Arquivos Colunistas - Página 277 De 306 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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8 fotos da Avenida Rio Branco antigamente

A Avenida Rio Branco foi reaberta recentemente para o público, não mais como uma via para carros, mas como um Boulevard para pedestres e ciclistas. Fizemos uma seleção de fotos de outros momentos dessa avenida central e histórica do Bairro do Recife em diferentes décadas. A via nasceu após a demolição de aproximadamente 480 imóveis do bairro do Recife, em uma das remodelações da zona portuária da cidade. As imagens fazem parte do Acervo da Fundação Joaquim Nabuco. 1. Avenida Rio Branco em 1920 2. Outra extremidade da Avenida Rio Branco em 1920 3. Avenida Rio Branco em 1931 4. Avenida Rio Branco no ano de 1940 5. Postal da Avenida Rio Branco em 1941 6. Bonde Elétrico na Avenida Rio Branco 7. Banco River Plate e Associação Comercial de Pernambuco separados pela avenida 8. Vista da Avenida Rio Branco a partir do Marco Zero Se você tem fotos antigas do seu bairro ou de algum lugar relevante do Recife ou de alguma cidade do interior do Estado de Pernambuco nos envie pelo e-mail: rafael@algomais.com LEIA MAIS http://revista.algomais.com/noticias/avenida-rio-branco-sera-um-boulevard   http://revista.algomais.com/colunistas/rafael-dantas/abertura-da-avenida-rio-branco-e-um-marco-para-mobilidade-ativa

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Abertura da avenida Rio Branco é um marco para a mobilidade ativa

Inaugurado poucos dias antes do Natal, o boulevard da Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife é um presente para a mobilidade ativa na capital pernambucana. Além da transformação que o espaço passou, com calçadas niveladas, nova iluminação, fiação embutida e um mobiliário urbano diferenciado, a decisão pública de fechar a via para os veículos é simbólica. E conectada com as boas práticas de urbanismo praticadas em todo o mundo. O rua possui 18 bancos de madeira e liga de aço, quatro quiosques e uma banca de revista. O projeto básico para transformação da via partiu da Prefeitura do Recife. As obras foram executadas pelo Governo do Estado, com investimento de R$ 5,5 milhões, recursos vindos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Para transformar a rua num espaço prioritário para pedestre, foram suprimidas da Rio Branco 46 vagas de Zona Azul e 17 de táxis. Esse é um passo de uma mudança de orientação na mobilidade da cidade, que deveria estimular principalmente a mobilidade a pé e por bicicletas, seguida do transporte público. Historicamente, a preocupação das agências que tratam da mobilidade municipal são estruturadas e focadas na fluidez do trânsito de veículos particulares. As medidas que  promovem a mobilidade ativa (a pé e de bikes), como abertura de ciclovias, redução de velocidade nas vias (a exemplo da Zona 30), sofre ainda grande resistência da parcela da população que se desloca de carros e motos. Mas é uma batalha diária de conscientização pela vitalidade dos espaços públicos da cidade e pela qualidade de vida da população.

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1º Sacoleja exibe o filme “Um Homem Sentado no Corredor”

