Arquivos Urbanismo - Página 72 De 99 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Urbanismo

Pesquisadores explicam trajetória do “rio de fumaça” que escureceu São Paulo

Dois sistemas que permitem o monitoramento de poluentes atmosféricos – desenvolvidos nas últimas duas décadas com apoio da FAPESP – estão ajudando cientistas a entender fenômenos raros observados na cidade de São Paulo na última segunda-feira (19/08): o escurecimento repentino do céu no meio da tarde e a chuva acinzentada observada logo depois em algumas partes da Região Metropolitana. Ainda no domingo (18/08), uma intensa pluma de material particulado com mais de 3 mil metros de altitude foi detectada por uma equipe do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) por meio do sistema Lidar, do Centro de Lasers e Aplicações (CLA). Posteriormente, com auxílio de imagens de satélites da Nasa – a agência espacial norte-americana – e de um modelo que prevê a trajetória percorrida por massas de ar, os pesquisadores concluíram se tratar de partículas provenientes de queimadas ocorridas nas regiões Centro-Oeste e Norte, entre Paraguai e Mato Grosso, abrangendo trechos da Bolívia, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Acrônimo para light detection and ranging (detecção de luz e medida de distância), o Lidar é um radar de laser que permite o sensoriamento remoto ativo da atmosfera para a detecção de poluentes. Vem sendo desenvolvido desde 1998 por Eduardo Landulfo, por meio de vários projetos  financiados pela FAPESP. “O sistema ilumina o céu e as partículas presentes na atmosfera refletem a luz, que captamos com um telescópio. Ao analisar esse sinal, conseguimos identificar o tipo de partícula e a distância da superfície em que ela se encontra”, explicou Landulfo. Segundo o pesquisador, a pluma de poluição começou a pairar sobre a Região Metropolitana de São Paulo entre 4 e 5 horas da tarde de domingo – resultado de queimadas que ocorreram muito provavelmente de quatro a sete dias antes. Como explicou Saulo Ribeiro de Freitas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a massa de ar poluído gerada pelas queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste geralmente é empurrada a 5 mil metros de altitude por ventos que sopram do Atlântico para o Pacífico (de leste para oeste), até esbarrar na Cordilheira dos Andes. A fumaça começa então a se acumular sobre o leste do Amazonas, Acre, Venezuela, Colômbia e Paraguai – até que o chamado sistema anticiclone, com ventos que circulam a 3 mil metros de altitude no sentido anti-horário, começa a transportar a massa poluída na direção sul, margeando os Andes. “O que ocorreu no início desta semana foi a convergência dessa massa de ar poluído que vinha do norte com uma frente fria vinda do sul. Os ventos convergiram e fizeram o rio de fumaça se curvar em direção à região Sudeste. Além da fuligem, outros poluentes presentes na atmosfera – como monóxido de carbono, dióxido de carbono, ozônio, óxido nitroso e metano – interagiram com as nuvens trazidas pela frente fria e potencializaram a formação de smog [termo em inglês que representa a mistura entre fumaça e neblina]”, disse. O transporte atmosférico de emissões de queimada sobre a América do Sul vem sendo monitorado no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe desde 2003, por meio do sistema CATT-BRAMS (Coupled Aerosol and Tracer Transport model to the Brazilian developments on the Regional Atmospheric Modelling System), desenvolvido por Freitas em colaboração com Karla Longo e Luiz Flávio Rodrigues (ambos do Inpe) e com apoio da FAPESP. “Trata-se de um produto pioneiro que faz previsão para até três dias da qualidade do ar e que tem sido adotado em vários centros do mundo, entre eles o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos”, contou o pesquisador. As previsões da qualidade do ar feitas no CPTEC podem ser consultadas diariamente pelo endereço http://meioambiente.cptec.inpe.br. Nas imagens obtidas pelo modelo BRAMS (foto) é possível ver que no dia 16 de agosto o “rio de fumaça” descia no sentido sul, atingindo Porto Alegre (RS) e parte da Argentina. Aos poucos, vai sendo desviado para o Sudeste e, no dia 20 de agosto, já cobre boa parte do Estado de São Paulo. De acordo com o professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Artaxo, durante sua trajetória rumo à região Sudeste, a pluma das queimadas interagiu com o vapor d’água na atmosfera, alterando as propriedades das nuvens. “As partículas funcionam como núcleo de condensação da água. Assim, gotículas de chuva menores são formadas, mas em grande quantidade e isso faz com que uma maior parte da radiação solar seja refletida de volta para o espaço, a ponto de escurecer o solo, como aconteceu no último domingo”, disse. Segundo Freitas, a chuva de cor acinzentada também foi resultado dessa interação da fuligem com as nuvens. “A fumaça entranhou nas gotículas de chuva, sendo depois depositada na superfície da cidade de São Paulo”, disse. Trata-se de um fenômeno esperado do ponto de vista da química atmosférica, afirmou Artaxo, e não deve causar alarde. “Essa chuva não faz mal para as pessoas. Apenas caiu de uma nuvem com alta influência de queimadas”, disse. Análises feitas com uma amostra da água turva colhida na Zona Leste da capital pela bióloga Marta Marcondes, professora da Universidade Municipal de São Caetano (USCS), revelaram uma quantidade de sulfetos 10 vezes maior que a média normalmente observada em águas pluviais. “Essas substâncias normalmente estão relacionadas com a queima de biomassa e de combustíveis fósseis. Também chamou a atenção a grande quantidade de material particulado que ficou presa no filtro e a turbidez sete vezes maior que o normal”, disse. Pesquisadores do Instituto de Química da USP identificaram na água da chuva a presença de reteno, substância proveniente da queima de biomassa e considerada um marcador de queimadas. O estudo foi coordenado pela professora Pérola de Castro Vasconcellos. A boa notícia, segundo os especialistas, é que, como a pluma de poluição estava a mais de 3 mil metros da superfície, não chegou a comprometer a qualidade do ar na capital paulista. De fato, monitores da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) indicaram boas condições na última semana.

