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Orquestra Criança Cidadã celebra Dia das Crianças em concerto no Teatro de Santa Isabel

A Orquestra Jovem Criança Cidadã celebrará o Dia das Crianças com um concerto oficial a ser realizado no Teatro de Santa Isabel, localizado no bairro de Santo Antônio, região central do Recife, no dia 12 de outubro, às 16h. Neste concerto, o destaque do repertório será a fábula infantil "Pedro e o Lobo", uma obra do compositor russo Serguei Prokofiev que utiliza instrumentos musicais como personagens para contar a história. A apresentação tem um caráter pedagógico, permitindo que as crianças conheçam os diferentes sons dos instrumentos de uma orquestra. O maestro José Renato Accioly conduzirá o concerto, e a professora Amilca Aniceto participará como narradora da história. Além de "Pedro e o Lobo", o espetáculo apresentará obras de diversos compositores, incluindo Händel, Villa-Lobos, Mykola Leontovich, Sergei Rachmaninov, Astor Piazzolla, Alfredo Le Pera, Carlos Gardel e Arturo Márquez. Dois alunos solistas da orquestra, o violoncelista Kleberson Vynicius e a violinista Singrid Vitória, também se apresentarão. Os ingressos para o concerto serão distribuídos ao público na bilheteria do teatro uma hora antes do início do evento. A Orquestra Criança Cidadã é um projeto social com sede nas instalações do 7º Depósito de Suprimento do Exército Brasileiro, e é realizado com o apoio do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). Conta com o patrocínio master da Caixa Econômica Federal, patrocínio sênior dos Correios e é realizado pela Funarte e pelo Governo Federal. O calendário completo da Orquestra Criança Cidadã em 2023 está disponível no site do projeto social.

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Juliano Holanda Foto Andre Sidarta

Juliano Holanda ministra oficinas de composição no Recife e interior

Juliano Holanda, músico, compositor e cantor pernambucano, está liderando uma série de oficinas de composição musical intitulada "Diálogos do Verso à Canção." Essas oficinas serão realizadas em quatro cidades de Pernambuco, incluindo Recife, Goiana, Garanhuns e São José do Egito. As inscrições para participar dessas oficinas são gratuitas e podem ser feitas online até dois dias antes do início das aulas em cada cidade. Em Recife, as aulas acontecerão nos dias 16, 17 e 18 de outubro, das 14h às 18h, no museu Paço do Frevo. Em Goiana, os encontros serão realizados no Ateliê Valcira Santiago, nos dias 23, 24 e 25 de outubro, das 18h às 22h. Já em Garanhuns e São José do Egito, a oficina será ministrada no Centro de Produção Cultural, Tecnologia e Negócios (CPC) do Sesc Garanhuns e no Auditório da Secretaria de Educação, respectivamente, das 18h às 22h. Durante essas oficinas, Juliano Holanda compartilhará metodologias de composição e explicará técnicas que tornam o processo de composição musical mais acessível. Os participantes terão a oportunidade de trocar experiências, explorar conceitos e estéticas musicais e, ao final, colaborar na composição de uma canção em grupo. O curso terá uma carga horária total de 12 horas e os participantes receberão um certificado ao seu término. Cada turma contará com 15 vagas, sendo uma vaga reservada para Pessoas com Deficiência (PCD) em cada cidade. A iniciativa visa atrair artistas de todas as áreas, independentemente de sua experiência prévia em composição musical, com o objetivo de estimular a produção musical em Pernambuco, especialmente no interior do estado. Juliano Holanda enfatiza que essa oficina é uma resposta à necessidade de compartilhar conhecimento sobre a canção popular, promovendo a conexão entre pessoas, a produção artística e a colaboração na música.