Dando continuidade ao 1º Sacoleja  – Mostra Livre de Cinema Pernambucano, será exibido nesta terça-feira (19), no Cine São Luiz, o longa Um Homem Sentado no Corredor, do cineasta pernambucano Felipe André Silva. Com influências do mumblecore americano e tendo como referência cineastas do porte de Chantal Akerman e John Cassavetes, os filmes de Felipe André apresentam como característica uma pegada mais experimentalista. Seu trabalho mais conhecido, o longa Santa Monica, é um bom exemplo disso. Gravado totalmente com um celular, teve custo praticamente zero. Foi exibido no VIII Janela Internacional de Cinema e na 16ª Mostra do Filme Livre, no Rio de janeiro. Em entrevista à Revista Algomais, Felipe André Silva conta detalhes de seu último filme e fala sobre os desafios enfrentados por quem deseja trabalhar com cinema em Pernambuco. Revista Algomais - De que se trata "Um Homem Sentado no Corredor"? Felipe André Silva - Na gênese do processo eu queria falar sobre interpretação, focando na ideia de que o trabalho do ator é uma performance constante e que todos nós estamos vivendo algum nível dessa performatividade quando nos moldamos àquilo que o ambiente deseja, mas durante o processo ele se tornou também um filme sobre uma juventude algo perdida, desmotivada de certa forma, ainda que muito agarrada às suas certezas. Não chamo de retrato geracional porque não era minha intenção, mas fala um pouco de alguns jovens que estão por aí hoje, da minha geração sobretudo.   Qual mensagem deseja passar com o longa? Eu não me alinho muito a essa ideia de 'filme com mensagem', acho que os personagens são preexistentes ao próprio filme e as coisas que eles fazem e falam estão repletas de mensagens, caberia mais ao espectador filtrar aquilo que lhe pareça mais cabível. Como surgiu a ideia do filme? Eu assisti um experimento cênico chamado War Nam Nihadan e aquilo me encheu de curiosidade pelo universo do teatro, que havia abandonado a muitos anos. Comecei a dar forma a alguns diálogos e personagens que devolvessem em torno de uma companhia teatral mas notei que só aquilo não era o filme que eu buscava depois de fazer uma coisa tão experimental quanto Santa Monica. Nos meus arquivos encontrei essa história de dois adolescentes explorando a própria sexualidade e achei que havia um ponto em comum aí, o processo da descoberta, etc. Daí caminhou mais fácil.   Qual maior desafio enfrenta quem está começando a fazer cinema em Pernambuco? Talvez aprender a trilhar os caminhos da burocracia, se esse for o desejo. O Funcultura é um processo penoso, por vezes caro, e difícil para quem não tem experiência. Todos os meus filmes até agora forem feitos sem esse aporte, por questões relativas a essas. Eu não sou um cineasta de classe média que pode tirar dinheiro do bolso para fazer numa grande produção, então aprendi a fazer filmes que caibam na minha realidade. O importante é conhecer suas limitações, ainda que sempre lutando para expandir o limite delas, e se cercar de pessoas que acreditam nas suas ideias. Teu trabalho sofre influência de algum cineasta específico? Quando comecei a filmar eu era muito influenciado pelo mumblecore americano - e dentro desse, em especial o cinema de Joe Swanberg -, um movimento que fazia também filmes de baixo orçamento sobre jovens perdidos, sempre focados em diálogo, etc. Creio que o grosso da minha experiência estética vem daí, mas sempre existem as referências cinéfilas como Chantal Akerman, John Cassavetes, Valeska Grisebach, Straub-Huillet, Hong Sang-soo. Talvez não estejam presentes nos filmes, mas estão sempre acompanhando a gênese das ideias. Já planeja mais um filme? Dei uma pausa nas produções mas devo retornar em breve. A ideia é fazer um musical, não sei se conseguiremos, mas o desejo tá aí. Confira a programação completa do 1º Sacoleja.

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A nota da vergonha em defesa de Del Nero

*Por Houldine Nascimento No posto desde setembro de 2011, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, saiu em defesa de Marco Polo Del Nero, suspenso do comando da CBF e de qualquer atividade relacionada ao futebol por 90 dias graças a uma decisão do Comitê de Ética da Fifa. Indiciado por corrupção pela Justiça dos EUA em 2015, Del Nero evita desde então viajar para fora do Brasil para evitar uma eventual prisão. Apesar de todas as evidências, a última delas aponta que o presidente afastado da CBF teria recebido 6,5 milhões de dólares em propinas para beneficiar empresas de marketing esportivo em contratos de transmissão de TV, o atual gestor da FPF decidiu defender aquele a quem chama de “amigo”. Uma nota oficial foi lançada na última sexta-feira (15), no site da FPF, em “solidariedade a Marco Polo Del Nero”. Ainda segundo o texto, “nenhum movimento contrário ao presidente da CBF deve ser realizado, já que essa decisão é injustificável e trata-se de uma manobra política da FIFA com o intuito de interferir no processo eleitoral da CBF”. Evandro Carvalho conclui ratificando sua fidelidade a Del Nero, que nada faz pelo futebol do Estado. "Pernambuco mantém um alinhamento e sua integral participação junto ao presidente Marco Polo Del Nero", declara. Provavelmente, é a única federação de futebol do País que defendeu com veemência o presidente suspenso da CBF. Nem mesmo a Federação Paraense de Futebol, sob a liderança do coronel Nunes, quem hoje substitui Del Nero na CBF, teve essa ousadia. A mesma solidariedade não há em José Maria Marin, ex-presidente da entidade que conduz o futebol brasileiro e detido em Nova York. Neste domingo (17), em entrevista à Rádio Jornal, Carvalho insistiu que não há provas contra Del Nero. “Será que todos os integrantes do FBI, do Poder Judiciário e da Procuradoria de Nova York se transformaram em profissionais incompetentes e não conseguiram localizar, repatriar esses milhões que dizem que o presidente Marco Polo recebeu?” Não surpreende que o futebol pernambucano esteja agonizando, com dois clubes tradicionais como Náutico e Santa Cruz amargando a Terceira Divisão Nacional e as equipes do interior numa situação ainda pior. Também não surpreende por que o Campeonato Pernambucano seja pobre tecnicamente, tenha a maioria das partidas esvaziada e consequente média de público ridícula: em 2017, foram 1.645 pagantes por jogo e média de ocupação dos estádios de somente 8%. Nunca é demais lembrar que o mesmo Evandro Carvalho, poucos meses após assumir a FPF, disse querer que Pernambuco “conquiste o inédito título da Série A”, ignorando o Campeonato Brasileiro de 1987 do Sport. E foi além ao ser perguntado a respeito: “Quero um título brasileiro de verdade e não um por causa de erro de regulamento.” No mínimo assustador. *Houldine Nascimento é jornalista.

