Arquivos Entrevistas - Página 16 de 28 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Entrevistas

"Empresas podem e devem contribuir para minimizar a síndrome de burnout."

Além de enfrentarem as angústias e os medos provocados pela pandemia, de terem que se adaptar inesperadamente ao home office, com uma grande sobrecarga de trabalho, muitos profissionais recebem uma dose extra de estresse com a chegada o final do ano. É quando o cotidiano fica ainda mais corrido e há um aumento de expectativas para o início de um ciclo e a necessidade de finalizar projetos pessoais e profissionais. Um quadro estressante que pode resultar num aumento de casos da síndrome de burnout. Nesta entrevista a Cláudia Santos, a psicóloga e consultora da TGI Luciana Almeida, explica o que é essa doença ocupacional, como a pandemia impactou a sua disseminação e como pode ser tratada. Luciana também dá dicas de prevenção para os profissionais e defende medidas adotadas no ambiente de trabalho para evitar que os funcionários sejam acometidos pela síndrome. “Ações institucionais e o apoio das lideranças no dia a dia podem fazer muita diferença na qualidade de vida dos profissionais”, alerta a psicóloga. O que é a síndrome de burnout? A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento, é uma doença ocupacional caracterizada pela fadiga extrema e absoluta falta de energia e capacidade laboral. Esse termo foi criado em 1974 por um psicanalista norte-americano para descrever o próprio adoecimento. Também pode-se descrever como um estado de adoecimento do indivíduo devido à exaustão e ao cansaço extremos quando relacionados ao trabalho. É um distúrbio emocional que vem sendo cada vez mais comum entre profissionais que assumem uma alta carga de atividades e responsabilidades, trabalham intensamente e em ambientes de muita pressão por resultados e produtividade. Ao mesmo tempo, é comum que, diante de um cenário mais exigente de trabalho, profissionais acabem reduzindo o investimento em atividades que podem fazer o contraponto com o trabalho. Ou seja, reduz o tempo de lazer, os momentos em família, a prática de atividades físicas, o tempo para uma alimentação mais regular e saudável, etc... Essa é uma doença bastante comum entre os profissionais de saúde ou outros que lidam com o sofrimento humano. Porém, cada vez mais, vem se alastrando dentro das empresas também. Uma pesquisa realizada pelo Isma (International Stress Management Association) com pessoas entre 20 e 60 anos apontou que no Brasil 30% dos profissionais sofrem com a doença. Mas atenção: é importante compreender que burnout é um desequilíbrio entre fatores profissionais, pessoais e sociais. Pode- -se dizer que é a soma do excesso de demandas e exigências profissionais, aliada a um perfil também de muita exigência pessoal, e junto com a diminuição do cuidado com a saúde, do tempo para atividades prazerosas que resultam nesse estado de adoecimento e passa a ser bastante preocupante. Quais são os sintomas? Normalmente os sintomas são percebidos pelo indivíduo ou pela família, mas também é comum que no próprio ambiente de trabalho fique fácil de identificar o adoecimento do profissional, afinal, alguns dos primeiros sinais do burnout são a queda de produtividade e a incapacidade de trabalhar. Junto a isso, o profissional também pode apresentar um quadro de aumento da ansiedade, impaciência, mudança no apetite gerando emagrecimento ou sobrepeso, cansaço extremo e falta de vigor físico, dores de cabeça, insônia e tensão muscular. Também é comum que o pensamento fique mais negativo, confusão mental, medo e insegurança, tristeza e, às vezes, pode até chegar ao quadro de depressão profunda. É por isso que há necessidade de buscar ajuda diante dos primeiros sinais de adoecimento. É fundamental que esse quadro seja avaliado por um profissional de saúde capaz de identificar a presença da doença e sugerir o tratamento adequado. A síndrome é mais presente em homens ou mulheres? Por quê? Pesquisas têm mostrado que as mulheres são mais suscetíveis ao burnout. A explicação mais comum está na reunião de atividades e no acúmulo de funções normalmente mais presente na população feminina. Ou seja, além da dedicação ao trabalho, as mulheres