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rogerio medeiros bienal

Começa hoje a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco

Nesta sexta-feira (6) tem início a XIV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Já no primeiro dia do terceiro maior evento literário do Brasil e o maior do Nordeste, muitas atividades especiais irão tomar conta do pavilhão interno do Centro de Convenções em Olinda.  Entre os destaques da programação de hoje, há poesia, música pernambucana, apresentação cultural e rodas de conversa. É literatura para todos os públicos. Nomes como Jorge Filó, José Teles, Marilena de Castro, Roger de Renoir e Jorge Santos compõem as atividades do primeiro dos 10 dias de evento. Na Conexão Petrobras, Pecúlio, o terceiro livro do poeta Jorge Filó será lançado. Foi lançado em 2023 com o apoio do Funcultura-PE, através de projeto apresentado pela Melodia Produções. São mais de 70 poemas de autoria do poeta e de seu heterônimo Anacreonte Sordano, tendo este, um capitulo à parte. Tem capa e ilustrações do artista Jefferson Campos e projeto gráfico e diagramação por Patrícia Cruz Lima. A revisão foi feita por Paula Filó e Maeve Melo. Já no Círculo de ideias, a roda da conversa: Soparia, a biografia de um bar e de uma cena trará o lançamento do livro Soparia: de boteco a palco de todos os sons da Cepe. O livro conta a história do mítico e lendário bar do pina, reduto cultural da cena mangue. A conversa será com José Teles e Roger de Renor e a mediação ficará a cargo da jornalista cultural: Valentine Herold. À noite, o jornalista Rogério Medeiros apresenta uma palestra e bate papo sobre o Satwa, o primeiro álbum independente do Brasil, e sobre a cena psicodélica que floresceu no Recife na década de 70 anima o público. Durante a apresentação,  histórias sobre as gravações de outros discos antológicos como Paêbirú, Rosa de Sangue e Flaviola e o Bando do Sol, além de mostrar fotos e músicas inéditas de outros artistas da cena udigrúdi recifense dos anos 70, como: Lula Côrtes, Marconi Notaro, Aratanha Azul e outros.  A palestra é baseada no livro Valsa dos Cogumelos - A Psicodelia Recifense 1968/1981, lançado em 2022. SERVIÇO: XIV BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE PERNAMBUCO Quando: 6 a 15 de Outubro de 2023, das 10h às 21h. Onde: Centro de Convenções de Pernambuco. Endereço: Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n, Complexo de Salgadinho. Olinda – PE. Ingressos: www.sympla.com.br/produtor/bienalpe (Meia-entrada: R$ 10 | Ingresso social: R$ 15 | Inteira: R$ 20)   Saiba mais: https://bienalpernambuco.com/  @bienalpe  Programação completa: https://bienalpernambuco.com/programacao-por-dia/ 

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Denise

Tom na Fazenda retorna ao Recife com atriz Denise Del Vecchio

Após impressionar audiências em mais de 350 apresentações e conquistar reconhecimento internacional em festivais de teatro pelo mundo, "Tom na Fazenda" retorna ao Recife. A peça, liderada pelo premiado Armando Babaioff, esteve em cartaz em Paris e São Paulo, recebendo elogios e atenção da crítica. Agora, a produção itinerante traz uma novidade de peso: a atriz Denise Del Vecchio se junta ao elenco. A temporada de apresentações no Recife é parte de uma turnê pelo Norte/Nordeste e será seguida por uma nova turnê europeia. A peça oferece audiodescrição e intérprete de libras, reforçando seu compromisso com a acessibilidade. Não perca a chance de testemunhar este espetáculo poderoso no Teatro do Parque, em 7 e 8 de outubro. Denise assume o papel de Ágata, a mãe do namorado morto do personagem Tom, defendido por Babaioff. Com direção do aclamado Rodrigo Portella, completam o elenco Gustavo Rodrigues e Camila Nhary. A produção da turnê Norte/Nordeste é do Pernambucano Flávio Marques. "Estamos felizes demais com a chegada da Denise del Vecchio na fazenda que agora também pertence a ela. Uma atriz que tanto fez e faz pelo teatro brasileiro, agora é a nossa vez de celebrar e aproveitar cada segundo dessa contracena valiosa", sublinha Babaioff. " "Denise é força, é verdade pura e a gente não vê a hora de desfrutar desse novo jogo". Serviço:Data: 7 de outubro (sábado) às 20h e 8 de outubro (domingo) às 19h.Local: Teatro do Parque, Rua do Hospício, 81, Recife.Duração: 120 minutos.Classificação: 18 anos.Ingressos: R$ 110 (inteira), R$ 55 (meia-entrada), VIVO Valoriza R$ 55.Vendas: Sympla e no local. Link para compra.