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6 retratos do Recife nos tempos da Maxambomba

Há 150 anos o Recife inaugurava a primeira ferrovia urbana do País. Em 1867 começou a operar na capital pernambucana a maxambomba, cujo nome vem da expressão inglesa machine pump (bomba mecânica). De acordo com o historiador José Lins Duarte, a implantação do trem urbano na cidade foi fruto da mobilização de grupos sociais preocupados na época em obter um meio de transporte compatível com a necessidade e prestígio do Recife. Veículos movidos a cavalos e transporte via canoas eram as principais alternativas de mobilidade de pessoas e mercadorias na época. O Governo Provincial deu concessão à empresa inglesa Brazilian Street Railway Company Limited, com sede em Londres para a operação desse modal de transporte no Recife. A maxambomba contava com 22 quilômetros de trilhos e 20 estações, tendo durado até 1914, embora alguns ramais persistiram até 1919. As imagens abaixo fazem parte dos acervos da Fundaj e do Museu da Cidade do Recife. 1. Maxambomba na Ponte D'uchoa 2. Em frente à Faculdade de Direito do Recife 3. Na Ponte Duarte Coelho 4. Maxambomba Sobre o Rio Capibaribe atual Ponte Duarte Coelho - Recife 1900 5. Ponte da Maxambomba (1914) 6. Duas Maxambombas no bairro de Apipucos Se você é interessado na história das Maxambombas no Recife, confera a dissertação de José Lus Duarte, no link a seguir: Recife no tempo das Maxambombas (1867 - 1889)  

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Mobilização defende Sombreado do Espinheiro

Na última semana aconteceu na Câmara do Recife uma Audiência Pública sobre a arborização da cidade, convocada pelo vereador Jayme Asfora Filho. No mesmo dia, o consultor Francisco Cunha entregou ao secretário de Meio Ambiente, Bruno Schwambach, o abaixo-assinado #EspinheiroSombreado, que solicitou um diagnóstico e um plano de ação para rearborização do Bairro do Espinheiro. A derrubada de árvores na cidade é um tema que incomoda a população há alguns anos. O movimento no Espinheiro, no entanto, tem uma característica simbólica, visto que trata-se de um dos bairros mais arborizados no Recife. Se até no Espinheiro o sinal de alerta já foi dado, já passou da hora de instituir medidas mais efetivas de proteção dos ativos ambientais da capital pernambucana. E com a temperatura elevada da cidade, a manutenção das árvores e o plantio de novas é necessário para garantir um melhor microclima e assim, inclusive, estimular a mobilidade ativa. Na audiência pública, o consultor Francisco cunha defendeu quatro aspectos principais: 1. Publicação prévia na internet dos laudos técnicos para qualquer erradicação de árvores na cidade. 2. Imediato replantio de todas as árvores erradicadas, em tamanho adequado para voltar a produzir sombra o mais rápido possível. 3. Cuidado obsessivo com as podas, visando à máxima preservação da sombra. 4. Elaboração e execução de planos de arborização/rearborização por bairro. O vereador Jayme Asfora pretende apresentar em breve um projeto de lei defendendo essas medidas. O parlamentar ressaltou na audiência a relevância das árvores urbanas para tornar a cidade mais agradável e saudável ambientalmente.  “Quanto mais verde nossa cidade for, mais ela vai estimular as pessoas a andarem pelas ruas e ocuparem os espaços públicos, contribuindo, inclusive, para a questão da segurança”, afirmou Asfora. O documento entregue por Francisco Cunha ao secretário Bruno Schwambach denunciou que desde o final do século passado verifica-se "um processo de poda extensiva e erradicação de árvores sem plantio, o que tem provocado, na prática, a abertura de 'clareiras', o desaparecimento do efeito 'túnel verde', o aumento da insolação e, como resultado, a perda do sombreamento característico do bairro”. Na edição de janeiro da Algomais teremos uma matéria sobre a mobilização em torno do Sombreado do Espinheiro.

