimos três meses indicados pelo Deter é infundado. Isso porque a margem de incerteza do sistema varia de 10% a 12%. O sistema apontou que o desmatamento na Amazônia em quilômetros quadrados (km²) aumentou nos meses de maio, junho e nos primeiros 20 dias de julho, respectivamente, 34%, 91% e 125% em relação aos mesmos meses em 2018. “Esses percentuais de aumento estão muito além da margem de incerteza. A probabilidade de que o desmatamento da Amazônia está aumentando está acima de 99%”, disse Nobre. Os dados do Deter são disponibilizados desde o lançamento do sistema, em 2004, pelo Inpe. Já os do Prodes – que foi o primeiro sistema de monitoramento de desmatamento na Amazônia criado pelo órgão em 1989 – ficaram embargados no início e só passaram a ser disponibilizados em 2002. “Esses dados públicos permitiram um enorme entendimento das causas do desmatamento e municiaram as políticas de combate que tiveram grande sucesso durante vários anos”, disse Nobre. O eventual embargo dos números de desmatamento obtidos pelo Deter e o Prodes ou a descontinuação desses dois sistemas causariam enormes prejuízos para o país e fariam o Inpe perder o protagonismo mundial no desenvolvimento de sistemas de monitoramento florestal, afirmou. “Não divulgar os dados do desmatamento do Inpe não faria o problema desaparecer, porque hoje há muitos grupos em todo o mundo que fazem esse tipo de mapeamento. Mas o Inpe, que desenvolveu o melhor sistema de monitoramento de florestas tropicais do mundo ao longo dos últimos 30 anos, perderia sua liderança”, disse Nobre. De acordo com o pesquisador, o Brasil, por intermédio do Inpe, foi o primeiro país do mundo a fazer esse tipo de monitoramento florestal por satélite. Os sistemas desenvolvidos pelo instituto ajudaram a capacitar pesquisadores de 60 países e muitos países tropicais usam os algoritmos criados na instituição. Enquanto os sistemas de monitoramento desenvolvidos por outras instituições no mundo, baseados em big data e algoritmos automáticos de inteligência artificial, apresentam hoje uma margem de erro acima de 20%, a do Prodes é de 5 a 6%, comparou Nobre. “Isso representa um enorme aperfeiçoamento desse sistema de monitoramento, que é resultado de 30 anos de avanço científico”, disse. Confiança nos dados Em coletiva de imprensa no dia 26 de julho, na reunião da SBPC, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, disse que “não tem dúvidas de que os dados produzidos pelo Deter estão corretos e são confiáveis, mas foram usados com o objetivo incorreto”. “Os dados do Deter não são para medição do desmatamento, mas para alerta de desmatamento, para auxiliar o Ibama nas ações de fiscalização. Seria errado utilizá-los para indicar desmatamento”, disse Pontes à Agência FAPESP. “Os dados do Prodes é que têm a finalidade de medir desmatamento, mas demoram um certo tempo para ser compilados.” O ministro destacou que o Inpe é uma instituição conceituada, cujo trabalho é reconhecido internacionalmente, e que continuará a desempenhar suas funções como sempre fez. “O fato de perguntarmos sobre a variação de um dado é normal é já aconteceu anteriormente”, disse. O portal TerraBrasilis é uma plataforma web desenvolvida pelo Inpe para acesso, consulta, análise e disseminação de dados geográficos gerados pelos projetos de monitoramento da vegetação nativa do instituto, como o Prodes e o Deter: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/. Agência FAPESP

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Composto de planta brasileira combate leishmaniose e Doença de Chagas

Elton Alisson  – Um composto natural isolado de uma planta originária da Mata Atlântica, popularmente conhecida como canela-seca ou canela-branca (Nectranda leucantha), pode resultar em novos medicamentos para o tratamento da leishmaniose visceral e da doença de Chagas. Pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz constataram em um estudo apoiado pela FAPESP que substâncias derivadas de uma molécula da planta, pertencente ao grupo das neolignanas, são capazes de combater os parasitas transmissores dessas doenças que afetam milhões de pessoas no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Os resultados do trabalho foram publicados na revista Scientific Reports e no European Journal of Medicinal Chemistry. “Observamos que os compostos foram altamente potentes contra a