Claudia Santos, Autor Em Revista Algomais - A Revista De Pernambuco - Página 95 De 141

Claudia Santos

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Santo Antônio do Carmo de Olinda

Em Olinda, saindo-se do antigo Varadouro da Galeota, contornando o morro de São Bento, pela Avenida Sigismundo Gonçalves, chega-se à colina onde se encontram a Igreja do Carmo de Santo Antônio e as ruínas do seu convento, cujos primórdios datam do ano de 1588. Os frades carmelitas, porém, já se encontravam em Olinda desde o ano de 1580. Quando, vindos de Beja (Portugal), iniciaram contatos para a fundação deste convento, que viria a ser o berço da Ordem Carmelita no Brasil e sede de sua província, a partir de 1591. A antiguidade do monumento é comprovada por Germain Bazin, ao constatar a existência de alguns túmulos com inscrições datadas do Século 17: 1612, Antônio Fernandes Pessoa, na capela do Bom Jesus dos Passos; 1623, Dona Ignez de Góes, na capela da Boa Morte; 1624, D. Diogo de Verçosa, no cruzeiro. Com a destruição de Olinda pelos holandeses, em novembro 1631, e a subsequente demolição dos seus edifícios, com o seu material aproveitável sendo transportado para o Recife, a fim de ser utilizado nas novas construções, muito sofreram a igreja e o convento dos frades carmelitas. Exteriormente, relata Pereira da Costa, ficou a fachada do monumento reduzida a uma terça parte da sua elevação, vendo-se juntar à portaria da clausura a seção inferior da torre do lado do Norte e um cornijamento geral que, ao correr da altura do primeiro pavimento da larga fachada do templo descansava sobre quatro colunas que ladeiam a sua grande porta de entrada. Essas ruínas compreendem ainda umas peças laterais, esparsas, à parte do Sul, onde ficava a igreja da Ordem Terceira, como demonstra tela do pintor holandês Frans Post, atualmente no Museu Real de Amsterdã. A Igreja do Carmo de Olinda, por sua grandiosidade, chama a atenção do visitante, conservando o conjunto a sua aparência primitiva do século 17. A planta apresenta uma ampla nave, ladeada por quatro capelas, cercada por tribunas, possuindo uma capela-mor bastante profunda, conservando uma decoração da segunda metade do século 17, constatando-se o emprego abundante da pedra lavrada em seus altares e colunas. O altar-mor, emoldurado por retábulo de talha, encontra-se ricamente decorado, estando ladeado por colunas. O professor José Luiz Mota Meneses faz referência à existência de um retábulo-mor primitivo, uma espécie de altar fingido, pintado sobre a parede, e sobre o qual foi levantado, aproximadamente em 1770, o atual retábulo, nitidamente de gosto rococó. O altar fingido foi descoberto quando do desmonte do altar-mor, para restauração, e, segundo Germain Bazin, sua moldura de arquivoltas, cercando um camarim pintado na parede de fundo, cujo estilo o dataria como pintado entre os anos de 1660-1670. Sendo um exemplo raro dos altares pintados que decoravam as igrejas enquanto se providenciava a construção do altar em talha. O retábulo que veio a substituir o originalmente pintado não recebe a tradicional douração, sendo simplesmente pintado de branco. Colocado no mesmo nível do piso, o altar-mor prolonga-se até atingir as cadeiras laterais confeccionadas em madeira decoradas por talhas. O piso revestido de mosaicos prolonga-se até o arco cruzeiro que marca o limite entre capela e nave. O teto pintado é formado por abóbada de alvenaria que nasce sobre as grossas paredes, e tão perfeitamente assentada que não é possível notar a emenda entre o muro e o corpo abobadado. O arco cruzeiro, a exemplo da capela-mor, também foi decorado, primitivamente, com uma imitação de retábulo pintado sobre o reboco da parede.  O detalhe aparece quando da restauração de um altar de talha, que o encobria há séculos, imitando um modelo de transição entre os protobarrocos e os de estilo franciscano, apresentando colunas contornadas em espiral por folhas de parreira. A Igreja do Convento Carmelita de Olinda tem planta em nave única, coberta com telhado em duas águas, não apresentando forro, sendo o acabamento interno do telhado simples em madeira aparelhada. O cruzeiro apresenta a singularidade de não ter cúpula, seus dois grandes arcos têm a mesma altura do arco da capela nova e apresentam as mesmas características arquitetônicas. Primitivamente, a nave central possuía treze capelas laterais, distribuídas do cruzeiro para a fachada. Em nossos dias, o número de capelas encontra-se reduzido a quatro, distribuídas de cada lado da nave, que se comunicam com a mesma através de arcadas, e cuja cornija do entablamento está na mesma altura da cornija do transepto. O conjunto encontra-se inscrito como Monumento Nacional no livro das Belas Artes v. 1, sob o n.º 217, em 5 de outubro de 1938; Histórico v.1, n.º 108, em 5 de outubro de 1938 (Processo n.º 148-T/38). Texto e fotos de Leonardo Dantas Silva

