Rafael Dantas, Autor Em Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

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TCU, BNB e Ministério dos Transportes desconhecem atrasos de repasse para a Transnordestina

Órgãos públicos negam atrasos nos repasses financeiros para a Transnordestina em meio a polêmica entre Pernambuco e Ceará Em meio ao episódio de disputa entre os estados de Pernambuco e do Ceará acerca da liderança da Sudene, que resultou na queda de Danilo Cabral, uma das alegações para a crise com o superintendente seria um suposto retardo nos repasses para a Transnordestina. Conforme publicamos na coluna, a TLSA informou que "O que está em pauta não é, absolutamente, uma disputa de estados, e sim a necessidade da celeridade na liberação dos recursos, que tem sofrido atrasos sistematicamente". Na nota, a empresa informou que os referidos atrasos são de "conhecimento de diversos órgãos, dentre eles o Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério dos Transportes, Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Casa Civil e Banco do Nordeste (BNB)." Dos cinco citados, apenas o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e a Casa Civil ainda não nos responderam. Os demais declararam não conhecer esse problema. De forma sucinta, o Banco do Nordeste (BNB) informou que "desconhece qualquer atraso nos desembolsos relativos à Transnordestina". O Ministério dos Transportes informou que as obras da Transnordestina, sob responsabilidade da concessionária TLSA, já teriam recebido aportes de R$ 10,67 bilhões, segundo a concessionária (Esse montante informado pelo ministério, no entanto, é maior que o informado pela própria Sudene e deve incluir investimentos de outras fontes). Porém, informou que o acompanhamento e monitoramento dos recursos e cronogramas de liberação são atribuições do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Sobre o trecho entre Salgueiro (PE) e Suape, que está sob responsabilidade do Governo Federal, a pasta afirmou que o edital para retomada das obras deverá ser publicado ainda neste semestre. O Tribunal de Contas da União (TCU) esclareceu que não realizou auditoria sobre possíveis atrasos nos repasses da Sudene para a TLSA no contrato de financiamento destinado à construção da Transnordestina. Em 2023, no processo TC 012.179/2016-7, o ministro relator solicitou informações à Sudene sobre a liberação de recursos, tendo a autarquia informado que aprovou, em outubro daquele ano, o pagamento da última parcela do financiamento obtido junto ao FDNE. O tribunal afirma que o valor atualmente discutido refere-se a um novo financiamento complementar, não analisado pelo TCU, que não voltou a se manifestar sobre o tema. Em entrevista concedida à Rádio Folha, ao âncora Jota Batista e à colunista de política da Folha de Pernambuco, Betânia Santana, Danilo Cabral já tinha negado o atraso e informado alguns dos números envolvendo o projeto. "A Sudene foi responsável por retomar a obra. Lá atrás, quando a gente assumiu, a gente liberou R$ 800 milhões. Este ano, a gente já liberou R$ 1 bilhão para a Transnordestina do trecho do Ceará. E tem mais R$ 2,6 bilhões comprometidos do recurso do FDNE." Esse ressaltou que a inquietação das lideranças cearenses, que gerou a sua derrubada do cargo, aconteceu no momento em que a instituição vinha realizando uma série de seminários em Pernambuco para explicar como está a obra no Estado e mobilizar as forças políticas e empresariais locais. Confira abaixo os posicionamentos enviados para a Algomais. RESPOSTA DO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTESAs obras da Transnordestina, ferrovia que liga Eliseu Martins (PI) ao Porto de Pecém (CE) são de responsabilidade da concessionária TLSA. Até o momento, segundo a concessionária, foram aportados R$ 10,67 bilhões no projeto.O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional é a pasta responsável pelo acompanhamento e monitoramentos dos recursos firmados e seus respectivos cronogramas de liberação.O trecho ferroviário entre Salgueiro e Suape, de responsabilidade do Governo Federal, deverá ter a publicação de edital para retomada das obras ainda neste semestre. NOTA DA TCUO acompanhamento dos repasses financeiros do contrato de financiamento assinado entre TLSA e Sudene para construção da Transnordestina não foi objeto de auditoria do TCU. Dessa forma, não existe posicionamento do TCU sobre possíveis atrasos sistemáticos de repasse dos recursos por parte da Sudene. No âmbito do processo TC 012.179/2016-7, em 8/10/2023, o ministro relator, Walton Alencar Rodrigues, determinou que a Sudene informasse o estágio do procedimento que visa à disponibilização de recursos para as obras da “Transnordestina”, indicando a totalidade das exigências previstas em suas normas internas que, eventualmente, não estariam sendo observadas pelas concessionárias ou por outras entidades envolvidas. Em resposta, a Sudene informou que havia aprovado, em 20/10/2023, o pagamento referente à liberação da última parcela do Financiamento obtido pela TLSA junto ao Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE). Com isso, e considerando que o valor atualmente em tela de R$ 1,4 Bi diz respeito a novo financiamento complementar, não existente quando do mencionado questionamento do relator à Sudene, não houve mais nenhuma ação deste Tribunal sobre esse assunto. Por fim, destaca-se que esse financiamento se refere à construção do trecho cearense da ferrovia Transnordestina. O trecho pernambucano está em estudo no Ministério dos Transportes.  RESPOSTA DO BANCO DO NORDESTEO Banco do Nordeste desconhece qualquer atraso nos desembolsos relativos à Transnordestina.

