Quilombo Castainho ganha reconhecimento oficial com tombamento do Sítio Histórico de Cruz das Almas
Governo de Pernambuco amplia rede de proteção ao patrimônio cultural com 113 bens tombados em nível estadual O Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC) oficializou ontem (18) o tombamento definitivo do Sítio Histórico de Cruz das Almas, localizado no Quilombo Castainho, em Garanhuns, Agreste de Pernambuco. O conjunto, que reúne uma antiga casa de oração do século 18, um cruzeiro e um cemitério quilombola, simboliza resistência, ancestralidade e identidade cultural da comunidade. Com a decisão, Pernambuco passa a ter 113 bens tombados em âmbito estadual, além de outros 64 em processo e 94 reconhecidos em nível federal. O processo de proteção teve início em 2019, após solicitação do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Garanhuns e da Academia de Letras de Garanhuns. A análise técnica, conduzida pela Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundarpe, incluiu pesquisas documentais e orais, oficinas participativas, consultas públicas e visitas às celebrações locais. O parecer concluiu que o sítio preserva suas características arquitetônicas e rituais, mesmo diante da expansão urbana e de pressões externas sobre o território. A relevância simbólica do tombamento foi destacada por lideranças e autoridades. O líder comunitário José Carlos Lopes da Silva afirmou: “A Cruz das Almas é um pedaço de cada um de nós”. Já a presidente da Fundarpe, Renata Borba, reforçou que a medida fortalece a rede de bens preservados e marca o reconhecimento do papel dos quilombos na formação do Brasil. Para a superintendente de Patrimônio Material, Cristiane Feitosa, o local é “um espaço de memória, fé e resistência, que nos conecta à ancestralidade africana e à luta histórica da comunidade quilombola de Castainho”. Durante o processo, o conselheiro do CEPPC, Elinildo Marinho, também destacou o impacto da decisão: "Foi um prazer fazer um relatório que me representa, embora eu não seja de comunidade quilombola, mas por ser um homem preto. Fiquei muito feliz em rememorar algumas leituras e alguns teóricos que se debruçam sobre o tema. Fazer esse relatório foi muito prazeroso e muito edificante. E é essencial esse trabalho realizado pela Fundarpe de discutir essas ideias sobre a preservação do patrimônio cultural com a comunidade, para entender com a comunidade como ela percebe esse patrimônio e como ela percebe esse lugar. Então é muito importante fazer essa sensibilização constante”.