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Roda de Conversa reúne três visões artísticas

O artista plástico Luciano Pinheiro, o escritor Ronaldo Correia de Brito e a pesquisadora Joana D’Arc Lima conversa com arte, criação e cultura A nova edição do "Roda de Conversa.23" reúne, neste sábado (26.09), o artista plástico Luciano Pinheiro, que está em exposição com “Delírica Vertigem”, a curadora da mostra, Joana D’Arc Lima, e o escritor Ronaldo Correia de Brito. O encontro será na Arte Plural Galeria (APG), a partir das 15h, com um descontraído bate-papo em torno de processos criativos, arte e cultura. Com acesso gratuito, limitado à capacidade do espaço, o evento é mais uma ação da APG em comemoração aos seus 18 anos de atividades voltados a fomentar a multiplicidade das artes em suas diversas expressões. A conversa entre os três convidados vai começar a partir de um olhar sobre o título da exposição "Delírica Vertigem", com obras produzidas durante o confinamento de Pinheiro durante a pandemia de Covid-19. Suas preocupações se transformaram em aquarelas delicadamente coloridas e em recortes e colagens feitos a partir de suas próprias obras. Esses pedaços reaproveitados e remontados funcionam como um jogo lírico, na tentativa de equilibrar a “vertigem” individual e coletiva por meio da arte. A curadora Joana D’Arc Lima destaca, porém, que a exposição oferece uma visão do tempo e das diversas camadas de significado presentes nas obras do artista, que iniciou sua carreira na década de 1960 em Recife.  A exposição “Delírica Vertigem” está aberta à visitação até o dia 7 de outubro na Arte Plural Galeria, com entrada gratuita de segunda a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados, das 14h às 18h. A APG fica na Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife. 

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flavia suassuna apl

"Uma das coisas que literatura faz é criar laços"

