Somente no ano passado que José Pinteiro, o DJ Jopin, decidiu dedicar-se exclusivamente à música eletrônica. Apesar dos seus poucos 26 anos, o recifense tem muita experiência com as pickups, a ponto de ter feito a abertura de shows de artistas internacionais como David Guetta. Agora, agenciado pela Luan Produções – a mesma produtora de Wesley Safadão – está vivenciado a novidade de levar seus beats computadorizados ao público das festas de forró estilizado. Com seu sorriso largo e cercado de computadores, teclados e pranchas de snowboard (seu hobby), Jopin conversou no seu estúdio com Cláudia Santos e Rafael Dantas sobre a carreira. Como você foi atuar com música eletrônica? Sempre gostei de música. Comprei meu CDJ, equipamento para DJ, com uns 15 anos. Comecei a brincar em festa de prédio, bem informal. Até que surgiu a primeira contratação numa festa remunerada de um amigo. Comecei a levar aquilo mais a sério, mas ainda como um hobby, porque trabalhava desde os 16 anos com meu pai, que tem uma fábrica de barcos. Fui morar no Canadá, quando voltei fiz supletivo, passei no vestibular, entrei na faculdade e comecei a trabalhar com ele. No início de 2017 constatei que precisava me dedicar mais à música. Disse a meu pai: ou eu vou focar nisso ou precisarei parar, porque não estou conseguindo conciliar as duas coisas. Se eu parar, tenho medo de ser uma futura frustração. Aí, ele me apoiou bastante. Gradativamente coloquei outro gerente para me substituir na fábrica e focando, como faço agora, na música. Estou todos os dias no estúdio, trabalhando, tenho algumas composições também. Antes você fazia mixagem de músicas de outros compositores? Durante muitos anos só toquei músicas de outros compositores e de outros DJs. Era uma prática comum no mercado. Existem aqueles que são só DJs e tem os DJs que são produtores, que é exatamente essa vertente que estou focando agora, para produzir meu próprio conteúdo, entre remixes e música autoral. Como está sendo sua carreira, participou de muitos festivais? Sim, de vários. Abri shows para grandes nomes internacionais, como David Guetta, Hardwell, Steve Angello, Erick Morillo, e participei de festas em que eles estavam no line-up (programação). Toquei no Tomorrowland, em São Paulo, que foi muito importante para mim. Isso foi me motivando. O que mais me motiva é o feedback positivo das pessoas. Minha agência é a mesma de cantores como Wesley Safadão e Gabriel Diniz, que são cantores de forró, gênero totalmente diferente do meu, mas acabo participando de algumas festas com eles. Como é a receptividade desse público? Achei que seria muito mais difícil do que, de fato, está sendo. Quando você toca numa festa com 50 mil pessoas não consegue agradar a todos, até porque a grande maioria das pessoas estão lá para ouvir outros gêneros. Mas só de você ter um feedback positivo da metade ou mais da metade do público, para mim é bastante satisfatório. Acho que isso é um reflexo da evolução da música eletrônica no Brasil. Qual a vertente da música eletrônica que você toca? Existem várias vertentes: house, deep house, trance entre muitos outros gêneros. Costumo dizer que toco house, mas variando entre essas vertentes. É difícil você engessar apenas num gênero. Tento tocar nessas festas o mais comercial possível, mas sem sair muito das minhas raízes que é o house. Fiz um remix recente em homenagem a Alceu Valença da música Anunciação e o feedback foi muito positivo. Em São Paulo achei que não teria receptividade como aqui no Nordeste, mas fiquei impressionado como as pessoas receberam bem e fiquei feliz por homenagear um artista pernambucano que admiro muito. Esse remix de Alceu Valença já está nas mãos dele, estou esperando o seu feedback para saber se posso lançá-lo ou não. Como é a cena da música eletrônica em Pernambuco? Recife tinha clubes, como Nox e Overpoint, mas atualmente acho que não existe nenhum de música eletrônica. Infelizmente. O Brasil passou um período grande sem ter clubes de música eletrônica em algumas capitais. Esse movimento está voltando em São Paulo onde, de um tempo para cá, foram abertos vários clubes. Por isso, a atividade é muito direcionada a eventos. Produtores de DJs nacionais ou internacionais promovem festas, mas clube mesmo não existe mais. Esse circuito de festas é crescente? Sim. A ponto de eu tocar em grandes festas aqui no Recife, juntamente com bandas. Isso não existia. Antes, o DJ só tocava escondido no intervalo, não no palco. Os DJs Alok e Jet Lag têm tocado em festivais como o Villa Mix. Já toquei em vários Estados com Wesley Safadão, em festas como a Garota Vip. No Rio de Janeiro, por exemplo, participaram 50 mil pessoas e tenho uma hora e meia para fazer um show. Vejo que as pessoas, hoje em dia, respeitam isso. Elas não veem como um DJ que está tocando ali no intervalo, elas o enxergam como um artista e dão a ele o devido respeito. Isso é muito gratificante. Você está morando em São Paulo? Desde quando trabalhava na indústria de barcos, tinha negócios em São Paulo. Por isso, tenho casa lá e fico muito nesse eixo Recife-São Paulo. Mas gosto mesmo de estar na minha casa, no meu estúdio. Eu cresci olhando para o mar. Então se eu tenho mais shows no Nordeste no mês, eu fico aqui, é onde eu gosto de escrever, ficar na minha casa, com minha família. Gosto de ficar em São Paulo também, mas quando eu posso, fico no Recife. Quais os artistas que o influenciaram? Steve Angello que era do trio Swedish House Mafia, que foi muito conhecido. Acho que esse é o cara em que mais me inspirei, porque o admiro muito como DJ. O que você está escutando atualmente? Escuto muito vários artistas. Procuro pesquisar bastante, não só no campo da música eletrônica, porque os remixes têm sido muito positivos para essa ascensão da música eletrônica no mercado. De um tempo para cá surgiram vários remixes de artistas brasileiros.