Claudia Santos – Página: 123 – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Claudia Santos

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Desculpem o transtorno, preciso perdoar a Cármen

Alento mesmo foram as paraolimpíadas. Que maravilha aquela abertura. Melhor ainda a cerimônia de encerramento. Só mesmo o esporte para levantar a autoestima dos nossos heróis. Mesmo a TV aberta não transmitindo nada. Ainda bem que pago a TV a cabo em dia. Até que veio o Ministério da Educação e pá…tornou a educação física eletiva. Até que veio o Joaquim e pediu para mudar o canal. Até que veio a autoridade máxima de um dos poderes desta nação, em entrevista à Globo News, e afirmou que a sociedade poderia esperar o empenho dos integrantes do STF, porque eles não eram autistas, e sim cidadãos – e, por isso, queriam rapidez nos julgamentos. Pera aí! Para tudo! Oi? E os autistas não são cidadãos? E não querem rapidez nos julgamentos? Os microfones são inimigos dos ministros do Supremo. Vez ou outra danam-se a falar demais, assim mesmo, na frente das crianças. Entrevista de ministro deveria ser proibida para menores de 18 anos. Seria maravilhoso os ministros compreenderem que as pessoas com deficiência, incluindo os autistas, desejam – e muito – a celeridade processual. Não só aqueles que brigam na Justiça, por exemplo, contra as empresas de saúde privada para que o tratamento seja coberto pelo plano, como também os que litigam contra a União para que o SUS cumpra o papel de se aparelhar com profissionais capacitados para tratamento adequado. Ou aqueles que pretendem ter simplesmente diretos básicos de cidadania respeitados. Dizia a reportagem ser ela mestre em direito constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais. Não quer ser chamada de presidenta, mas sim de presidente. Senhora distinta, cabelos brancos. Séria, culta, honrada. Acredito em tudo isso apesar de não conhecê-la pessoalmente. Só a vi na TV. Seu nome é Cármen Lúcia. Quero perdoá-la. Não bastassem todas as irresponsabilidades do poder público que é flagrantemente omisso, ouvir a presidente do Supremo Tribunal Federal falar isso, assim, na lata, dentro da minha casa, sem pedir licença, parecia brincadeira. Mas não era. Foi de perder a esperança, confesso. Sim, era mais relaxante assistir ao Amigãozão no Discoveykids. É um elefante azul que nos agride bem menos. Fizemos uso do controle remoto. Logo em seguida, a ministra veio a público pedir desculpas, de forma protocolar, e dizer que não deveria mais fazer uso dessa palavra – autista – para definir algo negativo. Não deve ter sido sua intenção, como guardiã da Constituição Federal, afrontar o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana com Deficiência, amparado pela Carta Magna. Na verdade, o Brasil é que nos deve desculpas, ínclita ministra. Aliás, a mim, a V. Exa. e a todos os outros brasileiros. Este é um país que jamais se preocupou verdadeiramente com a pessoa com deficiência. Trata-se de uma nação que não preparou a mim, nem a V. Exa., a conviver com pessoas ditas especiais. Conquanto tenhamos uma legislação avançada acerca da matéria, nunca houve política pública adequada em prol dessa minoria. Sua declaração é reflexo da completa ausência do que chamamos de educação inclusiva, douta julgadora. A senhora jamais foi incluída. Eu também. As pessoas sem deficiência precisam ser incluídas. Somos vítimas da anestesia geral que assombra a sociedade. Somos humanos. Quero perdoá-la. A Lei Brasileira de Inclusão, que entrou em vigor em janeiro deste ano, trouxe a obrigatoriedade do Poder Público capacitar servidores que atuam no Poder Judiciário quanto aos direitos das pessoas com deficiência. Asseverou que devem ser oferecidos, por exemplo, todos os recursos de tecnologia assistiva disponíveis para que a pessoa com deficiência tenha garantido o acesso à justiça, sempre que figure em um dos polos da ação. Preciso perdoá-la ministra, mas que tal V. Exa. estimular, no âmbito do poder que ora chefia, o cumprimento da lei? Seria um belo início de gestão, não acha? Corra, Excelência! Antes que meu amigãozão mude de canal novamente.