Flávia Suassuna, nova integrante da Academia Pernambucana de Letras fala da sua produção literária e conta como seu tio Ariano Suassuna contribuiu para tornar-se escritora. Ela também é professora e analisa o impacto da internet no ensino e afirma que a ficção pode ajudar a reduzir a polarização atual. É comum os alunos de Flávia Suassuna se encantarem com a maneira como ela oferece os conteúdos das suas aulas de História da Literatura. Prova disso é que esta entrevista, que ela concedeu a Cláudia Santos no café de uma livraria no Recife, foi interrompida por uma ex-estudante que não se conteve para abraçar e fazer elogios à antiga mestra. Talvez esse talento se deva à maneira envolvente como Flávia conversa e que pode ter origem no DNA que compartilha com o tio Ariano Suassuna. Além da prosa boa — que pode ser constatada nesta entrevista — a professora também herdou do tio o ofício de escritora e seu trabalho foi reconhecido ao ser recentemente eleita para integrar a Academia Pernambucana de Letras. Nesta conversa, ela fala da sua trajetória pedagógica e literária, da relação com Ariano, do impacto da internet no aprendizado das crianças e na polarização ideológica que, para ela, pode ser revertida com a leitura de romances. Ao se identificar com os personagens, muitas vezes, o leitor, segundo Flávia, desfaz preconceitos e amplia seus conhecimentos. Parafraseando Contardo Calligaris, ela assegura: “a literatura, a ficção, tem uma mágica complementar porque ensina também a identificação como ser humano”. Como surgiu seu interesse pela literatura? Quando eu era muito pequena, as pessoas me perguntavam: o que você vai ser quando crescer? Eu dizia que queria ser mãe e escritora. Não entendia por que todo mundo achava graça da resposta, eu estava falando sério. Talvez tenha organizado isso na minha cabeça a partir da existência de tio Ariano, que era escritor, porque uma menina de 5 anos provavelmente não saiba o que seja um escritor. E como era Ariano como tio? Ele foi perfeito comigo. Um dia papai disse a tio Ariano: tem uma pessoa lá em casa que gosta desses livros que você gosta. Tio Ariano ficou todo entusiasmado e começou a me mandar livros no Natal, no aniversário. Quando fiz 11 anos, ele me deu As Minas do Rei Salomão, um livro de aventura que eu amei. Depois passou a me dar livros que tinham a ver com a minha idade. Foi um orientador perfeito das minhas leituras. O que acho lindo de tio Ariano é que ele é uma pessoa muito forte, muito incisiva, mas nunca me orientou para eu ser armorial, por exemplo. Ele deixou que eu seguisse meu caminho. Perto de morrer, ele disse: “as pessoas vêm me perguntar o que é que eu sou de Flávia. Aí eu digo que eu sou tio e todo mundo diz que você é uma professora muito adorável. E eu fico muito orgulhoso”. Vê que coisa bonitinha! Uma das coisas que literatura faz é isso: criar laços. É você contar e discutir a história de Capitu, ver como cada geração enxerga essa a história, trazer o filme de Capitu, trazer uma adaptação do livro Dom Casmurro. Tudo isso vai criando laços entre as pessoas de uma sociedade. Esse é um dos motivos por que existe essa história da criação de uma identidade nacional com aqueles livros. Nunca conheci um russo, mas eu amo os russos por causa de Tolstói. É nesse sentido que a literatura cria esses laços de identidade e fraternidade mais amplos. Li um artigo do psicanalista Contardo Calligaris, em que ele diz que quando leu O Caçador de Pipas se identificou com o narrador, apesar de o romance se passar num espaço político, social, ideológico totalmente diferente do dele. Calligaris disse também que num documentário sobre o Afeganistão, você aprende muito, mas você aprende a diferença, as particularidades do país. Já a literatura, a ficção, tem uma mágica complementar porque ensina também a identificação como ser humano. Você percebe que uma pessoa que mora no Afeganistão é tão humana quanto você. E a história é muito linda, fala de um menino de 8 anos que viu um amigo sendo violentado e correu. Esse artigo de Contardo Calligaris me bateu muito porque eu pensei a mesma coisa que ele: se eu tivesse 8 anos e visse uma amiga sendo violentada, eu acho que eu correria… Como você decidiu atuar como escritora e professora? Isso foram os desastres da vida porque eu queria ser mãe. Tive três filhos, mas fui abandonada pelo pai deles e precisei sustentá- los. Eu tinha o curso de Letras e me tornei professora por uma necessidade básica de sobrevivência. Acho, inclusive, que ser professora dificulta um pouco ser escritora, porque a gente tem muita coisa para fazer em casa, mas não tinha outro jeito. Somos pagos pela hora dada, mas quando chegamos na sala de aula, já gastamos um tempão preparando a aula, corrigindo trabalhos. Você começou sua carreira como escritora ao lançar Jogo de trevas (1980), que foi o primeiro romance a ser publicado por uma mulher em Pernambuco. Como foi essa produção? Eu ainda era solteira. Esse romance foi publicado pelas Edições Pirata em 1980. Eu tinha um professor maravilhoso chamado José Rodrigues de Paiva e eu fiz uma proposta indecente a ele. Eu disse: se eu lhe der o meu romance pronto, você perdoa o meu último trabalho? Porque eu não conseguia conciliar o trabalho e fazer o romance. Ele aceitou. Dei os originais do meu romance, e ele me deu uma nota, me livrei do trabalho dele e consegui terminar esse livro. Depois participei do concurso literário para marcar os 450 anos do Recife, instituído por Jarbas Vasconcelos, que era prefeito. Eu ganhei e esse foi meu segundo romance chamado Remissão ao Silêncio. Comecei com prosa que exige uma disciplina. Para fazer esse segundo romance, eu saía da minha casa, ia para a casa da minha mãe toda quarta-feira de tarde, deixava meus filhos para poder escrever. Depois passei

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SANTOS MARTIRES DO RIO GRANDE DO NORTE

