Claudia Santos, Autor Em Revista Algomais - A Revista De Pernambuco - Página 111 De 141

Claudia Santos

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Ser geek é indicar tecnologia para amigos e família

Qual o Geek que nunca deu conselhos sobre compras tecnológicas para parentes e amigos? Na hora de trocar de celular, câmera, computador, você sempre é o escolhido. Eu, particularmente, adoro passar dicas. A gente não consegue comprar tudo, não é mesmo? Indicar um produto é uma boa ação e uma forma legal de recebermos novas informações sobre as tecnologias através dos depoimentos dos novos usuários. Mas o que indicar? A primeira dica é: “Não é para você”. Como apaixonados por tecnologia que somos, nossa tendência é pensar logo nas melhores configurações de computadores, no celular mais poderoso, na câmera com maiores opções e oferta de lentes. Mas, lembre-se, as necessidades do seu amigo ou parente podem não ser iguais às suas. Muitas vezes, um notebook mais leve é uma opção melhor do que ter placa de vídeo dedicada, monitor em 4K. Um celular com uma boa câmera frontal, ou melhor portabilidade, pode ser uma opção mais viável para seu amigo que ama selfies. Uma câmera automática pode ser o pesadelo para você, mas exatamente o que seu amigo precisava. Pensando nisso, fizemos uma lista com algumas sugestões de computadores para você indicar ao seu amigo que não costuma ficar por dentro do universo tecnológico. Quer mais dicas? Nas próximas edições da Pernambuco Geek, você poderá acompanhar a lista de câmeras, tablets e celulares. Central Multimídia É cada vez mais comum o uso de computadores como centrais multimídia. A pessoa pode resolver seus problemas simplesmente instalando um Google Chromecast em sua TV, mas, para outros, ter um dispositivo com uma gama maior de opções pode dar a flexibilidade necessária. Nesse caso, você pode formatar aquele notebook velho, que está sem uso, para rodar filmes, músicas, e até conferir aquelas fotografias que nunca saíram do seu HD Externo. (Um dia, revelo essas fotos!). Não tem um notebook antigo dando bobeira ou quer um dispositivo novo? Dê uma olhada nos mini PCs. Dependendo da configuração (ver vídeo abaixo), essa opção também é superlegal para quem tem pouco espaço na bancada. Alguns modelos deixam acoplar o PC na parte traseira do monitor, transformando em um All In One. Existem ainda modelos mais simples, como o Intel Compute Stick, com configuração para rodar arquivos mais leves. Os preços variam de R$ 600 a R$ 4.000. Notebook Portátil Há uns anos, vimos o estouro dos netbooks e ultrabooks. Os primeiros foram rapidamente esquecidos diante do sucesso do segundo grupo. Aos poucos, fomos nos acostumando a não ter leitores de CDs e DVDs. Hoje, tudo está na nuvem. Os avanços tecnológicos diminuíram os componentes ao ponto de termos computadores que aguentam todas as tarefas rotineiras (até edição de vídeos) e pesam menos de 1kg. Se você tem dinheiro sobrando ou é um apaixonado pela Apple, vai sem medo. O MacBook tem um ótimo desempenho e portabilidade. (Além de ser lindo). Se quiser um notebook para aguentar uma rotina pesada, tem ainda modelos da HP, Samsung, Dell e Asus, mas os preços também não são lá muito atrativos. Quer economizar? Vai usar para navegar na web e editar arquivos na nuvem? Os Chromebooks têm ganho cada vez mais adeptos, apesar de não oferecerem tudo que seus concorrentes têm.             Notebook Gamer A redução do tamanho dos componentes teve impacto também no universo gamer. As placas de vídeo portáteis estão cada vez mais robustas, se aproximando do desempenho de desktops. Provavelmente, se você quer realmente jogar tudo no seu PC, a solução seja montar uma torre. Mas, para grande parte das pessoas, rodar em uma configuração menor ou jogar alguns jogos indies pode ser o suficiente. No momento, com uma placa 960M, da Nvidia, você consegue jogar praticamente todos os jogos em uma configuração razoável. É pensando nelas que indicamos o modelo abaixo.