também tomam a frente das atividades domésticas e do cuidado com a família, marido e filhos, gerando uma sobrecarga física e mental. Existem ainda pesquisas que apontam que é comum o direcionamento às mulheres de algumas atividades “extracurriculares”, como por exemplo, a organização do ambiente de trabalho e as atividades de convivência social como festas, lanchinhos, etc. Outra questão, já muito discutida em pesquisas, trata da diferença salarial que existe entre homens e mulheres. Esse é um dado real que também dialoga com a falta de reconhecimento das profissionais no ambiente de trabalho, a necessidade de maior engajamento e o esforço para atender expectativas, maior risco de vivenciar situações de assédio moral e sexual, entre tantos outros desafios de gênero que aumentam o nível de estresse que acomete as mulheres no trabalho. Qual a sua orientação para evitar o burnout? Investir em autoconhecimento é muito importante. Dessa forma será possível entender melhor os gatilhos para a crise e como evitá-la. Buscar alternativas que possibilitem o maior equilíbrio entre o trabalho e o prazer também contribui. Avaliar se o estresse causado pela atividade profissional pode estar associado ao desinteresse ou à falta de gosto pelo que se faz. Essa falta de associação de prazer e trabalho geralmente é muito prejudicial. É mais saudável quando conseguimos encontrar propósito no que fazemos, por exemplo. Buscar uma rotina mais equilibrada também ajuda a não esticar tanto a corda do estresse e não deixar que ela se rompa ou perca a elasticidade. Nesse contexto é importante praticar atividade física, ter uma boa rotina de sono, investir em uma boa alimentação e buscar momentos de descanso com a família e amigos. De toda forma, conseguir identificar o quanto antes os primeiros sinais de desconforto e buscar ajuda logo no primeiro momento é o grande passo para não adoecer de forma grave. LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO 188.4 DA REVISTA ALGOMAIS: assine.algomais.com

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"Investir em infraestrutura será um dos pilares do mundo para a retomada econômica"

Para fazer frente aos estragos econômicos e sociais causados pela pandemia, vários países elaboraram projetos de retomada baseados em fortes investimentos em infraestrutura. É o caso, por exemplo, do Plano Biden, nos Estados Unidos. A premissa é de que seja uma estratégia que além de aumentar a produtividade e reduzir custos dos setores econômicos, recupera a economia e gera empregos. Pernambuco segue essa linha de desenvolvimento com o Plano de Retomada. Nesta entrevista a Cláudia Santos, a secretária de Infraestrutura do Estado Fernandha Batista detalha esses investimentos e os desafios para concretizar as obras. Com formação em engenharia civil, ela também comenta o fato de chefiar uma área onde até então havia predominância masculina e afirma que “não está na pauta” se candidatar ao Governo do Estado nas próximas eleições, já que seu nome tem sido citado pela mídia em análises sobre o próximo pleito. Economistas defendem que investimentos em infraestrutura geram ganhos de produtividade e economia de custos para todos os setores econômicos e auxiliam na recuperação da economia e do emprego. O Plano de Retomada do Governo baseia-se nessa linha de desenvolvimento? Quais os resultados esperados? O plano foi concebido em cima da premissa de que, após todos os efeitos da pandemia, o Estado precisa tomar medidas para garantir a retomada econômica. Diversos órgãos multilaterais, como Banco Mundial e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), dizem que o investimento em infraestrutura será um dos principais pilares do mundo que vai interferir no processo de retomada econômica. Pernambuco se preparou para fazer esses grandes investimentos, após um período de muitas dificuldades, uma vez que já existia uma crise econômica, social e política no País que foi agravada com a pandemia. Foi feito um estudo baseado na retomada da capacidade de investimento do Estado, que vai conseguir investir R$ 2,4 bilhões com recursos públicos a partir de 2022. Só este ano estamos investindo mais de R$ 1 bilhão. O Estado ficou vários anos sem poder fazer operação