Há uma década, Pernambuco vivia o último ano do Governo Jarbas Vasconcelos e elegia Eduardo Campos para o primeiro mandato. Um momento de transição econômica, quando o Estado começava a receber grandes investimentos industriais. Desde 2006, o consultor José Emílio Calado (JBG & Calado Gestão e Negócios) realiza o Balanço Empresarial, mapeando ativos, receitas e lucros das organizações com atuação local, que publicam suas demonstrações financeiras no Diário Oficial de Pernambuco. O resultado tem sido divulgado na Algomais e hoje (17/10) foi apresentado pelo pesquisador em evento no Mercure Recife Mar Hotel. Comemorando a marca, trazemos uma análise do que mudou neste período, quais segmentos surgiram na economia pernambucana e quais companhias se mantiveram no ranking das melhores. Duas empresas se sobressaíram na década, permanecendo nas três listas de 2006 para 2015. “Nesse período destaca-se o desempenho de Baterias Moura e Grupo Raymundo da Fonte pois ultrapassaram e muito os seus indicadores em todos esses três ranqueamentos”, constata Calado. No ranking que mapeia os 35 maiores ativos do Estado, a pesquisa indicou 10 empresas que melhoraram em relação ao ano de 2006 (já corrigidos o Índice Geral de Preços – Mercado), com destaque para Baterias Moura, que saltou de um ativo de R$ 358 milhões para R$ 1,59 bilhão da demonstração de 2015. Um crescimento de 344% na década. “O ativo representa as contas da organização, o imobilizado, os seus investimentos, estoques e contas a receber. É tudo aquilo que ela tem. É um indicador que reflete bem o que aconteceu na empresa”, aponta o consultor. PERFIL ECONÔMICO. Ao analisar os setores das 35 empresas que apareceram no ranking da década, é perceptível a mudança no perfil econômico do Estado. Há 10 anos, cinco empresas do ramo sucroalcooleiro despontavam na lista. Permaneceram apenas duas na lista atual, o que sinaliza a perda de competitividade no segmento. Por outro lado, o setor de energia dobrou o número de empresas no ranking, passando de quatro para oito representações. Entre os maiores ativos de Pernambuco, surgiram companhias dos segmentos de óleo e gás , cimento, naval, entretenimento, financeira, veículo, varejo, shopping, vidros, hotelaria, saúde, loteamento e infraestrutura. Na comparação entre as receitas, o estudo identificou que somando-se o volume das 35 empresas listadas no ranking, houve um crescimento de 81,8% acima do IGP-M. A Celpe, Via Sul, Baterias Moura, Raymundo da Fonte, Usina Central Olho D'água, Eurovia Veículos e a EBBA foram as únicas empresas que permaneceram na lista 10 anos depois do primeiro balanço. A análise do lucro líquido mostra que enquanto em 2006, o acumulado das 35 empresas resultou em um montante de R$ 1,52 bilhão, em 2015 o balanço alcançou a marca de R$ 2,47 bilhões. Um crescimento de 62%. Sete organizações permaneceram na lista dos maiores lucros do ano: Baterias Moura, Celpe, Raymundo da Fonte, Tecon Suape, Mercofricon, Usina Central Olho D’Água e Tramontina Delta. SEGMENTOS. Entre os setores que despontaram no ranking dos lucros, Calado identificou o surgimento de novos segmentos, conectados com as mudanças na matriz econômica pernambucana, como óleo e gás, naval, vidros e infraestrutura. Ancorado com o crescimento do consumo da década e com o avanço do varejo moderno em Pernambuco, o segmento de shoppings entrou também nessa lista, representado pelo RioMar e pelo Plaza Casa Forte. Empresas das áreas de saúde, loteamentos e cimento, que também passaram a ter representação nessa lista. Já na comparação entre os anos de 2014 e 2015, quando as empresas sofreram com a recessão econômica, alguns segmentos surpreenderam e aumentaram seus ativos, receitas e lucros. Das 35 empresas do ranking dos maiores ativos no ano passado, 26 delas apresentaram desempenho superior ao do ano de 2014. O Hipercard manteve a liderança e cresceu de R$ 8,4 bilhões para R$ 9,5 bilhões, em apenas um ano. “A Odebrecht Ambiental, o Vard Promar, a Petrogal e o Grupo Ser Educacional foram as empresas que mais investiram no ano da crise”, diz Calado. Mesmo num ano em que o PIB caiu 3,5%, o volume acumulado de ativo das 35 maiores empresas teve crescimento real de 0,8%. Após um período de vasto investimento no segundo setor do Estado, as indústrias são maioria na lista, ocupando 21 lugares. Os setores de energia (8 representantes) e óleo e gás (3) são outros destaques nesse ranking. CRESCIMENTO. Já a soma das 35 maiores receitas fecharam o balanço com um crescimento negativo de 6,5% em 2015. O volume caiu de R$ 33,9 bilhões para R$ 31,9 bilhões. “A maioria das empresas ranqueadas nos ativos (77%) também está na lista das maiores receitas líquidas, o que demonstra que os investimentos realizados estão também gerando grandes receitas”, avalia Calado. Apesar disso, algumas empresas exibiram boa performance no ano da crise. Citepe superou o desempenho anterior em 160%, Energética Suape em 126%, o Grupo Ser Educacional em 43% e Hospital Esperança, 35,5%. A representante do setor sucroalcooleiro, a Usina Olho D’água, apresentou avanço de 38% no indicador. Em volume, a Companhia Energética de Pernambuco foi a que liderou esse ranking, com receita na casa dos R$ 4,6 bilhão. Por outro lado, o Estaleiro Atlântico Sul foi a empresa que mais retraiu suas receitas em 2015, caindo de um faturamento de R$ 1,9 bilhão para R$ 599 milhões, o que resulta numa redução de 72%. Como um sintoma da queda da receita, o lucro líquido também foi menor em 2015. O montante das 35 maiores empresas de Pernambuco nesse indicador apresentaram um rendimento 6% inferior ao de 2014. A retração desse total foi de R$ 2,63 bilhões para R$ 2,47 bilhões. “Nesse recorte, 21 empresas estão ranqueadas no lucro líquido e receita líquida, o que demonstra consistência na gestão dessas organizações”, afirma o consultor. CARTÃO DE CRÉDITO. A liderança na lista dos maiores lucros em Pernambuco foi do Hipercard. No ano da crise, a empresa do setor de crédito registrou um rendimento de R$ 460 milhões. Mais que duas vezes em relação ao ano anterior, quando fechou com R$ 182,7 milhões (elevação de 154%). Em segundo lugar ficou a empresa