Arquivos Algomais Saúde - Página 73 de 158 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Estudo sugere que o SARS-CoV-2 é capaz de infectar e matar linfócitos

Da Agência Fapesp Experimentos conduzidos na Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto indicam que o novo coronavírus é capaz de infectar e levar à morte diferentes tipos de linfócitos – células-chave na defesa do organismo contra patógenos. Não se sabe ainda se há queda na imunidade decorrente desse ataque e qual seria a sua duração, mas os pesquisadores não descartam a possibilidade de a infecção deixar algum tipo de sequela no sistema de defesa. Resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados no repositório bioRxiv. O artigo está em processo de revisão por pares. “Logo no início da pandemia percebeu-se que a linfopenia [queda acentuada na contagem de linfócitos do sangue] era uma alteração hematológica frequente em pacientes com COVID-19 hospitalizados e que esse quadro estava associado a um prognóstico ruim, ou seja, maior risco de intubação e morte. Mas até agora não estava claro qual era a causa do problema”, conta à Agência FAPESP o virologista Eurico Arruda, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e coordenador da investigação. Durante uma infecção viral, explica o cientista, é esperado que parte das células de defesa saia da circulação e migre para o tecido afetado para ajudar no combate aos invasores. Contudo, autópsias de pacientes que morreram em decorrência da síndrome respiratória aguda grave associada ao SARS-CoV-2 mostraram que a quantidade de linfócitos presente nos tecidos infectados não era suficiente para explicar o quadro de linfopenia detectado quando essas pessoas ainda estavam internadas. “Certamente deveria haver outro mecanismo envolvido. Decidimos então investigar se as células de defesa de pacientes com COVID-19 tinham o vírus em seu interior. Alguns grupos tinham descrito que a carga viral era praticamente indetectável no sangue, mas eles tinham olhado para o fluido como um todo. Nós isolamos apenas as células mononucleares [grupo que inclui monócitos e linfócitos] e fizemos uma espécie de concentrado de linfócitos”, explica o pesquisador. Antes de analisar os leucócitos de pacientes, porém, os pesquisadores fizeram diversos experimentos com amostras sanguíneas de cinco voluntários saudáveis para testar a hipótese de que o SARS-CoV-2 seria capaz de infectar e matar linfócitos. O concentrado de células mononucleares obtido a partir do sangue de doadores sadios foi incubado com o vírus durante dois dias. Com um anticorpo capaz de reconhecer antígenos do vírus no interior das células, os pesquisadores comprovaram que o processo de infecção tinha ocorrido. As análises mostraram que os monócitos foram as células mononucleares mais suscetíveis ao SARS-CoV-2 (44% estavam infectadas), seguidos pelos linfócitos T CD4 (responsáveis por coordenar a defesa imunológica por meio da liberação de moléculas sinalizadoras conhecidas como citocinas; 14%), linfócitos T CD8 (capazes de reconhecer e matar células infectadas pelo vírus; 13%) e linfócitos B (os produtores de anticorpos; 7%). A carga viral no concentrado celular foi medida por RT-PCR – o mesmo teste molecular feito para diagnosticar a COVID-19 em pacientes – após seis, 12, 24 e 48 horas. Observou-se um aumento consistente da quantidade de vírus, que chegou a ser 100 vezes maior na última análise. Tal resultado indicava que o microrganismo não apenas tinha entrado nas células mononucleares de voluntários como também estava se replicando em seu interior. “Quando tratamos a cultura com um composto capaz de inibir a protease usada pelo SARS-CoV-2 para se replicar, observamos uma redução importante da carga viral. Esse é mais um indício de que o vírus estava se replicando nessas células, mas ainda não sabemos em quais delas exatamente”, afirma Arruda Neto. Em outro experimento, o grupo tentou bloquear a infecção com um inibidor de ACE2 – a proteína usada pelo microrganismo para entrar na célula humana, normalmente expressa em baixas quantidades nas células mononucleares do sangue. “O tratamento com inibidor de ACE2 reduziu a carga viral na cultura, mas não a aboliu totalmente, o que sugere a existência de um mecanismo alternativo de infecção em células linfoides. Isso não é algo raro entre os vírus, que podem usar variadas moléculas para se ligar a diferentes tipos de células, a exemplo de HIV e adenovírus. Ao investigar mais detalhadamente os linfócitos T CD4 e T CD8 infectados, os cientistas notaram que a entrada do vírus desencadeou um mecanismo de morte celular programada conhecido como apoptose. Segundo Arruda, essa é uma possível explicação para a linfopenia observada em pacientes com COVID-19. Infecção natural A etapa seguinte da pesquisa foi feita com células mononucleares de 22 pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com quadros moderados ou severos de COVID-19. O material foi coletado entre os dias 7 de abril e 18 de junho no Hospital das Clínicas da FMRP-USP. As análises mostraram que nem todos os indivíduos tinham em seus leucócitos uma marcação expressiva para a presença do vírus e que a taxa de células positivas variava bastante entre eles – de 0,16% a 33,9%. “Os pacientes tinham perfis clínicos variados e estavam em diferentes estágios da doença, o que dificultou a comparação. Mas o fato é que conseguimos identificar a presença do vírus no interior das células mononucleares de portadores da COVID-19”, diz Arruda Neto. O grupo selecionou amostras de 15 indivíduos para analisar as diferenças individuais nas taxas de células positivas para SARS-CoV-2. Para isso, os pacientes foram estratificados com base no tempo de coleta de amostra após o início dos sintomas. Essa análise evidenciou que as taxas de linfócitos B infectados foram as mais altas em todos os indivíduos. Isso poderia ajudar a entender por que algumas pessoas quase não apresentam anticorpos após a infecção – hipótese atualmente em investigação. Já no caso dos monócitos, quanto mais avançada estava a doença, maiores eram as taxas de células positivas – resultado semelhante ao observado para os linfócitos T CD4. Por meio de técnicas como imunofluorescência e microscopia confocal, os cientistas confirmaram a presença de uma fita dupla de RNA viral no interior das células infectadas – um indicativo de que o patógeno, cujo genoma é composto por uma fita simples de RNA, estava em processo de replicação. “O conjunto de dados sugere, portanto,