de crédito, em razão de impedimentos decorrentes dos índices financeiros. Houve um ajuste nas contas e no mês passado foi assinada uma operação de crédito de R$ 88 milhões. Esse plano de desenvolvimento é um indutor para o desenvolvimento econômico e social no Estado e o foco é gerar 130 mil empregos. Foi feito um estudo bem aprofundado com investimentos feitos principalmente em infraestrutura, mas não só, e seu potencial na geração de emprego. O plano prevê investir R$ 5 bilhões, porque existem também muitos investimentos privados no Estado que já estão em curso, com a instalação de empresas em Pernambuco. Qual a importância da participação da iniciativa privada na recuperação e ampliação da infraestrutura no Estado? Pernambuco vem passando por um processo muito intenso de concessões e PPPs (parcerias público-privadas). Recentemente tivemos audiências públicas para concessão de 234 km das rodovias estaduais PE 060, 050 e 090. A intenção é de, por exemplo, angariar R$ 1,2 bilhão para a duplicação da PE 060, uma rodovia com grande impacto econômico no Estado. Pretendemos, até março do próximo ano, lançar o edital para contratação da empresa concessionária. Ainda no litoral sul, estamos fazendo a reconstrução da estrada que liga Sirinhaém a Ribeirão, e a que liga Rio Formoso a Gameleira. A PE45, que liga Escada a Vitória recebeu ordem de serviço há um mês. É uma rodovia de grande fluxo, que tinha muitos problemas estruturais. Uma obra de mais de R$ 100 milhões. Diversas rodovias estão sendo construídas e recuperadas no Sertão e no Agreste, algumas fazem ligação com outros estados. O que eu digo é que o desafio agora é tirar essa fama de que “chegou em Pernambuco, a estrada é ruim”. Todas essas obras estão em andamento com investimentos muito altos, mais de R$ 1,5 bilhão, mas são necessárias e vão ser entregues à população ao longo de 2022, mais de 20 rodovias que já foram concluídas. Muitas estradas estão sendo construídas também para encurtar distâncias e proporcionar um ganho da logística significativo. Como por exemplo a estrada que liga João Alfredo a Salgadinho na Mata Norte, cujo percurso era de 60 km virou 11km. O Estado vem investindo na reconstrução da malha viária, mas ao atrair a iniciativa privada, acelera a melhoria na infraestrutura. O modal rodoviário é o mais utilizado no Estado e precisa ser reconstruído porque a tipologia dos caminhões mudou, a capacidade de carga desses veículos aumentou ao longo dos anos. Mas grande parte da malha viária foi construída entre as décadas de 1970/80 e não foi projetada para esse peso, por isso precisa passar por um processo de reconstrução. Trabalhamos nesse planejamento em 2019 e desde então estamos atingindo 40% de reconstrução da malha viária. O governo anunciou a triplicação da BR-232, no trecho que dá acesso à RMR. Já tem previsão de quando essas obras vão começar? Iniciamos o processo de contratação dessa triplicação. O projeto foi bem desenvolvido pensando nas condições urbanísticas na entrada do Recife. Apesar de ser uma rodovia federal, precisa de soluções para o ciclista, para o pedestre e não só para o caminhão que entra e sai da capital. Existem 13 linhas de ônibus nesse trecho, por isso foi pensada também a logística para o transporte coletivo. Pretendemos começar o projeto em janeiro e deve durar um ano no máximo. Trata-se de uma rodovia importante que é um gargalo na logística em Pernambuco. Agora, o Estado tem condições de fazer a obra de R$ 100 milhões que vai trazer grandes mudanças na entrada e saída da capital. Também estamos fazendo um projeto-piloto para a utilização de um software específico do Porto Digital para garantir o cumprimento ou a antecipação do prazo da obra. Colocamos elementos de planejamento da engenharia com o uso da tecnologia para garantir que riscos no meio do caminho sejam minimizados. Quais as perspectivas para a construção do Arco Metropolitano? Foram feitas várias discussões sobre o percurso do Arco Metropolitano que está sendo estudado pelo Estado, como o trajeto que passa por dentro da APA Aldeia-Beberibe com soluções sustentáveis. Sabemos que

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"O 5G vai trazer maior interatividade para a mão do consumidor."

