Arquivos Colunistas - Página 277 De 309 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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8 imagens dos fortes do Recife e de Olinda antigamente

Os recifenses passam diariamente pelos fortes do Brum e das Cinco Pontas. Os olindenses convivem com o Fortim do Queijo. Mas as cidades já tiveram outras fortificações, como o Forte do Buraco e o Forte da Barra. Confira abaixo as fotos que selecionamos dos bancos de imagem da Fundaj e do IBGE. Eles integravam o sistema de defesa do Estado de Pernambuco junto a outros fortes que ficavam mais distantes da capital, como os de Paulista e Itamaracá. 1. Forte das Cinco Pontas (Foto do IBGE) 2. Quartel do 40º Batalhão das Cinco Pontas, em 1900 (Acervo Josebias Bandeira) 3. Forte do Buraco, em Olinda. Também era conhecido como Forte da Madame Bryune. (Acervo Josebias Bandeira) 4. Forte do Buraco, em 1932. (Acervo Josebias Bandeira) 5. Forte do Brum, em 1914 6. Forte do Brum, 1939 (Acervo Benício Dias) 7. Forte da Barra, também conhecido por Forte do Picão, Castelo do Mar e Forte da Laje 8. Fortim do Queijo (Acervo da Fundaj)

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O Sport caminha para o abismo (por Houldine Nascimento)

A temporada do Sport mal começou e o clube já acumula fracassos esportivos. O mais recente veio na quinta-feira passada (15), quando o Leão recebeu o Ferroviário-CE, na Ilha do Retiro, em duelo válido pela segunda fase da Copa do Brasil. Quem viu a partida até os 30 minutos do segundo tempo supôs que a classificação do time pernambucano estava sacramentada. Àquela altura, o Sport vencia por 3 a 0. Mas o torcedor rubro-negro jamais imaginaria o que estaria por vir nos dez minutos seguintes. O time da casa sofreu um apagão sob os olhos da própria torcida e teve a capacidade de levar três gols muito rapidamente, cedendo o empate ao Ferrão – como é chamada a equipe cearense – e a vaga na terceira fase da competição nacional acabou decidida nos pênaltis. De forma heroica, o Ferroviário venceu a disputa nos penais por 4 a 3 e avançou. Méritos do Tubarão da Barra, mas a sensação que ficou foi de um fracasso retumbante do Sport. Um time da Série A nacional sucumbiu diante de um da Série D, a quarta divisão. Na histórica derrota, a torcida se voltou contra o presidente, Arnaldo Barros. Como medida, o mandatário decidiu destituir a diretoria. Um dos integrantes da cúpula leonina é o seu filho, Rodrigo Barros. A presença de um parente na condução dos destinos do Sport motivou o pedido de impeachment de um conselheiro do clube. O vexame é a cereja do bolo daquilo que se desenha desde 2016, quando Barros era o vice-presidente de futebol e o Sport por pouco não foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, nova luta contra a queda e, mais uma vez, o Leão escapou do descenso na última rodada. Com Arnaldo Barros no comando, o clube vem passando por vários apuros. Já em 2017, o Sport passou a atrasar salários, o que contribuiu para a queda de rendimento do elenco. Antes referência no Brasil por cumprir as obrigações, o Rubro-negro se tornou mais do mesmo e atletas têm recusado defender a equipe. O caso da vez foi o do quarto goleiro do Corinthians, Matheus Vidotto, de 24 anos, que rejeitou uma proposta de empréstimo do Sport. Pior do que isso é o fato de vários jogadores com contrato em vigor se rebelarem. O meia Diego Souza se foi e outros lutam para seguir o mesmo caminho. O volante Rithely e o atacante André estão desesperados para deixar Recife. Até o indisciplinado atacante Juninho se nega a vestir a camisa rubro-negra. Além disso, não conseguiu manter peças importantes, como o lateral Mena e o volante Patrick. Assim, o time passa por um desmanche. Prova clara de que as coisas vão muito mal na Praça da Bandeira. Essa trajetória desastrosa começou a ganhar corpo em julho de 2017, quando Arnaldo Barros construiu a saída do Sport da Copa do Nordeste. A medida, além de causar dano financeiro, prejudicou seriamente o time na esfera esportiva, já que agora só resta o Campeonato Pernambucano no primeiro semestre. A atitude à época foi no mínimo contraditória, uma vez que Barros sempre fez questão de desvalorizar o Estadual, dizendo que “o Sport não cabia mais em Pernambuco”. O Brasileirão ainda não teve início, mas devido às ações estapafúrdias de seu presidente, o Sport já é um sério candidato ao rebaixamento. Quem tem visto os jogos, sente as atuações sofríveis do time pernambucano. Ate o momento, não há uma equipe consistente formada. Para evitar a queda, será necessário realizar contratações em diversos setores: da defesa ao ataque. Não por acaso, a rejeição a Arnaldo Barros é grande. Estamos em fevereiro e a perspectiva não é nada boa para o Sport. --