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Subindo a escada do fim da crise

Todas as análises sobre a saída desta crise, que já pode ser considerada a maior da história econômica documentada no Brasil (desde 1900), apontam no sentido de que, depois do mergulho profundo na recessão (quase -7% em dois anos), a retomada que está começando será muito lenta. Ou seja, podemos dizer, sem medo de errar que, em termos de desempenho do PIB, “descemos de elevador e vamos subir de escada”. Isso porque, embora a curva da economia tenha se descolado da política, a intensidade e a velocidade da recuperação ainda estão muito condicionadas por ela. Um dos saldos severos dos anos de descontrole foi a necessidade de um ajuste fiscal do setor público federal da ordem de mais de R$ 300 bilhões (mais de R$ 150 bilhões de déficit somados aos mais de R$ 150 bilhões de necessidade de superávit primário). E se esse problema não for enfrentado de forma adequada pelo próximo presidente da República, a recuperação ficará comprometida. Se for eleito, por exemplo, um populista que prometa soluções fáceis para problemas complexos, a recuperação será prejudicada com ampliação do esgarçamento do tecido social. Diante desta perspectiva de recuperação lenta, mesmo em face do cenário mais otimista, cabe reforçar as recomendações que tive oportunidade de fazer para as empresas no lançamento da Agenda 2018 (ver matéria de capa desta edição da Algomais). São elas: (1) Manter a Cautela Redobrada (justamente por conta da lentidão da retomada, não se deve abrir mão do cuidado requerido); (2) Retomar o Risco com Cuidado (todavia, com o início da recuperação, ainda que lenta, é preciso já retomar a dose de risco calculado que caracteriza os bons empreendedores); (3) Preparar os Colaboradores (para a nova realidade pós-crise, bem diferente daquela anterior a ela); (4) Reforçar a Escuta do Cliente (isso porque a crise mudou muito os hábitos de consumo e é preciso ouvir com atenção as novas demandas da clientela); (5) Preparar-se para 4ª Revolução (há quem diga que a disrupção digital em curso já se configura como uma 4ª revolução industrial que promoverá mudanças de grandes proporções na realidade cotidiana dos negócios e preparar-se para ela é uma demanda irrecusável). No mais, continuar perseverando na crença de que, mesmo quando a escada da recuperação é longa e íngreme, as crises são grandes oportunidades de inovação e crescimento.

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Na pele dos meus irmãos negros