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Santo Antônio do Carmo de Olinda

Em Olinda, saindo-se do antigo Varadouro da Galeota, contornando o morro de São Bento, pela Avenida Sigismundo Gonçalves, chega-se à colina onde se encontram a Igreja do Carmo de Santo Antônio e as ruínas do seu convento, cujos primórdios datam do ano de 1588. Os frades carmelitas, porém, já se encontravam em Olinda desde o ano de 1580. Quando, vindos de Beja (Portugal), iniciaram contatos para a fundação deste convento, que viria a ser o berço da Ordem Carmelita no Brasil e sede de sua província, a partir de 1591. A antiguidade do monumento é comprovada por Germain Bazin, ao constatar a existência de alguns túmulos com inscrições datadas do Século 17: 1612, Antônio Fernandes Pessoa, na capela do Bom Jesus dos Passos; 1623, Dona Ignez de Góes, na capela da Boa Morte; 1624, D. Diogo de Verçosa, no cruzeiro. Com a destruição de Olinda pelos holandeses, em novembro 1631, e a subsequente demolição dos seus edifícios, com o seu material aproveitável sendo transportado para o Recife, a fim de ser utilizado nas novas construções, muito sofreram a igreja e o convento dos frades carmelitas. Exteriormente, relata Pereira da Costa, ficou a fachada do monumento reduzida a uma terça parte da sua elevação, vendo-se juntar à portaria da clausura a seção inferior da torre do lado do Norte e um cornijamento geral que, ao correr da altura do primeiro pavimento da larga fachada do templo descansava sobre quatro colunas que ladeiam a sua grande porta de entrada. Essas ruínas compreendem ainda umas peças laterais, esparsas, à parte do Sul, onde ficava a igreja da Ordem Terceira, como demonstra tela do pintor holandês Frans Post, atualmente no Museu Real de Amsterdã. A Igreja do Carmo de Olinda, por sua grandiosidade, chama a atenção do visitante, conservando o conjunto a sua aparência primitiva do século 17. A planta apresenta uma ampla nave, ladeada por quatro capelas, cercada por tribunas, possuindo uma capela-mor bastante profunda, conservando uma decoração da segunda metade do século 17, constatando-se o emprego abundante da pedra lavrada em seus altares e colunas. O altar-mor, emoldurado por retábulo de talha, encontra-se ricamente decorado, estando ladeado por colunas. O professor José Luiz Mota Meneses faz referência à existência de um retábulo-mor primitivo, uma espécie de altar fingido, pintado sobre a parede, e sobre o qual foi levantado, aproximadamente em 1770, o atual retábulo, nitidamente de gosto rococó. O altar fingido foi descoberto quando do desmonte do altar-mor, para restauração, e, segundo Germain Bazin, sua moldura de arquivoltas, cercando um camarim pintado na parede de fundo, cujo estilo o dataria como pintado entre os anos de 1660-1670. Sendo um exemplo raro dos altares pintados que decoravam as igrejas enquanto se providenciava a construção do altar em talha. O retábulo que veio a substituir o originalmente pintado não recebe a tradicional douração, sendo simplesmente pintado de branco. Colocado no mesmo nível do piso, o altar-mor prolonga-se até atingir as cadeiras laterais confeccionadas em madeira decoradas por talhas. O piso revestido de mosaicos prolonga-se até o arco cruzeiro que marca o limite entre capela e nave. O teto pintado é formado por abóbada de alvenaria que nasce sobre as grossas paredes, e tão perfeitamente assentada que não é possível notar a emenda entre o muro e o corpo abobadado. O arco cruzeiro, a exemplo da capela-mor, também foi decorado, primitivamente, com uma imitação de retábulo pintado sobre o reboco da parede.  O detalhe aparece quando da restauração de um altar de talha, que o encobria há séculos, imitando um modelo de transição entre os protobarrocos e os de estilo franciscano, apresentando colunas contornadas em espiral por folhas de parreira. A Igreja do Convento Carmelita de Olinda tem planta em nave única, coberta com telhado em duas águas, não apresentando forro, sendo o acabamento interno do telhado simples em madeira aparelhada. O cruzeiro apresenta a singularidade de não ter cúpula, seus dois grandes arcos têm a mesma altura do arco da capela nova e apresentam as mesmas características arquitetônicas. Primitivamente, a nave central possuía treze capelas laterais, distribuídas do cruzeiro para a fachada. Em nossos dias, o número de capelas encontra-se reduzido a quatro, distribuídas de cada lado da nave, que se comunicam com a mesma através de arcadas, e cuja cornija do entablamento está na mesma altura da cornija do transepto. O conjunto encontra-se inscrito como Monumento Nacional no livro das Belas Artes v. 1, sob o n.º 217, em 5 de outubro de 1938; Histórico v.1, n.º 108, em 5 de outubro de 1938 (Processo n.º 148-T/38). Texto e fotos de Leonardo Dantas Silva