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Lady Bird: amadurecimento é tema de filme indicado a cinco Oscars

Cativante. Não há melhor adjetivo que descreva Lady Bird, trabalho de estreia da diretora (e atriz) Greta Gerwig. O filme está entre os favoritos ao Oscar deste ano, com cinco indicações, entre elas, a de melhor filme. À primeira vista, o longa tinha tudo para ser mais um exemplar do conhecido catálogo da Sessão da Tarde, tratando de assuntos como primeiro amor, perda da virgindade, crise com os pais e até a clássica ida ao baile de formatura. Mas Greta, que também escreveu o roteiro, consegue extrair originalidade de algo que poderia desandar para o lugar-comum. Lady Bird trata, em sua essência, das relações de uma adolescente de personalidade forte em sua caminhada rumo ao amadurecimento. Tão cativante quanto a história é a protagonista interpretada pela excelente Saoirse Ronan, de O Grande Hotel Budapeste e Brooklin. Christine "Lady Bird" McPherson mora com os pais e o irmão em Sacramento, na Califórnia. Seu maior desejo é sair do lugar, sonho que pode ser concretizado com a ida para a faculdade em outra cidade. Enquanto isso não acontece, Christine segue seus estudos em um colégio católico, esbarrando suas convicções no conservadorismo da instituição, como na cena em que, durante uma palestra sobre aborto, questiona se, em determinadas situações, é realmente imoral escolher abortar.   A relação tempestuosa entre Christine e a mãe, Marion, é outro ponto forte da história. As duas personagens compartilham dores e frustrações característicos a um período marcado por escolhas que serão decisivas para o futuro da jovem (em qual faculdade estudar?) e outras não tão importantes (qual vestido comprar para ir ao baile?). Marion é interpretada por Laurie Metcalf, conhecida por viver na TV a mãe de Sheldon na série nerd The Big Bang Theory. Não espere grandes pontos de virada ou um inesquecível clímax em Lady Bird. Na história, tudo acontece devagar, de forma despretensiosa, o que não impede a evolução da trama e dos personagens. Greta Gerwig consegue unir em seu primeiro trabalho características comuns a própria vida, como simplicidade e até incerteza. Boa opção, sem dúvida, não apenas para uma Sessão da Tarde. Oscar - Indicações: Melhor filme, Melhor Direção (Greta Gerwig), Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz (Saoirse Ronan) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laurie Metcalf). Estreia: 15 de fevereiro

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Um jardim Botânico no coração de Olinda