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Danilo Cabral é exonerado da Sudene, em vitória dos cearenses

Após mais de dois anos à frente da autarquia, ex-superintendente agradece confiança do governo federal e promete seguir na luta pelo desenvolvimento regional. Demissão aconteceu após tensão com interesses cearenses O ex-deputado federal Danilo Cabral foi comunicado ontem de sua exoneração do cargo de superintendente da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), função que ocupava desde junho de 2023. Em nota divulgada nas redes sociais, ele afirmou deixar o cargo “com a convicção do dever cumprido” e destacou o período como “desafiador e transformador”. “A Sudene voltou”, declarou, em tom de balanço positivo da sua gestão. Danilo agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e à equipe técnica da autarquia pelo trabalho conjunto. Ele ressaltou a importância da Sudene no enfrentamento das desigualdades regionais e reiterou seu compromisso com a agenda de desenvolvimento do Nordeste, especialmente de Pernambuco, seu estado de origem. Apesar da mensagem diplomática com o Governo Federal e do tom celebrativo do retorno da Sudene, a sua demissão representa uma derrota para Pernambuco e para a Transnordestina. Desde a semana passada circulavam rumores de uma pressão do governador do Ceará e do ministro da Casa Civil pela demissão de Danilo Cabral. No centro da disputa estaria o projeto da Ferrovia. Isso porque o trecho pernambucano é uma lenda que parece não ter fim. O agora ex-superintendente defendeu a construção da linha e mobilizou lideranças locais para o engajamento nessa causa, que há bastante tempo tem sinalizado uma vitória cearense de uma disputa que não deveria existir. A empresa Transnordestina SA enviou para a Algomais uma nota, explicando que não se tratava de uma disputa entre os Estados, mas reclamava de atrasos nos repasses da Sudene para continuidade das obras no Ceará. Publicamos a nota abaixo: NOTA À REVISTA ALGO MAIS (4/8/25) A Transnordestina Logística sempre foi e sempre será favorável à execução do trecho de Pernambuco, importantíssimo para o Nordeste e para o Brasil. O que está em pauta não é, absolutamente, uma disputa de estados, e sim a necessidade da celeridade na liberação dos recursos, que tem sofrido atrasos sistematicamente, o que é de conhecimento de diversos órgãos, dentre eles o Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério dos Transportes, Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Casa Civil e Banco do Nordeste (BNB). - Assessoria de Imprensa da Transnordestina Logística A Algomais solicitou esclarecimentos dos referidos ministérios, do TCU e do BNB acerca desses atrasos. Até o momento, nenhum se manifestou. Na última sexta-feira, já havíamos enviado uma solicitação de esclarecimento à Casa Civil e ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional acerca das motivações pela iminente queda de Danilo Cabral. De igual modo, sem respostas. Ninguém confirmou a informação de atrasos nos repasses para o trecho cearense da Transnordestina. CRONOGRAMA DE REPASSES Mesmo com atrasos relevantes do calendário de obras (é importante lembrar que o empreendimento foi anunciado em 2006, há 19 anos), desde o retorno do presidente Lula à presidência e à ascensão de Danilo Cabral na Sudene, muitos recursos foram destravados. Isso mesmo em meio ao cenário de extremas restrições no orçamento federal. No primeiro ano da gestão de Danilo Cabral na Sudene, foram desembolsados R$ 811,4 milhões. Recursos que estavam pendentes de anos anteriores, quando o projeto da Transnordestina contemplava ainda a linha Salgueiro - Suape (que foi excluída da concessão em dezembro de 2022, nos últimos dias do Governo Bolsonaro). Em 2025, foram repassados mais R$ 1 bilhão para a empresa concessionária. Uma parcela de R$ 400 milhões em janeiro e outra de R$ 600 milhões em julho. Mais recursos estão previstos para sair dos cofres da instituição. Mas é digno de nota que em 18 anos, até 2024, a Sudene tenha liberado R$ 3,8 bilhões, sendo R$ 811,4 milhões já na gestão de Danilo Cabral. A partir da assinatura do aditivo outros R$ 3,6 bilhões entrarão no horizonte da TLSA, sendo já liberado R$ 1 bilhão. Há ainda outros R$ 816 milhões a serem repassados que são do leilão de cotas escriturais do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor), anunciados neste ano. Os números expõem uma situação difícil de falar em atrasos sistemáticos, principalmente se compararmos com o trecho pernambucano. O constrangimento recai sobre o poder público por transformar essa insatisfação em demissão. ATENÇÃO AO FUTURO DA SUDENE E DA TRANSNORDESTINA Fato é que Danilo Cabral conseguiu dar um protagonismo à Sudene que por muitos anos já não era mais vista. O volume de repasses do Governo Federal e o engajamento nas pautas estratégicas da região, junto aos governadores, deram o tempero desse ressurgimento da instituição no planejamento e na execução de grandes empreendimentos regionais. A demissão sem justificativa pelo Governo Federal liga um sinal de alerta para o Estado e especialmente para o futuro da Transnordestina. Em qualquer visita ao Estado, os ministros Waldez Góes, Renan Filho e Rui Costa deveriam ser questionados da razão da linha Salgueiro - Suape receber um volume ínfimo de recursos em comparação ao trecho cearense e das motivações da troca de comando da Sudene. Até então, ambas as pautas não têm justificativa. É digno de nota também o silêncio de algumas lideranças políticas de Pernambuco diante de uma queda de braço constrangedora com o governador do Ceará e o ministro da Casa Civil, ex-governador da Bahia. Era uma vez uma ferrovia em Pernambuco?