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O charme das lojas de rua

Ninguém duvida que shoppings e hipermercados vieram para ficar, em razão da praticidade que oferecem. Mas o comércio de rua resiste e proporciona benefícios nem sempre tangíveis para as cidades e seus habitantes. Padarias, boutiques, mercadinhos e mercados municipais humanizam a boa e velha convivência entre donos dos estabelecimentos e seus vendedores com os clientes. Não raro, esses comerciantes atendem seus fregueses pelo nome e conhecem suas preferências. Mais do que pontos de referência, os pequenos comércios preservam a identidade das áreas urbanas onde estão inseridos. O Mercado Público da Madalena, por exemplo, é “a cara” do bairro que leva o mesmo nome, assim como o Bar 28 não pode ser dissociado do Recife Antigo. Por essa razão estudiosos afirmam que as lojas de rua conservam o patrimônio material e imaterial das localidades. Quem conhece a Mercearia Nabuco sabe que isso é uma realidade. Localizada numa antiga e charmosa casa na esquina da Rua Harmonia, em Casa Amarela, a bodega há 107 anos supre sua freguesia com uma infinidade de produtos que vai do detergente à cerveja. Entrar no seu ambiente de portas altas e um amplo balcão é retornar aos tempos dos armazéns. Os donos, o casal Lindalva Araújo – a dona Dalva – e Arthur Francisco de Araújo, estão à frente do negócio há inacreditáveis 45 anos. São verdadeiros anfitriões que recebem uma fiel e assídua clientela. “Somos o terceiro proprietário da mercearia. Na época que assumimos não havia supermercado. As pessoas faziam compras grandes e mandavam entregar”, conta dona Dalva. Para se adaptar aos novos tempos, o casal introduziu algumas mesas e o local virou também um bar. “Hoje o que nos sustenta é a venda de bebidas. Aqui vem de doutor a pedreiro, considero os clientes pessoas de casa”, diz dona Dalva com ar quase maternal. Logo cedinho, às 6h30, chegam os trabalhadores em busca do café da manhã. A partir das 10h, um divertido grupo de amigos aposentados começa aos poucos a ocupar uma mesa. “A gente bota conversa fora, mentindo de vez em quando”, brinca Antônio Cerqueira. Já o funcionário público Ranício Galvão sai de Olinda onde mora, se apossa de uma mesa da mercearia, enquanto espera sua mulher, professora do Colégio Apoio – situado nas proximidades – sair do trabalho para levá-la para casa. “É como se fosse meu escritório”, graceja. “Fico aqui resolvendo algumas coisas. Gosto do ambiente é como se eu ainda estivesse em Olinda”, compara Galvão. “A mercearia é um resquício do bairro”, resume Tadeu Caldas, outro integrante do assíduo grupo de clientes. “São pessoas que se conhecem há muito tempo e vêm aqui, onde as relações são mais pessoais, não tem gente em computador, nem no celular, tampouco máquina de cartão de crédito”. Por incrível que pareça seu Arthur conserva a tradicional caderneta para vender fiado. “Ainda temos esse sistema, mas que é usado discretamente, porque é preciso confiar na pessoa”, ressalva dona Dalva. Entretanto, a Mercearia Nabuco também inova para seduzir o público jovem, que frequenta o seu happy hour. As terças-feiras, um grupo musical de chorinho embala a conversa da freguesia, que costuma se deliciar com quitutes feitos por dona Dalva. Os encontros acontecem das 19h às 21h, porém, empolgada na diversão, a clientela costuma dar uma “esticadinha”, permanecendo mais tempo. Para desespero do filho do casal, Arthuzinho, que costuma implorar para que todos saiam, com uma costumeira frase: “Olha o horário!”. Situação que não resistiu ao humor dos clientes. Como bons pernambucanos, eles fundaram o bloco Olha o horário, que desfila próximo à mercearia depois do Carnaval. Tem até hino oficial criado pelo músico e frequentador da bodega Romero Andrade (ouça a música). TROCANDO EM MIÚDOS Ter um comércio de rua não é exclusividade de casas centenárias. As designers Juliane Miranda e Amanda Braga, jovens proprietárias da marca de acessórios femininos Trocando em Miúdos, fizeram a mesma opção. “Costumamos dizer que temos lojas afetivas”, conceitua Juliane. “Nossa relação com as clientes é muito próxima e estar na rua facilita essa proximidade”. A elegante ambientação da Trocando em Miúdos, que reflete essa preferência. Tanto a Casa Rosa, em Casa Forte – que engloba ateliê e local de venda – como as lojas da Jaqueira (que as sócias dividem com duas outras marcas) e a do Espinheiro seduzem pelo intimismo revelado por cortinas, sofás, abajures e flores. E, como o próprio nome da marca (inspirada numa canção de Chico Buarque e Francis Hime) sugere há muita troca com as mulheres de 20 a 70 anos que as frequentam. “Temos clientes que há dez anos compram conosco, que é o tempo de existência da marca. Elas mandam fotos do closet com várias de nossas peças, pedem sugestões de looks, uma delas até nos enviou a imagem do ultrassom quando ficou grávida”, conta Juliane. O afeto que envolve essa relação levou as designers a homenagear clientes batizando seus brincos com o nome delas. Uma das homenageadas é a arquiteta Sara Holmes. “Fiquei emocionada em ter um brinco com meu nome”, derrete-se a cliente. Sara acredita o fato de a marca ter lojas de rua contribuiu, de certa forma, para essa relação. “As vendedoras já me conhecem, me chamam pelo nome, sabem o estilo de coisas que eu gosto. O shopping tem a sua hora porque traz muita comodidade. Mas a loja de rua possibilita essa intimidade. Já foi comprovado que é interessante ter existir comércio numa área com residências, porque traz uma movimentação maior para as ruas, o que colabora até para tornar as vias mais seguras”, analisa a arquiteta.