Descobri que o racismo existe no Brasil desde cedo. Sou branco e tenho um irmão negro. Quando pequenos, indagados se éramos realmente irmãos, respondíamos: “é que nosso pai é moreno e nossa mãe é loira”. A resposta apropriada, claro, seria a verdadeira: eu sou filho biológico dos nossos pais que são brancos e ele é filho adotivo, e provavelmente, filho biológico de pais negros, apesar de não os conhecermos. Ninguém nasce racista. Mas até mesmo essa resposta era de cunho racista. Porque a sociedade nos ensinou sutilmente que a cor do meu irmão deveria ser negada. Eu dizia a todos que ele era moreno. Como se fosse pejorativo dizer que era negro. Nunca conversei com meu irmão sobre o racismo que sofrera. Mas evidente que isso marcou sua vida. Deve ter sido foda ser o único negro da escola particular “cristã” da classe média da Zona Norte do Recife, na década de 80. Deve ter sido cacete sentar todos os dias no sofá, com a família, e se ver representado nas telenovelas por atores negros a quem sempre eram reservados os papéis de escravos ou criminosos e, jamais, papéis de empresários, executivos ou cientistas. Não deve ter sido fácil estacionar o carro numa padaria e ouvir “cuidado para não arranhar o carro do patrão”, sendo aquele o carro do seu próprio pai. Deve ter sido difícil ser o negro do apartamento 602, o único do prédio totalmente ocupado por brancos, racistas na sua maioria. Foi compreensível que ele tenha pedido para se “exilar” no nosso sítio, aos 15 anos de idade, e de lá não querer mais sair, em sinal de esgotamento. Já minhas irmãs, gêmeas, que nunca se viram representadas nas princesas da Disney (“ô mainha, por que meu cabelo não assanha igual ao da Cinderela?”), talvez tenham sofrido menos, pois são mais jovens e, afinal, hoje é mais cult assumir a negritude. Há um certo freio no processo de branqueamento que vivemos. Isso é fato. Mas o racismo está longe de acabar. Está nas facetas da sociedade. Na forma de olhar. Nas entrelinhas das expressões. Covarde e cretino. Por isso, sou adepto do empoderamento. Não basta ser contra o racismo. É preciso ser antirracista. É preciso falar do orgulho de ser negro. Falar de negros de sucesso para que jovens negros se sintam empoderados e confiantes. Falar de pessoas como José do Patrocínio, Juliano Moreira, André Rebouças, Joaquim Barbosa, Lázaro Ramos, Taís Araújo, Milton Santos, Ernesto Carneiro Ribeiro, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus, Sueli Carneiro, Gilberto Gil, e tantos outros. "É triste, senhores, que até hoje, quando apenas cinco anos nos separam do centenário glorioso dos direitos do homem, nesta América que parecia dever ser o refúgio de todos os perseguidos, o asilo de todas as consciências, a praça inexpugnável de todos os direitos, a escravidão ainda manche a face do continente, e um grande país, como o Brasil, seja aos olhos do mundo nada mais, nada menos, do que um mercado de escravos" (Trecho do discurso proferido por Joaquim Nabuco, no Recife-PE, na Praça S. José do Ribamar, no dia 5 de novembro de 1884, sob aplausos da multidão que o ouvia). Quero meus sobrinhos com orgulho da pele.

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A transformação digital e os carros particulares

Nos próximos 20 anos, a indústria automobilística vai passar por duas grandes transformações digitais que impactarão diretamente no modo como usaremos os carros. A primeira grande transformação é no modelo de impulsionamento, que passará a ser predominantemente por motores elétricos. Inclusive, já estamos vivendo essa transformação com a atual oferta de vários modelos elétricos e com o anúncio da proibição da fabricação de modelos à gasolina e diesel, a partir de 2040, em países como França e Inglaterra. Em Londres, já partir de 2019, será proibida a circulação de carros movidos a combustível fóssil pelo centro da cidade. O carro elétrico não é novidade. Protótipos já existem há mais de 30 anos. Mas foi o avanço da digitalização dos últimos anos que vem tornando o produto cada vez mais viável economicamente. E, para otimizar melhor o uso da eletricidade das baterias, os carros atuais são praticamente softwares sobre rodas. Quase tudo hoje no carro é controlado digitalmente. Essa tecnologia embarcada tem sido o grande pilar da segunda grande transformação que passará a indústria automobilística nos próximos anos: os veículos autônomos. Nas ruas da Califórnia, carros e ônibus autônomos já são realidade em projetos do Google e do Uber, por exemplo. Mas por que essa seria uma grande transformação? Porque vai causar dois grandes impactos: no uso e na produção dos veículos. A necessidade por um carro particular, para uso exclusivo, será cada vez menor, pois a tecnologia vai permitir que um carro autônomo seja usado de forma privada e coletiva. Em vez de estar parado, que chega a 90% do tempo ao longo de um dia, o carro autônomo poderá, por exemplo, prestar serviço para outras pessoas. Em virtude disso, haverá uma menor demanda por carros particulares, diminuindo também a exigência de tantos modelos e suas variações de design, cores, acabamento, potência etc. A grande consequência será o fechamento de fábricas que atuam no segmento dos modelos mais vendidos. Esse movimento não deve afetar, no entanto, as marcas de modelos de luxo, que primam pela exclusividade.