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Subindo a escada do fim da crise

Todas as análises sobre a saída desta crise, que já pode ser considerada a maior da história econômica documentada no Brasil (desde 1900), apontam no sentido de que, depois do mergulho profundo na recessão (quase -7% em dois anos), a retomada que está começando será muito lenta. Ou seja, podemos dizer, sem medo de errar que, em termos de desempenho do PIB, “descemos de elevador e vamos subir de escada”. Isso porque, embora a curva da economia tenha se descolado da política, a intensidade e a velocidade da recuperação ainda estão muito condicionadas por ela. Um dos saldos severos dos anos de descontrole foi a necessidade de um ajuste fiscal do setor público federal da ordem de mais de R$ 300 bilhões (mais de R$ 150 bilhões de déficit somados aos mais de R$ 150 bilhões de necessidade de superávit primário). E se esse problema não for enfrentado de forma adequada pelo próximo presidente da República, a recuperação ficará comprometida. Se for eleito, por exemplo, um populista que prometa soluções fáceis para problemas complexos, a recuperação será prejudicada com ampliação do esgarçamento do tecido social. Diante desta perspectiva de recuperação lenta, mesmo em face do cenário mais otimista, cabe reforçar as recomendações que tive oportunidade de fazer para as empresas no lançamento da Agenda 2018 (ver matéria de capa desta edição da Algomais). São elas: (1) Manter a Cautela Redobrada (justamente por conta da lentidão da retomada, não se deve abrir mão do cuidado requerido); (2) Retomar o Risco com Cuidado (todavia, com o início da recuperação, ainda que lenta, é preciso já retomar a dose de risco calculado que caracteriza os bons empreendedores); (3) Preparar os Colaboradores (para a nova realidade pós-crise, bem diferente daquela anterior a ela); (4) Reforçar a Escuta do Cliente (isso porque a crise mudou muito os hábitos de consumo e é preciso ouvir com atenção as novas demandas da clientela); (5) Preparar-se para 4ª Revolução (há quem diga que a disrupção digital em curso já se configura como uma 4ª revolução industrial que promoverá mudanças de grandes proporções na realidade cotidiana dos negócios e preparar-se para ela é uma demanda irrecusável). No mais, continuar perseverando na crença de que, mesmo quando a escada da recuperação é longa e íngreme, as crises são grandes oportunidades de inovação e crescimento.

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Na pele dos meus irmãos negros