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Imprevidência

O País enfrenta uma crise fiscal profunda. Para resolvê-la, é necessário um ajuste severo nas contas públicas. Faz parte desse acerto a Reforma da Previdência, responsável por déficits crescentes que estão criando e, se nada for feito, continuará aprofundando o desequilíbrio financeiro do setor público. Em 2015, a arrecadação líquida da Previdência representou 5,93% do PIB enquanto as despesas com os diversos tipos de benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) responderam por 7,42%, ou seja, um déficit de 1,5% do PIB. Esses números evidenciam a gravidade do problema previdenciário. A Reforma da Previdência não é uma questão ideológica, nem partidária. É um problema do País e dos brasileiros independentemente de suas crenças políticas. Constitui-se, de fato, em desafio para os governos e para a sociedade. Caso não seja realizada, os prejudicados não serão apenas os aposentados de hoje, mas também os do futuro. Posicionar-se contra ela por ser de iniciativa do Governo Temer ou por supostamente “retirar direitos dos trabalhadores” é um ato inconsequente, imprevidente e conservador. As centrais sindicais e os partidos políticos que estão se posicionando contra a reforma poderão ser responsabilizados no futuro por danos irreparáveis aos brasileiros caso a reforma fracasse como resultado de oposição cega e irracional que não atende aos interesses do País, agora e no futuro. Na verdade os motivos para a Reforma da Previdência são estruturais, estando vinculados às mudanças na dinâmica da população brasileira. Estamos vivenciando agora os últimos anos da transição demográfica resultante de rápida queda na taxa de fecundidade das brasileiras que caiu de cerca de seis filhos por mulher em idade reprodutiva nos anos 70 do século passado para 1,7 anos nesta década. O efeito desse fenômeno demográfico está sendo o de reduzir, em termos absolutos e relativos, a população jovem até 14 anos e a de aumentar gradualmente a ponderação da população acima de 65 anos. Essa mudança reduz a demanda por educação entre os mais jovens e aumenta a demanda por saúde entre os idosos. O peso populacional desloca-se paulatinamente da base da pirâmide demográfica para o seu topo, ou seja, os jovens perdem peso às custas dos idosos. Do ponto de vista previdenciário a mudança se manifesta na queda da taxa de dependência medida pela soma do número de pessoas jovens (até 14) e idosas (acima de 65) dividido pelo número de pessoas entre 15 a 64 anos, faixa constituída por pessoas em idade ativa (PNAD/IBGE). Esse quociente caiu de 0,53 por pessoa em idade ativa, em 2001, para 0,44 em 2014 como resultado da transição demográfica. Todavia, entre 2022 e 2030 essa taxa voltará a subir sendo estimada pelo IBGE em 0,49, em 2040. Isso significa que precisaremos de mais pessoas em idade de trabalhar para sustentar cada vez menos jovens e cada vez mais idosos. A carga de trabalho vai aumentar para as próximas gerações. Esses são os aspectos demográficos. Devemos analisar agora os aspectos financeiros. O RGPS, baseado no sistema de repartição simples, beneficiava, em 2014, 54,8 milhões de pessoas dos quais 78%, ou 42,7 milhões eram empregados. O déficit primário neste ano foi de R$ 56,7 bilhões que evoluiu exponencialmente para R$ 85,8 bilhões, em 2015, ajudado pela crise que reduziu as receitas. Em 2016, até julho, o déficit já acumulava R$ 73 bilhões e em 12 meses, até o mesmo mês, já estava em R$ 120,6 bilhões. Isso representa uma trajetória insustentável ainda no curto prazo que está sendo agravada por uma vinculação indevida entre o piso do benefício previdenciário e o salário-mínimo cujo reajuste se dá atualmente pela inflação do ano anterior e pelo crescimento do PIB de dois anos antes. Um preço básico da economia e do mercado de trabalho não pode estar vinculado ao piso previdenciário. Essa vinculação é uma bomba fiscal que já está explodindo nas mãos do governo. Romper essa vinculação é essencial para melhorar o déficit da Previdência e o ambiente fiscal. A expectativa de vida dos brasileiros está em 75 anos e crescendo. Estamos nos aposentando cedo, não temos idade mínima para aposentadoria e apenas usamos o tempo de contribuição, considerado insuficiente por muitos, como parâmetro fundamental para obter o benefício. Temos ainda outros benefícios generosos como o de pensão por morte que precisam ser revistos. Se nada fizermos vamos ter, além de um imenso e talvez irremediável problema fiscal, o comprometimento da qualidade de vida não apenas dos mais idosos, mas do conjunto da população. Não sejamos inconsequentes e imprevidentes.