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Livro desvenda história dos teatros e casas de espetáculos do Recife

“Teatro em cena – edifícios e casas de espetáculos do Recife” é o tema do livro de autoria da arquiteta pernambucana, Luiza Andrada, que será lançado no dia 22 de agosto, às 18h, na Livraria Jaqueira. Na ocasião, a autora faz uma breve explanação da publicação que traz um levantamento tipológico dos edifícios e salas de espetáculos do Recife a partir do século XIX apresentando as variações das edificações, hierarquias e sua relação com o contexto urbano, o período histórico e a sociedade que produziu esse rico patrimônio material da capital pernambucana. A obra foi escrita com base no trabalho de pesquisa desenvolvido na graduação em Arquitetura e Urbanismo, na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), em 2012, sob a orientação da professora e arquiteta, Amélia Reynaldo, e só agora será lançada com o incentivo do Fundo de Incentivo à Cultura do Estado de Pernambuco (Funcultura) e produção executiva assinada por Clarisse Fraga, do Bureau de Cultura. De acordo com a autora, a escolha do tema se deu devido à importância dos edifícios e salas de teatro, e à singularidade destes exemplos enquanto tipologia. Além disso, ela destaca a carência de estudos mais aprofundados e específicos sobre as edificações, mesmo sendo algumas delas protegidas por uma legislação que, na teoria, garante a preservação. “É notória a necessidade de difusão desse conhecimento dos prédios culturais da cidade. E o livro é uma forma de ampliar esse conhecimento e contribuir para a sua preservação e valorização”, considera Andrada. Na pesquisa elaborada pela autora, ficou demonstrado que o teatro sempre teve uma grande aceitação por parte do público recifense desde as primeiras encenações ao ar livre, até os dias de hoje. Uma citação da atriz Geninha da Rosa Borges atesta: “O século passado tinha um interesse muito vivo pelos espetáculos cênicos, a ponto até de alguns particulares, inclusive escritores, manterem palcos próprios em suas residências, encenando peças em família”. Em Pernambuco, as primeiras manifestações teatrais eram apresentadas ao ar livre, pelas ruas antigas de Olinda e Recife. Apenas em 1722, o Recife passa a contar com um teatro permanente, com a construção da “Casa da Ópera”, denominada depois de Teatro São Francisco, demolido em 1850. Depois, com a chegada dos cinemas no Recife, em 1895, várias casas de espetáculo foram utilizadas nos primeiros anos para exibição cinematográfica. O Teatro de Santa Isabel foi um dos que funcionou como cinema. Depois houve a proliferação de cines-teatros como o Pathé e o Royal, na Rua Nova, e o Polytheama, na Barão de São Borja. Em meados do século XX, após muitas casas de espetáculos serem transformadas em cinemas e igrejas de cultos evangélicos, houve um crescente esvaziamento das edificações. Edifícios próprios para teatros implantados em lotes urbanos não foram mais construídos. E o que se predomina atualmente são as salas construídas como um espaço dentro de outros edifícios, como por exemplo, o Centro de Convenções de Pernambuco. Em “Teatro em cena – edifícios e casas de espetáculos do Recife”, o leitor se depara com um verdadeiro apanhado histórico, onde é possível identificar os edifícios e casas de espetáculos existentes e demolidas, ao longo dos séculos XIX e XXI, num total de 44 teatros, sendo 29 construídos de fato para exibição de espetáculos e 12 como um espaço de apresentações artísticas dentro de outros edifícios. A relação contempla desde o mais antigo, o Teatro Apolo (1840), até a última edificação neste período, o Luiz Mendonça (2011). Outros 3 teatros que são: Ideal Cinema, Dramático e Faz que Olha foram listados, porém não foi possível identificar as datas de construção por falta de registros que comprovem. A idéia da autora foi fazer uma relação do contexto urbano no qual a sociedade recifense estava inserida no final do século XIX e início do XX, quando a cidade vivia um crescimento, uma efervescência social, política e intelectual, onde se buscava novas formas e espaços de convivência que sofriam influência de aspectos culturais de países europeus, especialmente a França. E a construção de teatros traria a modernidade desejada à época. “Ir a uma casa de espetáculos era um novo acontecimento social, um evento importante onde às pessoas podiam ver e ser vistas”, destaca Luiza Andrada. Na publicação, a autora identifica as duas categorias de teatros existentes que são os que foram construídos para a finalidade e as salas de espetáculos localizadas dentro de outro edifício, como parte do programa arquitetônico. No entanto, do total de teatros listados no livro, o foco foi dado à categoria dos que possuem edificação própria, contemplando 17, sendo que 13 ainda existem e 4 foram demolidas. São 15 edifícios construídos e 2 localizados ao ar livre, são eles: Apolo, Santa Isabel, Valdemar de Oliveira, Parque, Hermilo Borba Filho, Sítio da Trindade, Joaquim Cardozo, Maurício de Nassau, Luiz Mendonça, Barreto Júnior, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Concha Acústica da UFPE e Arraial, e os demolidos Cineteatro Pathé, Cineteatro Royal, Teatro Polytheama e Cineteatro Moderno. A obra também mostra que a maior parte das casas de espetáculo do Recife localiza-se relativamente próxima e em locais com grande fluxo de pessoas. As construções estão em áreas privilegiadas, perto de lagos, praças e ruas movimentadas. E que a maior concentração de edifícios e salas de teatro está no centro da cidade, enquanto as casas de espetáculos mais recentes estão mais distantes do centro. O projeto do livro, um rico documento de preservação e identidade cultural do Recife, é direcionado a arquitetos, historiadores, engenheiros, gestores e produtores culturais, estudantes, professores, profissionais das artes cênicas e ao público em geral interessado na arquitetura e história dessas edificações. “Pelo levantamento de dados que contêm é uma importante fonte para projetos de restauro e conservação dos equipamentos culturais da cidade. Além de ser uma guarda da memória dos edifícios que já foram demolidos, valorizando o patrimônio material do Estado”, aponta a produtora, Clarisse Fraga. Cada exemplar é acompanhado de um QR code com a versão em pdf acessível do livro. SERVIÇO: Lançamento Livro: Teatro em Cena, de autoria da arquiteta Luiza Andrada