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Constantino Júnior: “Vamos fazer um choque de gestão”

*Por Houldine Nascimento A partir desta terça-feira (12), o Santa Cruz Futebol Clube tem um novo presidente. O nome, no entanto, é velho conhecido da torcida: Constantino Novais da Silva Barbosa Júnior, 38 anos. Representante da situação, “Tininho”, como é chamado pelos mais íntimos e pela massa coral, venceu a eleição na terça passada (5), obtendo 812 dos 1.252 votos válidos (64,8%), e terá a missão de comandar o clube no triênio 2018-2020. O economista tem como maior meta organizar a parte financeira do clube. Desde 2011, quando passou a integrar o cotidiano do Santa como dirigente, Constantino Júnior tem vivenciado o drama das finanças do Tricolor. Muito disso em razão de incontáveis dívidas trabalhistas de gestões passadas. A falta de pagamento de ações na Justiça do Trabalho acarreta ao clube o bloqueio das cotas de TV. Como consequência, os funcionários sofrem com constantes atrasos salariais. O reflexo dessa triste situação pôde ser visto nos dois rebaixamentos seguidos: em 2016, quando caiu da Série A para a Segunda Divisão no Campeonato Brasileiro, e 2017, no retorno à Série C após dez anos. Antes mesmo de assumir a presidência, Constantino já procurou a Justiça do Trabalho para uma repactuação dos débitos, almejando uma temporada melhor no próximo ano. Ele também esteve à frente da contratação de um diretor de futebol remunerado (Fred Gomes) e do novo técnico (Júnior Rocha, ex-Luverdense). Apesar dos dois últimos anos difíceis, que ocasionaram um desgaste junto à torcida, Tininho construiu uma trajetória com mais triunfos do que de fracassos: teve participação direta em três acessos e sete títulos do Santa Cruz, com destaque para a volta à elite nacional em 2015 e a conquista da Copa do Nordeste, maior título da história Coral, em 2016. Nesta entrevista exclusiva, Constantino Júnior fala sobre os principais desafios de sua gestão, como pretende unir as diversas correntes e aumentar o quadro de sócios do clube. Você esteve perto de deixar o Santa este ano, mas desistiu e foi disputar as eleições. O que o fez mudar de ideia? CONSTANTINO: Com a impossibilidade de o ex-presidente Antônio Luiz Neto disputar o pleito, fui convocado por lideranças do clube. Foi quase uma ‘intimação’. Eles pediram para que eu tocasse a candidatura. Isso me fez repensar e aceitar esse desafio. Tive apenas sete dias para fazer a campanha. Foi uma situação inesperada e agora é abraçar a causa, atendendo a confiança elevada de acreditarem no meu nome. Durante o processo eleitoral, você chegou a ressaltar que pela primeira vez na história do Santa, três chapas concorreram ao pleito. Isso evidencia, de certa forma, uma divisão no clube. Você vai atrás dos opositores para tentar uma união? CONSTANTINO: O Santa Cruz precisa do apoio de todos. Ninguém pode administrar o clube achando que pode abrir mão de um ou outro tricolor. Essa gestão vai ser aberta, de convergir forças, formar novos dirigentes também. Claro que pensamos em trazer essas pessoas que amam o Santa para dentro. Assim, vamos trabalhar mais e poder estancar as dificuldades enfrentadas. Sua trajetória no clube é bastante vitoriosa: foram cinco títulos estaduais, uma Série C e a conquista da Copa do Nordeste. No entanto, o segundo semestre de 2016 e o ano de 2017 foram ruins e a torcida está bastante machucada com o momento do clube. O que você pretende fazer para melhorar sua imagem? CONSTANTINO: Trabalhar muito. A gente sabe que muita coisa aconteceu, não foi pelo futebol, mas por uma dificuldade de recursos. Agora é diferente. Primeiro, é organizar a casa. Depois que isso for feito, os títulos serão consequência. Não podemos buscar um título a qualquer custo e deixar o clube desequilibrado. Precisamos atacar essa dificuldade financeira, encarar essa dívida e em seguida deixar o time organizado. Quantos sócios o Santa Cruz tem e existe um plano para aumentar o número de associados? CONSTANTINO: São aproximadamente 6,5 mil sócios em dia. Claro que o Santa Cruz tem um potencial bem maior do que isso. Vamos trabalhar duro para não ficar dependendo só do resultado de campo. É um trabalho para fidelizar, mostrar as vantagens e fazer um plano arrojado para captação e manutenção de sócios. Estamos predispostos a isso aí e esperamos em pouco tempo implantar o plano, tomando como base experiências de outros clubes do Brasil que têm um número elevado de sócios. Vimos constantes atrasos de salários dos funcionários em 2017. O que fazer para mudar esse quadro no próximo ano? CONSTANTINO: Vamos fazer um choque de gestão para poder equacionar e deixar o clube do tamanho que ele pode ter nesse momento, numa readequação à Série C. Dar uma enxugada nos departamentos do clube e ter condições de manter uma situação em que possamos honrar os compromissos. O planejamento para 2018 já começou com a definição de alguns nomes no futebol do Santa. Existe a pretensão de montar um colegiado para comandar o futebol? CONSTANTINO: Exato. [O colegiado] será formado pelo executivo de futebol e quatro dirigentes da casa. Essa é a formatação e vamos trabalhar em cima disso. Sobre cotas de TV: como está a situação do Santa? Existe um acerto com a Rede Globo para 2019? CONSTANTINO: Haverá um novo modelo no Campeonato Brasileiro a partir de 2019 e o Santa tem de estar nas divisões superiores para poder fazer jus a essas cotas. É um sistema diferenciado. Vamos aguardar para ver como vai funcionar. Ainda há muita especulação. Nesse novo modelo, todo clube que cair de divisão não terá aquela proteção de antes. Não digo que será mais igualitário, mas é menos perverso por assim dizer. *Houldine Nascimento é jornalista e colaborador do site da Revista Algomais