Pouco conhecido pelos pernambucanos, o Horto d'El Rey, localizado no Centro Histórico de Olinda, foi o segundo jardim botânico do País. Criado em 1811 com o título de Real Viveiro de Plantas de Olinda, a área, que hoje é uma propriedade privada, guarda o potencial de se tornar um espaço de estudos e de visitação para realização de trilhas ecológicas. “Temos uma atenção especial nesse local por ser um sítio histórico. A prefeitura já tentou fazer uma ação efetiva no passado, mas há pendências jurídicas a serem resolvidas antes. Nosso interesse seria reabrir o horto para estudos, trilhas e escolas”, afirma o secretário de Patrimônio e Cultura de Olinda, Gilberto Sobral, sobre o antigo horto, que é registrado no cadastro de imóveis como Sítio do Manguinho. O secretário ressalta que o primeiro desafio é mantê-lo preservado. Sobral explica que a prefeitura já realiza um trabalho de monitoramento constante no entorno do terreno. O espaço abrange cerca de 14 hectares, limitando-se com o turístico Alto da Sé e os bairros do Carmo, Amaro Branco, Amparo e Bonsucesso. Para o arquiteto e urbanista Lúcio Calado, o espaço tem grandes possibilidades de uso público. “É um local estratégico que pode ser usado como um parque botânico, com trilhas. Por ser um terreno íngreme poderia até desenvolver um projeto de teleférico no horto”, sugere. O especialista ressaltou que no Plano de Gestão do Sítio Histórico de Olinda – um documento que está em fase de tramitação na Câmara de Vereadores da cidade – pelo menos dois incisos já indicam as intenções da prefeitura para o parque. Quando trata sobre o Programa de Desenvolvimento Econômico e Urbano Sustentável, o plano sugere a “exploração do potencial do Horto d'El Rey para pesquisa científica e visitação”. A outra menção está no Programa de Preservação e Conservação do Ambiente Natural no Sítio Histórico de Olinda, quando o plano sugere a “recuperação e manutenção do Horto d'El Rey (árvores), permitindo o uso público com respeito ao meio ambiente e paisagem”. O horto foi alvo de uma pesquisa das engenheiras florestais Isabelle Maria Jacqueline Meunier e Horivani Conceição Gomes da Silva, que publicaram um artigo científico, há quase 10 anos, na Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, que tratou justamente das potencialidades da cobertura vegetal nesse espaço. “Áreas planas próximas à entrada do Bonsucesso precisam ser objeto de restauração ambiental, qualificando-as para o lazer contemplativo e para a condução de práticas educativas, nas quais se priorizem as ações de inclusão social, saúde, educação ambiental e cidadania, voltadas principalmente às comunidades do entorno”, sugeria a pesquisa. Para a região mais próxima ao Alto da Sé, o estudo traz como proposta “valorizar as estratégias de informação sobre importância do local na introdução de espécies exóticas que hoje integram a paisagem, a cultura e a economia regionais”. As pesquisadoras recomendavam ainda que nas áreas mais primitivas, de difícil acesso, a visitação deve ser restrita a trilhas, onde poderiam ser instaladas passarelas estreitas, até locais onde seja possível observar aspectos importantes da paisagem olindense, como o Farol de Olinda. Gilberto Sobral informou que há um estudo em andamento, ainda em fase embrionária, sendo feito por uma equipe vinculada ao Porto Digital, que tem uma proposta de ação no Seminário de Olinda, que envolveria também o Horto d'El Rey. “Há interesse de investidores do Porto Digital de criar um braço de atividades educacionais abrangendo economia criativa e ecologia, em que o horto viraria um grande laboratório e espaço de estudos”. Sobral lembrou ainda que existe uma Sociedade dos Amigos do Horto d'El Rey, mas que atualmente está sem atividades. HISTÓRIA De acordo com o historiador Leonardo Dantas, desde o início da colonização brasileira, os jardins das ordens religiosas de Olinda eram utilizados para aclimatação de vegetais exóticos, que foram transplantados para o País, vindos de diversas partes do mundo. Em 1797 e 1798, o Conde de Linhares, dom Rodrigo de Souza Coutinho, recomendou o estabelecimento de um Jardim Botânico em Olinda para o cultivo de novas plantas exóticas. Esse projeto só iria se tornar real quase 15 anos depois, sendo construído no antigo Jardim dos Padres da Companhia de Jesus. Inicialmente foram transplantados vegetais vindos da Guiana Francesa. Ao longo do tempo foram plantadas no horto variedades como fruta-pão, caramboleira, sapotizeiro, pinheira, entre tantas outras. “O Jardim Botânico de Olinda teve importante papel na divulgação desses vegetais e de outros que nele foram sendo introduzidos desde sua fundação”, assinalou Leonardo Dantas em artigo publicado na Algomais. No jardim chegou a funcionar um curso de botânica e de agricultura no longínquo ano de 1829. O espaço foi fechado em 1845, sendo alugado e posteriormente vendido para à família Manguinho. *Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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GOIANA II: Igreja do Rosário dos Homens Pretos & Pardos

As irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos têm sua origem no século 16, quando os jesuítas de Olinda fundaram as primeiras associações religiosas destinadas à doutrinação dos africanos recém-chegados da Guiné. Tal iniciativa foi referendada pelo papa Gregório XIII que, na segunda metade daquele século, estimulou a criação de tais confrarias para “doutrinar os escravos recém-chegados nos costumes e dogmas da religião católica”. Tais irmandades, com o tempo, se transformaram em sociedades de ajuda mútua, promovendo funções para atender ao cativo por ocasião de doenças e de sua morte, como também promovendo as festas dos seus padroeiros – Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, dentre outros –, bem como festividades outras de caráter profano, como as coroações dos Reis Negros, documentadamente conhecidas desde o ano de 1666. Outro aspecto que também marcou essas irmandades foi o da luta pela emancipação do negro escravo, pois, no mais das vezes, delas provinham o empréstimo necessário para aqueles irmãos que desejavam comprar a sua alforria. A irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Goiana tem sua origem no final do século 17, segundo se depreende de carta do vigário daquela paróquia, datada de 10 de setembro de 1802, constante do arquivo do Convento de Santo Alberto, na qual faz menção a existência dessa igreja em 1692. A sua igreja, construída no século 18, teve sua fachada e campanário refeito, segundo desenho em estilo rococó, quando da reforma de 1835. Possui uma única torre erguida do lado do evangelho, com janelas na sineira, esta coroada por bulbo de nervuras, ostentando pináculos diferentes dos existentes no frontispício. No seu frontispício, um óculo destinado à iluminação do interior do templo completa o conjunto no qual se encontram três portas e três janelas no coro. Além do altar barroco de São Benedito com dois nichos, há cinco retábulos de madeira em rococó tardio. Dois corredores dão acesso às suas duas sacristias, numa das quais encontra-se esculpida em pedra calcária uma fonte representando dois delfins.

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Acabou a cerveja? Gele mais usando ciência!

A largada para a folia de Momo foi dada. O carnaval começou e agora é cair na folia e tomar aquela cerveja pra matar o calor. Com toda essa sede, com todo esse frevo e uma “lua” escaldante logo será necessário botarmos mais cerveja pra gelar, o pique não pode parar, são “só” quatro dias não é? Então como podemos fazer com que a cerveja fique gelada rapidamente para não deixar os ânimos esfriarem? O que vamos precisar? Vamos fazer uma conta menor, podendo aumentar com o tamanho do seu grupo e porque não dizer da sua sede. Então separe: 1 kg de sal Dois sacos de gelo 1 litro de Álcool E prepare assim. O ideal é fazer com uma caixa de isopor larga e com um tamanho que possa comportar um bom número de latinhas ou long necks. Acomode a bebida de uma forma em que fique um pequeno espaço para que a mistura possa entrar em contato com a superfície da embalagem.   Isso é um pouco de ciência, é só disso que você precisar para fazer a mágica acontecer. O sal se dissolve facilmente na água reduzindo o seu ponto de congelamento. A água pura congela em cerca de 0ºC, já quando inserimos sal essa temperatura muda para menos, podendo alcançar algumas dezenas abaixo de zero. Ao incluir o gelo, este quando entra em contato com o sal o mesmo derrete-se. Na realidade o que ocorre é que essa parte que derreteu “rouba” o calor durante a troca do estado físico esfriando toda a mistura, o sal provoca também uma reacão “endotérmica”. O papel do álcool é semelhante e diminui ainda mais a temperatura. Como o sal dissolve e tem um papel de acelerador, ele perde o efeito mais rápido, mas isso não ocorre com o álcool. É importante prestar atenção em dois pontos. Se a bebida for em garrafas long necks a tendência é que leve um pouquinho mais de tempo para gelar, mas se forem latinhas que em sua maioria são feita de uma liga metálica de alumínio, esse processo é muito rápido correndo o risco até do congelamento da bebida. Então essa receita é simples e prática e vai deixar a sua cerveja do carnaval, no ponto certo muito mais rápido. Diferente da bebida, essa receita pode usar sem moderação. Boa folia! *Rivaldo Neto é designer e apreciador de boas cervejas (neto@algomais.com)