Leishmania infantum, causadora da leishmaniose visceral, e o Trypanosoma cruzi, transmissor da doença de Chagas”, disse André Gustavo Tempone, pesquisador do Centro de Parasitologia e Micologia do Instituto Adolfo Lutz e coordenador do estudo, à Agência FAPESP. Os pesquisadores da instituição têm se dedicado nos últimos anos a identificar compostos provenientes da biodiversidade da Mata Atlântica que possam resultar no desenvolvimento de novos fármacos para combater doenças negligenciadas – causadas por agentes infecciosos ou parasitas e que afetam principalmente as populações mais pobres. Durante um projeto em colaboração com João Henrique Ghilardi Lago, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), foi possível isolar a neolignana. Já por meio de um projeto em colaboração com colegas da Ohio State University, também apoiado pela FAPESP, foi possível avaliar e comprovar o efeito do composto sobre células do sistema imunológico. Agora, em um projeto em colaboração com Edward Alexander Anderson, professor da Universidade de Oxford, da Inglaterra, também apoiado pela FAPESP na modalidade São Paulo Researchers in International Collaboration (SPRINT), foram sintetizados 23 novos compostos derivados da molécula. “Uma das limitações no desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento de doenças negligenciadas é encontrar parceiros para fazer a síntese dos compostos promissores. A colaboração com o grupo da Universidade de Oxford possibilitou darmos esse passo”, disse Tempone. Os pesquisadores avaliaram os efeitos dos compostos derivados da molécula em células de Leishmania infantum. Os resultados das análises indicaram que quatro deles se mostraram capazes de atingir a mitocôndria do parasita, que é um potencial alvo molecular de um fármaco para combatê-lo. Diferentemente de humanos, que podem ter até 2 mil mitocôndrias, a Leishmania infantum possui apenas uma, explicou Tempone. “Constatamos que os compostos tiveram uma forte atuação na mitocôndria desse parasita”, afirmou. Os compostos provocam um aumento abrupto do nível de cálcio no interior das células da Leishmania infantum. Essa alteração causa uma perturbação na mitocôndria do parasita, provocando sua morte. “Nossa hipótese é que os compostos interferem drasticamente na liberação do cálcio no interior das células e, dessa forma, prejudicam a principal fonte de armazenamento de energia do parasita, que é a ATP [adenosina trifosfato], produzida pela mitocôndria”, disse Tempone. Os compostos também interferiram no ciclo celular da leishmania, induzindo um mecanismo semelhante à morte celular programada e afetando a replicação do DNA. Efeitos similares também foram observados em ensaios com Trypanosoma cruzi. “Também verificamos que a mitocôndria do Trypanosoma cruzi sofre uma alteração logo no início da incubação dos compostos pelo parasita”, disse Tempone. Os pesquisadores pretendem, agora, otimizar os compostos, de modo a assegurar sua biodisponibilidade adequada no organismo. Essa etapa de avaliação da eficácia e segurança das moléculas é crucial para avançar para os estudos com animais, uma vez que mais de 90% dos compostos candidatos a fármacos testados in vitro (em células) falham nessa fase, explicou Tempone. “Estamos otimizando os compostos por meio da química medicinal para que possamos aumentar a taxa de sucesso nos estudos em modelo animal. Mas os compostos que obtivemos já são protótipos bastante promissores para combater a leishmaniose e atendem às recomendações da DNDi [organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos para doenças negligenciadas]”, disse Tempone. Uma das recomendações da iniciativa internacional é que os compostos promissores para o tratamento de doenças negligenciadas sejam fáceis de serem sintetizados. “A síntese dos compostos que estamos estudando é simples, feita em cinco etapas, e são baratos”, disse Tempone. O artigo A semi-synthetic neolignan derivative from dihydrodieugenol B selectively affects the bioenergetic system of Leishmania infantum and inhibits cell division (doi: 10.1038/s41598-019-42273-z), de Maiara Amaral, Fernanda S. de Sousa, Thais A. Costa Silva, Andrés Jimenez G. Junior, Noemi N. Taniwaki, Deidre M. Johns, João Henrique G. Lago, Edward A. Anderson e Andre G. Tempone, pode ser lido na Scientific Reports em www.nature.com/articles/s41598-019-42273-z. O artigo Dehydrodieugenol B derivatives as antiparasitic agents: Synthesis and biological activity against Trypanosoma cruzi (doi: 10.1016/j.ejmech.2019.05.001), de Daiane D. Ferreira, Fernanda S. Sousa, Thais A. Costa-Silva, Juliana Q. Reimão, Ana C. Torrecilhas, Deidre M. Johns, Claire E. Sear, Kathia M. Honorio, João Henrique G. Lago, Edward A. Anderson e Andre G. Tempone, pode ser lido por assinantes do European Journal of Medicinal Chemistry em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0223523419304040. Agência FAPESP