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5 imagens do Morro da Conceição antigamente

O Recife vive os dias de festividades no Morro da Conceição. Os milhares de fiéis que sobem as ladeiras para assistir as celebrações, pagar promessas ou simplesmente para viver essa experiência religiosa celebrada por grande parte da comunidade católica pernambucana têm uma história antiga de devoção, que nos leva ao início do século passado. A imagem que deu o nome ao morro chegou à capital pernambucana em 1904. O crescimento do número de fiéis na festa da padroeira e também da população do Morro, que cresceu significativamente nas últimas décadas, obrigou a igreja a ampliar suas instalações ao longo dos anos, chegando ao atual santuário. Confira abaixo cinco imagens históricas do Morro. E, no final, um bônus, que é a imagem aérea atual do bairro, publicada recentemente pelo projeto Mais Vida nos Morros. (Clique nas fotos para ampliar). 1) Morro da Conceição (1910-1912) 2) Morro da Conceição em 1930 3) Vista aérea da Ocupação do Morro na Década de 1970 (Condepe/Fidem) 5. Igreja Antiga   VÍDEO   Imagem bônus: Vista aérea atual do Morro da Conceição, foto cedida pela PCR.  

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Soluções para a caminhabilidade no bairro do Recife

No último sábado a Algomais promoveu, dentro do Rec'n'Play, um workshop do projeto Cidades Algomais, com o tema “Caminhabilidade no Bairro do Recife: um upgrade tecnológico”. O evento contou com uma palestra do consultor Francisco Cunha; uma caminhada passando por lugares como a Igreja do Pilar, pela Cruz do Patrão, Porto do Recife, Praça do Arsenal, Moinho do Recife, antigos armazéns de Açúcar; e terminou com um debate sobre as alternativas para estimular a mobilidade ativa no bairro. Sete fatores para incentivar a caminhabilidade foram elencados pelos participantes do workshop: 1. Incentivar a vocação histórica do bairro, com o uso de ferramentas tecnológicas (a exemplo de aparelhos de realidade aumentada, narração da história do lugar via fones de ouvido, aplicativos para celular com essa proposta) 2. Promover o uso misto do bairro (incentivando não apenas a geração de empregos, mas de moradias) 3. Planejar um maior relacionamento do bairro com o restante da cidade (com melhores alternativas de transporte e maior disponibilidade de informações sobre o local) 4. Wifi pública em todo o bairro 5. Integrar e tornar acessível (em plataforma digital) a base de projetos desenvolvidos para o bairro 6. Embutimento da fiação 7. Retirada dos automóveis O Bairro do Recife, que viveu uma grande transformação com a chegada de várias empresas de tecnologia que formam o Porto Digital, tem grandes entraves relacionados à mobilidade a pé. A sensação de insegurança, a falta de conhecimento dos elementos históricos do bairro e as dificuldades de infraestrutura estão entre os fatores que desestimulam a caminhabilidade na região. As sugestões construídas no debate do CAM são o pontapé de um movimento de revitalização do Bairro do Recife, principalmente via a mobilidade ativa, que precisa ganhar corpo. CAM – Cidades Algomais é um projeto realizado pela Revista Algomais que consiste na promoção de uma série de eventos que tem a proposta de debater questões da vida urbana sob a ótica de práticas bem-sucedidas.