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Covid-19: Governo reestrutura a rede de saúde para atender crianças com sintomas agudos

Do Governo de Pernambuco Dentro do planejamento de ampliação e assistência às crianças que apresentam sintomas respiratórios de forma mais aguda e que precisam de internamento hospitalar no Estado, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), está reestruturando a rede para o recebimento do público infantil. O Hospital de Referência Covid-19 (maternidade Brites de Albuquerque), em Olinda, deu início à mudança de perfil no atendimento aos pacientes com o novo coronavírus, e a desde ontem (17.09) dez leitos de terapia intensiva (UTI), antes destinados ao uso exclusivo de adultos, já estarão reservados para o acolhimento de crianças que precisam de assistência médica. Hoje (18.09) outros dez leitos de enfermaria que atendiam o público adulto também mudarão de perfil para atendimento pediátrico. Até o final de setembro, mais 20 leitos (sendo dez de enfermaria e dez de UTI) também estarão habilitados para crianças com sintomas gripais, totalizando 40 leitos. Pernambuco já possui mais de 100 leitos pediátricos e neonatais, sendo mais de 40 de terapia intensiva (UTI), para prestar assistência a esse público. Atualmente, a ocupação média dessas vagas está em 62%. “Diante da necessidade de reforçar a assistência ao público pediátrico, os leitos, antes voltados para adultos, estão sendo readequados e convertidos, dentro do nosso planejamento, o que vai nos dar ainda mais segurança no plano de convivência”, destacou o secretário estadual de Saúde, André Longo. A SES-PE também mantém, permanentemente, a busca ativa de leitos em toda a rede e em unidades conveniadas para encaminhamentos de seus pacientes, atendendo às especificidades de quadro clínico. Antes das vagas no Hospital de Referência, em Olinda, já haviam sido abertos 10 leitos de UTI neonatal no Imip e mais 10 leitos de UTI pediátrica e 17 de enfermaria para crianças no Hospital Barão de Lucena.