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Fim de semana do Parque de Dois Irmãos tem diversão garantida

O Parque Estadual de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, preparou uma série de atividades para a garotada que está em período de férias. A ação terá início amanhã e segue com o Domingo no Zoo, no dia 07/07, com o objetivo de se trabalhar a educação ambiental de forma lúdica com os pequenos e despertar a curiosidade sobre os animais do zoológico. A ação Domingo no Zoo já entrou no calendário do equipamento e se repetirá todos os primeiros domingos de cada mês. De acordo com a gerente de educação ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade - Semas, Janaína Macêdo, “queremos divulgar que o Parque é um espaço de aprendizagem, diversão e lazer, com atividades de educação ambiental voltadas para a sensibilização sobre o cuidado e o respeito à natureza”, ressaltou a gerente. No sábado (06/07), a dica é curtir as atividades de enriquecimento ambiental com os avestruzes e o tamanduá-bandeira, às 11h e às 15h30. A ideia é proporcionar ações mais complexas e interativas com os animais, como por exemplo a oferta de alimentos que estimulem a procura e a descoberta. O objetivo é despertar o comportamento das espécies como se elas estivessem no seu ambiente natural. Já no domingo, quem chegar ao Parque logo pela manhã, pode acompanhar a trilha para o açude do meio, das 10h às 11h. Com ao apoio de monitores, o visitante terá a oportunidade de saber mais sobre as espécies vegetais e admirar árvores que estão ameaçadas de extinção na natureza, como a sapucarana (Eschweilera alvimii) e o pau-brasil (Paubrasilia echinata). Durante o passeio, é possível visualizar os animais de vida livre que ocorrem na área, a exemplo de preguiças, capivaras e jacarés, que podem ser encontrados na unidade de conservação com mais de 1.150 hectares de remanescentes de Mata Atlântica. Às 10h30, haverá atividade com técnicas de falcoaria, que é uma forma de reabilitar as aves de rapina através do treinamento do voo para a captura de presas. Será na área do jardim, que fica ao lado da sede administrativa do parque. A programação da tarde contará com o espetáculo “Era uma vez no fundo do mar”, às 14h30, no auditório do equipamento. Com direção de Altino Francisco, o grupo Garagem Companhia de Teatro abordará o tema poluição marinha e o compromisso de cada cidadão com o descarte adequado dos resíduos plásticos. Durante o dia, também estão previstas atividades de enriquecimento ambiental com os macacos e as onças, às 11h e às 15h30, nos recintos de cada espécie. Para melhor atender os visitantes da Região Metropolitana e do interior do estado, o Parque de Dois Irmãos estará aberto todos os dias no mês de julho. SERVIÇO - PROGRAMAÇÃO DO PARQUE DE DOIS IRMÃOS - DIAS 6 E 7 DE JULHO SÁBADO Quando: 6 de julho - Visitação: 9h às 16h PROGRAMAÇÃO 11h - Enriquecimento Ambiental Animal: Avestruz Local: No recinto 15h30 - Enriquecimento Ambiental Animal: Tamanduá-bandeira Local: No recinto DOMINGO NO ZOO Quando: 7 de julho - Visitação: 9h às 16h PROGRAMAÇÃO: 10h - Trilha - Açude do Meio Local: Saída da sede administrativa do Parque 10h30 - Falcoaria Local: Jardim ao lado da sede administrativa 11h - Enriquecimento Ambiental - Primatas Animais: Macaco-aranha-de-testa-branca, macaco-aranha-de-cara-preta e macaco-barrigudo Local: Nos recintos 14h30 - Espetáculo “Era uma vez no fundo do mar” Local: Auditório – Sede administrativa do Parque 15h30 - Enriquecimento Ambiental - Felinos Animais: Onça-preta, onça-parda Local: Nos recintos Onde: Parque Dois Irmãos, Praça Farias Neves, s/n, Dois Irmãos, Recife - PE. Ingresso: Preço único de R$ 2,00 por pessoa - gratuito para visitantes com mais de 60 anos, crianças até 1 metro de altura e pessoas com deficiência com seus acompanhantes.