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Entidades defendem permanência de Danilo Cabral na Sudene

FIEPE e representantes do setor produtivo destacam avanços na gestão e alertam para riscos de descontinuidade A possível troca no comando da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) provocou reação entre entidades do setor produtivo de Pernambuco. Em nota pública, a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), o Centro das Indústrias do Estado (CIEPE), o LIDE Pernambuco, o CREA-PE e o grupo Atitude PE manifestaram preocupação com a mudança e defenderam a permanência de Danilo Cabral à frente da autarquia. Segundo o posicionamento conjunto, a gestão de Danilo tem sido marcada pela articulação com o setor privado e pela condução de projetos estruturantes com impacto direto no desenvolvimento regional. As entidades destacam ainda a capacidade técnica e a experiência do superintendente, que vem atuando para destravar investimentos e fortalecer a atuação da Sudene em Pernambuco e nos demais estados do Nordeste. A nota reforça que a continuidade da atual gestão é fundamental para manter o ritmo de avanços conquistados nos últimos meses. “A instabilidade pode comprometer projetos estratégicos e enfraquecer uma agenda de desenvolvimento que começa a apresentar resultados concretos”, afirmam os signatários. CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA Nota de Posicionamento A Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) manifesta sua profunda preocupação com a possibilidade de mudanças na gestão da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). À frente da autarquia, o superintendente Danilo Cabral vem conduzindo um trabalho de grande relevância para o fortalecimento do desenvolvimento regional, com especial atenção às demandas do Estado de Pernambuco. Com vasta experiência na gestão pública e reconhecida capacidade de diálogo com a iniciativa privada, Danilo Cabral tem se consolidado como um parceiro estratégico do setor produtivo, atuando de forma incansável para viabilizar diversos investimentos estruturadores que impactam positivamente toda a região. Diante disso, as entidades listadas abaixo reforçam a importância da manutenção de Danilo Cabral na superintendência da SUDENE, garantindo a continuidade de um trabalho que vem gerando resultados concretos para o desenvolvimento econômico e social do Nordeste. Assinam esse posicionamento: Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE);Centro das Indústrias do Estado de Pernambuco (CIEPE);Grupos Atitude PE;LIDE Pernambuco;Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE).

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Túlio Velho Barreto é destaque na Flip 2025 com prêmios e lançamentos literários