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Boa pergunta (por Joca Souza Leão)

Se existe algo que se pretende moderno é o tal do self service. Semana passada, fui a um shopping comprar meias e cuecas. Reconheço que não tenho muita intimidade com shoppings. Perco-me na mesmice dos corredores e nunca sei com certeza onde deixei o carro (ando no estacionamento de um lado para o outro, acionando o alarme, para descobrir meu carro pela buzina e pela piscada das luzes laterais; mas, por duas vezes, achei que nunca mais iria encontrá-lo). Entrei na primeira loja de confecções masculina que vi. O vendedor pediu que o acompanhasse: “Tamanho G, senhor?” “GG”, corrigi e completei: “Brancas, por favor.” Quando ele disse o preço, dei-me conta de que estava na loja errada. “Tem Zorba ou Hering?” Diante da negativa enfática do vendedor, cai fora da loja ligeirinho. E fui à cata de uma que não fosse de grife. “Onde eu encontro cueca e meia?”, perguntei ao vigilante porque, na imensa loja de departamentos, não encontrei um único vendedor pra perguntar. “Não sei, senhor. A loja é self service. Tá tudo escrito nas placas” – disse ele apontando pra cima e já se dirigindo para um outro freguês que queria saber onde ficava a gerência. Fui em frente. E muito à frente as encontrei: cuecas e meias, várias, uma seção ao lado da outra. Tive algumas dúvidas quanto aos produtos. Ninguém para esclarecer. Bati palmas. Nada. Apesar de proibido, abri duas ou três embalagens lacradas para me certificar de alguns detalhes, sentir o tecido com as mãos e a pressão do elástico. Ninguém apareceu para reclamar. Só a câmera de vídeo no teto parecia nervosa, abria e fechava o zoom, eu podia perceber (mas fazia de conta que não via nada). Dos dez caixas da loja, nenhum era dedicado ao “atendimento preferencial: deficientes, grávidas e idosos”. E apenas três estavam abertos. Vinte e cinco minutos na fila. Cronometrados. Deixei os seis pares de meia e as seis cuecas pra lá, paguei o estacionamento, achei o carro e fui embora. Não questiono a modernidade e as vantagens do chamado “autoatendimento”. Para o dono da loja, não há dúvida. Meu tempo, para ele, é de graça. O tempo de vendedores e caixas, claro, seria pago. O sociólogo italiano Domenico De Masi é quem quer saber, curioso: “se tudo virar autoatendimento, de onde virão os salários dos fregueses?” Boa pergunta.

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Sua dieta é rica em magnésio?