Imagine uma experiência imersiva em que o consumidor aponta o seu celular para um produto e de pronto descobre os preços nas lojas ao redor de onde ele está e nos diversos sites de e-commerce. Ele pode até assistir a um vídeo com o depoimento de consumidores que já compraram esse produto. Ou ainda, imagine o consumidor poder visualizar como um novo sofá ficaria na sua sala de estar. Essas são apenas algumas das grandes possibilidades proporcionadas pela tecnologia 5G. O leilão para a escolha das empresas que vão operar a tecnologia no Brasil foi concluído na sexta-feira (5/11), mas sua implantação deve ter início no meio do ano que vem. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Benedito Macedo, diretor executivo de desenvolvimento e operações do C.E.S.A.R., projeta outras aplicações que o 5G pode ter em áreas como a saúde, o agronegócio e na gestão de cidades. Formado em administração de empresas, com mais de 35 anos de experiência no desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, ele também analisa o resultado do leilão e defende a mobilização da sociedade para que a nova tecnologia contribua para o desenvolvimento do País e para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. O que é a tecnologia 5G e quais as suas vantagens? Uma nova tecnologia de comunicação móvel, que segue a linha evolutiva do 3G/4G. Os principais diferenciais são maior velocidade nas conexões, menor tempo de resposta (menor latência), uma maior concentração de equipamentos em uma área, uma maior interoperabilidade entre equipamentos de diferentes fornecedores e, por fim, uma arquitetura distribuída de processamento na borda da rede (edge computing). Provavelmente a primeira vantagem que o público em geral vai notar é que vai ser mais rápido para baixar um vídeo ou que o streaming vai ter uma qualidade maior e menos falhas. Quais as principais aplicações do 5G? A maior velocidade vai beneficiar todo tipo de aplicação. Especificamente existem diversas aplicações sendo testadas e/ou previstas para as áreas de saúde, educação, logística e transporte, entretenimento e games, cidades inteligentes, segurança pública. Mas o salto tecnológico para o 5G será bem maior do que foi o do 3G/4G, dessa forma, diversas aplicações serão recriadas de uma maneira que ainda não somos capazes de imaginar ou prever. É um processo criativo, iterativo e incremental. O senhor acredita que o 5G será acessível a um grande número de pessoas ou levará algum tempo para a maioria da população brasileira ter acesso a essa tecnologia? Grande parte da população brasileira está concentrada nas grandes cidades, incluindo as capitais. A previsão da chegada do serviço para as capitais e o distrito federal é julho/2022. Entretanto, a implantação de uma rede de comunicação em um país continental como o Brasil requer altos investimentos e um tempo na escala de anos. Inclusive as exigências do edital do 5G já incorporam exigências nessa escala temporal, por exemplo, a cobertura das cidades de 30 mil habitantes será somente em julho de 2029. O que o senhor achou do resultado do leilão do 5G? Apesar de tardio, a previsão inicial era que o leilão fosse realizado em 2020, os resultados foram bons e não trouxeram grandes surpresas. Dos 26 blocos colocados à disposição, somente três não tiveram proposta. Como esperado, as grandes operadoras ficaram com os blocos nacionais, e houve a entrada de novos competidores, que é muito bom para o usuário final, pois com uma maior concorrência, os preços podem cair mais rapidamente. O leilão arrecadou cerca de R$ 7 bilhões em outorgas e R$ 47,2 bilhões em obrigações. Leia a entrevista completa na edição 188.2 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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"O Parque Capibaribe aponta uma solução para as mudanças climáticas".