Diretor da Fundaj vence o Prêmio Off Flip de Literatura e participa de lançamentos de antologias e revistas na maior festa literária do país *Por Rafael Dantas O pesquisador, escritor e atual diretor da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca/Fundaj), Túlio Velho Barreto, é um dos destaques da 23ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2025), que ocorre até o dia 3 de agosto na cidade histórica do litoral fluminense. Reconhecido por sua atuação literária desde os anos 1980, o autor conquistou o 1º lugar na categoria Contos da 20ª edição do Prêmio Off Flip de Literatura, com o conto “A invenção de Fernando Pessoa”. O poema “O ovo”, de sua autoria, também foi finalista e recebeu destaque na categoria Poemas. A premiação do Selo Off Flip será realizada nesta sexta-feira, 1º de agosto, na Livraria de Paraty. O evento marcará o ainda lançamento da antologia com os textos selecionados, seguida por um bate-papo entre os vencedores e o editor do Selo, o escritor Ovídio Poli Junior. Além da honraria principal, Túlio também receberá o 2º lugar no Prêmio Terra com o poema “A terra é miragem”, durante cerimônia na Casa Ofício das Palavras. A programação inclui ainda o lançamento da antologia Casa Gueto, que reúne dois poemas do autor: “Genocídio em Gaza” e “Teerã”. Outro momento de destaque será o lançamento da 11ª edição da Revista Lira, dedicada ao poeta curitibano Paulo Leminski, homenageado da Flip 2025, que inclui o poema de Túlio intitulado “Alice Ruiz”. A Flip é reconhecida como o maior evento literário do Brasil, reunindo escritores, editoras, representantes do mercado editorial e instituições públicas, como o Ministério da Cultura. Túlio Velho Barreto soma mais essa participação a um percurso consistente: é autor de obras como Do Estar no Ainda – Haikais (2022), Versos em Cordas Primas (2023), premiado em Lisboa, e Pequeninos Animais em Haikais (2024), voltado ao público infantojuvenil. Confira abaixo um breve batepapo como autor, que está em Paraty. O que essa premiação representa para sua atividade enquanto escritor? Por se tratar de um prêmio nacional, que já tem 20 anos, e concedido por um Selo Editorial tão tradicional como o Off Flip, isso o torna bastante importante e mesmo especial para quem o conquista. Sobretudo porque são centenas de escritores e escritoras de todo o país que participam há duas décadas nas categorias de contos, crônicas e poemas. Geralmente, tenho participado de eventos que premiam poemas. Mas este ano decidi concorrer também com um conto. E terminei vencendo. Enquanto o meu poema este ano foi finalista e destaque. Penso que a premiação será também um estímulo a mais para me dedicar igualmente aos contos, além da poesia. E, claro, um prêmio nacional não deixa de chamar a atenção ainda mais para o meu trabalho como escritor.  Como se deu o seu envolvimento com a literatura e como você descreve seu perfil de escritor?  Meu envolvimento com a literatura, em particular com a poesia, é anterior mesmo ao meu interesse profissional pelas ciências sociais. Escrevo poemas desde a adolescência por influência de meu pai, que esporadicamente escrevia poemas, mas era um leitor contumaz de poetas. A primeira vez que publiquei foi ainda nos anos de 1980, em um zine organizado pelo hoje artista visual e poeta Maurício Silva. E foi também a primeira vez do amigo e poeta Miró da Muribeca. A partir dos anos de 2000 voltei a publicar em coletâneas e antologias, quase sempre de poemas, por editoras de fora do estado. Mas foi apenas durante a pandemia que passei a publicar meus livros de poemas. Então, nos últimos três anos, publiquei um livro de haikai, com o poeta e professor universitário Paulo Marcondes, e um livro de haikais voltado ao público infanto-juvenil, este ilustrado pela designer Rafa D’Oliveira, ambos pela Editora Patuá, de São Paulo. Entre um e outro, em 2023, publiquei um livro de poemas premiado pelo Festival de Poesia de Lisboa, lançado pela Helvetia, uma editora franco-brasileira. Mas tenho publicado também contos, como este premiado agora, e microcontos.  O que te inspira ou te motiva a escrever?  Sempre me interessei por literatura e sempre li muito. E, no caso da poesia ou dos contos, tudo ou quase tudo me inspira ou me leva a escrever. Pode ser uma palavra ou uma frase que leio ou que ouço em qualquer lugar e circunstância. Uma ideia à toa que anoto para voltar a lê-la e escrever algo a partir dela. Um acontecimento ou um objeto que me chama a atenção. Enfim, não há apenas uma razão ou um motivo para que eu escreva um poema, um conto ou microconto. E muitas vezes decido mesmo escrever sobre algo ou alguma coisa, um tema, sem que haja um motivo especial que me leve a fazê-lo. Trata-se de encarar como um trabalho mesmo.  Qual é o título e do que trata o conto premiado agora durante a Flip 2025?  O título do conto é “A invenção de Fernando Pessoa” e se passa em 1914, em Lisboa. Na verdade, a ideia de escrever o conto me surgiu, veja só, ainda em meados dos anos de 1980. Eu já era obcecado pelo poeta Fernando Pessoa e a sua ideia de criar heterônimos. E depois que li "O ano da morte de Ricardo Reis", do José Saramago, sendo Reis um dos heterônimos de Pessoa, a ideia consolidou-se. De lá para cá esbocei alguma coisa. Mas foi apenas agora, em 2025, pensando já na edição especial de 20 anos do Prêmio Off Flip, que dei forma final ao conto, embora ainda num formato resumido, em função de suas regras. Enfim, o conto narra um encontro dos três heterônimos de Pessoa, em Lisboa, mais precisamente no Café A Brasileira, no Chiado, que foi realmente frequentado pelo poeta no início do século passado. Desse encontro surge então a ideia que dá sentido ao conto. Mais que isso é dar spoiler. Serviço – Participações de Túlio Velho Barreto na Flip 2025 Quinta, 31/718h – Premiação e lançamento da

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Pernambuco atrai R$ 364 milhões em novos investimentos com incentivos fiscais

Programas Prodepe e Proind viabilizam chegada de 44 novos projetos ao Estado, com foco no interior e geração de 492 empregos O Governo de Pernambuco anunciou, nesta quarta-feira (30), a chegada de R$ 364,2 milhões em novos investimentos ao Estado por meio de incentivos fiscais dos programas Prodepe e Proind. Ao todo, 44 projetos — entre indústrias, centrais de distribuição e importadores atacadistas — foram aprovados na 132ª reunião do Conselho Estadual de Políticas Industrial, Comercial e de Serviços (Condic). Os empreendimentos devem gerar 492 novos postos de trabalho, dos quais 66% estão concentrados no interior. Vitória de Santo Antão se destaca com Mondelez Do montante total, R$ 342,5 milhões — o equivalente a 94% — serão direcionados para cidades do interior, com destaque para Vitória de Santo Antão. No município, a gigante Mondelez lidera os aportes com um investimento de R$ 111,3 milhões e a expectativa de criar 160 vagas diretas. “O que estamos vendo é o resultado de uma política de desenvolvimento que alia responsabilidade fiscal com estímulo ao setor produtivo”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti. Importação e distribuição aquecem a economia Além das indústrias, o Condic também aprovou nove projetos de importadores atacadistas e 17 centrais de distribuição. As importações previstas somam R$ 60,6 milhões ao ano, com recolhimento estimado de R$ 8,2 milhões em ICMS. Já as centrais de distribuição devem movimentar R$ 1,4 bilhão entre compras e transferências, gerando R$ 114,4 milhões em tributos para os cofres estaduais. 2025 já soma quase R$ 1 bilhão em investimentos Segundo a presidente da Adepe, Ana Luiza Ferreira, o ciclo de 2025 já acumula R$ 915,2 milhões em investimentos e 1.839 empregos gerados nos três primeiros anúncios do ano. “É muito significativo ver a grande parte destes investimentos aqui anunciados seguindo para o interior. Isso reafirma nosso compromisso com um desenvolvimento que alcança diversos territórios”, afirmou. Outros dois anúncios de investimentos estão previstos até o fim do ano.