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As curiosas cervejas africanas (por Rivaldo Neto)

Quando falamos de cervejas praticamente endereçamos o foco para as europeias, americanas e, logicamente, as nacionais artesanais de boa qualidade. Com isso, mercados e países que passaram a ser destaques na produção de vinhos, como é o caso da África do Sul, são deixados em segundo plano, tanto por importadores, quanto de nós consumidores e entusiastas da bebida. Tal “erro” não se justifica. E se na cartilha do cervejeiro o lema número 1 é variar, provar e experimentar. Países que não olhamos como grandes mercados produtores de cervejas passam a ter um importante papel na procura por rótulos até então desconhecidos por nós brasileiros. E foi justamente usando esse raciocínio que consegui três cervejas africanas muito interessantes. Mas realmente não foi fácil. Começando justamente pela África do Sul, onde a produção de cervejas é praticamente toda em cima da gigante SABMiller (South African Breweries). Ela praticamente domina o mercado do continente. As mais populares da empresa são as Castle, a Lion e a Carling Black Label, encontradas facilmente em qualquer lugar por lá. Mesmo com essa concorrência de um gigante como a SAB, algumas cervejarias infinitamente menores produzem boas cervejas e que merecem destaque.       A cervejaria Boston Breweries foi criada por Chris Barnard que ao experimentar cervejas europeias decepcionou-se com as produzidas em sua terra natal e aprendeu o preparo da bebida sozinho. Ele criou essa cervejaria na Cidade do Cabo. Pois bem, ela produz a Johnny Gold, uma weiss estilo bávaro, bem turva e com notas frutadas e bem surpreendente. Não tem muito lúpulo, como a maioria das weiss, mas bastante aromatizada deixando uma sensação muito gostosa na boca e com uma leve acidez.                 Da Pretória vem a Emperor India Pale Ale, que é fabricada pela cervejaria Drayman's, seu fundador Moritz Kallmeyer, é um incansável produtor, antes das tradicionais cervejas de milho africanas e vinhos de frutas e que se entusiasmou com a produção de cervejas artesanais. Ele conseguiu fazer uma IPA leve, com 4,0%, mas bem cítrica, com um equilíbrio marcante entre o doce do malte e a acidez cítrica. Possuindo uma cor âmbar e um bom retrogosto.                 Finalizando com a Mitchell's, primeira microcervejaria da Africa do Sul, datando de 1983. Na época mal se falava em produção de cervejas em pequena escala. Lex Michell fundou a cervejaria e, posteriormente, vendeu em 1989. Mas deixou um portfólio interessante, principalmente com uma Strong Lager de 7,0%, a Mitchell”s Old Wobbly. Lembra muito as ALE inglesas pelo seu corpo, essa cerveja é uma grata surpresa, um amargor delicioso e frutado. Vale muito a pena.             MUNDO CERVEJEIRO E nunca se é tarde para parabenizar as cervejarias pernambucanas Debron e Ekaut, pelos prêmios conquistados no Festival Brasileiro de Cervejas, que ocorreu em Blumenau, Santa Catarina. A Debron arrebatou ouro com a Imperial Stout, que já foi citada aqui na coluna e bronze com a Golden Ale e a Witber. A Ekaut ganhou a prata com a American Pale Ale (APA) 1817. Parabéns a todos os envolvidos.      *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e apreciador de boas cervejas nas horas vagas

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11 anos da Algomais (por Francisco Cunha)