Nestes dias em que acontece a COP 26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), temos uma boa notícia para comemorar: apesar de o Recife estar entre as 16 cidades mais vulneráveis do planeta, as ações para enfrentar essa situação não estão começando do zero. O Projeto Parque Capibaribe é um passo fundamental para a adaptação ao aquecimento global. A constatação aconteceu no workshop RXN (Recife Exchange Netherlands), que reuniu especialistas pernambucanos e holandeses para estudar seus territórios e debater a elevação da temperatura e do nível do oceano. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Roberto Montezuma, coordenador geral do projeto Recife Exchange (no qual a ideia do Parque Capibaribe foi gerada), explica a concepção do Recife como cidade parque e a sua integração a os outros como projetos, Parque Beberibe, Parque Tejipió e Parque Marinho. Montezuma, que é arquiteto, urbanista e professor da UFPE, também fala das perspectivas da COP 26 e diz que as pessoas estão descobrindo que para enfrentar as mudanças climáticas é necessária uma visão sistêmica do mundo que leve em conta os aspectos econômicos, sociais e ambientais. “É o planeta dizendo: ou pensam o coletivo ou não temos saída”, alerta o urbanista. O que é o Recife Exchange? É um time que busca excelência em pesquisa, ensino e inovação. Ele é parte do Observatório do Recife, que une academia, governo e sociedade civil, articulado a ONU-Habitat, ao Instituto das Águas da Unesco e a universidades internacionais, como a de Toulouse. Tem como objetivo pensar projetos que ajudem as políticas públicas. O Recife Exchange nasceu na Universidade Federal de Pernambuco, durante a comemoração dos 100 anos de migração holandesa para o Brasil. Ele surgiu da provocação de pensar o futuro do Recife. Nesse sentido, o workshop realizado em 2011, RXA (Recife Exchange Amsterdam), que reuniu profissionais do Brasil e dos Países Baixos, deu o primeiro passo, ao desenvolver o conceito Recife árvore d’água. Ao observarem a cidade numa vista aérea, revelou-se a forma de uma árvore, onde as raízes são o mar, o tronco é o encontro das bacias hídricas, os galhos são os rios, e as folhas e frutos são as pessoas inseridas em movimentos sociais. A partir dessa visão, a conclusão é de que o Recife deveria ser reinventado com base no entendimento de que a natureza – rios, mangues, córregos, mar e vegetação – precisava ser aceita e acolhida. O RXH (Recife Exchange Holland) pensou o Centro Histórico, em 2019. Depois entrou a pandemia, e o RXN (Recife Exchange Netherlands), que foi a versão virtual em 2021, elegeu o tema Águas como Patrimônio e as discussões abrangeram as reflexões e estudos sobre o aquecimento global e o aumento do nível dos oceanos. Em 2022 haverá uma versão do evento na Holanda como um espelhamento das experiências. Desde o RXA foram criados grupos no Recife e na Holanda, cada um estudava seu território e depois se reuniam para cruzar as informações. Fizemos o nosso projeto em parceria com eles, que voltaram em 2012 para pensar o Recife, surgindo daí os conceitos da árvore d’água, e do Recife 500 anos. Ambos os conceitos vão desdobrar em duas ações de política pública: O Parque Capibaribe, cujo desenvolvimento ficou a cargo da UFPE e da Prefeitura do Recife, a visão de um planejamento de longo prazo para a cidade, com etapas e prazos, que está sendo desenvolvido pela Agência ARIES. Um aspecto que foi muito interessante para eles foi o fato de o projeto do Recife ter virado política pública. Em 2020, as experiências RXA e RXH foram premiadas como best practice pela Agência de Patrimônio Cultural da Holanda. A partir daí eles nos viram como um time estratégico para continuar essa relação que está sendo muito boa. Esses workshops foram muito inovadores porque a universidade está articulada com a sociedade civil, com órgãos públicos e com seus grupos de pesquisa. Em relação à sociedade civil, foi importantíssima a experiência com o Observatório do Recife que incorporou a visão da arvore d’água e seus desafios a serem superados no documento O Recife que Precisamos, que foi apresentado aos candidatos à prefeitura da cidade como uma demanda da sociedade. O Recife, como já noticiamos no ano passado, é a capital mais ameaçada do país e a 16ª cidade mais vulnerável do planeta ao aumento do nível do mar provocado pelo aquecimento global. A carta do RXN afirma que essa vulnerabilidade é uma das consequências da pouca importância dada às “águas” que compõem a cidade. Você poderia explicar essa relação? Em 2014, a cidade foi considerada a 16ª hot spot do planeta porque foram levados