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Animacine lança clipe da banda Devotos

Em primeira mão, o 3º Animacine – Festival de Animação do Agreste lança, no próximo sábado (9/12), o videoclipe da banda pernambucana Devotos para a música “Eu o declaro meu inimigo”, feito em animação. A exibição será gratuita às 19h, no Parque da Cidade, em Gravatá, e terá a presença dos integrantes da banda Cannibal, Neilton e Celo. O clipe faz parte do projeto Músicas Animadas, idealizado por Lula Gonzaga, é produzido pelo Ponto de Cultura Cinema de Animação, e é dirigido pelo animador Marcos Buccini (professor da UFPE e diretor do laboratório Maquinário, de animação da Universidade) e co-dirigido por Tiago Delácio, realizador e coordenador do Animacine. “Quando Lula nos pediu para produzir o clipe do Devotos, convidei Buccini que é um admirador da banda, e imediatamente topou”, cometa Tiago Delacio. “Primeiramente pensamos na técnica de rotoscopia com os alunos do Maquinário, mas as pessoas começavam a conhecer o projeto e pedir pra participar, comecei a convidar outros artistas”, diz Buccini. Feito de forma colaborativa por 127 animadores de todo o País, o vídeo é construído sob a técnica da rotoscopia, dispositivo que permite criar desenhos a partir de capturas de filmagens reais. A gravação com o vocalista Cannibal e cia aconteceu na casa do guitarrista Neilton (estúdio da banda) e mostra o cotidiano pelo Alto José do Pinho, na zona norte do Recife. A faixa faz parte do novo disco do icônico grupo de punk rock hardcore, ainda sem nome. Colaboraram no clipe animadores e artistas de várias origens, desde os renomados César Coelho e Aída Queiroz (fundadores do ANIMAMundi), Victor-Hugo Borges (criador e diretor da série de animação “Historietas Assombradas”, atualmente exibida no Cartoon Network), Maurício Squarisi (um dos expoentes da animação brasileira, de Campinas-SP), José Maia (mestre da animação nascido no Rio Grande do Sul), o pernambucano André Rodrigues (da animação “Mundo Bita”), entre outros, até artistas plásticos (Lourival Cuquinha e Galo de Souza) até iniciantes. Crianças também participaram com desenhos, entre elas a filha de 5 anos de Cannibal. Cada artista convidado recebeu seis frames e a missão de animar um frame com meio segundo de filmagens. A criação era livre, porém sob duas condições: que o desenho fosse em preto, branco e vermelho (cores do Santa Cruz, time do tricolor Cannibal) e tivesse alguma ligação com a imagem original. “No clipe do Devotos, cada artista fez os frames totalmente diferentes dos outros artistas. Não houve uma combinação prévia, o que gerou sequências caóticas entre si, porém harmônicas em relação ao conteúdo do clipe. Gosto muito dessa estética caótica, uns fizeram em estilo mais cartum, outro mais realista. Teve gente que imprimiu e desenhou por cima, outros usaram carvão, stopmotion e até bordado. O resultado é incrível”, comenta Buccini, que dirigiu, em parceria com Rodrigo Édipo, o videoclipe da banda pernambucana Volver (Você que pediu), ganhador de dois prêmios e participante em seis festivais. O lançamento do clipe “Eu o Declaro Meu Inimigo” na programação do Animacine consolida e descentraliza a produção da animação na região. O Ponto de Cultura Cinema de Animação vem realizando clipes em animação de outros Pontos, como o de Lia de Itamaracá, do Côco de Umbigada, dos Bacamarteiros do Cabo de Santo Agostinho, do Boi da Macuca, dentre outros. Programação - O 3ª ANIMACINE – Festival de Animação do Agreste, começou na quarta (dia 6) e exibirá 110 filmes de 21 países em mostras competitivas e paralelas. Ganhando notoriedade por ser o único do gênero a focar atenção na regionalização, evento idealizado pelo Patrimônio Vivo de Pernambuco e pioneiro da animação Lula Gonzaga leva ainda masterclass, debates e oficinas para as cidades de Gravatá, Bezerros e Caruaru. Todas as atividades acontecem entre os dias 6 e 12 de dezembro e são gratuitas. A programação completa está no site www.animacine.com.br.  