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Recife tem mais de 100 riachos, sabia?

Quem anda pelas ruas do Recife não se dá conta de que a cidade possui mais de 100 riachos urbanos. Mas esse desconhecimento não ocorre por acaso. Cortada por três grandes rios (Capibaribe, Beberibe e Tejipió), a cidade viu nas últimas décadas vários dos seus pequenos cursos d’água serem canalizados. Transformados em esgotos, alguns a céu aberto, eles são um dos primeiros lugares a alagar em dias de fortes chuvas. Integrantes do Grupo de Pesquisa de Recursos Hídricos da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) estudam, há 11 anos, a possibilidade de renaturalização e revitalização desses riachos. Revitalizar todos seria uma tarefa para 30 anos, na análise dos pesquisadores. No entanto, alguns trechos estão sendo priorizados no estudo para uma resolução de prazo mais curto. Os riachos do Parnamirim (que corta o bairro de mesmo nome), do Cavouco (que passa pela UFPE, na Várzea) e o do Sítio dos Pintos (vizinho à UFRPE, passando pelas comunidades de Sítio dos Pintos e do Córrego da Fortuna) são estudados para um projeto piloto de recuperação. De acordo com o engenheiro civil e professor da UFPE e da UPE (Universidade de Pernambuco), Jaime Cabral, a pesquisa avaliou a qualidade da água, fauna e flora, possibilidade de uso para transporte, estética, entre outros aspectos. “No século 19, os nossos rios e riachos eram respeitados. No século 20, com a priorização da cidade para o carro, eles foram massacrados. Hoje o nosso desafio é revitalizá-los e reverter esse processo que foi negativo para o Recife”, comenta o coordenador do grupo que tem integrantes com formação multidisciplinar. O especialista lembra que esse fenômeno não foi apenas local, mas que cidades do mundo inteiro passaram por experiências de canalização dos seus cursos d’água, chegando até a cobri-los com laje em alguns casos, como na Alemanha e França. Em muitos desses lugares, no entanto, o poder municipal conduziu um processo de reversão dessas medidas, devolvendo ao espaço público o seu leito natural. Poluídos, sem vegetação costeira e, na maioria das vezes, sem calçadas nas suas margens, esses riachos são invisíveis para a população enquanto ativos ambientais. Ou, ainda pior, são vistos apenas como local de destinação de lixo e dejetos e conhecidos pelo mau cheiro. Apesar do estágio de degradação elevado em que se encontram atualmente, Cabral chegou a fotografar quelônios (tartarugas ou cágados) no trecho do riacho ao lado do Shopping Plaza. Um sinal de que, mesmo diante de toda contaminação, ainda há vida neles. SEM ESGOTOS A transformação desse quadro, na análise de Cabral, perpassa principalmente por iniciativas de limpeza, educação ambiental e de intervenções urbanísticas que humanizem esses lugares. A construção de ciclovias e calçadas, a dotação de pequenas áreas com grama nas margens e o fim da descarga de esgotos nos canais são algumas das medidas reivindicadas pelo grupo de pesquisa. Parte delas já conta com articulações sólidas junto ao poder público e a iniciativa privada. O riacho que está em estágio mais avançado em proposições de intervenção é do Parnamirim, que tem cerca de um quilômetro de extensão correndo a céu aberto. As diretrizes desse projeto têm o objetivo de melhorar a calha de forma a auxiliar a drenagem das águas pluviais, qualificar o transporte de ciclistas e pedestres nas suas margens, recuperar a fauna e flora local, possibilitar uma área de lazer e criar um espaço de educação ambiental. O especialista avalia que se trata de um trecho com grande possibilidade de ser revitalizado. “Há condições muito favoráveis, passa por um lugar nobre da cidade. Seria muito bom conseguir deixá-lo com vegetação, possibilitando às pessoas caminharem nas suas margens. Há uma comunidade carente que mora no percurso do riacho, mas que foi contemplada com um habitacional construído na região”, conta o especialista sobre a comunidade Lemos Torres. O projeto contempla a área que começa na Rua Jerônimo de Albuquerque (que passa ao lado da Igreja de Casa Forte), cruza a Rua Samuel Lins (que é continuação da Rua da Harmonia), chegando à comunidade Lemos Torres e à rua do mesmo nome. Por fim, o riacho passa ao lado do McDonald’s, Shopping Plaza e deságua no Rio Capibaribe. Com essa extensão, não é