O magnésio é um mineral pouco conhecido, porém essencial para inúmeras funções orgânicas. Responsável, entre outras coisas, pela regulação do cálcio, produção de energia e o equilíbrio das funções celulares, sua deficiência pode desencadear sintomas que vão desde cãibras até hipertensão, má circulação e problemas cardíacos. Para atingir o aporte ideal desse nutriente é essencial reforçar o cardápio com alimentos ricos neste mineral e, em alguns casos, apostar na suplementação, uma vez que sua absorção é impactada por diversos fatores. Figurando entre os quatro sais minerais mais importantes para a saúde humana, o magnésio é considerado o maestro dos minerais por ser cofator na reação de mais de 300 enzimas, ou seja, é indispensável em diversos processos do organismo. De ampla atuação, uma das principais funções do nutriente é gerar o ATP – molécula básica da produção de energia, logo, sua presença é fundamental para o vigor. Também está relacionado ao bom funcionamento dos nervos e dos músculos, desempenhando papel relevante sob a contração e relaxamento muscular. Associado até mesmo à saúde cardiovascular, estudos apontam que o mineral seria capaz de regular o ritmo cardíaco e atuar como fator de prevenção de diversos males. Além disso, sua oferta é essencial para o equilíbrio nutricional – de acordo com a nutricionista Sinara Menezes: “Além de melhorar a absorção da vitamina D, o magnésio auxilia na regulação do cálcio no organismo e sua devida fixação nos ossos” – logo, conforme explica a profissional da Nature Center, o nutriente também é essencial para quem busca fortalecer a saúde óssea, sendo que sua presença é essencial até mesmo para formação dos dentes. Justamente por isso, dores e cãibras são alguns dos sinais que podem indicar a carência de magnésio. Contudo, sua deficiência pode ser muito mais impactante e gerar complicações mais sérias, resultantes do desequilíbrio das funções dependentes do magnésio. Alimentos que contêm o mineral Vegetais: Espinafre, brócolis, berinjela, coentro e cebolinha são vegetais que podem incrementar uma dieta rica em magnésio. Os vegetais folhosos e hortaliças de coloração verde escura são, em geral, ótimas fontes do mineral. Sementes e oleaginosas: castanha do Pará, amêndoas e sementes em geral. “A semente de girassol é riquíssima em magnésio, uma porção de 100 gramas, possui aproximadamente 325mg do nutriente”, diz Sinara. Porém, isso não significa que se deva ingerir uma alta quantidade de oleaginosas, a nutricionista alerta que esses alimentos possuem alto valor calórico, portanto devem ser consumidos com moderação. Cereais e grãos integrais: Grão de bico, linhaça, chia, aveia e o clássico feijão com arroz são boas fontes do nutriente, especialmente suas versões integrais. “Este prato, além de tradicional, é muito saudável: 100 gramas de feijão carioca contêm cerca de 176 mg de magnésio, enquanto o arroz integral concentra cerca de 43mg do nutriente. ” Frutas: Banana, abacate, coco (inclusive sua água) e até mesmo o cacau são boas fontes do mineral. Isso significa que é possível aumentar a oferta de magnésio através de um saboroso chocolate? Sim, contudo “assim como no caso das oleaginosas, é preciso cautela no consumo para não levar ao ganho de peso, o recomendável é consumir ocasionalmente e não ultrapassar as 30gr, dando preferência as versões com alta concentração de cacau. ”

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Cerveja com churrasco: o que já é bom fica ótimo! (Por Rivaldo Neto)