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Hospital de Referência à Covid-19 (Antigo Alfa) atinge marca de 1,3 mil curados

Após completar cinco meses de funcionamento, o Hospital de Referência à Covid-19 em Boa Viagem – antigo Hospital Alfa – alcançou a marca de 1,3 mil pacientes recuperados da doença. A alta de Édna de Souza Rocha Gonzaga, de 53 anos, na manhã de ontem (16), pontuou o número. A paciente, que chegou ao Hospital de Referência em 11 de agosto, ficou 36 dias internada na unidade, entre leitos de UTI e enfermaria, e agora vai realizar o desejo de reencontrar os familiares, especialmente os três filhos e o neto. “Durante o período que estive aqui fui muito bem tratada, mas não vejo a hora de estar novamente com minha família, com meus filhos.” Dona Édna conta que algumas vezes imaginou que o momento do reencontro não chegaria. “Eu pensei que não fosse vencer essa doença. Não desejo que ninguém passe por ela, e para quem está passando, meu conselho é que lute para se recuperar”, comentou. André Gonzaga, filho de Dona Édna, a acompanhou na saída do Hospital. “Nós ficamos muito preocupados com ela durante a internação, mas os médicos sempre entravam em contato, dando notícias, informando sobre a recuperação dela, e é uma sensação indescritível reencontrá-la com saúde. Com certeza, chegando em casa, vamos festejar bastante”, disse, agradecendo também ao hospital pelo tratamento oferecido à mãe. REFERÊNCIA - O Hospital de Referência em Boa Viagem funciona, hoje, com 100% de sua capacidade, tendo 230 leitos ativos – sendo 130 de enfermaria e 100 de UTI. O equipamento foi requisitado administrativamente pelo Governo de Pernambuco em março e, em tempo recorde, a estrutura, que estava sem energia elétrica, água encanada nem rede de gases, passou por ampla reestruturação e abriu as portas no dia 16 de abril, atuando de forma dedicada à atenção aos pacientes com a Covid-19. Atualmente, a unidade é a maior em número de leitos exclusivos para os casos do novo coronavírus, e tem papel fundamental no enfrentamento à pandemia em Pernambuco. “Para garantir a assistência adequada aos pacientes com a Covid-19, o Governo do Estado, por determinação do governador Paulo Câmara, está fazendo o maior esforço sanitário e de mobilização de insumos, equipamentos e recursos humanos de nossa história. Foram mais de dois mil leitos abertos para o atendimento aos pacientes, sendo mais de 900 de UTI. E o Hospital Alfa, que em um curto espaço de tempo passou por uma grande readequação e teve que ser completamente equipado, é um exemplo desse esforço. A unidade, que hoje completa cinco meses, tem sido determinante para que possamos estar salvando vidas durante esta pandemia”, destaca o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. (Da Secretaria Estadual de Saúde)

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Síndrome Pediátrica associada à Covid-19 registra novos casos em PE

Da Secretaria Estadual de Saúde Ontem (16/09) foram atualizados os dados da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) - quadro que acomete crianças e adolescentes - sendo temporalmente associada à Covid-19. Foram incluídos dois novos casos. Até o momento, Pernambuco contabiliza 18 ocorrências, das quais 16 já evoluíram para a cura e alta hospitalar e 2 vieram a óbito. Todos tiveram resultado positivo para Covid-19. Nesta atualização, foi confirmado o segundo óbito - uma criança do sexo feminino de 1 ano e 11 meses, residente no Recife, que faleceu no início de agosto. Já o outro caso, que recebeu alta no início de julho, foi de uma menina de 3 anos também da capital pernambucana. Do total de casos, 16 são de Pernambuco - Recife (5, entre eles 2 óbitos), Caruaru (2), Ipojuca (1), Jaboatão dos Guararapes (1), Goiana(1), Sirinhaém (1), Joaquim Nabuco (1), Limoeiro (1), Timbaúba (1), Flores (1),Santa Cruz do Capibaribe (1) - e 2 de outros estados (Alagoas e Piauí), mas que procuraram atendimento médico no Estado. A notificação da síndrome foi instituída no início deste mês de agosto e os serviços de saúde, além de atentos para ocorrência de casos novos, estão resgatando ocorrências desde o começo da pandemia. Dos casos registrados até o momento, 8 são do sexo masculino e 10 do feminino, com idades entre 1 e 13 anos.