Santos mártires imolados pelos holandeses no Rio Grande do Norte em 1945

*Por Leonardo Dantas Silva Quando das Guerras com a Holanda (1630-1654), se transportou para o Nordeste do Brasil, os propósitos da Guerra Religiosa, que grassava em Flandres e nos Países Baixos, entre católicos, calvinistas e luteranos desde a segunda metade do Século 16. Em 16 de julho de 1645, na localidade de Cunhaú, no hoje município de Canguaretama, no Rio Grande do Norte, uma tropa holandesa de 200 homens, comandados pelo alemão Jacob Rabi, juntamente com um grande número de índios tapuias e potiguares, dizimaram 69 habitantes locais que assistiam à missa dominical na igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Matança semelhante veio se repetir, dias depois, no povoado próximo, Uruaçu. Ali também foram dizimados Mateus Moreira e dezenas de outros homens; repetindo os índios os mesmos atos de antropofagia de Cunhaú devorando, ainda vivos, os corpos de suas vítimas, retirando deles os olhos, a língua, o pênis e outras partes. Por causa de tais atrocidades, os portugueses passaram a fio de espada cerca de 200 outros índios que lutaram ao lado dos holandeses, quando da Batalha de Casa Forte (Recife), em 17 de agosto de 1645. Esses fatos motivaram um longo processo de canonização por parte da Igreja Católica, concluído recentemente pelo Papa Francisco, em solenidade acontecida no domingo 15 de outubro do ano de 2017, quando declarou santos os 30 Mártires de Cunhaú e Uruaçu, massacrados no Rio Grande do Norte em 16 de julho de 1645. A cerimônia de canonização foi presidida pelo Papa Francisco e contou com 450 concelebrantes, assistida por aproximadamente 50 mil pessoas, que lotavam a Praça de São Pedro em Roma. Na ocasião, o Papa Francisco declarou santos os mártires potiguares, após o pedido oficial durante a cerimônia celebrada pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da congregação da Causa dos Santos. “Que estes que agora são santos indiquem a todos nós o verdadeiro caminho do amor e da intercessão junto ao Senhor para um mundo mais justo”, declarou o Papa Francisco, em sua homilia. Por causa desses episódios, a história nos relata o sentimento de abandono que veio a tomar conta dos habitantes de Pernambuco que, em outubro de 1645, resolveram redigir um longo manifesto narrando o clima de terror que estavam vivendo sob o domínio holandês. Manifesto dos cidadãos de Pernambuco publicado para sua defesa sobre a tomada de armas contra a Companhia das Índias Ocidentais, dirigido a todos os príncipes cristãos e particularmente aos Senhores Estados dos Países Baixos Unidos. Numa das versões do documento, escrito em espanhol, como se depreende da cópia original, pertencente ao Instituto Ricardo Brennand do Recife, são descritas algumas das atrocidades perpetradas pelos holandeses e índios antropófagos, seus aliados, que a eles eram entregues, para alimentação, os corpos das vítimas dos seus soldados. "Sendo bem servidos pelos selvagens tapuias a quem animavam [os holandeses] como a tigres e lobos sangrentos, que diante dos seus olhos comiam os corpos mortos daqueles que haviam matado, feito tão abominável que nem os antigos tiranos cometeram tal crueldade. Nas praças onde paravam para repousar e comer os que os recebiam amigavelmente em suas casas eram mortos e como recompensa da sua cortesia e pagamento pela comida que aqueles cristãos haviam dado a cristãos, davam-se seus corpos como comida para os selvagens." No ano seguinte (1646), o embaixador Francisco de Souza Coutinho, de posse de cópia desse manifesto, bem como dos relatórios de funcionários da Companhia, descontentes com o clima de terror insuflado pelo Governo do Recife, fez publicar uma série de panfletos, traduzidos para o holandês, denunciando a triste situação em que viviam os habitantes de Pernambuco. "Não há infâmia tão grande nem descortesia que não tenham usado contra as mulheres; depois de terem abusado delas desonestamente, e as filhas aos olhos dos pais e as mulheres casadas na presença de seus maridos as davam como regalo aos selvagens, que depois de satisfazerem seus intentos bestiais, as matavam e comiam. É verdade que não era a maior crueldade matá-las, porque depois da infâmia de desonrá-las e violá-las, elas mesmas prefeririam a própria morte por acharem- -se privadas de sua honra. Os ouvidos humanos têm horror de escutar tais coisas, mas os da Companhia tiveram olhos para vê-las e permitir tais crueldades, não apenas a um, mas a muitas de nossas pequenas crianças arrancaram os selvagens dos seios de suas mães. Assados e guisados como prato muito delicado. Comum entre eles um provérbio que dizia que os holandeses vieram ao Brasil para castigar os pecados dos portugueses, no que também concordamos e confessamos diante de Deus que bem merecemos tal castigo por nossos pecados, mas que tenham conosco segundo sua grande misericórdia e como um pai benigno que após haver castigado seus filhos lança o açoite ao fogo. Nossa perdição não foi apenas termos caído nas mãos de senhores cruéis e que tinham ódio mortal contra a nação [portuguesa], mas também extremamente apegados ao dinheiro; e passada toda a fúria sangrenta dedicaram-se com afinco a tomar-nos nossos bens justa ou injustamente." Esses panfletos eram impressos em oficinas apócrifas e distribuídos nas ruas, de modo a levantar a opinião pública contra os dirigentes da Companhia das Índias Ocidentais, com sede em Amsterdã. Esta, por sua vez, incomodada com tamanho noticiário, veio à forra [levar a efeito uma vingança; desforrar-se, vingar-se], denunciando, pela imprensa, a deslealdade de Portugal e a duplicidade de D. João IV ao apoiar, de forma escusa, o movimento separatista de Pernambuco.