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Consórcio Nordeste reage a tarifaço dos EUA e busca articulação com Governo Federal

Governadores se mobilizam para proteger setores estratégicos e minimizar impacto nas exportações regionais Diante do anúncio de tarifas de 50% sobre todas as exportações brasileiras pelos Estados Unidos, os governadores do Consórcio Nordeste agiram com rapidez. Uma articulação “emergencial” foi iniciada junto à APEXBrasil e ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para proteger cadeias produtivas vitais para a região. Setores como fruticultura, apicultura, indústria têxtil, calçadista, metalmecânica e automotiva estão entre os mais ameaçados pelas novas medidas norte-americanas. Mobilização conjunta em Brasília A agenda da próxima semana prevê uma série de reuniões em Brasília. Na terça-feira (5), os governadores participarão do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir os impactos do tarifaço. Na tarde do mesmo dia, acontece a Assembleia Geral do Consórcio Nordeste. Já na quarta-feira (6), os líderes estaduais terão encontro no Palácio do Planalto com Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Defesa dos empregos e novos mercados O governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Rafael Fonteles, reforçou a necessidade de união e planejamento. “O Nordeste não assistirá passivamente ao impacto dessas medidas. Estamos somando forças com a APEXBrasil e o MDIC para garantir a proteção dos nossos empregos, das nossas empresas e da nossa capacidade produtiva”, afirmou. Um mapeamento técnico está em andamento para estimar as perdas econômicas por estado e setor, além de identificar produtos e empresas mais afetadas. A intenção é diversificar mercados e ampliar a presença internacional dos produtos nordestinos. “Defender a economia do Nordeste é defender o Brasil. E é com esse espírito que estamos somando forças”, concluiu Fonteles. Renato Cunha integra comitiva brasileira de senadores nos EUA para tentar reverter tarifaço O setor sucroalcooleiro é um dos mais impactados pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. Representando essa preocupação, o vice-presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) e presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha, integrou a comitiva de senadores brasileiros que está em Nova York em busca de diálogo com autoridades norte-americanas. O açúcar representa US$ 64 milhões anuais em exportações pernambucanas, e sua taxação pode inviabilizar a presença do produto no mercado dos EUA. “Produto com tarifação como está é praticamente barreira, não dá para entrar mais nesse mercado”, afirmou Bruno Veloso, presidente da Fiepe. Governadora Raquel Lyra articula estratégias para preservar exportações de Pernambuco diante do tarifaço dos EUA A governadora Raquel Lyra reuniu no Palácio do Campo das Princesas representantes dos principais setores econômicos de Pernambuco para debater os impactos do anúncio do tarifaço pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Durante o encontro, que contou com a presença de líderes da fruticultura, sucroenergético e indústria, Raquel reafirmou o compromisso do Estado em preservar empregos e manter a atividade exportadora por meio de negociações internacionais e diálogo constante com o Governo Federal. O presidente da Fiepe, Bruno Veloso, e outras lideranças empresariais reforçaram a importância de buscar o adiamento da medida para dar tempo ao setor produtivo se preparar e negociar alternativas que minimizem os prejuízos econômicos.

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Estratégia de atração dos Data Centers para Pernambuco é apresentada no Fórum da Sindienergia