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Fiz as pazes com meu útero

*Por Beatriz Braga Eu nunca vi muitas vantagens em ter um útero, toda a vida o encarei como um contratempo. Carregá-lo significava renúncia, fragilidade e um ciclo de dor física e estorvo. Domingo passado eu fui à Bênção do útero, um movimento que acontece no mundo inteiro, em horas sintonizadas, na lua cheia. O evento conta com meditações focadas no Sagrado feminino. Criado pela britânica Miranda Gray, mulheres meditam juntas a fim de liberar as amarras de uma sociedade patriarcal. Com os pés na terra, mentalizei a árvore dentro de mim - um dos exercícios propostos - e me senti conectada a todas elas. Pensei nelas além dos oceanos, nas recifenses e em todas as outras ao redor planeta. Nas mulheres da minha vida e das que nunca vi, nem vou conhecer. Fui levada a pensar nas minhas ancestrais. Nas mulheres antes de mim que passavam a vida no puerpério, que não tinham escolha a não ser escravas dos seus úteros; em todas que foram violentadas e oprimidas; pensei nos choros contidos que me precederam; cada útero em luto da minha mãe e das mães antes dela; em toda dor de cada parto e nas alegrias depois dele. Sentindo a vibração da lua cheia, pensei nas mulheres que, naquele momento, entrariam nas estatísticas do estupro e do feminicídio. Nas que se sentem invisíveis. Desejei que encontrem nos seus ventres não a vulnerabilidade, mas a sua força vital. Não é toa que a natureza é chamada de Mãe Terra. Somos bicho, terra, lua e natureza. Domingo pude compreender minha experiência pessoal. Tomei anticoncepcional por dez anos ininterruptos e só via alegrias. Sem cólicas, fluxo controlado e pele equilibrada, era defensora dos hormônios. Além disso, eu cresci achando a menstruação uma das grandes desvantagens biológicas femininas. Por conta dela, somos vistas como irracionais e reduzidas à TPM. Há alguns meses, parei a pílula durante o tratamento de uma sinusite. Meu cabelo e minha pele viraram óleo puro e eu fiquei insuportável. Impaciente, estressada e muito sensível. Apesar disso, só de ver a cartela me aguardando no armário, meu corpo demonstrava repulsa. Após três meses e sentimentos controlados, eu me sinto mais leve e não voltarei a tomar hormônios nunca mais. Sinto-me mais conectada comigo, mais feliz. Como se depois de uma década de omissão e disfarce, eu dissesse “bem-vinda de volta” a uma versão de mim que havia esquecido. Miranda criou a Bênção do Útero porque acredita que precisamos ter consciência das vantagens do nosso ciclo natural. Num passado distante, a menstruação era vista como sagrada e fonte criativa. O patriarcalismo tornou o ciclo um tabu, algo sujo e impuro. Em algumas comunidades, mulheres menstruadas ainda são vistas como uma aberração. Há alguns anos, vi Anticristo de Lars Von Trier e tem uma cena que nunca me deixou. Na trama, a mulher se revela o Anticristo, punida pela natureza. No desenrolar do filme, o homem queima sua esposa na fogueira e, depois, é seguido por uma legião de mulheres que emergem do solo. A cena, vez ou outra, volta para mim. Mulheres mortas em nome de um único homem que representava a sociedade machista. Cada geração herda da anterior as suas conquistas, mas também seus fardos e traumas. Durante a Bênção, fiz as pazes com meu útero. Sangramos porque somos animais, porque precisamos sangrar a dor que nos antecedeu. Sangramos porque somos bruxas queimadas na fogueira. Sangramos toda vez que uma mulher é calada ou morta. Sangramos porque, todo mês, renascemos. No domingo, cada uma pegou uma carta simbólica. A minha foi a da dor, que dizia que é preciso viver intensamente cada sofrimento para, só depois, superá-lo. Sempre enxerguei essa sabedoria na minha mãe. Ela não tem medo da dor e agora acredito que essa força vem do seu útero. O exercício da carta é missão para uma vida inteira: superar o sofrimento das nossas ancestrais e garantir que o futuro herde mais a consciência da fortaleza e menos os nossos traumas. Para começar, me enxergarei nas fases da lua, reconhecerei a natureza cíclica do meu corpo e a receberei com consciência, em vez de reprimi-la. Segundo Miranda, ao termos ciência do nosso ciclo, ganhamos grandes vantagens nos nossos trabalhos, relacionamentos e vida. Carregar um útero, agora, significa ter poder. O Sagrado feminino, que eu não entendia bem, tornou-se claro. Trata-se de mudar toda uma sociedade, todas as relações humanas. Trata-se de estar conectada com a mais poderosa energia do planeta, a feminina.