Uma das parcerias mais gratificantes de quando estamos saboreando aquela cerveja é o churrasco. Nos finais de semana, volta e meia estamos a beira de uma churrasqueira  preparando cortes especiais, que vão de uma deliciosa picanha, a uma suculenta costelinha de porco. Que tipo de cerveja devemos experimentar para deixar ainda mais gratificantes esses momentos? A princípio, nós cervejeiros, achamos que as combinações tendem a ser as mais simples, mas podemos entrar em conceitos mais complexos  propiciando que essa experiência fique ainda melhor. Como sabemos o preparo do churrasco envolve outros ingredientes que vai dos molhos, saladas, vinagretes até aquele pãozinho de alho. O ideal é que o start seja dado com rótulos mais leves, menos complexos e intensos como as Pilsens e as Lagers, daí vamos chegando aos mais fortes, estes estilos  equilibram o índice alcoólico da bebida com o teor de gordura do prato. Existem estilos que combinam muito bem carnes assadas na brasa como as Vienna Lager, American Pale Ale, American Amber Ale, Irish Red Ale e Flanders Red Ale. Cortes como maminha, fraldinha e alcatra a harmonização é muitos simples, uma cerveja muito interessante para dar conta do recado perfeitamente é a Camila Camila, da cervejaria Bamberg. Ela é dourada, com o excelente lúpulo Saaz que é floral e condimentado, bem malteada, com 5,0% Vol e tem um final caramelizado e refrescante. Mas se quer ousar mais temos a Burgman Red Ale do estilo Flanders Red Ale, cerveja que se caracteriza por ser azeda (mais ácida que o normal) produzida maioritariamente na Bélgica. Apesar de dividir um ancestral comum com a cerveja Porter, sendo a Flanders bem mais clara.   Tem a coloração avermelhada, com 5,5% Vol e também com aroma de caramelo no final. O caramelo presente nestes estilos de cerveja harmoniza por afinidade com as proteínas e os açúcares caramelizados da carne devido ao fogo da churrasqueira. Como sempre afirmamos que cerveja se harmoniza por aproximação. Uma costela de porco defumada, com uma cerveja com as características a seguir é uma boa pedida.. Pois bem, a dica é a Aecht Schlenkerla Rauchbier. Essa é para quem gosta de sabores complexos. Se trata de um estilo alemão muito tradicional que nasceu na região de Bamberg. No processo de malteação os grãos são secos em fornos a lenha. A fumaça produzida pela madeira “tempera o malte” com as notas defumadas. O sabor do defumado invade a boca dando uma sensação extremamente interessante. É vermelha bem escura, com 5,1%Vol, sem muito amargor, justamente pelo defumo do líquido para não mascarar sua principal característica. Para as linguiças de porco ou frango, principalmente as de porco, o ideal é uma cerveja forte, uma Strong Ale, por exemplo. Se quiser uma experiência verdadeiramente marcante experimente  uma Delirium Tremens, belga, considerada por muitos uma das melhores cervejas do mundo, a famosa cerveja do elefante rosa. Ela é complexa, muito rica em aromas, brilhante, frutada e cítrica, com seus imponentes 8,5%Vol, um verdadeiro deleite para os amantes desse estilo. Chegando na estrela do churrasco, o destaque das carnes vermelhas, a picanha é o corte preferido pela maioria pela sua maciez e seu marcante traço de gordura lateral. Experimente uma cerveja aos estilo Brown Ale. A americana Anchor Brekle’s Brown, com 6,0%Vol, avermelhada, espuma bege de boa duração. Aroma de lúpulo cítrico boa dose de malte, refrescante, de corpo leve, com final suave. Boa carbonatação e ótima drinkability. Em um churrasco, as possibilidades de carnes são muitas. Assim como os tipos de cervejas, brevemente voltamos ao assunto para dar outras dicas de como nossos sábado e domingos podem ficar ainda mais divertidos! *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Me interesso mais por literatura do que por pintura