Estado oferece vantagens estratégicas, infraestrutura robusta e incentivos fiscais para atrair investimentos em tecnologia e digitalização Durante o Fórum da Sindienergia, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (SDEC-PE) apresentou sua estratégia para transformar o estado em um polo nacional de Data Centers. A proposta se apoia em três pilares principais: infraestrutura energética e tecnológica, sinergias com ecossistemas econômicos locais e um conjunto competitivo de incentivos fiscais e institucionais. Segundo Guilherme Sá, secretário executivo de Energia, Pernambuco vê os Data Centers como um ativo essencial para o futuro da economia e uma oportunidade para o Estado. “A infraestrutura digital possibilitada por Data Centers é vista pelo Governo de Pernambuco como uma peça crítica da economia do presente e do futuro — tão importante quanto rodovias ou redes elétricas”. LOCALIZAÇÃO E MÃO DE OBRA PRIVILEGIADA O secretário informou durante sua palestra no evento que Pernambuco já se destaca por ter a maior margem de conexão elétrica do Nordeste — com 3 GW disponíveis no Complexo de Suape — e uma localização estratégica, que garante latência de apenas 12 milissegundos entre Recife, Salvador e Fortaleza. “Nenhum outro local consegue oferecer menor latência para 90% da população do Nordeste. Pernambuco está no coração do Nordeste digital”, destacou Sá. Outro diferencial é a sólida formação em tecnologia da informação. Recife é a capital brasileira com maior proporção de estudantes de TI por habitante.“A gente já tem, e continua formando, a mão de obra qualificada necessária para a instalação e operação de Data Centers de padrão global”, afirmou o secretário. INCENTIVOS FISCAIS PARA ATRAÇÃO DOS DATA CENTERS Outro destaque apresentado por Guilherme Sá são os incentivos robustos que o Estado oferece, como a redução de até 58,85% do ICMS sobre investimentos tecnológicos, acesso aos benefícios da Sudene e isenções de impostos locais. O estado também simplificou o licenciamento ambiental, reduzindo o tempo médio de 156 para 32 dias. APERENOVÁVEIS NO EVENTO Rodrigo Neves, representante da Aperenováveis no fórum, destacou com entusiasmo o crescimento e a maturidade do setor de energias renováveis em Pernambuco, ressaltando a importância da união institucional e empresarial para o fortalecimento do mercado. Ele explicou que a associação nasceu como um pequeno grupo de empreendedores no WhatsApp, evoluindo para uma organização presente em várias regiões do estado e articulada nacionalmente. Um dos marcos recentes foi a aproximação estratégica com o Sindienergia, com a divisão de pautas entre as entidades e a inclusão do presidente da Aperenováveis, Rudinei Miranda, na diretoria do sindicato, que passa a ser o vice-presidente. Rodrigo reforçou o convite às mais de 60 empresas associadas para se unirem também ao Sindienergia, ampliando a capacidade de representação e articulação com o poder público. Ele encerrou destacando o potencial dos novos mercados para o setor em Pernambuco, como os data centers e os projetos relacionados ao avanço da mobilidade elétrica. “A gente veio lutando e gritando durante esses últimos três anos para conseguir algum espaço de voz e agora nós alcançamos”, Rodrigo Neves GRANDES PERSPECTIVAS PARA O SETOR Bruno Câmara, presidente reeleito do Sindienergia, destacou avanços importantes para o fortalecimento da infraestrutura energética de Pernambuco. Entre as iniciativas em curso, ele ressaltou um estudo técnico aprofundado sobre as necessidades da rede básica do Estado, conduzido em parceria com a FIEPE, SENAI, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e empresas do setor de energia renovável. A proposta, segundo Bruno, é oferecer subsídios qualificados à EPE (Empresa de Pesquisa Energética), para ampliar os investimentos na expansão da rede elétrica estadual de forma mais estratégica e eficiente. Além disso, Bruno anunciou o lançamento de um MBA inédito no Brasil voltado para o setor de energia renovável, fruto da parceria entre Sindienergia, Aperenováveis e a Esuda. O curso, que começa ainda este ano, contará com um corpo docente formado por profissionais experientes das empresas do setor e terá enfoque prático. Os associados da Sindienergia e seus colaboradores terão acesso a um descontos como forma de incentivo à qualificação técnica.

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Gilberto Freyre Neto e Rainier Michael discutem caminhos da internacionalização da economia de PE

Debate promovido pelo projeto Pernambuco em Perspectiva destaca oportunidades com África e Europa Central, riscos de isolamento logístico e a importância de um planejamento estratégico de longo prazo A internacionalização da economia foi tema central do encontro Pernambuco em Perspectiva, realizado em julho pela Revista Algomais e Rede Gestão. Gilberto Freyre Neto, presidente do Iperid, e Rainier Michael, cônsul da Eslovênia, apontaram o potencial do Estado como hub logístico e diplomático no Atlântico Sul. Eles destacaram oportunidades com países da África e da Europa Central, como Nigéria e Eslovênia, e alertaram para o risco de Pernambuco ficar de fora de novas rotas comerciais globais, como a Nova Rota da Seda, impulsionada pela China. Ambos defenderam a urgência de um planejamento estratégico que conecte Pernambuco aos fluxos internacionais, incluindo investimentos em infraestrutura, inovação e diplomacia cultural. Segundo Freyre Neto, o Estado deve assumir uma posição ativa no cenário global, resgatando sua tradição histórica de protagonismo nas relações exteriores. “Nós somos a menor distância entre a costa ocidental africana e a América. É o farol estratégico do Atlântico Sul.” Gilberto Freyre Neto Já Rainier Michael sugeriu a criação de ferramentas digitais para articular empresários locais às oportunidades internacionais, destacando que o comércio global depende cada vez mais da iniciativa privada. Para o cônsul, o debate sobre internacionalização muitas vezes carrega uma lógica limitada e até ingênua: a ideia de que expandir fronteiras significa apenas sair do país em busca de oportunidades. Ele defende uma visão mais estratégica e equilibrada, em que o desafio não é apenas exportar, mas atrair investimentos, talentos e indústrias para dentro de Pernambuco. É nesse ponto que ele propõe uma inversão de perspectiva. “A internacionalização não é só ir para fora. É também atrair para Pernambuco capital, indústria, capital humano. Nós temos que ser tão bons aqui que as pessoas venham pra cá.” Rainier Michael O evento contou com a participação de Francisco Cunha, consultor da TGI, do superintendente do BNB, Hugo Queiroz, e teve a mediação do consultor Ricardo de Almeida. Confira a cobertura do evento na próxima edição da Revista Algomais. Confira os conteúdos do encontro Pernambuco em Perspectiva: 🔹 Apresentações em slides.🔹 Matéria publicada na revista Algomais.