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A velocidade é o problema

Embora não seja especialista em trânsito, nos mais de 20 anos de consultoria em estratégia e gestão prestados a empresas de transporte de passageiros e ao sindicato do setor, terminei aprendendo por osmose. Além disso, depois que há mais de 10 anos me tornei caminhante e militante da causa da mobilidade a pé na cidade, passei a estudar o assunto e a cotejá-lo com a realidade. E quando fui convidado para falar regularmente sobre mobilidade na CBN Recife, passei a confrontar esse conhecimento com a situação de outras cidades do Brasil e do mundo. Depois de tudo isso, a conclusão a que cheguei foi a seguinte: a velocidade é a principal causa de mortes no trânsito, sendo o seu limite e controle a forma mais fácil e rápida de reduzir drasticamente o número de mortos e feridos nas ruas. Para ilustrar, três exemplos recentes do final de janeiro publicados nos jornais: em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Recife. Em São Paulo: idoso atropelado e morto na faixa de pedestre. Causa primária apontada: o atropelador estaria praticando pega/racha. No Rio de Janeiro: carro sobe o calçadão de Copacabana atropela 18 e mata criança de oito meses. Causa primária apontada: o motorista, epilético, alegou crise ao volante. No Recife: caminhão sobe a calçada na Av. Rosa e Silva e esmigalha um poste de iluminação (eu vi o resultado depois porque na hora, felizmente, estava bem longe do local!). Causa primária apontada: o condutor estaria alcoolizado. Três causas primárias diferentes e uma secundária comum que provocou as tragédias e os danos materiais: a velocidade acima do permitido e/ou modernamente aceitável. Uma prova pelo absurdo: se nos três casos as velocidades fossem, por exemplo, de 40 km/h os danos seriam infinitamente menores e talvez não tivessem havido mortes. A própria Organização Mundial de Saúde recomenda velocidade urbana máxima de 50 km/h. Sei muito bem pelas reações que enfrento quando falo no assunto que a causa talvez seja a mais difícil que já defendi publicamente mas não posso me eximir depois que entendi a natureza do problema: é preciso reduzir as velocidades máximas permitidas e praticadas nas cidades brasileiras para reduzir o número de mortos e feridos no trânsito do País (cerca de 50 mil mortos, mais de 12 mil pedestres, uma tragédia monumental!). Infelizmente, enquanto isso não for feito, as tragédias continuarão.