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Mostra de cinema ambiental do Recife – MARÉ movimenta equipamentos ambientais da cidade

Promover a reflexão crítica sobre o meio ambiente e o engajamento socioambiental no Recife através da exibição de filmes é a proposta da 4ª edição da MARÉ – Mostra Ambiental do Recife – que será realizada entre os dias 25 e 31 de agosto com sessões gratuitas no Jardim Botânico, Econúcleo Jaqueira, Escola Municipal José da Costa Porto, Cais do Imperador e Cinema São Luiz. A iniciativa é incentivada pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS). Serão exibidos 30 filmes, entre curtas e longa-metragens, baseados em três eixos temáticos: Ecossistemas & Biodiversidade, Cidades & Conflitos e Povos & Territórios. O produtor cultural Rafael Buda, coordenador da mostra, conta que o projeto integra filmes pernambucanos e nacionais e alerta para um debate sobre as novas tecnologias que podem contribuir para a questão ambiental no município. A websérie Cidade Plástica, que aborda o consumo consciente do uso plástico, integra a lista de lançamentos nesta edição. Os episódios reúnem depoimentos de pessoas que trabalham para o desenvolvimento sustentável no Recife, como Erica Vidal de Negreiros, analista de desenvolvimento ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade. “Dentro do circuito nacional de festivais ambientais, Recife está no roteiro dos principais com a execução da MARÉ e consolida uma perspectiva de trabalhar a consciência ambiental utilizando os novos meios de comunicação na cidade”, ressalta Rafael Buda, coordenador da mostra. O Jardim Botânico do Recife sedia a abertura da mostra de cinema ambiental no domingo (25), a partir das 11h, com sessão infantil dos curtas Fazenda Rosa (PE), Plantae (RJ), O Malabarista (GO), Viagem na chuva (GO) no auditório. Às 14h, os visitantes participam de Sessão Ambiental com temática Povos & Territórios, Maré (BA), Fantasia de índio (PE), A era de Lareokotô (PE). Na segunda-feira (26), o Cinema São Luiz recebe o lançamento nacional do documentário Chão, dirigido pela carioca Camila Freitas, sobre o cotidiano de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em Goiás, às 20h. Na terça-feira (27), os estudantes da Escola Municipal José da Costa Porto, localizada na Ilha Joana Bezerra, recebem uma tela inflável para a Sessão Escola, a partir das 15h. As sessões dos dias 28 e 29 prometem surpreender o espectador. Mais de 100 adesivos de QR Codes serão espalhados em parques, bares e restaurantes, livrarias, universidades, paradas de ônibus, metrôs, academias, livrarias, possibilitando a exibição de curtas de até 5 minutos através de dispositivos mobile, como celular e tablet. Na sexta-feira (30) será a vez do Econúcleo Jaqueira sediar a Sessão Parque, a partir das 19h, com exibição de cinco curtas ambientais, entre eles, Travessia, que retrata a história de Seu Mita e a relação com o rio Capibaribe. O encerramento da MARÉ, no dia 31, vai ocupar o Cais do Imperador, a partir das 18h30, com Sessão Ambiental baseada no tema Ecossistemas & Biodiversidade, seguido por caminhada com a EletroBike, projeto do VJ e DJ Mozart que conta com uma bike adaptada com som e projeção, em direção ao Marco Zero, com projeções de intervenções ambientais e música. “É importante estimular a consciência ambiental por meio de exibição de filmes para refletirmos sobre temas da realidade brasileira e mundial que atingem o meio em que vivemos. Trabalhar a temática ambiental da forma mais ampla é uma ferramenta fundamental para a mudança comportamental”, destaca o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Neves Filho. A expectativa desta edição é reunir mais de 3 mil pessoas durante os 7 dias de exibição, sendo cerca de 1 mil pessoas engajadas através dos QR Codes espalhados pela cidade. No Jardim Botânico, os filmes serão exibidos no auditório com capacidade para 50 pessoas, enquanto o Econúcleo Jaqueira dispõe de toda a estrutura sustentável para acomodar cerca de 50 visitantes. Para a Escola Municipal José da Costa Porto, o coordenador da mostra Rafael Buda levará uma tela inflável e, no Cais do Imperador, a sessão será ao ar livre, com capacidade para cerca de 100 pessoas, quando serão disponibilizadas cadeiras e as escadas servirão de arquibancada para quem for curtir os filmes. Para assistir as sessões gratuitas, voltadas para público de todas as idades, basta se dirigir ao local com antecedência (sujeito a lotação). Sobre a MARÉ – Mostra Ambiental do Recife A Mostra Ambiental do Recife (MARÉ) é uma ação que combina história, cultura, meio ambiente e cidadania. Sendo um festival de cinema, seu carro chefe é a exibição de filmes que dialogam com a temática ambiental e estimulam a reflexão crítica dos espectadores. O projeto tem os objetivos de articular diferentes linguagens artísticas como o cinema e artes visuais no diálogo com o meio ambiente; sensibilizar a população em geral sobre problemáticas ambientais atuais e a necessidade do engajamento social e o papel da população para superação desses conflitos; estimular jovens estudantes a refletirem e incorporarem seu olhar sobre o meio ambiente na produção audiovisual; realizar como intervenção ambiental sessões de QR Code por toda cidade do Recife, dentre outros. A programação é toda gratuita e voltada para o público de todas as idades, sendo necessário chegar ao local de exibição com antecedência (sujeito a lotação). Confira a programação completa MARÉ 2019 : 25/08 – Jardim Botânico do Recife 10h – Atividade de Bem-estar: Yoga e Meditação Instrutora: Ruth Melo 11h – Sessão Infantil (43min) Fazenda Rosa (PE, 2018, 9’), de Chia Beloto Sinopse: Sinopse: Erasto Vasconcelos, o poeta da percepção da vida, de como ela é tão bem usada em nosso planeta, faz eco dos bichos do dia e da noite, dos peixes do rio, dos pássaros, dos bichos do mangue, das árvores e suas frutas, do que se planta para comer, das personagens que nos cantam e das cantigas de roda. Plantae (RJ, 2017, 10’), de Guilherme Gehr Sinopse: Ao cortar uma grande árvore no interior da floresta amazônica, um madeireiro contempla uma inesperada reação da natureza. Uma reflexão sobre as consequências irreversíveis do desmatamento e da subjugação dos humanos aos demais seres da Terra. O Malabarista (GO, 2018, 11’), de Iuri

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Manguebeat despertou a consciência ambiental

