*Por Paulo Caldas
Episódios nos quais pernambucanos lutaram para expulsar os invasores estrangeiros e buscaram a libertação de Portugal são momentos emocionantes, entremeados com histórias fictícias.
Interessante simbiose entre fatos de natureza histórica e tramas ficcionais criadas pela autora oferece um toque de encantamento a este Casamento Inglês (Edições Bagaço. Projeto gráfico de Bel Caldas).
Aqui vivenciamos o Recife dos mascates, ruas, becos, vielas, pontes e fontes, escutam-se as vozes batavas ressonando nas paredes dos sobrados aristocráticos de Olinda, o eco das pisadas rudes nas pedras do chão, sente-se o cheiro ocre-doce do moer dos engenhos de cana, ante a opulência da riqueza açucarada de então.
O texto de Maria Batista Almeida é afável, delicado. Os cenários da época são assim descritos, bem como usos, enredos e conspirações e os costumes cotidianos das famílias, tolhidos pelo rigor austero de antanho.
O Rio Capibaribe e seus encantos, o navegar dos batelões carregados de coisas e gentes, as cadeirinhas sobre os ombros escravos pelas ladeiras e alamedas floridas, o passear silencioso das sinhazinhas.
O conteúdo do livro revela o clima das ganâncias, conspirações, revoltas, prisões, traições, inconfidências sob lei do arcabuz, alheio à justiça, mas fiel à sanha dos poderosos.
*Paulo Caldas é Escritor