em consideração três aspectos: o fato de ser uma cidade marinha, uma capital com uma das maiores concentrações habitacionais do Brasil e por ser uma cidade patrimônio. O Recife deu as costas para as suas águas. O Recife é uma cidade aquarina e estuarina, que recebe a água que vem dos morros e vai para o mar e recebe as águas do mar que vão para dentro da cidade também. Então duas vezes por dia, aproximadamente, as marés fazem esse filtro nos rios. A cidade nasce do porto, da água, porque a capital era Olinda e o Recife, o porto. São cidades que nasceram irmãs. Quando os holandeses chegaram, incendiaram Olinda e botaram o centro do poder para o porto, que ficou no meio desse anfiteatro. Esta é uma outra visão da cidade: um anfiteatro em meio círculo, onde o Recife é o limite dele, os morros fazem uma espécie de plateia e o chão, a mata atlântica, é o palco, um palco molhado, e o fim desse anfiteatro é o mar. No primeiro projeto urbano, a Cidade Maurícia, essa cidade que vem para o centro do anfiteatro se amplia para a Ilha de Antonio Vaz, porque já não cabe na região do porto. O plano leva em consideração a ilha seguinte, o porto, Olinda e os caminhos de plantação situados na planície molhada que produzia açúcar. Nesta planície, os rios fazem papel

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"O ensino da matemática precisa fazer sentido para o estudante"

Difícil, complicada e chata. Muitas vezes, é desta forma que o estudante brasileiro encara a matemática. Mas para a professora associada da UFPE Rosinalda Aurora de Melo Teles, essa crítica não passa de um preconceito daqueles que não conseguem ver a beleza da disciplina. Rosinalda, que também é diretora da Sociedade Brasileira de Educação Matemática - Regional Pernambuco, reconhece, porém, que essa visão preconcebida não é culpa das pessoas, mas da forma como a matéria ainda é ensinada. “É preciso dar significado à matemática, ou seja, trazer para as aulas a própria história da matemática, porque ela foi criada, o porquê aqueles conteúdos, por que aqueles conceitos foram desenvolvidos, qual era a finalidade deles”, defende a professora, que atua ainda como pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (Edumatec). Nesta conversa com Cláudia Santos, ela detalha as causas que levaram a disciplina a ser o “bicho papão” dos alunos e como torná-la mais atrativa. Afinal, entre outros motivos, a matemática faz parte do currículo de profissões com bastante demanda no mercado de trabalho. É o caso da área de tecnologia da informação, ou mesmo de professores de matemática, que já saem do curso de licenciatura praticamente com vaga garantida. O que as estatísticas mostram sobre o aprendizado da matemática no Brasil? No Brasil são três fontes que geram dados estatísticos sobre a aprendizagem de matemática: a nível internacional o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o maior estudo sobre a educação no mundo. Já as avaliações em larga escala a nível nacional nós temos o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que foi empreendido no Brasil a partir de 1990, e a nível estadual temos o Saep (Sistema de Avaliação do Estado de Pernambuco). Infelizmente, as três avaliações mostram que o País apresenta resultados ruins em matemática. No histórico dessas avaliações, a maioria dos estudantes não demonstrou conhecimento necessário para ser proficiente nessa disciplina. Segundo o Pisa, por exemplo, o Brasil apresentou um crescimento na avaliação de 2000 até 2012. Em 2015, ele caiu alguns pontos, em 2018, volta a subir, mas não consegue ficar no patamar máximo que ele teve em 2012. O estudo apontou que o Brasil tem baixa proficiência em leitura, matemática e ciência, se comparado com outros 78 países que participaram da avaliação. Na edição de 2018, apesar de o Brasil ter subido um pouco em relação à avaliação de 2015, revela, porém, que 68,1% dos estudantes brasileiros com 15 anos, ou seja, estudantes do ensino médio, não possuem nível básico de matemática, o mínimo para o exercício pleno da cidadania. A senhora acha que a falta uma didática para ensinar a matemática que priorize aulas mais dinâmicas e exemplos da “vida cotidiana” para os “cálculos abstratos”? O ensino da matemática precisa ser contextualizado, ele precisa fazer sentido para o estudante. Agora, nem sempre vai possível fazer relações com o cotidiano porque, por exemplo, como é que eu vou associar um polinômio, um tema que é estudado no oitavo ano, com a vida cotidiana? Então, precisamos incluir outros recursos, outros aspectos lúdicos, estéticos e sensíveis. Como, por exemplo, para dar sentido e significado