“Emergência! / Um choque rápido ou o Recife morre de infarto! / Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruindo suas veias. / O modo mais rápido, também, de enfartar e esvaziar a alma de uma cidade como o Recife é matar seus rios e aterrar os seus estuários (…)” A acidez do texto do manifesto Caranguejos com cérebro demonstra o cenário de desvalorização do mangue e a inércia criativa, econômica e cultural da cidade, no qual os jovens recifenses estavam imersos no período. O manguebeat, para muitos analistas, surge como uma resposta contundente àquela realidade, com o intuito de devolver o ânimo e reavivar o orgulho dos cidadãos da capital pernambucana. “Foi como se destampasse uma panela de pressão, havia toda uma energia reprimida no Recife. Era uma cidade morta no mapa, foi como se toda essa energia explodisse de uma vez só e isso contaminou, ou melhor, energizou todas as outras áreas da cidade”, relembra Renato L., jornalista e um dos expoentes do movimento. Renato L., o ministro da Informação do Manguebeat (título conferido por Chico Science), conta que sempre fez parte do movimento uma preocupação com o então estado da cidade e que aquela realidade incomodava todos os integrantes da cena. “O mangue surge como uma espécie de resposta à situação do Recife enquanto cidade. Tanto o punk como o hip hop trabalham muito nas letras a realidade ao redor e ambos foram muito fortes nas influências do movimento. A letra de A Cidade é preciosa para definir o que toda cidade brasileira sofre, de crescimento desigual”, esclarece o ex-secretário de Cultura. “Isso modificou a percepção do recifense e as pessoas passaram a olhar a cidade de outro jeito. O próprio termo mangue passou a chamar a atenção para o meio ambiente na época”, destaca Renato. A partir da explosão do manguebeat, lembra o jornalista, a população passou a ser tomada por uma série de novos sentimentos, como o de orgulho, tanto do ecossistema quanto de ser recifense, em contrapartida à antiga síndrome de patinho feio que assolava os moradores. “Recife foi apelidada da Seattle brasileira, por conta do Nirvana. Realmente, estava acontecendo muita coisa na cidade naquela época” destaca Hugo Montarroyos, fã das bandas. Dengue, baixista da Nação Zumbi, destaca que o movimento impactou outras localidades, provocando uma maior união entre seus habitantes. “Naquela época, os bairros se uniram mais. Lembro que éramos de Rio Doce, em Olinda, e tinha gente de Peixinhos, Candeias (Jaboatão dos Guararapes) e do próprio centro do Recife, além de pessoas de outros lugares, como Casa Amarela e o Alto José do Pinho. As partes das cidades se conheceram, trocaram experiência e já está na hora disso voltar a acontecer”, instiga o músico. . . Uma união que se reflete na característica do movimento de acolher diferentes ritmos. Ao contrário dos outros grandes movimentos da música popular brasileira, o manguebeat não se caracterizou por um padrão musical, mas o que unia os componentes da cena era uma noção coletiva, é o que explica Fred Zero Quatro, líder do Mundo Livre S/A e uma das cabeças à frente da cena. “O que conectava todo mundo, era um sentimento comum, uma postura de amor à diversidade. Vem daí essa alegoria com o manguezal, que é o ecossistema berçário de quase todas as espécies marítimas”, explicou. “Há, então, essa alegoria da diversidade ecológica com a diversidade cultural, e toda uma vontade de valorizar o espontâneo, a riqueza contida no multiculturalismo”, completou. Toda essa analogia com o ecossistema acabou também por despertar na população local o sentimento de valorização dos manguezais que até então era desprezado. “Antigamente havia uma visão do mangue como um local sujo, insalubre, fétido, cuja única função era o aterramento para a construção de novos imóveis e isso mudou”, constata André Galvão, que era editor da editoria de Cidades do Jornal do Commercio na época. O jornalista assistiu de perto a essa transformação, impulsionada também por organizações não governamentais e pelos veículos de comunicação. “A população hoje em dia quer conhecer o outro lado da cidade, o lado do mangue, o lado da lama e isso não seria possível sem a atuação das ONG’s, o forte apoio da imprensa e, sobretudo, a revolução cultural encabeçada por Chico Science e Fred Zero Quatro”, evidencia Galvão. “Você não tem como desatrelar uma coisa da outra, porque ao cantar sobre o mangue, ou gravar um clipe no estuário, ou conceder uma entrevista falando sobre o manguezal, as pessoas começaram a se interessar e a entender a importância do mangue para a cidade”, analisa o jornalista. O manguebeat, culturalmente, chamou a atenção da cidade para o estuário e também revigorou o movimento ambientalista, segundo Galvão. “Foi um processo de retroalimentação”, conclui. A ideia de que as letras ácidas com temática urbana sobre a realidade recifense acabaram por influenciar ativistas ecológicos é compartilhada por pessoas do movimento como Renato L. “Quando rolou essa movimentação do Ocupe Estelita, muitos anos depois da cena mangue, conheci muitas pessoas que acamparam lá no Cais, e os mais velhos me disseram que circulou ali o mesmo tipo de energia que eles sentiam na explosão do manguebeat, como se mais uma vez a cidade estivesse viva”, detalhou. É, parece mesmo que num dia de sol, Recife acordou com a mesma energia do dia anterior. *Por Yuri Euzébio, da Revista Algomais (redacao@algomais.com)   VEJA MAIS 25 Anos depois: qual a herança da cena mangue? 

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Fundaj se posiciona contra construção de Atacado dos Presentes

O presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos, oficiou o prefeito do Recife Geraldo Julio ressaltando as consequências da possível construção de uma unidade do Atacado dos Presentes no terreno de 12,1 mil metros quadrados na esquina no Poço da Panela, Zona Norte do Recife. O pedido foi feito levando em consideração o projeto que autoriza a construção da loja na área, atualmente em trâmite na Prefeitura do Recife e aprovado em algumas instâncias. No documento, Antônio Campos explica: “Em nossos 70 anos de atuação, em comemoração no mês corrente, nosso maior presente é oferecer, em especial, aos recifenses um espaço de convivência cultural. Para isso, estamos projetando transformar nossa sede em um grande complexo cultural, com cinema cinemateca, pinacoteca, museu, galerias de exposições.” Ao tomar conhecimento da construção na vizinhança da Fundaj, o presidente confessou temer o impacto do empreendimento comercial em detrimento ao empreendimento cultural da Cidade. O presidente explicou que a Fundação está constituindo uma comissão de especialistas para acompanhar o tema. “Solicitamos que seja disponibilizado para a Fundaj todos os estudos de impacto ambiental e cultural do empreendimento comercial, bem como seja debatido na sociedade os efeitos do funcionamento de uma loja de 12,1m² num dos bairros mais tradicionais do Recife, e de relevância ambiental e cultural da nossa Cidade.“ O bairro do Poço da Panela integra a Área de Reestruturação Urbana, que traça restrições para novas edificações. A carta menciona ainda que, no campus de Casa Forte, está localizado o centenário imóvel Casarão do prédio “velho” (ex-Hospital Magiot), que pertenceu a Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, cujo processo para tombamento federal está em análise de instrução por nossos pesquisadores. Confira a carta na íntegra: “Em nossos 70 anos de atuação, em comemoração no mês corrente, nosso maior presente é oferecer, em especial, aos recifenses um espaço de convivência cultural. Para isso estamos projetando transformar nossa sede em um grande complexo cultural, com cinema, cinemateca, pinacoteca, museu, galerias de exposições. Será um expressivo polo cultural da Cidade do Recife. Ainda, é oportuno registrar que em nossa propriedade está localizado o centenário imóvel Casarão do prédio “velho” (ex-Hospital Magiot), que pertenceu a Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, cujo processo para tombamento federal está em análise de instrução por nossos pesquisadores. Ao tomarmos conhecimento, pelos jornais, da construção de uma grande loja em nossa vizinhança tememos que o impacto do empreendimento comercial coloque em risco nosso empreendimento cultural. Pelo exposto, solicitamos que seja disponibilizado para a Fundaj todos os estudos de impacto ambiental e cultural do empreendimento comercial, bem como seja debatido na sociedade os efeitos do funcionamento de uma loja de 12,1m² num dos bairros mais tradicionais do Recife, e de relevância ambiental e cultural da nossa Cidade. Esta Fundação está constituindo uma comissão de especialistas para acompanhar o tema. Atenciosamente, Antônio Campos, presidente da Fundaj”

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A cidade tropical dos 5 km por hora (por Francisco Cunha)