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O filho perfeito

É menino! É menino! O pavor de todo cronista é a falta de assunto. Já estava desesperado. Minha mulher engravidou e, então, pá! Salvou-me! Já tenho do que falar. E não é qualquer assunto não. Quer novidade maior que esta? Terceiro filho, “pouxa”! Lembrei de quando recebi a notícia do primeiro. Fiz todas aquelas fantasias. Idealizei o filho perfeito como faz todo pai de primeira viagem. E já imaginei todos aqueles elogios. É conversador, traquino, comedor, astuto, inteligente, esperto, culto, expansivo, empreendedor. “Vai trabalhar contigo no escritório ou será doutor igual ao avô?” “Piloto ou esportista?” “Prendam suas cabritas que meu bode está solto”. Logo aos 2 anos, foi diagnosticado no espectro do autismo. Não ouço os elogios que sonhei. Não é conversador. Por enquanto, não se comunica de forma totalmente apropriada para crianças da sua idade. Não se enquadra no modelo de astuto, inteligente e esperto, não obstante suas tiradas estejam me surpreendendo cada vez mais. Provavelmente não será, pelo seu perfil, comedor ou empreendedor. Não acredito que venha a ser esportista, piloto de avião, conquanto eu tenha fé de que algum ofício, no futuro, terá. Tive meu primeiro luto ao receber o diagnóstico. A relação que eu tinha com o autismo vinha do filme Rain Man, com Dustin Hoffman e Tom Cruise. E só! Nada mais! Não sabia nada sobre o assunto. Quando passei a ler e pesquisar a respeito, tive o segundo luto. A certeza de que o autismo não teria cura. Então morreu em mim, naquela época, a ideia que fazia do filho perfeito. Foi quando parei de lamentar e de tentar nadar no mar de incertezas. Mergulhei no convívio com o filho que Deus mandou. E descobri, no seu universo particular, uma beleza tão gigantesca que jamais poderia imaginar. É um doce de menino. Jamais será capaz de mentir ou falar mal de alguém. Nunca será falso. Não fará rodeios para dizer verdades. Autistas são extremamente sinceros. Meu filho é amável, meigo, doce. Deita em nossa cama todas as noites. Gosta de estar em casa, dando e recebendo carinho. Ama a irmã pentelha, melhor terapeuta. É capaz de entrar nos nossos celulares ou no seu Ipad, escolher o vídeo ou jogo que quer (viva Steve Jobs!), se vira sozinho. Toma seu próprio banho, é vaidoso, adora pentear os cabelos, tem personal trainner, gosta de ir ao cinema. Come charque com “bolachinha”. É vidrado em churrasco, barco, praia e piscina. Está no colégio. É o xodó dos amigos. Seu vocabulário só aumenta, a cada dia. Sua agenda é mais lotada que a minha, com tantas e tantas terapias. Impossível não o amar. Para mim, um exemplo de superação. Mas a maior virtude desse pirralho foi a transformação que ele causou na vida dos que estão à sua volta. Se nossa família parece cultivar valores como aceitação, paciência, empatia, simplicidade, persistência, determinação e perdão, posso dizer que é graças ao nosso menino. Posso afirmar que meu filho transformou nossas vidas. Há, no meio disso tudo, a importância da atuação do tempo que operou o ciclo do amadurecimento, nos fazendo enxergar que Deus mandou o filho perfeito.

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Telefone fixo, rádio, carteira e chave perderão suas funções em breve

A transformação digital vem cada vez mais afetando nossas atividades. Mas nem sempre percebemos a velocidade desse impacto. Produtos e serviços que usávamos regularmente há poucos anos estão sendo fortemente afetados. Levando em conta a classe social e a faixa etária dos seus consumidores, alguns deles vão perder totalmente a sua função e outros tendem a ser reduzidos a um mercado mínimo. Vejam essa lista que preparei com alguns exemplos: 1.Rádio – Fortemente impactado pela função de rádio do smartphone e pela digitalização do sinal, os “radinhos de pilha”, como eram conhecidos, estão desaparecendo até dos estádios de futebol. Em 2014, a produção tinha caído 81,13%, em relação aos anos anteriores. Tende a se transformar em peça de museu. 2.Câmera digitais – Com a evolução do smartphone, cada vez menos se vê câmeras fotográficas digitais, nem mesmo com turistas. Para se ter uma ideia, em 2017 a fabricação desse equipamento se reduziu a 1/6 do que era em 2010. A tendência é que esse mercado fique restrito aos fotógrafos profissionais, com os modelos DSLR. 3.Telefone fixo – A rápida popularização das mensagens, como o Whatsapp, tem diminuído o uso dos telefones de uma maneira geral, inclusive o móvel. Em 2017, houve redução de 1.144.657 linhas fixas no Brasil, maior parte no mercado residencial. Dois sinais claros dessa tendência: sucateamento dos orelhões e recuperação judicial da OI com dívida de R$ 65 bilhões. Tende a continuar existindo apenas no mercado corporativo. 4.Carteira – Com a implantação das versões digitais dos documentos (habilitação, título de eleitor e CPF já oferecem essa opção), a necessidade do uso de carteira será cada vez menor daqui pra frente. A restrição da aceitação de cédulas, como nos ônibus, e a digitalização dos cartões de crédito e débito reforçam ainda mais essa tendência. O smartphone vai reunir recursos de identificação e pagamento ao mesmo tempo. 5.Chave – A biometria - que permite o uso da impressão, da íris e da voz para a autorização de entrada e ligação de aparelhos – já é comum nas empresas. O baixo custo dessa tecnologia já está chegando também aos modelos para residências. Não dá para decretar o fim ainda, pois a base instalada é gigantesca, mas o uso de chaves metálicas será cada vez menor. 6.Jornal impresso – Não dá para competir com a velocidade das notícias na internet. Somente em 2016 os jornais brasileiros perderam 124 mil assinantes, sobretudo entre as gerações mais novas. O anunciante também tem fugido dos jornais e preferido as mídias digitais, que são mais baratas e geram mais retorno. A tendência que jornais existam apenas nos meios digitais. *Bruno Queiroz é presidente da Abradi e diretor da Cartello