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Olinda: do retorno da agitação cultural aos desafios na segurança

*Por Rafael Dantas Entre ladeiras, bares e ateliês, Olinda é o recanto de muitos artistas, foliões e amantes da cultura. Para além dos dias festivos do Carnaval, a vida cultural da cidade tem seus encantos, mas divide opiniões. A percepção de quem vive a cena olindense é de que as expressões culturais brotam quase que espontaneamente das suas esquinas. Todo esse potencial, no entanto, carece de maior organização e comunicação. Além disso, há um fantasma que tem assombrado moradores e turistas: a segurança. Quem vive Olinda há mais tempo registra o fechamento de muitos ateliês e espaços de cultura que marcavam a vida da cidade. Alguns mestres das artes plásticas faleceram, como Tereza Costa Rêgo, outros deixaram o município. Um dos lugares que ficou na lembrança dos moradores, por exemplo, foi a Casa do Cachorro Preto. Mas novos points da música e demais manifestações artísticas também surgiram, como a Casa Criatura e a Casa Estação da Luz. Nesse novo ciclo, também houve a revitalização do Mercado Eufrásio Barbosa e de bares com forte programação musical. Novas veias por onde pulsa essa economia criativa local. NOVOS ESPAÇOS A Casa Estação da Luz tem sido um empreendimento de destaque ao longo dos últimos cinco anos, embora tenha oficialmente aberto suas portas como centro de cultura há três, devido às restrições da pandemia. A ideia original foi concebida por Alceu Valença e sua mulher Yanê Montenegro, que embora passem a maior parte do tempo no Rio de Janeiro, são proprietários do espaço. Natália Reis foi convidada a se tornar sócia e gestora do projeto que transformou a casa em um centro cultural. “Desde a abertura pós-pandemia em 2021, a Casa Estação da Luz tem trabalhado para cumprir sua visão cultural, abrangendo diversas áreas como artes plásticas, dança, música, literatura e culinária. Hoje estamos operando em quase 100% do que a gente pode fazer na casa”, afirmou a gestora. Do movimento cultural sonhado para o espaço, ela diz que só não aconteceu ainda o teatro. Em breve acontecerá também a abertura de uma exposição permanente de Alceu Valença. “Um dos nossos objetivos é que num futuro próximo a casa abrigue a exposição permanente que conta a trajetória e poética de Alceu Valença. Um ponto cultural e turístico, pois Alceu é uma atração turística da cidade”, afirmou o curador Bruno Albertim. Na dinâmica atual da casa, ele destaca duas preocupações: a maior visibilidade de novos artistas e a preservação das raízes olindenses. “Um dos eixos curatoriais que tenho tentado imprimir é reinserir atores e autores de uma prática artística que eram relegados ao segundo plano, sem acesso aos mecanismos de produção de hegemonia e poder, ao coração de Olinda. Outro aspecto é que a casa trabalha muito a memória artística da cidade, dentro de um panorama da arte modernista brasileira, da exposição do modernismo tardio que se manifestou na cidade” Outro novo endereço da cultura olindense é a Casa Criatura. Idealizado por Isac Filho. O projeto completou quatro anos de existência, dois dos quais no atual espaço, situado no Sítio Histórico de Olinda. Concebida na pandemia, a casa começou a ganhar vida em 2021 na Rua do Amparo, mas cresceu substancialmente desde então, agora ocupando um espaço dez vezes maior. Isac e sua companheira Juliana, ambos arquitetos, tiveram a visão de revitalizar o patrimônio e construir um ambiente de criação e inovação em Olinda. A casa funciona como um centro de trabalho colaborativo durante a semana e se transforma em uma galeria de arte gratuita nos fins de semana, com exposições, shows e eventos culturais que valorizam a diversidade e a pluralidade de usos. Isac enfatiza que há um esforço para unir artistas consolidados com iniciantes, homens e mulheres, buscando sempre a diversidade e valores que reflitam o espírito do espaço cultural. Ele projeta que a Casa Criatura se consolide como um centro de arte, influenciando positivamente a cultura e a economia criativa em Olinda e na região. O idealizador da casa lembra que o projeto não se limita a suas instalações, mas abraça o entorno urbano, ativando espaços menos explorados. Um exemplo foi a ideia de criar em Olinda um "Beco do Batman", uma referência a um local em São Paulo que ganhou uma nova vida a partir de uma intervenção urbana com muita arte e criatividade. A percepção de Isac sobre a cultura de Olinda é repleta de entusiasmo e um senso de missão. Ele descreve o momento pós- -pandêmico como uma oportunidade de reconexão local. “Eu vejo como um momento de estruturação. Mais bandas se desenvolvendo, mais orquestras se destacando. Não destacaria só música mas, também, os movimentos voltados à arte. Vejo mais efervescentes as artes visuais, um número crescente de grafites, exposições e colabs surgindo. Aqui tem uma mistura do grafite, da arquitetura, da fabricação digital, das figuras a laser. Uma conexão de diversas linguagens. Isso é uma coisa nova. Vejo um momento bom para isso”. Isac acredita que Olinda possui um potencial criativo poderoso, capaz de atrair artistas e criativos de diversas áreas, a partir do fomento de uma política cultural local que consolide a cidade como um polo de criatividade e inovação. BOEMIA OLINDENSE Morador e também trabalhador de Olinda, Márcio Valença aprecia a cena que se constrói nos bares da cidade. Tanto novos endereços, como alguns já tradicionais abrigam a diversidade musical local. “Gosto de desfrutar a boemia da cidade. Frequento bares, principalmente à noite, numa cidade que acontece após às 18h, quando escurece”, afirma Márcio, ressaltando que os vestígios do período carnavalesco são interessantes para os moradores e visitantes. “São blocos fora de época, orquestras passando, um boneco gigante perdido. São resquícios do Carnaval que vivem durante o ano”. Como um bom boêmio, ele lista uma série de espaços tradicionais, como o Bar do Peneira, a Bodega do Veio, o Recanto do Ingá, entre outros por onde ele caminha. “Existem bares mais novos, como o Bar do Amparo e o Fogo de Oca, que são a cara de Olinda, antenados com a cultura da cidade. Ainda