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Piscar os olhos 15 vezes por minuto ajuda no combate a doença ocular

Um estudo indiano do Hospital JK Lone chegou à conclusão que 65% das crianças estão viciadas em eletrônicos, como computador, videogame, smartphones e tablets. Esse levantamento teve o objetivo de estudar o impacto da quarentena na saúde das crianças. Porém, o excesso de uso de telas pode causar olho seco, uma deficiência de lubrificação na visão. De acordo com a oftalmologista Catarina Ventura, do Instituto de Olhos Fernando Ventura, um gesto simples e “automático” ajuda a combater esse problema: os olhos devem piscar 15 vezes por minuto. “Quando estamos focados, atentos, vendo TV, no celular, ou outros eletrônicos, piscamos em média cinco vezes por minuto. O ideal é que seja o triplo. Isso causa o olho seco. Esse problema acontece por usarmos a visão sempre de perto. O uso frequente dessas telas, mais de uma hora por dia, pode causar ainda ardência e desencadear em uma miopia. Outra dica é que desvie o olhar em alguns momentos, vá até a janela, dê uma andada pelo ambiente”, explicou a médica do IOFV. Na pesquisa, os pais mencionaram que as crianças usam celulares, laptops, computadores e tablets disponíveis em casa. No entanto, o celular é a ferramenta mais utilizada. Os resultados mostraram que durante o período de bloqueio em função do coronavírus, um total de 65,2% dos estudantes relatou problemas físicos, 23,40% ganharam peso, 26,90% sofreram dores de cabeça/irritabilidade e 22,40% relataram dores nos olhos e prurido. “É preciso interagir com as crianças, brincar com eles com atividades mais criativas. Sabemos que em alguns momentos é inevitável, o uso da tecnologia está presente, principalmente nesse período de pandemia, com as aulas virtuais. Então uma sugestão para amenizar os efeitos é o uso de um tablet maior ou de smart TV, e não ficar muito próximo da tela. Crianças até dois anos têm de ser evitado o máximo possível”, acrescentou Catarina.

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Exercício físico reverte atrofia muscular provocada por câncer