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Encomendas em geral (por Joca Souza Leão)

Não sei mais escrever por encomenda. Já soube, acho. Mas desaprendi. Não há nada errado em escrever sob encomenda. Pelo contrário. Quem é do ramo escreve numa boa. E eu tenho a maior inveja. O editor (ou freguês, mesmo) dá a pauta (ou seja, faz a encomenda) “escreve, aí, não sei quantas linhas sobre isso aqui”. E o cara manda brasa. Escreve. E, se for bom, escreve bem. Eu, confesso, não consigo. Por exemplo, escrever sobre uma data comemorativa, um acontecimento, uma notícia, uma pessoa, um escritor, um livro, um filme, sei lá, qualquer coisa que me peçam para escrever (ou que eu mesmo me peça). Até tento. Mas não sai nada. Melhor, sai. Mas meio que, digamos, sem querer querendo. Pra mim, a coisa funciona mais ou menos assim —vamos ver se consigo me explicar: a ideia (melhor, o assunto) pinta. Como? Não sei. Ou, às vezes, até sei. Mas isso não importa. Pintou, tenho que parar o que tô fazendo e anotá-la na hora. De lascar, mesmo, é quando tô quase dormindo. Levanto, anoto. E o sono já era. Tenho uma cadernetinha só pra isso. Mas, se não tiver à mão, vale tudo: guardanapo de papel, bloquinho de garçom, jornal, livro, nota fiscal, talão de cheques, receita médica e, até, acredite, papel higiênico (quanto mais macio, pior pra escrever). Depois, tenho que me virar pra decifrar os garranchos. Ninguém me encomendou nem eu planejei escrever o que escrevi até aqui. Nem tampouco o que vem a seguir. Mas, uma coisa puxa a outra, né? Por falar nisso, Ariano Suassuna contava a história de um camarada que gostava de levar encomenda. Dizia que não gostava, para valorizar o préstimo, mas gostava. “Amanhã, tô indo pro Recife de trem. Espero que ninguém me peça pra levar nada.” Mentira. Anunciava a viagem e ficava na maior agonia, esperando que alguém lhe pedisse pra levar alguma coisa. Certa feita, ele anunciou a viagem com mais antecedência do que a usual. E nada de encomendas. Na plataforma da estação, o trem já quase partindo... e nada. – Tá faltando alguma coisa, pai? – Não. Nada. Tô só olhando. Súbito, aproximam-se uma senhora e um rapaz. – O sr. pode levá-lo? – O rapaz? – Ele e esta carta aqui. No envelope, o destinatário: Dr. Ulysses Pernambucano de Mello – Sanatório Recife. O rapaz, coitado, era doido. E a doidice que deu nele, durante a viagem, foi querer pular do trem. Desde então, dizia Ariano, o camarada passou a admitir que gostava de levar encomendas, mas adotou um lema: – Se for pequena e maneira, eu levo; agora, doido, aquele foi o último qu’eu levei.

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