Onze anos atrás, circulou o número 1 da Revista Algomais, uma associação empresarial da Engenho de Mídia (Sérgio Moury Fernandes e Luciano Moura) com a TGI. Na verdade, o projeto começou meses antes e teve até um número zero que foi lançado como teste no final do ano de 2006. Participo do projeto da revista desde o início e escrevo esta Última Página desde o número zero. Neste tempo, a Algomais, como o antigo Repórter Esso, foi “testemunha ocular da história” recente de Pernambuco e acompanhou o Estado deixar a zona de “baixo astral”, transformar-se na terra das “oportunidades extraordinárias” e, depois, mergulhar na crise que atingiu todo o País e arrastou a economia estadual ladeira abaixo. Procuramos sempre fazer uma cobertura equilibrada e o contraponto dos extremos. Nem estávamos nem estamos no fundo do poço nem, muito menos, tínhamos nos transformado, de repente, na terra prometida do desenvolvimento. A revista procurou analisar a conjuntura e reportar os fatos relevantes, sem entrar na ciclotimia característica do nosso sempre tão extremado Estado. No final do ano passado, com a saída da Engenho de Mídia do projeto, a TGI assumiu integralmente a condução da revista e iniciou uma mudança que no presente número ganha uma nova marca e uma roupagem clean mais contemporânea. Muita coisa mudou nesse caminho mas uma permaneceu e permanecerá no novo tempo: nosso compromisso inarredável com o desenvolvimento do Estado e do Recife. Além, claro, de nosso compromisso de berço com a seriedade jornalística expresso de forma inequívoca na nossa Missão que nunca é demais repetir: “Prover, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.” No mais, é agradecer penhoradamente a quem nos acompanhou até aqui: os leitores, os colaboradores, os anunciantes. Em especial, a Sérgio e a Luciano pela parceria e convivência fraternas. Vamos em frente! A crise está se revertendo lentamente e vamos sair dela mais fortalecidos do que quando entramos. Francisco Cunha é urbanista, arquiteto e consultor da TGI

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Péricles, o estagiário

A primeira audiência realizada por Péricles, um grande amigo, foi traumática. Ele ainda era estagiário. O escritório onde trabalhava o designou para que realizasse uma audiência inicial na Justiça do Trabalho. Chegou lá nervoso, suado. Tremia mais que vara de bambu. O juiz pediu os documentos pessoais das partes, incluiu as informações iniciais na ata de audiência, perguntou se havia possibilidade de acordo, obtendo resposta negativa dos dois lados. Em seguida, olhou para Péricles e pediu a contestação que lhe foi prontamente entregue, em mãos. Naquela época os processos eram físicos. O juiz perguntou, dirigindo-se a Péricles: - Quantas laudas, doutor? - Hã? - Quantas laudas? - Como assim, excelência? Aumentando o tom de voz, irritado, o juiz praticamente gritou: - Quantas fooooolhas, doutor? Quantas fooooolhas tem a sua contestação? Me diga! - Pois não, excelência. Enquanto Péricles contava as folhas, mais perguntas: - Você é estagiário ou advogado? - Estagiário. - É inscrito na OAB? - Não, excelência. - Mas então você sequer poderia estar sentado aqui. - Mas, excelência... - Mas nada! Levante-se! Será possível!? - Gostaria de consignar os protestos... - Você não pode protestar nada, meu filho. Você simplesmente não está nesta audiência! - Estou sim. Olha eu aqui! - Você está em carne e osso, mas não está t-e-c-n-i-c-a-m-e-n-t-e nesta sessão!! - Como posso não estar tecnicamente aqui? Eu sou eu. Eu estou aqui. Seja em carne, seja em osso, seja espiritualmente, seja tecnicamente. - Você quer que eu chame a polícia judiciária para lhe tirar daqui à força? - Posso pelo menos pedir prazo para juntada de documentos? - Meu amigo, você aqui não pode pedir N – A –D – A!!! - Pelo amor de excelência, Deus. Digo, pelo amor de Deus, excelência, me deixe pelo menos assistir, então, quietinho aqui a audiência. O preposto pode conduzir o restante, não é mesmo!? - A propósito, qual o seu nome? - Péricles Lindoso Amado. ...pausa de uns dez segundos... - Você “é o quê” de Eduardo Lindoso Amado? - Filho! - Sou amigo de infância do seu pai. - Poxa...que sorte a minha. - Ele roubou minha namorada quando éramos adolescentes. - Poxa...que azar o meu. - Mas gosto muito do seu pai. - Ahã...imagino. - Ele me fez um grande favor quando eu estava na faculdade. Arranjou-me o meu primeiro estágio. Eu era assim, inexperiente que nem você. Qual o seu período? - Terceiro. - Tinha que ser. Nem Direito Processual do Trabalho I você pagou ainda. Sente ali e assista a audiência quietinho, meu filho. Mande um abraço para o seu pai. - Ah...vou mandar sim, excelência. Sinto muito pela sua namorada. Meu pai às vezes faz umas besteiras. - A namorada a que me referi, rapaz, casou com o seu pai e hoje é a sua mãe. E a única besteira, pelo que vejo, foi você ter nascido. - Excelência, acho melhor eu ir embora mesmo. Bateu a porta e saiu. Hoje Péricles é parecerista tributário e, traumatizado, nunca mais fez audiência na vida.