Todos os dias, nos mesmos horários, João Câmara labuta no seu ateliê. Ele brinca dizendo que a rotina de expediente de trabalho é um hábito herdado do pai, funcionário público. Talvez isso explique o volume de sua produção tão grande quanto o tamanho dos painéis que caracterizam sua obra. Quadros, aliás, que podem ser apreciados e adquiridos no casarão nas Graças que pertenceu a José Antonio Gonsalves de Mello (autor do clássico No tempo dos Flamengos). Lá o artista recebeu a equipe da Algomais para uma conversa sobre suas influências artísticas, o mercado de arte e a paixão por textos “pedreiras”, como os de James Joyce. Você nasceu na Paraíba e veio para o Recife. Conte um pouco dessa trajetória. Nasci em João Pessoa, em 1944. Quando era menino ainda, nos mudamos para o Rio. Meu pai trabalhava nos Correios e foi transferido para lá. Passamos dois anos e meio no Rio, depois meu pai foi retransferido para o Recife, em 1957. Meu pai é pernambucano e minha mãe, paraibana. Estudei no Salesiano, Nóbrega e fiz Faculdade Católica para psicologia. Por que o interesse pela psicologia? Não sei. Ia fazer medicina, mas achava que requeria muita matemática. Terminei fazendo psicologia, mas nunca exerci porque nesse meio tempo eu também fazia curso livre de belas artes. A medicina escapou de mim (risos). Essa inclinação pela artes plásticas veio desde a infância? Eu desenhava um pouquinho melhor que os outros meninos, mas não exageradamente bem. No Salesiano havia um colega que desenhava bem direitinho e disse que ia fazer o curso na Escola de Belas Artes. Ele perguntou se eu não queria fazer também. Fui, sem muita pretensão. Fiz o exame para desenhar modelos de gesso e fiquei lá três anos. Como eu tinha outras atividades, não dava para cumprir os horários. Fiz algumas cadeiras: paisagem, natureza morta, figura e história da arte. Você faz arte por dois motivos: uma vocação irresistível (porque ninguém é obrigado a fazer isso), ou porque você quer se profissionalizar. Comecei a fazer pintura porque achava bonitinho e depois me profissionalizei. Minha única atividade é a de artista plástico. Algum artista o influenciou? Na época da Escola de Belas Artes convivi muito com Vicente do Rego Monteiro. Fui aluno dele durante pouco tempo na cadeira que ele regia de natureza morta. Mas Vicente viajava muito para a Europa. Com ele teve uma coisa muito boa: os alunos mais jovens levavam as obras para ele dar a sua opinião, era uma espécie de aula informal. Depois tive um bom professor que era Laerte Baldini, um iberoargentino. Conhecia muito a arte e com ele aprendi muita coisa de cultura. Minha formação foi mais ou menos essa. Então o que aprendi foi vendo, olhando, fazendo, experimentando, errando. As pessoas ocupam um espaço privilegiado no seus quadros. A única coisa que sei fazer é figura. Quando eu era estudante de Belas Artes a voga era a pintura abstrata por causa das bienais nos anos 60 e de artistas como Pollock. Todos nós, jovens da Escola de Belas Artes, queríamos ser mais modernos do que o que era ensinado lá. Uma vez peguei uma tela muito grande e gastei uma fortuna das minhas pobres tintas para fazer um quadro abstrato, que resultou num desastre (risos). O professor Baldini quando viu disse: “volta a fazer suas figuras porque você não é muito bom na arte abstrata”. O homem era sensato (risos). Você é conhecido por suas séries de pinturas. Uma delas é Cenas da Vida Brasileira, em que você se inspira na Era Vargas. Por que Vargas? A partir dos anos 70 comecei a trabalhar em conjuntos mais fechados que são séries. A mais volumosa foi a Cenas da Vida Brasileira, que começou em 1974 e concluí em 1976. São 10 painéis de pintura muito grandes que estão no Mamam e 100 litografias. Vargas porque, quando eu era menino, em 1954, estava no Rio quando ele se suicidou. Tenho uma lembrança infantil do acontecimento. É uma série com personagens e eventos políticos, tentei fazer uma espécie de rememoração da minha infância política. Nessa época o País estava sob ditadura. Ainda estava. Era 1974, mas estava em curva descendente, porque aí veio o Geisel e a abertura. Tive alguns problemas, com obras apreendidas, a exposição de Cenas da Vida Brasileira foi monitorada pelo Dops, foi filmada, fotografavam quem ia visitar. Essas coisas. Mas nada muito heroico, viu? E a série Dez Casos de Amor? Enquanto a série sobre Vargas é um discurso visual sobre o estado político e da rememoração, Dez Casos de Amor é uma espécie de teorema em quarto fechado, porque são temas amorosos, sobre a pintura tomada como uma relação amorosa. Depois passei 14 anos desenvolvendo uma série chamada As Duas Cidades, onde retratei o ambiente externo de novo, mas dessa vez, quase sem figuras. São paisagens, o ambiente, os emblemas das cidades de Olinda e Recife. Como é a sua relação com as duas cidades? Tive um ateliê em Olinda em 1965, depois, quando me casei em 1971 comprei uma casa lá. Depois fiz a reforma da casa que virou também um ateliê. Em seguida comprei outra que virou só residência. Esta casa (Casarão que pertenceu a Gonsalves de Mello) veio depois porque estava ficando muito incômodo mostrar minhas obras. Olinda é uma cidade que tem muito turismo. É um aborrecimento, as pessoas batem na porta pra ver os quadros. Transferi as obras para cá para poder ficar mais trancado dentro das minhas coisas. Qual a importância da Oficina Guaianases de Gravura? A experiência na Oficina Guaianases foi importante para nós – um grupo de artistas de diversas orientações estéticas – exercermos a administração e a gerência do trabalho coletivo, darmos perfil profissional e negocial à editora de gravura, trabalhar de forma cooperativa com impressores e colaboradores não artistas. (Conheça a história da oficina Guaianases no site da Algomais http://migre.me/vcrVH) Você publicou livros e tem um texto interessante. Você gosta de literatura? Eu me interesso mais por literatura do