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Recife recebe a primeira edição do FAM Festival: Música, Arte e Gastronomia

O Recife, cidade que pulsa com música, criatividade artística e gastronomia , se prepara para receber, pela primeira vez, o FAM Festival. Nos dias 23 e 24 de setembro, o Parque Santana se tornará o palco do evento. Após cinco edições bem-sucedidas em São Paulo, uma no Rio de Janeiro e outra em Salvador, o evento idealizado pela agência @scheeeins, com o incentivo da Eletrolux, do Ministério da Cultura e o apoio da Secretaria de Turismo e Lazer do Recife, desembarca na capital pernambucana para um final de semana repleto de efervescência cultural. Com entrada gratuita e programação voltada para toda a família, o FAM Festival incorpora os três grandes pilares em seu nome: Food (gastronomia), Art (arte) e Music (música). Artistas, coletivos e bandas locais se unirão às atividades do festival, cujo conceito é inspirado nos icônicos festivais de verão da Europa, com o propósito de permitir que as pessoas desfrutem dos espaços verdes da cidade entre amigos e em família. O acesso a toda a programação, que será divulgada em breve, é gratuito, e os ingressos já estão disponíveis para retirada no site www.famfestival.com.br.

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Guerreiros do Passo: maioridade com sinônimo de resistência