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Fatos e emoções

Os analistas que descrevem e interpretam os fenômenos históricos, sociais e econômicos se atêm geralmente aos fatos. Todavia, fatos não se constituem apenas em temas para análise, eles contêm emoções porque envolvem fenômenos coletivos, alguns trágicos, que se entranham na existência de cada pessoa. Guerras e revoluções e, mesmo transformações que não causam rupturas bruscas, trazem consigo um caudal de experiências humanas que eventualmente são registradas por observadores, sejam eles jornalistas ou literatos, entre outros, que têm um olhar diferenciado sobre a aventura da humanidade. Transições políticas e econômicas violentas também produzem grande impacto sobre as vidas das pessoas. As guerras civis e insurreições na África e no Oriente Médio são fatos que alimentam os temas dos analistas políticos, mas o drama humano dos milhares de refugiados é algo que parece fugir, na sua inteireza, ao nosso alcance. Isso se aplica ao desemprego. No caso da economia brasileira, a maior recessão já registrada na história, legado de anos de irresponsabilidade fiscal e monetária do Governo Dilma, causou enormes perdas para os brasileiros. A maior delas foi o desemprego, manifestada objetivamente pelo rompimento ou dificuldade de acessar o mercado de trabalho de onde as pessoas retiram, pela venda dos seus serviços, o sustento do dia a dia. O fato é que hoje 12,6% da força de trabalho brasileira, cerca de 13 milhões de pessoas, estão buscando emprego. Desses, alguns milhões perderam seus empregos, outros milhões se incorporaram à procura por trabalho para compensar a desocupação de familiares ou simplesmente porque chegou o momento, no ciclo da vida, de entrar no mercado. A história de vida de cada um deles é pontuada por aflições, ilusões, esperanças e decepções. Uma trajetória repleta de emoções que não são captadas pelos números nem iluminadas pela análise das causas da crise econômica. Temos agora o fato da minha despedida e a emoção de não lhe ter mais como meu leitor nesta revista onde pretendi ser formador de opinião. Durante os 11 anos em que escrevi mensalmente na Algomais, acompanhei de perto os fatos econômicos do Estado e do País, analisei os ciclos de subida e descida da economia, aplaudi iniciativas, critiquei omissões, apontei erros, avaliei propostas e falei também dos sonhos e das realizações dos brasileiros, em geral, e dos pernambucanos, em particular. Tratei também das emoções que nos atingiram quando o imponderável da vida e da morte atravessou-se na nossa frente e dos enormes desafios que ainda temos de enfrentar: a violência que agora volta a nos assustar, a desigualdade que continua sendo o maior estigma da nossa sociedade, a educação das nossas crianças e jovens que persiste em nos provocar e a assistência à saúde da população que apresenta tantas deficiências. Esses foram temas, associados de alguma forma à economia, que também abordei nessa coluna. Agradeço aos leitores, à direção da revista que me convidou em caráter pessoal para assumir a coluna de Economia e à Ceplan- Consultoria Econômica e Planejamento da qual tive que furtar algumas horas mensais de trabalho como sócio-diretor para escrever os artigos. Foi um privilégio compartilhar com vocês, leitores, fatos e emoções. Vamos nos encontrar em outro espaço. Até logo.

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A disrupção digital pode fechar 40% das empresas. A sua será uma delas?