difícil compreender o significado do seu nome em tupi: mar pequeno (paranã = mar e mirim= pequeno). Já houve uma reunião entre o grupo e a Compesa há dois anos para retirada do esgoto no trecho. Houve uma promessa da companhia para resolução do problema por meio da PPP do Saneamento, de acordo com o professor. Esse riacho, que dá nome ao bairro da Zona Norte, foi inclusive utilizado no século 17 pelos holandeses, na ocasião da Batalha de Casa Forte. Nas suas margens está também o Largo do Holandês, que é alvo de um movimento popular de revitalização do espaço, que fica na confluência das ruas Samuel Lins, bairro de Casa Forte, e Harmonia, em Casa Amarela. “O Riacho Parnamirim pode ser um projeto piloto de revitalização que pode posteriormente ser aplicado em outros riachos resgatando o meio urbano da cidade de Recife”, defende Jaime Cabral. Ele projeta fortalecer a defesa da revitalização desses cursos d’águas da capital pernambucana em sintonia com outros projetos de longo prazo, como o Recife 500 anos e o Parque Capibaribe. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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Mais crianças no espaço público faz bem para a saúde delas e da cidade

Uma pesquisa encomendada pela marca OMO investigou a rotina de 12 mil famílias em 10 países. O resultado? Cinquenta e seis por cento das crianças passam uma hora ou menos brincando ao ar livre. Esse tempo é menor do que o período dado a presidiários para os banhos de sol em cadeias de segurança máxima. Além de acarretar problemas no desenvolvimento das crianças, mantê-las muito tempo em ambientes fechados faz com que percam a relação com a cidade. Perde-se também o sentimento de pertencimento com o local onde vive. Não raro, especialmente os filhos da classe média, mal conhecem o bairro onde moram. Numa crônica publicada na Algomais, Joca Souza Leão destacou o espanto do primeiro encontro de seu neto, Pedro, com o Centro do Recife. "Como os meninos de classe média da sua idade, 10 anos, Pedro só conhecia os caminhos da escola, do clube, um ou outro parque, a praia de Boa Viagem, shoppings, aeroporto e saídas da cidade para o interior e litoral. De carro. E de bicicleta, com o pai, João, em algumas incursões pelas precárias ciclovias domingueiras", contou o cronista. A falta de segurança urbana é um dos principais motivos que leva os pais a resguardarem seus filhos entre quatro paredes. O engenheiro Leonardo Maranhão, por exemplo, diz que costumava fazer passeios com o filho, mas abandonou a atividade há um tempo: "eu poderia correr em um parque com ele. Mas a insegurança não deixa. Ele tem que ficar gradeado". Já a administradora de empresas Silvana Queiroz queixa-se da falta de áreas verdes na cidade. “Acho muito importante o contato com a natureza, porém não é fácil numa cidade como o Recife, com poucas praças e até mesmo porque a parte de areia da praia ficou muito restrita. Os pais realmente têm que ser criativos para estimular esta interação ou buscar alternativas”, lamenta. Mas urbanistas defendem que esses problemas devem ser enfrentados pela população. A arquiteta e urbanista Clarissa Duarte, professora e pesquisadora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) adverte que quanto mais gente na rua, mais segura ela se torna. Ela destaca o quão necessário é o esforço de todos para mobilizar e causar a mudança de hábito nas crianças. E um ponto de partida é deixar o automóvel na garagem: “se cada um de nós não tiver um pouco de coragem para ‘reconfigurar’ sua zona de conforto e passar a utilizar menos o transporte particular individual, as crianças jamais terão a oportunidade de perceber uma cidade diferente, mais coletiva, mais saudável e divertida”, defende a urbanista que leva seus filhos desde pequenos a pé ou de bike para a escola. Mas, ela mesma admite como foi difícil deixar o mais velho, Vicente, de 9 anos, ir para o colégio, sozinho e a pé, num trajeto de um quilômetro. "Ele me disse: Mãe! Não é você mesma quem diz que podemos ser assaltados em qualquer lugar? Mesmo dentro do carro ou entrando no portão de casa? Eu tô ligado!", relembra a urbanista. "Como o pai já havia concordado, só me restou encorajá-lo e testar a nova experiência urbana, que nada mais era do que a confirmação de que os milhares de dias indo a pé ou de bicicleta, com a nossa