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O cansaço virou uma epidemia: o colapso mental e físico em uma sociedade acelerada

Burnout é reconhecido como uma doença ocupacional, mas o seu impacto vai além do trabalho. Na segunda reportagem da série Epidemias Contemporâneas, especialistas criticam a cultura que glorifica o excesso e que adoece pelo desempenho *Por Rafael Dantas Desde o início do ano, o Brasil passou a adotar a Síndrome de burnout como uma doença ocupacional. Um reconhecimento tardio, quando 30% dos profissionais brasileiros já enfrentam o esgotamento físico e mental, segundo pesquisa da dados da Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho). Mais uma epidemia contemporânea que tem o seu “contágio” a partir de padrões e expectativas de vida cada vez mais desafiadoras, com muita tecnologia e uma cultura que romantiza o cansaço. “Vivemos uma época em que o tempo deixou de ser vivido, passou a ser apenas usado. A lógica da produtividade tomou conta de quase todas as áreas da vida, do trabalho aos relacionamentos, da estética pessoal à presença nas redes sociais”, alerta o psiquiatra Amaury Cantilino. “O ser humano está completamente exposto ao excesso de estímulos, cobranças e tarefas. Mas o pior: esse homem contemporâneo também está exausto por se autoexplorar”. "O tempo deixou de ser vivido, passou a ser apenas usado. A lógica da produtividade tomou conta de quase todas as áreas da vida, do trabalho aos relacionamentos, da estética pessoal à presença nas redes sociais. O ser humano está exposto ao excesso de estímulos, cobranças e tarefas." Amaury Cantilino Ele considera que os sinais de que a sociedade está diante de um problema são evidentes, com o crescimento nos diagnósticos de ansiedade, depressão e burnout. Porém, independentemente dos dados das pesquisas ou de números oficiais, a exaustão já é percebida de forma generalizada, mesmo entre pessoas jovens e saudáveis. “Há uma sensação coletiva de que estamos todos sobrecarregados, tentando dar conta de mais do que é possível”, sintetiza Amaury Cantilino. Uma sobrecarga já enfrentada por Thiago Pedrosa, 30 anos. Durante o auge da pandemia, ele vivenciou um burnout que marcou sua trajetória profissional e pessoal. Na época, ele conciliava o trabalho de designer, em uma rotina intensa, com os estudos universitários, ao mesmo tempo em que sentia a insegurança e o medo generalizado da crise sanitária. O excesso de trabalho, a ausência de propósito e a pressão resultaram em crises de ansiedade e um cansaço extremo. Embora já estivesse em terapia, precisou iniciar tratamento psiquiátrico com medicação para lidar com o esgotamento. “A demanda é infinita. Ela nunca esgota. Você responde, aí chega mais trabalho. Isso gera o sentimento de ser um hamster correndo na rodinha”, explica sobre a percepção da sobrecarga que o levou à doença e que demandou auxílio profissional e remédios para superar. “Depois que a gente cruza a linha [do nosso limite], não tem como voltar, só usando a sua mentalidade. É preciso uma ajuda de outros recursos”. Mesmo diante do agravamento do quadro, Thiago não se afastou do trabalho. O medo de perder a estabilidade financeira e o receio de ser mal interpretado pesaram mais do que o cuidado com a própria saúde. Esse comportamento reflete a armadilha social que associa valor pessoal à produtividade constante. Aos poucos, porém, ele encontrou forças para planejar uma transição de carreira. Com um novo emprego, horários mais saudáveis e menos pressão, conseguiu se reequilibrar e deixar a medicação. A experiência do burnout deixou suas marcas. Desde então, Thiago mantém um cuidado constante sobre sua saúde mental. “Eu acho que o burnout é uma pré-depressão. É uma vigilância quase que eterna para não cair de novo.”  "A demanda é infinita. Ela nunca esgota. Você responde, aí chega mais trabalho. Isso gera o sentimento de ser um hamster correndo na rodinha. Depois que a gente cruza a linha [do nosso limite], é preciso a ajuda de outros recursos". Thiago Pedrosa UM PROBLEMA CULTURAL CONTEMPORÂNEO Mais do que uma infinidade de espaços de trabalho estressantes e competitivos, a psicanalista Ana Elizabeth Cavalcanti, do CPPL ( Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem), afirma que a sociedade está inserida em um “ambiente extremamente hostil à vida humana”. Ela remete ao clássico livro Sociedade do Cansaço, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han para explicar como as pressões antes externas, passaram a ser internalizadas pelo ser humano. “O patrão externo foi substituído por um patrão interno extremamente cruel e rigoroso. Vemos uma sociedade extremamente exigente e pouquíssimo disponível. Isso está nas famílias e no universo social como um todo. A exigência é máxima, mas as condições de trabalho e de lazer são mínimas”, critica a psicanalista. Esse quadro de demandas que sufoca profissionais de diversas áreas leva as pessoas a sucumbirem e se sentirem responsáveis pelos “sucessos não alcançados” na vida voltada para a produtividade e para o consumo. “O burnout é apenas um dos sintomas de um sistema que exige o impossível e culpa o indivíduo pelo fracasso.” Esse padrão não impõe ao indivíduo apenas à autoexigência que gera o esgotamento mas, ainda assim, à glamourização do excesso de trabalho. “A ideia de que estar sempre ocupado, 'sem tempo nem para respirar', é sinal de sucesso. Ser workaholic virou símbolo de força e dedicação. No entanto, pode refletir apenas uma inquietude. O excesso de estímulos, informações e tarefas afeta diretamente a nossa atenção, que vai se tornando cada vez mais fragmentada e superficial”, afirma Amaury Cantilino.  Um efeito direto desse glamour do cansaço – um fenômeno cultural e global – é a ausência de descanso. Tudo passa a ser cronometrado e precisa ser produtivo. O momento de tédio, de lazer ou de desconexão passa a ser mais raro e, mesmo assim, acompanhado por culpa.  O PREÇO NO ORGANISMO O sofrimento mental e emocional de estar imerso na epidemia do cansaço já seriam motivos suficientes para um sinal de alerta na saúde. Porém, há conexão direta também com outros problemas no organismo. Amaury Cantilino explica que o corpo e a mente estão profundamente interligados. Isso faz com que, inevitavelmente, quando um adoece, o outro também sofre. “O cansaço crônico, seja ele físico, mental ou emocional, pode levar a