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Obesidade infantil causada por diabetes gestacional

Nova pesquisa publicada no Diabetologia (revista da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes [EASD]) mostra um aumento do risco de obesidade na infância na idade de 9-11 anos quando a mãe teve diabetes gestacional durante a gravidez. “A obesidade infantil aumentou dramaticamente, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos países em desenvolvimento. Os fatores ambientais pré-natais, perinatais e pós-natais têm impacto direto sobre a obesidade infantil. Alguns estudos descobriram que a exposição intrauterina ao diabetes mellitus gestacional (DMG) coloca os descendentes em risco aumentado de resultados adversos de longo prazo, incluindo a obesidade”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349). Esta nova análise é baseada no The International Study of Childhood Obesity, Lifestyle and the Environment (ISCOLE), um estudo transversal multinacional realizado em centros urbanos e suburbanos em 12 países. O estudo incluía dados de 7.372 crianças, após a exclusão de crianças com dados incompletos, restaram 4.740 crianças. O diabetes gestacional foi diagnosticado de acordo com os critérios do American Diabetes Association (ADA) ou da OMS. “O risco aumentado para as crianças de mães com diabetes gestacional em comparação com mães que não tinham diabetes gestacional foi de 53% para obesidade, 73% para obesidade central (excesso de gordura se concentra na barriga e no tronco), 42% para gordura corporal elevada. Os autores afirmam que: “os mecanismos pelos quais a exposição ao diabetes no útero aumentam o risco de obesidade dos descendentes não são completamente compreendidos. A exposição ao diabetes materno está associada com excesso de crescimento fetal intrauterino, possivelmente, devido a um aumento da massa e da gordura fetal e das alterações nos níveis hormonais fetais”.

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Conheça a história da Oficina Guaianases de Gravura

Mais do que um ateliê, a oficina Guaianases de Gravura foi um dos movimentos artísticos mais importantes de Pernambuco. Tudo começou em 1974, quando o o artista plástico João Câmara mais conhecido por suas criações em pintura, decide trabalhar com litografia. Ele já havia produzido algumas peças com a técnicas antes, mas naquele ano ele se interessara em recorrer ao secular processo de impressão para compor a série “Cenas da Vida Brasileira” Também chamada de litogravura, nessa técnica o artista desenha na pedra, depois transfere a imagem para o papel através de uma prensa. Naquele ano, João Câmara convida o artista Delano para instalar uma oficina de gravura num ateliê na Rua Guaianases, no bairro de Campo Grande, no Recife. Era vizinha à gráfica Apolo, cujo dono Chiquinho já havia feito algumas impressões para Câmara. “Fomos lá para conversar com Chiquinho. Ele não quis vender pedras, nem prensas, mas nos emprestou uma prensa que estava encostada precisando de reparos e algumas pedras. Além do mais ‘cedeu-nos’ seu irmão Alberto Barros e seu funcionário Hélio Soares para, nos fins de semana e nas folgas, instalarem o necessário à oficina e tirarem provas do que produzíssemos”, conta o artista no livro “João Câmara Litografias”. Logo um grupo de artistas começou a frequentar o local para produzir gravuras. Com o tempo, o número de pessoas interessadas em participar da experiência foi crescendo e a necessidade de organizar o trabalho também. “O grupo pensou em formar uma cooperativa, mas a burocracia para isso parecia insuportável para a alma leve dos artistas”, relembra Câmara no livro. O modelo mais adequado que encontraram foi o de uma sociedade civil sem fins lucrativos. Fundava-se, assim , a Oficina Guaianases de Gravura. O espaço do ateliê em Campo Grande começou a ficar pequeno com a quantidade de associados, máquinas e trabalhos. Um convênio com a Prefeitura de Olinda permitiu que em 1979 a oficina se transferisse para o subsolo do Mercado da Ribeira. Não era apenas um ateliê, mas um espaço destinado a difundir a litografia, com cursos, exposições, impressão de livros e cartazes. A Oficina transformou-se num movimento artístico conhecido em todo o País e do qual participaram artistas como Gilvan Samico, Gil Vicente, e Tereza Costa Rego. Seu funcionamento perdurou até janeiro de 1995, quando foi dissolvida em assembleia geral. Seus equipamentos e acervo foram doados à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e passaram a ser geridos pelo Departamento de Teoria da Arte da universidade, hoje chamado de Laboratório Oficina Guaianases de Gravura (LOGG) “Ao longo da sua existência, a oficina Guaianases produziu 18 álbuns de litografias, ministrou cursos técnicos, expediu impressor para experiências piloto em outras capitais, realizou mostrar coletivas, fez treinamento de impressores e pessoal técnico de suporte, fez a recuperação e pesquisa de rótulos comerciais”, relata artista em “João Câmara Litografias”.