Convidado pela antropóloga Fátima Quintas para fazer a palestra do mês de julho de 2019 do Seminário de Tropicologia, na Fundação Joaquim Nabuco, falei sobre a cidade tropical dos 5 km por hora, aquela em que o pedestre deve ser a principal prioridade, já que, como diz o comercial, “na cidade todos somos pedestres”. Comecei fazendo a distinção entre a cidade dos 5 km/h (orientada para o pedestre) e a cidade dos 60 km/h (orientada para o carro). Comentei que, infelizmente, a nossa cidade (o Recife), assim como a grande maioria das cidades ao redor do planeta, terminou, ao longo do Século 20, sendo desenhada pelo e para os veículos individuais motorizados (os automóveis), a despeito do fato desses veículos só terem começado a fazer parte da história das cidades no último minuto de um hipotético relógio (12 horas) de sua existência (100 anos do automóvel x 6.000 anos de história das cidades). Para comprovar isto basta tentar caminhar pelas calçadas das nossas cidades ou, no caso do Recife, tentar atravessar uma rua usando a faixa de pedestre, mesmo com o sinal aberto para si. Vai verificar que praticamente nenhum motorista que estiver virando à direita ou à esquerda na rua perpendicular respeita a preferência legal e absoluta do caminhante. Não raro, acelerando o veículo para dissuadi-lo da travessia antes da passagem do carro, o que constitui falta gravíssima (pela ameaça à vida do pedestre), punível, além da multa, com a suspensão do direito de dirigir… Em se tratando das cidades tropicais, como é o caso do Recife (na verdade, quase equatorial, com o sol a pino), é indispensável também a sombra para o caminhante diurno. E sombra diurna significa arborização farta e frondosa, nunca ojeriza a árvores. Citei também uma frase do prefeito de Bogotá (Colombia), Enrique Peñalosa que, depois de lida, parece absolutamente óbvia: “Devemos pensar em cidades para os mais vulneráveis, para as crianças, os idosos, os que se movimentam em cadeiras de rodas, para os mais pobres; se a cidade for boa para eles, será também para os demais.” Cidade boa para os mais vulneráveis, entre os quais se inclui o pedestre, exige também trânsito acalmado e velocidades reduzidas como está sendo seguido à risca nas cidades mais desenvolvidas do mundo como Londres, Paris, Nova York. O Recife, cidade tropical, precisa aprender com as cidades temperadas civilizadas!

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Mais Vida nos Morros concorre ao Prêmio de Gestão Municipal da CNM

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) anunciou as 30 iniciativas pré-finalistas do Prêmio MuniCiência – Municípios Inovadores, ciclo 2019-2020. Todas as regiões do país participam da disputa, conforme o previsto no regulamento. Entre os estados com maior número de representantes estão Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. A Prefeitura do Recife é representado na lista pelo programa Mais Vida nos Morros, que é coordenado pela Secretaria de Inovação Urbana. De Pernambuco, concorrem ainda ao prêmio Programa Controlador Mirim, de São Lourenço da Mata (na categoria de médio porte) e o Projeto resgatando a cidadania através da destinação correta do nosso lixo, da Prefeitura  Santa Cruz da Baixa Verde (na categoria de municípios de pequeno porte). O Prêmio MuniCiência está na terceira edição e desta vez teve 235 inscrições (homologadas), entre consórcios municipais e Prefeituras. A proposta é identificar, reconhecer e compartilhar iniciativas municipais inovadoras e transformadoras, com impactos positivos na administração pública e para a sociedade. Iniciativas de todas as regiões do país foram selecionadas para a próxima fase.