Descobri que o racismo existe no Brasil desde cedo. Sou branco e tenho um irmão negro. Quando pequenos, indagados se éramos realmente irmãos, respondíamos: “é que nosso pai é moreno e nossa mãe é loira”. A resposta apropriada, claro, seria a verdadeira: eu sou filho biológico dos nossos pais que são brancos e ele é filho adotivo, e provavelmente, filho biológico de pais negros, apesar de não os conhecermos. Ninguém nasce racista. Mas até mesmo essa resposta era de cunho racista. Porque a sociedade nos ensinou sutilmente que a cor do meu irmão deveria ser negada. Eu dizia a todos que ele era moreno. Como se fosse pejorativo dizer que era negro. Nunca conversei com meu irmão sobre o racismo que sofrera. Mas evidente que isso marcou sua vida. Deve ter sido foda ser o único negro da escola particular “cristã” da classe média da Zona Norte do Recife, na década de 80. Deve ter sido cacete sentar todos os dias no sofá, com a família, e se ver representado nas telenovelas por atores negros a quem sempre eram reservados os papéis de escravos ou criminosos e, jamais, papéis de empresários, executivos ou cientistas. Não deve ter sido fácil estacionar o carro numa padaria e ouvir “cuidado para não arranhar o carro do patrão”, sendo aquele o carro do seu próprio pai. Deve ter sido difícil ser o negro do apartamento 602, o único do prédio totalmente ocupado por brancos, racistas na sua maioria. Foi compreensível que ele tenha pedido para se “exilar” no nosso sítio, aos 15 anos de idade, e de lá não querer mais sair, em sinal de esgotamento. Já minhas irmãs, gêmeas, que nunca se viram representadas nas princesas da Disney (“ô mainha, por que meu cabelo não assanha igual ao da Cinderela?”), talvez tenham sofrido menos, pois são mais jovens e, afinal, hoje é mais cult assumir a negritude. Há um certo freio no processo de branqueamento que vivemos. Isso é fato. Mas o racismo está longe de acabar. Está nas facetas da sociedade. Na forma de olhar. Nas entrelinhas das expressões. Covarde e cretino. Por isso, sou adepto do empoderamento. Não basta ser contra o racismo. É preciso ser antirracista. É preciso falar do orgulho de ser negro. Falar de negros de sucesso para que jovens negros se sintam empoderados e confiantes. Falar de pessoas como José do Patrocínio, Juliano Moreira, André Rebouças, Joaquim Barbosa, Lázaro Ramos, Taís Araújo, Milton Santos, Ernesto Carneiro Ribeiro, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus, Sueli Carneiro, Gilberto Gil, e tantos outros. "É triste, senhores, que até hoje, quando apenas cinco anos nos separam do centenário glorioso dos direitos do homem, nesta América que parecia dever ser o refúgio de todos os perseguidos, o asilo de todas as consciências, a praça inexpugnável de todos os direitos, a escravidão ainda manche a face do continente, e um grande país, como o Brasil, seja aos olhos do mundo nada mais, nada menos, do que um mercado de escravos" (Trecho do discurso proferido por Joaquim Nabuco, no Recife-PE, na Praça S. José do Ribamar, no dia 5 de novembro de 1884, sob aplausos da multidão que o ouvia). Quero meus sobrinhos com orgulho da pele.

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A transformação digital e os carros particulares

Nos próximos 20 anos, a indústria automobilística vai passar por duas grandes transformações digitais que impactarão diretamente no modo como usaremos os carros. A primeira grande transformação é no modelo de impulsionamento, que passará a ser predominantemente por motores elétricos. Inclusive, já estamos vivendo essa transformação com a atual oferta de vários modelos elétricos e com o anúncio da proibição da fabricação de modelos à gasolina e diesel, a partir de 2040, em países como França e Inglaterra. Em Londres, já partir de 2019, será proibida a circulação de carros movidos a combustível fóssil pelo centro da cidade. O carro elétrico não é novidade. Protótipos já existem há mais de 30 anos. Mas foi o avanço da digitalização dos últimos anos que vem tornando o produto cada vez mais viável economicamente. E, para otimizar melhor o uso da eletricidade das baterias, os carros atuais são praticamente softwares sobre rodas. Quase tudo hoje no carro é controlado digitalmente. Essa tecnologia embarcada tem sido o grande pilar da segunda grande transformação que passará a indústria automobilística nos próximos anos: os veículos autônomos. Nas ruas da Califórnia, carros e ônibus autônomos já são realidade em projetos do Google e do Uber, por exemplo. Mas por que essa seria uma grande transformação? Porque vai causar dois grandes impactos: no uso e na produção dos veículos. A necessidade por um carro particular, para uso exclusivo, será cada vez menor, pois a tecnologia vai permitir que um carro autônomo seja usado de forma privada e coletiva. Em vez de estar parado, que chega a 90% do tempo ao longo de um dia, o carro autônomo poderá, por exemplo, prestar serviço para outras pessoas. Em virtude disso, haverá uma menor demanda por carros particulares, diminuindo também a exigência de tantos modelos e suas variações de design, cores, acabamento, potência etc. A grande consequência será o fechamento de fábricas que atuam no segmento dos modelos mais vendidos. Esse movimento não deve afetar, no entanto, as marcas de modelos de luxo, que primam pela exclusividade.

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