companhia, o preencheram de autoconfiança e do desejo de caminhar pela sua cidade". A jornalista Vanessa Bahé é outra mãe que costuma levar o filho Eduardo para a escola de bicicleta, desde o início de 2017. Aos poucos também tem dado mais autonomia para ele nas ruas. “Ele sente na pele a falta de cuidado com o pedestre e ciclista no nosso trânsito. Este ano passei a levá-lo na bicicleta dele, pois está crescendo. Vou ao lado dele na via e, como não temos uma ciclovia na cidade, usamos uma faixa de carro mesmo. Sinto que muita gente respeita quando vê que estou acompanhando uma criança, mas, vez ou outra, alguém buzina para ultrapassar a todo custo”, relata. Apesar dos percalços, Vanessa e o filho continuam usando o modal e acreditam na mudança: “quanto mais pessoas usarem a bicicleta, mais consciência terão. Isso é um processo de construção. Torço para que essa relação carro, transporte público e bicicleta seja saudável e todos se respeitem”. MENOS CARROS Assim como Vanessa, muitos ativistas e urbanistas torcem para que aumente o número de pessoas que levam seus filhos a utilizar as ruas e que esse movimento estimule políticas para assegurar espaços públicos seguros e de qualidade. Uma experiência com bons resultados foi a Ciclofaixa de Turismo e Lazer, projeto da Prefeitura da Cidade do Recife que oferece nos fins de semana e feriados 36,5 km de faixa exclusivas para as bicicletas. A iniciativa, segundo a PCR, conquistou a adesão de uma média de 17 mil pessoas por dia, muitas delas pessoas de classe média que, pela primeira vez, pedalaram na cidade com seus filhos. Na verdade, a dependência dos veículos motorizados, um costume desenvolvido nos centros urbanos dos séculos 20 e 21, diminui a utilização das ruas, dando espaço para as quilométricas filas de carros vistas diariamente no trânsito da cidade. A Nova Agenda Urbana, desenvolvida na Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável – Habitat III partiu com a ideia de promover a mobilidade urbana sustentável ligada às temáticas de idade e gênero, atreladas ao desenvolvimento territorial. Para Clarissa, a chamada mobilidade ativa estimula a humanização das ruas. “Além de ser mais saudável para todos, caminhar ou pedalar oferece a oportunidade de observar, conviver e trocar experiências com pessoas diferentes de si e é uma das principais chaves para a conquista de uma cidade mais justa e sustentável”, observa a urbanista. “Se apenas vivemos limitados aos espaços de nossas casas, condomínios, escolas, clubes e shoppings, não temos a chance de conhecer outras realidades, pessoas de classes sociais diferentes, com necessidades e gostos distintos dos nossos. A rua é o espaço da troca por excelência, e estar na rua (fora de um carro!) nos ensina a ser mais respeitosos e cuidadosos

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Workshop Mangue e Sustentabilidade

A equipe do Projeto EducaOcean, do Departamento de Oceanografia da UFPE, Campus Recife, oferece o Workshop Mangue e Sustentabilidade, de 16 a 20 de janeiro. Haverá programação no Centro de Estudos e Ensaios em Risco e Modelagem (Ceerma), no Campus Recife da UFPE, além de uma atividade de prática externa. As inscrições estão abertas, pela internet, até o dia 15 de janeiro, ou presencialmente no Ladim/Departamento de Oceanografia, até o dia 16 de janeiro. A iniciativa considera a grande importância ambiental do ecossistema de manguezal e a atual urgência de entendimento e preservação. O principal objetivo é abordar conteúdos referentes ao manguezal e aos ambientes costeiros correlacionados – estuários e praias – de modo construtivo, acrescendo diferentes aspectos oceanográficos ao longo do evento. O enfoque é trabalhar os aspectos práticos (problemáticas e soluções) do ambiente de mangue e áreas relacionadas, utilizando-se da Oceanografia para desenvolver as diferentes correlações e complexidades existentes nos ambientes levantados – ecológicas, ambientais, econômicas e sociais. O valor da inscrição varia de R$ 15,00 a R$ 30,00. Alunos da UFPE, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Uninassau podem ter desconto – para mais informações, é necessário contatar a organização do evento. O workshop será certificado com carga horária de 20 horas. Mais informações projetoeducaocean@gmail.com

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