A disrupção digital vem sendo muito comentada nos últimos tempos. Mas o que realmente significa e por que devemos observar com atenção esse debate que ganha cada vez mais força? Disrupção é o fenômeno que ocorre quando inovações transformam de modo contundente um determinado mercado ou até mesmo criam um novo mercado. Normalmente, tais inovações melhoraram a qualidade do produto ou serviço, permitem preços mais competitivos e aumentam a abrangência de atuação. A disrupção não é novidade. Sempre ocorreu ao longo da história. Inovações como a imprensa, motor a vapor, energia elétrica, penicilina, computador, entre outras, transformaram ou criaram novos mercados em suas épocas. A grande diferença para os tempos atuais está baseada em dois aspectos que não existiam no passado: o avanço muito rápido da tecnologia e a popularização da internet, que permitem um grande alcance de público a um baixo custo. E por que devemos prestar muita atenção na disrupção digital? Um estudo do IMD (International Institute of Management Development da Suíca) patrocinado pela Cisco – realizado com 953 executivos de primeiro escalão de 12 segmentos em 13 países, incluindo o Brasil – aponta que 40% das empresas, como conhecemos hoje, vão deixar de existir nos próximos 20 anos. Essas organizações não conseguirão ajustar ou criar novos modelos de negócios na velocidade necessária para acompanhar as transformações de mercado. No entanto, a maioria dos executivos entrevistados vê a digitalização como um fator positivo. Entre os pesquisados, 75% acreditam que a disrupção digital é uma forma de progresso. Apesar disso, apenas 25% das companhias entrevistadas estão tomando medidas proativas para lidar com esse cenário. E o mais assustador: quase um terço das empresas está adotando uma abordagem de “esperar para ver”, na esperança de seguir os concorrentes que tiveram sucesso. Um comportamento arriscado. Porque uma coisa é certa: se a sua empresa não fizer a própria disrupção digital, o concorrente vai fazer por você. Desenvolvidos Cerca de 75% dos executivos de empresas sediadas em países desenvolvidos afirmaram que a disrupção digital é uma preocupação discutida nos conselhos de administração. Isso mostra que mercados mais maduros, nos quais a disrupção já é realidade, o assunto está sendo tratado de maneira estruturada e com mais relevância. Um outro dado interessante do estudo do IMD mostra que 40% dos entrevistados acreditam que as principais mudanças nos modelos de negócios virão da própria indústria, ou seja a disrupção vai acontecer de dentro para fora. Apenas 24% acreditam que elas surgirão pelas mãos de startups. Emergentes Entre os executivos dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), apenas 48% afirmaram que o tema disrupção digital é discutido em reuniões de conselho. Isso mostra que esses executivos sabem que as coisas vão mudar, mas ainda não sabem como reagir porque não estudaram o assunto com a devida importância. Já sobre de onde virão as mudanças nos modelos de negócio para reagir à disrupção digital, os executivos dos países emergentes pensam de maneira oposta aos seus colegas dos países desenvolvidos: 40% acreditam que as startups irão liderar esse processo, enquanto apenas 24% acreditam que as ideias virão de dentro do próprio negócio. *Bruno Queiroz é presidente da Abradi e colunista da Algomais

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Algomais faz 11 anos com novo projeto gráfico e muitas novidades