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Governo de Pernambuco avança com a 1ª Adutora Interestadual para o Agreste

O presidente da Compesa, Roberto Tavares, cumpriu agenda nesta sexta-feira (9), no interior, realizando visitas de inspeção das obras de saneamento em execução pelo Governo Estado. Na agenda desta semana, ele inspecionou a obra da Adutora do Alto Capibaribe, em Barra de São Miguel, na Paraíba, e a obra de esgotamento sanitário no município de Santa Cruz do Capibaribe. Acompanhado do diretor Técnico e de Engenharia da Compesa, Rômulo Aurélio, e de técnicos, Tavares esteve no trecho de captação no Rio Paraíba, distante quase 50 km da cidade de Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco. Um empreendimento de R$ 85 milhões, que irá transportar água da Transposição do Rio São Francisco para nove cidades do Agreste pernambucano e um município da Paraíba, Barra de São Miguel. “Estamos acompanhando de perto o andamento da obra para organizar a visita que deverá ser feita pelos governadores Paulo Câmara, de Pernambuco, e João Azevedo, da Paraíba. Já foram assentados quase 50% das tubulações, de um total de 70 quilômetros de extensão. Estamos acelerando o ritmo das ações para que possamos entregar a adutora no primeiro trimestre do ano que vem”, informa Tavares. A Adutora do Alto Capibaribe é uma das obras hídricas estruturadoras pensadas pelo Governo Paulo Câmara para antecipar a chegada da água da Transposição do Rio São Francisco para o Agreste, a região que detém o pior balanço hídrico do Estado. A adutora irá transportar 371 litros de água, por segundo, captada no Rio Paraíba, perto do Açude Boqueirão, no município de São Miguel, Paraíba. O empreendimento irá beneficiar 230 mil pessoas nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Jataúba, Taquaritinga do Norte, Vertentes, Frei Miguelinho, Santa Maria do Cambucá, Vertente do Lério e no distrito de São Domingos, em Brejo da Madre de Deus, além de Barra de São Miguel, no Cariri paraibano. De acordo com o presidente da Compesa, Roberto Tavares, a Adutora do Alto Capibaribe é uma obra especial, pois é uma das poucas do país com grandes extensões em dois estados diferentes. Inspecionar obras, segundo o presidente Roberto Tavares, é uma recomendação do governador Paulo Câmara para que todos os projetos hídricos se tornem realidade e tragam mais rápido os benefícios à população. “ O governador tem uma atenção especial a questão da água em todas as regiões do Estado. Acompanhar de perto todas as obras permite nos anteciparmos diante de possíveis problemas, resolvendo as pendências imediatamente”, explicou Tavares. Além da visita à adutora, a equipe da Compesa também inspecionou a obra de esgotamento sanitário no município de Santa Cruz do Capibaribe, que já está 80% concluída. A cidade, a mais populosa do Agreste Setentrional, já deverá contar com serviços de esgotamento sanitário no começo de 2020, quando deve ser concluída a fase de pré-operação. Segundo Tavares, essa obra é um grande anseio da população local, que terá mais qualidade de vida com esse empreendimento, um investimento de R$ 100 milhões. “No Todos por Pernambuco, que acontecerá nos meses de agosto e setembro, a população poderá conhecer melhor o maior Plano de Investimentos da história da Compesa, que tem sido priorizado pelo governador Paulo Câmara”, finalizou. (Do blog do Governo de Pernambuco)

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Encontro debate uso da TI na prevenção de desastres em encostas

Amanhã (quarta-feira, dia 7), às 15h30, o secretário de Ciência Tecnologia e Inovação, Aluisio Lessa estará abrindo a Oficina de Inovação da Fundação de Amparo a Ciência de Pernambuco (Facepe). Convidados pelo presidente da Facepe, Fernando Jucá, confirmaram presença no evento o professor da UPE, Alexandre Gusmão; o cientista chefe de CESAR, Silvio Meira e o professor da UFPE, Roberto Coutinho que atua nacionalmente na análise e gestão de risco em encostas ocupadas e desastres naturais e induzidos. O evento tem como objetivo debater o uso da tecnologia da informação e gestão de risco aplicadas a redução de desastres em encostas naturais. O evento é fechado para entidades ligadas ao tema.

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Brasil não avança na gestão do lixo, revela estudo