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Brasileirão 2017 termina com final feliz para o Nordeste

*Por Houldine Nascimento Em 2018, o futebol nordestino terá quatro representantes no Campeonato Brasileiro. Há algumas rodadas, o Bahia obteve a pontuação necessária para se manter na elite nacional e o Ceará fez boa campanha na Série B, terminando na zona de acesso. Sport e Vitória, que chegaram à última rodada lutando pela permanência, conseguiram os resultados necessários e também estarão na Série A do próximo ano. Carga dramática não faltou para os dois rubro-negros nesse domingo (3). Em tese, o baiano tinha a tarefa mais fácil, uma vez que bastava vencer em casa. Já o time pernambucano precisava do triunfo e também de que ao menos um dos concorrentes diretos tropeçasse. Por incrível que pareça, o Sport sofreu menos. Além de ganhar do time misto do Corinthians por 1 a 0, com gol de André, numa Ilha do Retiro lotada, o Leão do Recife viu os rivais pela permanência sucumbirem nos minutos finais. O Coritiba, que acabou rebaixado, sofreu a virada da Chapecoense (2 a 1) nos acréscimos, na Arena Condá. Por ironia do destino, dois “renegados” do Sport tiveram participação efetiva no gol que determinou o rebaixamento do Coxa: Apodi ajeitou para Túlio de Melo escorar sozinho de cabeça. É bem verdade que este tento salvou mais a pele do Vitória, que perdeu no Barradão para o Flamengo por 2 a 1 e também de virada no final do jogo. Foi o desfecho de uma péssima campanha como mandante. Pelo saldo de gols, o time baiano permanece na Primeira Divisão. Outro adversário direto, o Avaí não teve forças para derrotar o Santos na Vila Belmiro e empatou por 1 a 1. Os placares fizeram o Sport chegar aos 45 pontos e o Vitória estacionar nos 43, mesma pontuação de Coritiba e Avaí. Para a sorte do Rubro-negro da Boa Terra, a equipe catarinense tinha uma vitória a menos (11 a 10) e o Alviverde paranaense um saldo de gols pior que o seu (-9 a -8). De duas quedas iminentes, o Nordeste passa a ter mais um representante na Série A. Com isso, 20% das vagas serão ocupadas por times da região. Se Sport e Vitória chegaram ao fim ameaçados, muito se deve a constantes erros de suas diretorias. Embora não dê para comparar com os principais clubes do Sul e Sudeste, os dois tiveram as maiores receitas da história. Num breve exercício, as duas equipes baianas partem na frente para a temporada seguinte, sobretudo porque já possuem técnicos. O Bahia, que trocou três vezes de comandante neste Brasileirão, enfim acertou ao contratar Paulo César Carpegiani. E Vagner Mancini ajustou o Vitória, ciente das limitações técnicas do elenco, para funcionar de maneira mais eficaz, com pouca posse de bola e saindo em velocidade nos contra-ataques, o que foi uma arma letal fora de casa, mas ineficaz nos seus domínios. Agora, os dois treinadores terão a chance de começar uma temporada à frente dos times e montar os respectivos elencos. O Sport sai atrás justo por não ter um técnico. Apesar de salvar o clube do descenso nos dois últimos anos, Daniel Paulista não seguirá no comando. O nome mais ventilado é o de Alberto Valentim, que liderou o Palmeiras na reta final do Brasileirão. Se sua vinda se concretizar, vai mostrar que a diretoria não aprendeu com os erros de 2017. Será mais uma aposta arriscada e que evidenciará uma notória falta de planejamento. Mesmo com técnico definido, o Ceará é o time nordestino que terá mais dificuldades, ao menos sob o ponto de vista das finanças por não ter o poder de investimento dos outros três clubes da região que vão disputar o Campeonato Brasileiro. O Vozão entra consciente de que a briga é para ficar na Série A. Será que algum dia esse roteiro manjado dos clubes do Nordeste na Primeira Divisão vai mudar?  

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