Por Maria Fernanda Ziegler da Agência FAPESP A prática de exercício físico pode ser favorável para pacientes oncológicos. Estudo realizado em modelo animal por equipe internacional de pesquisadores comprovou que o treinamento regular de atividades aeróbicas, além de melhorar a capacidade física, também reverteu perda de massa muscular, normalizou a função contrátil do músculo e, sobretudo, prolongou em 30% a sobrevida de ratos com tumores. Artigo, publicado na revista Molecular Metabolism, descreve pesquisa realizada em ratos com caquexia decorrente do câncer e que recuperaram funções perdidas do músculo esquelético por meio do exercício físico. Alguns dos resultados obtidos em experimentação animal foram reforçados por meio da análise de tecidos musculares de pacientes com câncer de pulmão. O estudo, apoiado pela FAPESP, por meio de um Projeto Temático sobre câncer e coração e do programa de mobilidade Sprint/FAPESP, mostrou que o exercício físico pode reverter essa ação do câncer de alterar a expressão de algumas proteínas do músculo esquelético. “Pacientes oncológicos tendem a apresentar atrofia muscular, a chamada caquexia do câncer. Isso porque, para o tumor se desenvolver, ele precisa interagir com o organismo e o músculo esquelético pode se tornar uma fonte de reserva de energia. Basicamente, o tumor vai produzir vários fatores para tentar extrair toda a proteína guardada no músculo esquelético para crescer. Nesse processo, perde-se força e massa”, explica Christiano Alves, um dos autores do estudo. Alves foi bolsista da FAPESP e atualmente realiza pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Harvard (Estados Unidos). No estudo, a comparação em modelo experimental de ratos com câncer e caquexia severa mostrou que os animais com tumores e que realizaram treinamento físico – semelhante à corrida e caminhada em esteiras adaptadas – apresentaram sobrevida 30% maior do que aqueles com caquexia do câncer que permaneceram sedentários. “Ao analisar o músculo isoladamente, observamos que o treinamento físico reduziu o estresse oxidativo e melhorou as funções do músculo esquelético, como a capacidade de contração”, diz. No rastro das proteínas Para investigar os efeitos dos tumores no músculo esquelético, os pesquisadores realizaram inicialmente uma análise proteômica (variação na expressão de proteínas) no músculo de três grupos: animais com tumores e caquexia que realizaram exercício, animais com câncer e caquexia que permaneceram sedentários e animais saudáveis. “Buscamos identificar proteínas musculares alteradas na caquexia do câncer e que fossem alvo terapêutico pelo exercício físico, ou seja, que pudessem ter a sua expressão modificada novamente, por meio do exercício físico, chegando a um estado próximo dos animais sem câncer. Nosso estudo não buscou um fármaco, pois sabemos que o exercício físico pode trazer várias mudanças e benefícios, inclusive um estilo de vida mais saudável, e configura uma terapia de baixo custo”, diz Patricia Chakur Brum , professora titular de fisiologia do exercício da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP) e orientadora. Entre as várias proteínas alteradas pelo câncer que foram identificadas na análise proteômica, 12 tinham a expressão modificada em sentido oposto ao câncer pelo exercício físico, sendo a proteína COPS2 (também nomeada como TRIP15/ALIEN) a mais proeminente delas. Muito estudada – embora nunca tenha sido relacionada especificamente ao músculo esquelético –, essa proteína é essencial para a manutenção de todo tipo de célula. Na análise, a expressão da COPS2 estava claramente diminuída no modelo de câncer, sendo posteriormente recuperada pelo exercício físico. “Costumava-se creditar ao músculo esquelético as funções de sustentação, locomoção e também de armazenamento de proteínas importantes para o metabolismo e que servem como um substrato energético para o organismo. Hoje sabemos que o músculo esquelético apresenta outras funções. Ele funciona como um órgão endócrino que libera proteínas ali sintetizadas e que podem agir em diferentes tecidos do organismo”, diz Brum. A pesquisadora ressalta ainda outro fator importante: as proteínas liberadas pelos músculos (miocinas) agem a distância. “O que estamos tentando fazer com esses estudos é produzir conhecimento e mostrar a necessidade da prática de exercício físico também para pacientes oncológicos. O exercício físico aumenta a produção dessas miocinas, servindo como um instrumento terapêutico. Quando extrapolamos isso para o paciente com câncer, o exercício físico se torna fundamental”, diz Brum. Análise de caso Paralelamente ao estudo de proteômica realizado nos animais, os pesquisadores analisaram o tecido muscular de seis pacientes com câncer de pulmão – em tratamento no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) sob a supervisão de Gilberto de Castro Jr., que colaborou no projeto – e compararam a variação de proteínas com a de quatro indivíduos saudáveis. “Observamos que, assim como ocorreu no modelo animal, a expressão da proteína COPS2 também decaiu muito em pacientes com câncer de pulmão e caquexia. Os dados dos pacientes são ainda preliminares, pois é um número reduzido de indivíduos estudados, no entanto, se apresentam como uma prova de conceito do que foi avaliado em modelo animal”, afirma Alves. O grupo de pesquisadores ainda investigou quais mecanismos estão envolvidos no processo de perda de massa do músculo esquelético em consequência do câncer e como o exercício físico surge como uma forma de recuperá-lo. Para isso, foram realizadas análises em cultura celular de camundongos e humanos. As análises mostraram que, a despeito do aumento da proteína COPS2 não ter alterado o fenótipo e o metabolismo da célula muscular, a sua redução foi benéfica por regular a F-actina, importante proteína muscular contrátil relacionada ao estresse oxidativo. “Por meio de técnicas de biologia molecular, foi possível inativar ou superexpressar a proteína COPS2 para avaliar o metabolismo do músculo. No conjunto da obra, nosso estudo mostrou que a redução da COPS2 na caquexia é um mecanismo compensatório do músculo esquelético. Isso significa que a proteína surge como um sinalizador de que algo não está bem no músculo, de que está ocorrendo caquexia”, diz Alves. Nessa equação, o estudo comprovou que o exercício físico consegue, inclusive, viabilizar a expressão da proteína COPS2. “O exercício traz o músculo de volta para um estado normal e ao regularizá-lo não é mais necessário haver a sinalização da COPS2. Analisando diretamente, o exercício reduz o estresse oxidativo no