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Inciti leva cinema ao Bairro do Recife

  Para Comemorar o mês das crianças, o Cineclube Inciti realiza neste domingo (23), a partir das 14h, uma sessão especial para o público infantil. Serão exibidos quatro curtas: “Apocalipse de verão”, “A patrulha do xixi no banho”, “A rua é pública” e “Disque Quilombola”. Os filmes abordam questões como meio ambiente, espaço público e diversidade étnico-racial. Após a exibição, haverá bate-papo e oficinas de videodança e quadrinhos, abordando as temáticas dos curtas. A programação é gratuita e não precisa de inscrição prévia. O Inciti fica na Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife, ao lado da Sinagoga. A oficina de videodança pretende construir mininarrativas a partir da experimentação de truques de mágica ao estilo Méliès, movimentação corporal e projeção. A oficina será ministrada por Lucas Mariz e Joelma Tavares para crianças de 8 a 12 anos. Já a oficina de quadrinhos vai trabalhar com atividades de roteiro e ilustração. No final, os alunos vão desenvolver uma história em quadrinho. Allan Chaves e Matheus Mendonça comandam a oficina, que é destinada a crianças de 10 a 14 anos. No final da tarde, as crianças irão apresentar o que foi desenvolvido durante a tarde. A ideia é que as crianças compartilhem o que elas produziram com as outras num momento de aprendizado e celebração. Em seguida, todos serão convidados para um lanche coletivo. Por isso, as crianças e famílias são estimuladas a levar algum alimento para compartilhar. Sobre o Inciti O Inciti – Pesquisa e Inovação para as Cidades é uma rede de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que tem como objetivo incitar novos conhecimentos capazes de transformar a vida nas cidades. O Inciti conta com profissionais de diversos campos do conhecimento, provenientes de grupos de pesquisa de universidades nacionais e internacionais. O grupo inova em procedimentos aplicados a pesquisas e projetos de desenvolvimento urbano, social e tecnológico. Serviço Cineclube INCITI – Especial para Crianças Data: Domingo (23/10), a partir das 14h Local: INCITI – Rua do Bom Jesus, 191, Bairro do Recife. Acesso gratuito Programação 14h: Cineclube: sessão de curtas + mini-debate – Apocalipse de verão, Carolina Durão, ficção, 15 min – A Patrulha do xixi no banho, Michael Valim, 9min – A Rua é pública, Anderson Lima, 9min – Disque Quilombola, David Reeks, 13min 15h15 Oficina de videodança com Lucas Mariz e Joelma Tavares Oficina de quadrinhos com Allan Chaves e Matheus Mendonça 16h45 Apresentações e lanche coletivo

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Exposição de Maria Yêda Leite no TJPE

O salão de entrada do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) recebe, até esta segunda-feira, 10 de outubro,  obras de Maria Yêda Leite. As telas da artista plástica que, aos 82 anos,  é incansável na produção de pinturas exuberantes, representam duas de suas séries: “Liberdade das Cores” e “Resgate de Vivências”. Maria Yêda já possui obras em acervos particulares na Alemanha, Holanda e Portugal, bem como no Museu de Arte Assis Chateaubriand na Paraíba. Quando o assunto é criação artística, ela não se rende às limitações físicas impostas pela idade e faz das artes plásticas sua celebração de vida.”Pintar é algo que me completa e realiza. É o prazer que tenho em dizer ao mundo que eu sou capaz”, afirma. A exposição está aberta ao público das 7h às 19h, com entrada pela Rua do Imperador D. Pedro II, s/n, Santo Antônio. —

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