Exatamente 9 anos após a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que fixou metas e prazos para os municípios brasileiros providenciarem a destinação correta do lixo produzido diariamente, o Brasil se encontra estagnado em relação ao estabelecido pela legislação federal. Segundo o Índice de Sustentabilidade Urbana (ISLU), em comparação com o ano passado, houve mudanças pouco significativas na porcentagem média da cobertura da coleta de lixo, que ainda é de 76%, houve pequena variação no número de municípios que destinam o lixo irregularmente, 51%, e apenas 3,9% dos resíduos são reciclados, ante 3,6% verificado na edição de 2018. O estudo – formulado por meio de uma parceria entre o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (SELURB) e a PwC Brasil – mede a aderência dos municípios à PNRS, considerando critérios como engajamento, recuperação de recursos coletados, sustentabilidade financeira e impacto ambiental. Neste ano, foram considerados 3.317 municípios, distribuídos por todos os estados e Distrito Federal. Assim como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, o ISLU varia entre 0 (zero – baixo desenvolvimento) e 1 (um – alto desenvolvimento) e analisa os dados oficiais mais recentes disponibilizados pelos próprios municípios no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Esta é a 4ª edição do estudo, que mostrou que 340 municípios ainda possuem desempenho muito baixo, 828 aparecem no nível considerado baixo, 1.692 já possuem nível médio no índice, 453 aparecem no nível alto e apenas 4 no nível muito alto.   Régua de desempenho O ISLU 2019 mostrou que ainda existe uma enorme desigualdade entre as regiões do Brasil no que diz respeito à gestão dos resíduos sólidos. A Região Sul é a que possui os melhores resultados e a única que tem possibilidade atingir a meta da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), ao alcançar uma média geral de 0,700 no quesito de impacto ambiental já em 2023. De acordo com o ISLU, no Sul do Brasil a destinação final ambientalmente correta (aterros sanitários) chega a 88,6% na região Sul, índice praticamente igual ao de 2018. O maior avanço ocorreu na região Sudeste, onde subiu de 51,1% para 56,9% em 2019. O Centro-Oeste também evoluiu de 14,4% para 18,6%, enquanto o Norte piorou seu desempenho de 14,1% para 12,8%. O Nordeste continua com o pior resultado, mas se aproximou do Norte ao subir de 11,4% para 12,6%. No que diz respeito à reciclagem, o Sul apresenta um índice muito superior às demais regiões, destinando 7,8% dos resíduos para reaproveitamento. No Sudeste, o número é de 4,2%, ao mesmo tempo em que é de 1,75% no Centro-Oeste, 0,85% no Norte e 0,6% no Nordeste. O Sul somente não lidera quando o quesito é a cobertura do serviço de coleta de resíduos, onde aparece com 73% da população atendida. O Sudeste tem a melhor cobertura, 85%, e o Centro-Oeste, com 79%, a segunda melhor. Norte e Nordeste têm 67% cada. Eliane Kihara, sócia da PwC Brasil, defende o investimento em iniciativas como essa em um país onde o recolhimento e processamento de resíduos sólidos ainda é pouco abordado. “É importante que as iniciativas pública e privada estejam juntas para promover a boa gestão de limpeza urbana. Qualquer país que queira um crescimento sustentável deve aderir cada vez mais às políticas de processamento de lixo para que isso não se torne um problema de saúde pública. Exatamente por isso a parceria da PwC Brasil e do Selurb é tão importante”, afirma. Arrecadação específica A pesquisa também revela o abismo que existe entre os municípios que instituíram uma fonte de arrecadação específica para custear o serviço de limpeza urbana e os que até hoje ainda adiam a implementação dessa medida. Para efeito de comparação, foram considerados apenas 842 deles, que participaram de todas as amostras do índice nos últimos quatro anos. Quando colocados lado a lado, percebe-se que as diferenças vão muito além da média final. O percentual da população atendida pelos serviços de limpeza urbana, por exemplo, engloba 84,2% da população nas cidades com fonte de custeio definida, enquanto é de 77,3% nas que não possuem. Quando o assunto é reciclagem, a diferença é ainda mais expressiva; enquanto 6,2% dos resíduos vão para reaproveitamento nas cidades com arrecadação, este número cai para apenas 2,3% nas demais. A principal diferença, porém, está na destinação, que é feita corretamente em quase 80% dos municípios com arrecadação e em apenas 35% dos que não possuem. Gráfico 1 Entre o total de municípios analisados na atual edição, apenas 41% têm recursos para sustentar em algum nível a atividade dos serviços de limpeza urbana. A definição de um método de arrecadação específica, vale lembrar, é um dos requisitos para que as prefeituras possam receber recursos federais para investimentos na atividade. “A dependência do orçamento público municipal, já comprometido com despesas da saúde, educação, folha de pagamento e previdência é um dos principais entraves para o desenvolvimento das cidades no âmbito da limpeza urbana. Buscando evitar um suposto desgaste político ao implementar um novo sistema de cobrança, os gestores públicos acabam ficando sem dinheiro para uma atividade essencial para o bem-estar e saúde da população”, comenta Carlos Rossin, diretor de Sustentabilidade do SELURB. De acordo com Rossin, apesar da melhora das cidades maiores, que elevaram sua média de 0,651 para 0,666 nos últimos quatro anos, os municípios com menos de 50 mil habitantes vêm piorando o seu desempenho. De 0,618 em 2015, o índice das cidades menores recuou para 0,612 em 2019. “Isso ocorre porque as localidades com mais população possuem maior escala econômica, permitindo viabilidade financeira para custear os serviços. Já as pequenas cidades, com orçamento menor, precisam se unir e buscar soluções regionalizadas para garantir a viabilidade logística da atividade e, desta forma, reduzir os custos. Quando elas encontram essa solução, o que vemos são cidades na faixa de desempenho entre ‘alto’ e ‘muito alto’”, explica. Desempenho por região   Maiores médias O município de Santos se destacou, obtendo a melhor pontuação entre o grupo de cidades com mais de

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