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"As crianças têm demonstrado cansaço, ansiedade e desânimo com as obrigações online".

O isolamento social, em especial para crianças e adolescentes, já atravessa mais de um semestre. Com a mudança para as aulas online, as privações de várias atividades de lazer e dos contatos presenciais, os estudantes de diferentes idades vivem um fenômeno semelhante ao dos adultos que estão no home office: sensação de cansaço, fadiga, ansiedade e desânimo. Conversamos com a psicóloga do Colégio Equipe, Suzi Moura, sobre os efeitos colaterais da maior exposição das telas no desenvolvimento e no aprendizado das crianças e adolescentes. Como essa vida mais digital pode afetar a saúde e a qualidade de vida das crianças e adolescentes? Ela pode afetar de várias maneiras, mas, quando substitui as relações do mundo presencial pelo virtual, isso se torna mais grave. Precisamos considerar questões fundamentais no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes que envolvem o uso da tecnologia. Uma delas refere-se à educação digital, que ajudará as famílias a lidar com essa realidade que está posta, que é real e em que todos estamos imersos, que é o mundo digital. Todavia, tem outros fatores para os quais precisamos atentar, como, por exemplo, a relação da criança com o brincar, fator estruturante para seu desenvolvimento. A partir do momento em que as crianças substituem esse tempo de brincar para ficar por um período muito longo expostas às telas, elas perdem um tempo que é importantíssimo no mundo real e concreto, onde conseguem, por meio da brincadeira, transitar para o mundo da imaginação, e construir suas fantasias e significados para o seu viver. Do ponto de vista psíquico, essa experiência pode ajudar na prevenção de transtornos mentais futuros. Quando se retira isso e se coloca apenas a experiência digital, torna-se complicado, pois a criança vai deixando de adquirir habilidades estruturantes e socioemocionais. Para os adolescentes isso também é problemático? Sim. Quando o tempo é demasiado e o adolescente não consegue permanecer distante das telas, poderá haver risco quanto à dependência tecnológica, comprometendo a qualidade de vida e a saúde física e mental. Temos visto muitos adolescentes com dificuldade de estabelecer relações interpessoais e para fazer amigos presenciais, bem como aumento de sintomas de ansiedade e de fobias sociais. Hoje, vemos o "desligamento de pessoas" acontecendo de forma corriqueira no mundo digital. Existe um mundo muito aberto, há muitas oportunidades, tem muitas coisas boas, mas muitas inapropriadas para determinadas faixas etárias. O acompanhamento dos pais é imprescindível nesse cenário. As referências identificatórias para os adolescentes, tão importantes nessa fase, precisam acontecer no mundo real, com pessoas reais, pois no mundo virtual há facilidade das coisas acontecerem de forma instantânea e serem desfeitas com a mesma velocidade. Muitos adultos tem reclamado de muito cansaço e de maior carga de trabalho no home office. Na experiência escolar, os estudantes têm demonstrado a fadiga diante de tantas vídeoconferências e obrigações online? Sim, eles têm demonstrado fadiga, cansaço, ansiedade, desânimo e muita falta do contato físico, do olho no olho e da interação com professores e colegas. Antes pensávamos que o tempo de distanciamento social seria menor, mas já estamos com 6 meses de aulas em casa e on-line, e isso tudo contribui para um esforço cada vez maior para se manterem ativos e atentos. Fica mais difícil para eles corresponderem, uma vez que estão expostos às aulas remotas por um longo período. O corpo se movimenta menos, as pessoas estão no mesmo espaço fazendo tudo ao mesmo tempo, os intervalos ou pausas das atividades se tornam menores. Se estabelece uma relação limítrofe entre o tempo que se dispõe e o que precisa ser feito. Sendo assim, é necessário se organizar, criar uma rotina para que as coisas funcionem melhor. Quanto mais estruturado e organizado for, melhor será esse processo. Como é possível atender as necessidades temporárias desse novo normal (antes da volta completa das aulas) de uma maneira mais saudável e menos dolorosa? Incluir na rotina atividades relaxantes, que não sejam necessariamente produtivas, mas que sejam reestuturadoras, é muito importante, bem como se abrir espaço para se fazer o que se gosta, mesmo que esse tempo seja um pouco menor. Também se deve atentar para o tempo e a qualidade do sono. Sabemos que o sono fica mais difícil e artificial porque o corpo se movimenta menos. É o movimento do corpo, a atividade física, que dá aquele sono mais gostoso, mais profundo. Dessa forma, para administrar esse período de turbulências com menos prejuízo, torna-se necessário reconhecer e expressar os sentimentos, falando das angústias, dos medos, das perdas e da dor. A desatenção às atividades virtuais e o desempenho dos alunos são fatores que preocupam os sistemas de educação? Com certeza. Já é possível é perceber algumas vunerabilidades na construção do conhecimento e no desenvolvimento sociemocional dos nossos estudantes. Desse modo, serão necessárias atividades de avaliação diagnóstica para identificar as lacunas de aprendizagem e construir estratégias que ajudem a superá-las, assim como promover um tempo de acolhimento e acompanhamento voltados para as questões do cuidado com a saúde mental de toda comunidade escolar.