A Algomais chega a seus 11 anos cheia de novidades. A começar por seu novo visual. Antenada com as atuais tendências do design e do jornalismo, a TGI, empresa responsável pela marca, estreou nesta edição comemorativa o moderno projeto gráfico da revista, elaborado pela renomada designer Neide Câmara. “Nosso intuito tem sido levar ao leitor informação de qualidade, de forma imparcial e defendendo os interesses de Pernambuco”, explica o sócio da TGI e diretor da Algomais Ricardo de Almeida. “Uma missão que realizamos sempre atentos às inovações e às recentes demandas do público. Por essa razão, decidimos repaginar a apresentação gráfica da revista”, justifica. E para executar mais esta modernização, Neide Câmara concebeu uma logomarca mais clean, simples e que segue as tendências contemporâneas do design. “Agora ela passa a ter apenas uma cor (antes eram duas que dividiam ao meio os vocábulos Algo e Mais). Dessa forma foi reforçada a ideia de uma única palavra. ” O mesmo estilo leve e elegante foi adotado no novo projeto gráfico, que torna a leitura ainda mais agradável. “O objetivo foi renovar a imagem gráfica de uma revista consagrada por sua qualidade editorial, dirigida tanto ao leitor maduro, bem-informado e formador de opinião, quanto ao público jovem e inteligente, acostumado a visuais modernos e sofisticados tão presentes nos filmes, jogos e anúncios internacionais”, explica a designer que também é professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A partir de fontes legíveis, páginas limpas e claras, introdução de uma paleta de cores definidas e de fotos que às vezes falam por si mesmas, o novo visual, como ressalta a designer “convida o indivíduo à leitura”. O compartilhamento com as várias mídias não foi esquecido. “A comunicação hoje é feita interagindo meios impresso e digital, levando o público à procura de mais informações através de diversas plataformas”, justifica Neide. Para aguçar essa integração, o leitor da Algomais vai encontrar no corpo de várias reportagens a indicação “veja mais”, mostrando a existência de conteúdo complementar no site www.revistaalgomais.com.br. “Dessa forma, o texto na revista fica mais breve e conciso, conseguindo atingir mais rapidamente a todos”, conclui a designer. Esta edição de aniversário brinda o leitor também com novas seções, que acompanham a velocidade das mudanças ocorridas no mundo empresarial e no trabalho. Carreira com Algomais traz dicas sobre como administrar a trajetória profissional e Perfil Corporativo, retrata uma empresa pernambucana que se destaca no mercado. Para manter o leitor atualizado sobre os impactos provocados pelas novas tecnologias no nosso cotidiano, Bruno Queiroz, presidente da Abradi-PE (Associação Brasileira dos Agentes Digitais) assina a coluna Vida Digital. O mundo tecnológico também vai estar entre as novidades do site da Algomais. A coluna Pernambuco Geek, produzida pelo jornalista Ivo Dantas, comenta o universo que cerca os aficionados por quadrinhos, jogos eletrônicos e filmes de ficção científica. E, falando em filmes, a coluna Cinema e Conversa, assinada pelo jornalista Wanderley Andrade, traz notícias, críticas, entrevistas e os filmes em cartaz. CONSELHO ESTRATÉGICO Na nova fase da Algomais, o compromisso com a “Terra dos Altos Coqueiros” é endossado. Um comprometimento firmado não apenas com reportagens analíticas sobre a realidade pernambucana, mas também com as ações do Conselho Estratégico Algomais – Pernambuco Desafiado. Esse fórum – composto por lideranças pernambucanas que fazem a diferença na cadeia produtiva do Estado e em movimentos sociais – tem o objetivo de refletir sobre os desafios do Estado. O Conselho já se reuniu em algumas oportunidades no ano passado, com a presença de autoridades relevantes –como o governador Paulo Câmara e quatro ministros pernambucanos (Bruno Araújo, Fernando Filho, Mendonça Filho e Raul Jungmman). Neste momento em que o País, de forma lenta e gradual, começa a sair de uma longa recessão, a Algomais resgata o projeto Empresas & Empresários para debater o tema: Pernambuco além da crise. “O projeto, que se desdobrará ao longo deste ano, vai investigar como as empresas estão superando a difícil conjuntura econômica e criando condições para chegar ao futuro”, detalha Ricardo. Também serão mapeados os gargalos dos setores e a necessidade de ações do Estado para aumentar a competitividade local e melhorar o ambiente de negócios. “Como conclusão desse trabalho, o projeto Empresas & Empresários vai reconhecer as empresas que se destacaram, conferindo a elas o Prêmio Quem Faz Algomais por Pernambuco”, informa o diretor da revista, acrescentando que a seleção dos homenageados contará com a participação dos conselheiros.

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Cuidado com as doenças de outono

Com o fim do verão, a instabilidade das temperaturas associada a fatores como poluição e permanência em ambientes fechados aumenta as chances de pessoas ficarem doentes. Por isso, crises de rinite, sinusite e amigdalite são mais comuns neste período, e o cuidado é fundamental, pois podem se agravar e causar uma complicação maior. Nas crianças, a atenção deve ser redobrada, uma vez que elas têm menor defesa imunológica e, muitas vezes, não conseguem explicar aos pais os sintomas. Outro ponto que deve ser levado em consideração é a automedicação, que, segundo a otorrinolaringologista da rede de centros médicos dr.consulta Samanta Dall’Agnese, pode agravar os casos e impedir que o paciente investigue mais a fundo o quadro de saúde para receber um tratamento adequado. “Não se atentar aos sintomas é sempre um risco. Uma pessoa que tem crise alérgica com importância, do tipo que interfere nas atividades do dia a dia, trazendo dor de cabeça e congestionamento nasal contínuo, precisa ser avaliada por um especialista”, afirma. A médica destaca que tratamentos direcionados para rinite podem evitar ou amenizar crises de congestão e desconforto nasal e evitar que o quadro evolua para uma sinusite, por exemplo. No caso das amigdalites, se forem muito frequentes, o profissional e o paciente podem discutir sobre a retirada cirúrgica das amígdalas. SAIBA MAIS: Principais cuidados para prevenir as doenças de outono ● Lavar o nariz com soro fisiológico pelo menos duas vezes ao dia. ● Deixar os ambientes ventilados. A aglomeração de pessoas em ambientes pouco arejados contribui para a transmissão de bactérias. ● Lavar as mãos frequentemente. ● Higienizar as mãos com álcool em gel. ● Observar os sintomas e, se necessário, procurar um médico. A quem já tem um quadro de obstrução nasal frequente (nariz entupido), recomenda-se buscar a ajuda de um especialista (otorrinolaringologista) para tratar a rinite. Principais sintomas – Saiba diferenciar as doenças de outono ● Sinusite: nariz com secreção amarelada ou esverdeada, dificuldade para sentir cheiros, tosse com secreção e dores na face. Nesse caso, é recomendado procurar um médico. ● Rinite alérgica: espirro, coriza, nariz entupido e dor de cabeça. ● Amigdalite pode ser de dois tipos: o Bacteriana – quadro de saúde mais grave. Muita dor na garganta, dificuldade para engolir, dor no corpo, febre alta e persistente. É fundamental procurar um médico, já que precisa ser tratada com antibióticos e anti-inflamatórios. o Viral – dor de menor intensidade e, às vezes, febre baixa.