Há 18 anos, o grupo representa uma trincheira na salvaguarda do frevo pernambucano, mas carece de políticas públicas estruturadoras, assim como o próprio ritmo De forma datada, o frevo é nosso desde 1906. Veio ao mundo no meio do intenso processo de urbanização e industrialização que o Recife vivia no início do século 20. Esse ritmo que “entra na cabeça, depois toma o corpo e acaba no pé” ganhou novos reflexos há 18 anos com um grupo que faz questão de manter essa tradição que, em sua essência, nada mais é do que uma manifestação musical e corporal urbana. O grupo Guerreiros do Passo chega à maioridade ressente de políticas públicas estruturadoras, assim como o próprio frevo. Enquanto luta, resiste com dança, pesquisa e por conta própria. Sem nenhum auxílio do poder público.   Procurei Eduardo Araújo, pesquisador da história do frevo e um dos fundadores dos Guerreiros, pelo Instagram. Fui em busca do seu contato para entender a realidade do grupo atualmente. Liguei algumas vezes. Sem sucesso. Depois, recebi de Eduardo o retorno de que o grupo estava numa apresentação no lançamento de editais culturais lançado pela ministra da Cultura Margareth Menezes, na última sexta (1°), com a presença do prefeito do Recife, João Campos (PSB), secretários de Cultura do estado e da capital e outros convidados. Por coincidência ou precisão do destino, dia em que o grupo completou 18 anos de fundação. “Não dá apenas para vender o frevo como atração turística em propagandas governamentais, colocar passistas fazendo acrobacias no aeroporto e em eventos e passar a imagem para quem vê de fora de que Pernambuco é um paraíso para o artista popular, o que na prática não é a realidade. São 18 anos resistindo sem apoio direto, apenas com a seleção de editais de cultura. Então, a gente tira do nosso próprio bolso, na luta de dar continuidade ao legado do nosso Mestre Nascimento do Passo. Tocamos um movimento que chamamos de resistência, de luta. Queremos continuar lutando para que a sociedade possa continuar aplaudindo as nossas atividades”, contou Eduardo Araújo por telefone. História – O grupo nasceu em 2005 dentro da Escola de Frevo Maestro Fernando Borges, no bairro da Encruzilhada, quando o espaço estava sob a gestão do Mestre Nascimento do Passo, falecido em 2009. Sua partida deixou um vasto legado e fez com que seus seguidores criassem uma identidade própria, vivendo o frevo para além da sazonalidade. “A gente sempre achou que o Carnaval era um momento de culminância e não de iniciar o contato com o frevo. O frevo precisa se libertar dessa pecha de só ser música de folia”, disse Araújo.  Para ele, o ritmo tem que ser vivido o ano todo, como ginástica, terapia e lazer.  A escolarização foi o caminho encontrado para a transmissão do passo e é onde a maioria dos amantes do frevo encontram apoio para manter viva sua paixão. Mestre Nascimento do Passo desenvolveu uma metodologia de ensino sistematizando os movimentos e as técnicas que até hoje são repassadas para as novas gerações. Depois da saída da Escola de Frevo por não concordarem com a decisão da diretoria da instituição de mudar o método de ensino da dança, Eduardo Araújo e os professores Lucélia Albuquerque, Valdemiro Neto e Laércio Olímpio decidiram concentrar as atividades na Praça do Hipódromo, na zona norte, com o projeto Frevo da Praça, dando aulas às quartas, às 19h, e aos sábados, às 15h, com uma média de 40 a 50 alunos. No entanto, devido à pandemia, precisaram encerrar as aulas, que foram retomadas no início deste ano, mas a falta de apoio para a compra de materiais não permitiu o grupo voltar às atividades. “A Prefeitura fez uma reforma na praça, retirou todas as tomadas e ficamos sem ter como ligar o som. Conseguimos um caixa recarregável emprestado, mas como dependia muito da disponibilidade de terceiros, não foi possível continuar”, falou Eduardo, acrescentando que desenvolveu um outro projeto, o Quintal do Frevo, também no Hipódromo, com o objetivo de promover oficinas, encontros e aulas. As obras foram iniciadas com recursos garantidos por meio da Lei Aldir Blanc, mas ainda dependem de apoio para a conclusão. O grupo conta os dias para voltar com o projeto Frevo da Praça. Após participação no filme “Retratos Fantasmas”, longa-metragem do cineasta e roteirista Kleber Mendonça Filho, os Guerreiros firmaram uma parceria com a produtora do filme na missão de comprar um som recarregável para retomar as aulas no Hipódromo, que deve acontecer após a liberação dos recursos. Seja com espetáculo nostálgico que remete às icônicas figuras retratadas pelo fotógrafo franco-baiano Pierre Verger em sua passagem pelo Recife nos anos de 1940 ou por meio das aulas de dança com traçados e trejeitos do frevo nas ruas e nos palcos, o que os Guerreiros do Passo querem é ampliar o conhecimento para manter vivo o ritmo que pertence a todos os pernambucanos.

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