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Perda de mobilidade durante o isolamento social afeta os idosos

Além do isolamento social, quebras na rotina de exercícios e alimentação tem produzido um efeito em cadeia na saúde de todos, sobretudo quando falamos da Terceira Idade. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, aproximadamente 20% das pessoas com mais de 75 anos são afetadas por sarcopenia, doença que ocasiona perda de massa e força muscular. Para Marcos Miranda Filho, médico radiologista da Lucilo Maranhão, o problema ainda é pouco conhecido. “Hoje em dia todos nós aprendemos a falar osteopenia e osteoporose, mas a sarcopenia ainda parece um nome estranho. Os ossos e músculos fazem parte do mesmo mecanismo, sendo igualmente importantes, apesar disso, fraturas e dores na articulação acabam em evidência”, comenta. Segundo o médico, a melhor prevenção da sarcopenia é o exercício físico e boa alimentação. “O sedentarismo conduz o corpo para um lugar de fragilidade, fazendo com o que os estímulos de contração dos músculos diminuam, o que consequentemente provocará a perda da massa muscular de forma mais acelerada” destaca. A sarcopenia costuma comprometer a velocidade da marcha, equilíbrio, coordenação motora e mobilidade do idoso, afetando diretamente sua autonomia. Vale destacar que os hábitos alimentares também estão intimamente relacionados ao avanço da doença. A dificuldade de mastigar, por exemplo, resulta no consumo de comidas fáceis de engolir, sem o planejamento nutricional necessário para atender às necessidades do corpo. Com isso, costumam ficar de fora as proteínas, nutrientes chave para a construção do tecido muscular. O tratamento da sarcopenia varia entre dieta orientada com suplementação e exercícios de resistência, de acordo com as condições físicas do paciente. “Para obter um diagnóstico detalhado e reverter o quadro, faz-se necessário exames que evidenciem a perda de massa muscular, como a densitometria (DEXA). Ambos feitos sob recomendação médica” finaliza Marcos Miranda Filho.