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Ele acordou (por Joca Souza Leão)

Ó só o filme qu’eu vi na TV outro dia. Pra variar, não sei o título. Quando zapeei, já tava rolando. A história de um cozinheiro, melhor, chef, inglês. O bonitão, aí na faixa dos trinta e alguma coisa, três estrelas do Guide Michelin, fazia o maior sucesso com um restaurante chic em Paris. Mas, aí, pira. Álcool e drogas. Perde tudo. Grana, estrelas e restaurante. Vai tudo pro vinagre. Nova York. Subempregos para manter álcool e pó. Vira, entre outras coisas, fritador de hambúrgueres no Madison Square Garden. E come o pão que o diabo amassou. Fundo do poço. Até que pinta sua última chance. Londres. Como nos filmes clássicos Os sete samurais e Sete homens e um destino, reúne os melhores profissionais de cada especialidade. No caso, os cães chupando manga da haute gastronomie. Da sous-chef (uma francesinha por quem ele se derrete) ao chef de partie, passando pelos bambas em molhos e salteados, grelhados, peixes, canapés, sopas, massas, doces e confeitaria. No salão, gerente e maitre pra restauranter nenhum botar defeito; sommellier francês, barman inglês, garçons e commis do ramo, até os stwards, responsáveis pela limpeza e montagem dos equipamentos, eram os melhores e mais bem pagos da cidade. Ia “tudo bem, muito bem, bem, bem” – como diria Arrelia. Té que, um dia, ficam sabendo da iminente visita secreta ao restaurante de um avaliador do Guide Michelin. E a cozinha vira um pandemônio. O chef tem um acesso de fúria e estrelismo, grita e xinga todo mundo; até a francesinha, namorada e subchefe, joga pratos e panelas pra todo lado. Caos total. E o pior de tudo (ou melhor?) é que a visita secreta do Michelin gorou, o cara não foi naquela noite nem nada. Bem, o filme vai por aí e, no final, apesar de não ser filme americano, termina tudo às mil maravilhas. Você já deve ter visto, caro leitor, esses programas de televisão com chefes paulistas famosos julgando candidatos a cozinheiro, né? Nunca entrei na cozinha de um restaurante famoso, mas sempre achei que esses chefes tentam temperar suas cozinhas com a grosseria de lendários chefs internacionais, sobretudo franceses. Em alguns momentos, verdadeiros carrascos. Esporro pra todo lado. Comentários humilhantes. E os pobres coitados dos pretendentes a cozinheiro, geralmente pessoas simples, submetem-se a tudo e ainda têm que lutar contra o tempo exíguo marcado por um relógio implacável. Quanto mais arrogante e autoritário aparentar o chefe diante das câmeras, mais o sacripanta pretende que a gente acredite qu’ele é um dos gênios da milionária cozinha paulistana. Há muitos anos, fui visitar minha tia Odete, Dedé, na casa dela no bairro do Zumbi (hoje, tudo ali é Madalena). Dedé estava de cócoras diante do forno, furando e regando um assado, com toda a paciência do mundo: “É um pernil, meu filho. Mas ele tá tão tristinho.” Fomos conversar no terraço. De instante em instante, ela levantava e ia à cozinha furar e regar o pernil. De lá, ouvi sua voz emocionada: “Joca! Ele acordou!” 17Comida feita com raiva pode dar fama e dinheiro a quem a faz, mas deve fazer mal à barriga da alma de quem a come. A comida de Dedé era a melhor comida do mundo porque ela era cozinheira de verdade, gostava de cozinhar e cozinhava com amor. Não era chefe de nada nem de ninguém. Era amiga de Maria Pequena, a cozinheira da casa. E assim foi servido o delicioso pernil naquela noite de Natal. E, de sobremesa, modéstia à parte, uma bela fatia de Bolo Souza Leão. Pra gente, na intimidade, o bolo de Dedé.

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