O cansaço virou uma epidemia: o colapso mental e físico em uma sociedade acelerada Read More »

LIVRARIA CEPE

Cepe volta ao azul com novos serviços e aposta em inteligência artificial

Após anos de prejuízo, a Companhia Editora de Pernambuco diversifica suas frentes de atuação, moderniza sua estrutura e transforma a gestão para manter viva a excelência editorial e garantir sustentabilidade financeira. Ao assumir a presidência da Cepe, há pouco mais de dois anos, o jornalista João Baltar Freire se deparou com uma empresa em crise, acumulando um prejuízo de cerca de R$ 11 milhões. A saída foi ousada: reconfigurar o perfil da companhia, historicamente vinculada à publicação do Diário Oficial, e impulsionar novos ramos de atividade, como a impressão de materiais didáticos, bulas de medicamentos e a fabricação de embalagens farmacêuticas, além de oferecer serviço documental. Com uma gestão mais racional e profissionalizada, a gráfica da Cepe saiu da ociosidade e deve fechar 2025 com mais de R$ 27 milhões em contratos com o Governo do Estado. Logística como nova fronteira Um dos movimentos mais estratégicos da gestão atual foi consolidar a Cepe como prestadora de serviços de logística documental. Com sede operacional no Cone (Cabo de Santo Agostinho), em um espaço de 12 mil m², a empresa armazena e digitaliza documentos de clientes, como hospitais públicos e empresas privados, como Agemar e AGR. Hoje são cerca de 1 milhão de caixas organizadas com rastreabilidade total. A atuação vai desde a coleta e organização de prontuários até a digitalização e indexação de dados. A expectativa é ampliar esse serviço e, futuramente, atuar também na distribuição e transporte. Reinvenção editorial sem perder a essência Mesmo com a reestruturação voltada à sustentabilidade, a Cepe manteve o compromisso com a qualidade editorial. A produção de livros passou a seguir rigorosamente os pareceres do conselho editorial, e os periódicos Continente e Pernambuco foram tratados como unidades autônomas, com gestão específica. A revista Continente, por exemplo, ganhou um aplicativo e vem retomando a entrada de anúncios. Já a Pernambuco deixou o formato de jornal para se tornar uma revista com apelo gráfico mais refinado. Um contrato com a Secretaria de Educação garante que ambas sejam distribuídas em todas as escolas estaduais. Digitalização como ativo estratégico Com 140 milhões de imagens digitalizadas de documentos governamentais e das edições históricas do Diário Oficial, a Cepe prepara um salto tecnológico. A empresa está implementando uma ferramenta de inteligência artificial, desenvolvida em parceria com o Porto Digital, que permitirá buscas avançadas em segundos por meio desses arquivos. A inovação poderá transformar completamente o acesso a dados históricos, administrativos e jurídicos, e abre caminho para novos modelos de negócios. “A informação digitalizada tem um valor intrínseco, é o novo petróleo”, afirma Baltar. Lucro com missão pública Apesar das mudanças e ganhos financeiros, o foco da Cepe segue sendo o fortalecimento da sua função cultural e pública. A editora voltou a registrar lucro mesmo com a queda nas receitas do Diário Oficial, que hoje representa apenas 24% do faturamento da empresa. A meta agora é manter a editora funcionando com excelência e independência. “A função da gráfica e da logística é garantir que a Cepe continue publicando livros e revistas com o mesmo cuidado editorial. Não é sobre maximizar lucros, mas sobre assegurar nossa razão de existir”, resume Baltar.

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