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Setembro alerta para o câncer ginecológico

Setembro é o mês de conscientização do câncer ginecológico e a campanha vem certificar as mulheres sobre a importância da prevenção e diagnóstico da doença. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 30 mil mulheres serão acometidas por algum tipo de câncer ginecológico no ano de 2020. “O câncer ginecológico abrange o ovário, colo do útero, endométrio, vagina e vulva. A campanha vem como alerta para que as mulheres procurem a prevenção e dessa forma tenham um bom prognóstico e tratamento”, informa o cirurgião oncológico do Real Instituto de Cirurgia Oncológica, Thales Batista. O câncer do colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente encontrado em mulheres brasileiras,e a quarta causa de mortes de mulheres por câncer no Brasil. De acordo com o INCA, em 2020 haverá 16.950 novos casos de câncer do colo do útero. “Este tipo de câncer é causado pela infecção por algum tipo de Papilomavírus Humano (HPV), transmitido por via sexual. Quase sempre a infecção é silenciosa, mas pode ser facilmente identificada lesões precursoras do câncer pelo exame citopatológico, o Papanicolau”, esclarece o médico. Outros cânceres que se instalam no sistema reprodutor feminino são os de endométrio e ovário. Juntos, de acordo com o INCA, serão 13.190 novos casos em 2020. Ambos têm como fator de risco a predisposição familiar ou genética, antecedentes de câncer de mama, obesidade, idade avançada e homonioterapia após a menopausa, entre outros específicos para cada caso. “Vulva e vagina raramente são afetadas por câncer, e, assim como o câncer de ovário e endométrio, não existe exame de rastreio para detectar de forma precoce as lesões. O diagnóstico é feito observando os sintomas, que podem variar em sangramento, coceiras, dores, alteração da coloração da pele do local afetado, entre outros”, informa. Quando há um diagnóstico precoce, o câncer ginecológico pode ser tratado com bons resultados. “O ideal é ficar atento a sintomas e antecedentes familiares, além de realizar exames preventivos quando indicados. Caso exista persistência dos sintomas, como dor que não melhora com uso de analgésico comum, sangramento genital acompanhado de febre e nódulos na região genital, mama ou axila, é necessária uma avaliação médica”, conclui Batista.

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Especialistas em comportamento debaterão saúde mental na pandemia

Muita gente ficou com a cabeça mexida nessa pandemia. Além da questão sanitária, o medo do desemprego, a convivência familiar no isolamento e outros desafios do dia a dia interferiram demais no comportamento e rotina (ou falta dela) da população. Para esclarecer e promover saúde mental em tempos de pandemia, a Faculdade Tiradentes (Fits) – integrante do Grupo Tiradentes - realiza sábado (12), às 13 horas, o 2º Encontro de Saúde sobre Prevenção ao Suicídio. Será um evento gratuito, transmitido pelo Youtube e aberto ao público. Inscrições pelo endereço: https://www.even3.com.br/iiesps2020 Entre os convidados estará a doutora em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela UFPE, Tatiana de Paula, que vai abordar os impactos da pandemia na saúde mental. Outra participante é a mestre em Gerontologia pela UFPE, Rita Roffmann, que vai comentar a convivência familiar durante a pandemia. Também contribuirá com o assunto o mestre em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela UFPE, Dennys Lapenda Fagundes, que tratará saúde mental de estudantes e profissionais de saúde, durante a pandemia. Já a doutora em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento pela UFPE, Marília Pereira, vai falar sobre o acolhimento e manejo de pacientes em tempos de covid-19.

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