ao ensino da matemática, pode-se incluir jogos, brincadeiras, desafios, propor resolução de problemas e que podem estar relacionados à vida cotidiana, mas também podem ser relacionados à própria matemática. Outro aspecto importante que se que se discute para tirar essa dureza da matemática é utilizá-la como uma ferramenta para resolução de problemas interdisciplinares, ou seja, quando estudamos história, geografia, ciências, a matemática estar presente como uma ferramenta para resolver problemas daquelas áreas de conhecimento. É preciso também que os estudantes compreendam a importância da matemática, por isso deve-se fazer um resgate da sua história, para que eles compreendam a importância daquele conhecimento. A própria etimologia dos termos utilizados em matemática já diz muito sobre o seu significado e já tira esse aspecto da abstração, o qual, às vezes o professor frisa muito, por estar alicerçado apenas na técnica. Um outro lado de reflexão nessa sua pergunta é que a matemática vai além da técnica. O professor precisa explicar o porquê, o como, de onde vem, para que serve e não somente ficar na técnica de como fazer aquele cálculo. Pesquisa realizada na Faculdade de Educação da USP mostra que praticamente metade dos alunos de cursos superiores como pedagogia ou licenciaturas não se interessam em virar professores de educação básica. Isso contribui para reduzir a oferta de professores de matemática? As pesquisas mostram que a maioria dos estudantes que ingressam nos cursos de pedagogia faz a opção pelo curso por algumas razões. São geralmente os cursos que têm mais vagas na universidade pública federal. A outra opção é porque é considerado um curso que não vai ter matemática por ser mais ligado à área das ciências humanas. Então, geralmente, os estudantes que fazem a opção de cursar uma licenciatura em pedagogia não têm muita afinidade com matemática. Há uma outra questão: o investimento intelectual, cognitivo, financeiro, de tempo para cursar uma licenciatura em matemática, química ou física (as três áreas no Brasil com menos oferta de professores) é o mesmo investimento para fazer uma engenharia ou outro curso que tenha mais reconhecimento social, com melhores salários, embora não tenha mercado de trabalho como tem para o professor. Quando o estudante diz que não quer ser professor da educação básica, ele está se referindo a condições de trabalho que não são favoráveis, ao salário. Embora o professor seja importantíssimo para a sociedade, seja um formador de todas as outras profissões, ele não tem um reconhecimento social pela comunidade, pelas pessoas. Formam-se poucos professores de matemática, porque as pessoas estão fazendo a opção de cursar outros cursos. Entre investir para fazer uma licenciatura de matemática e investir para fazer um outro curso que está na moda, as pessoas fazem a opção de fazer outro curso que, muitas vezes, não garante acesso ao mercado de trabalho. A UPE por exemplo tem licenciatura em matemática em Garanhuns, em Petrolina e em Nazaré da

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"Temos que desenvolver atividades socioeconômicas compatíveis com o clima da caatinga".

"Na plenitude das secas (os sertões) são positivamente o deserto. Ao sobrevir das chuvas, a terra (...) transfigura-se em mutações fantásticas, contrastando com a desolação anterior. Os vales secos fazem-se rios. (...) E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isso se acaba. Voltam os dias torturantes (...), o empedramento do solo, a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a intermitência das chuvas – o espamo assombrador da seca.” O relato de Euclides da Cunha em Os Sertões já destacava, no início do século passado, o quanto são variáveis o clima, a vegetação e o solo da caatinga ao longo do ano. O engenheiro agrônomo e professor da UFPE, Rômulo Simões Cézar Menezes, defende ser fundamental entender essa variabilidade da região para desenvolver atividades econômicas adaptáveis às suas condições. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele ressalta que a estratégia é ainda mais essencial diante das mudanças climáticas que podem tornar o Nordeste mais seco e mais quente, diminuindo a produtividade das culturas agrícolas no semiárido, com menor disponibilidade de água, podendo causar a extinção de algumas espécies. Rômulo Menezes comenta ainda algumas iniciativas de sucesso, como o projeto das cisternas, e o OndaCBC, uma rede de pesquisa da qual é vice-coordenador, que visa a estudar a variabilidade desse bioma e identificar práticas agropecuárias mais sustentáveis, que possam trazer mais emprego e renda à população do semiárido. A caatinga está associada a um imaginário de uma terra de solo rachado e sem vida. Qual a real importância desse bioma para o planeta? Esse imaginário está construído numa imagem incompleta. A caatinga não é solo rachado e sem vida, ela é isso em boa parte do ano, mas quando chove, é um ecossistema riquíssimo em biodiversidade, em várias espécies endêmicas, que só existem no nosso País, e produz uma enormidade de riquezas, de vegetais, de fauna e que é a base do sustento para milhões de pessoas. Por ser muito grande, uma das maiores regiões de vegetação tropical florestal seca ainda remanescente no mundo, isso tem um impacto sobre o funcionamento dos ecossistemas do Brasil e do globo. Por isso, é um bioma que precisa ser preservado, pois tem muito a contribuir tanto do ponto de vista de suas espécies, do suporte da população local, do seu impacto no clima regional e eventualmente global. Por que a caatinga é assolada pela seca durante séculos? As secas são um fenômeno natural associado ao clima da caatinga. As chuvas que ocorrem na região semiárida do Nordeste do Brasil são influenciadas por, digamos assim, frentes climáticas que vêm de diversas direções, tanto da Amazônia, do Oceano Atlântico, como da parte norte da América do Sul. Muitas vezes a movimentação dessas condições climáticas funcionam de forma um pouco diferente, de maneira que as chuvas não chegam na mesma intensidade de outras regiões. É realmente fora do comum como o normal da variação do clima na caatinga é algo extremamente anormal e variável comparado a outras regiões onde chove mais e de forma mais regular. Faz parte do ecossistema essa variação climática de chover tanto de forma desordenada durante o ano quanto, de vez em quando, passar alguns anos chovendo muito pouco. É daí que vem a expressão de que devemos conviver com a seca e não combatê-la, por ser um fenômeno natural da região. Temos que desenvolver atividades socioeconômicas compatíveis com essa condição do clima, que nós não vamos conseguir mudar. Qual o impacto das mudanças climáticas na caatinga? Estudos conduzidos por diversos grupos no Brasil e por instituições internacionais mostram que a maior probabilidade é de termos um clima no futuro mais seco e mais quente no Nordeste, incluindo também a caatinga. E os estudos que temos feito indicam que, caso isso aconteça, haverá diminuição da produtividade das culturas agrícolas, um menor crescimento da própria caatinga e empobrecimento do solo, levando à degradação dos ecossistemas em alguns locais, com vegetação menor e menor disponibilidade de água, causando a extinção de algumas espécies ou, pelo menos, a diminuição da ocorrência dessas espécies. Isso é um efeito significativo, mas potencial, não se tem certeza de como vai acontecer ainda. Isso tudo vai impactar a economia e a população do semiárido, visto que muita gente ainda depende das atividades agropecuárias e florestais na região. É possível que no futuro haja uma diminuição da dependência da população à agropecuária e ao extrativismo e um aumento de nível de educação, de oportunidades em outros setores, como o comércio, e desenvolvimento de outras cadeias produtivas na região. Como a energia solar pode beneficiar a região? A incidência de energia solar na região semiárida do Nordeste do Brasil é excelente e se destaca do resto do País e até no mundo como uma área com grande abundância de disponibilidade de energia de radiação solar. Isso precisa ser aproveitado, como já vem sendo. A tendência é de que, cada vez mais, ela se torne mais viável com a contínua queda do preço dos módulos de geração fotovoltaica e com a diminuição do custo das outras formas de aproveitamento de energia solar como a energia solar térmica. Muito provavelmente veremos cada vez mais oportunidades de geração de emprego e renda na região semiárida advindas do aproveitamento de energia solar. Esperamos que isso possa se complementar com outras atividades que contribuam para sustentar e dar dignidade de vida à população local e mais oportunidades para que ela possa permanecer na região com empregos de boa remuneração e que isso traga desenvolvimento. A energia solar, assim como a eólica, tem trazido muitos dividendos para a região. Importante destacar que isso possa também acontecer de forma mais descentralizada e mais distribuída entre os diferentes extratos da população no futuro. Leia a entrevista completa na Edição 187.4 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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"A sociedade precisa rever os seus valores em relação a descanso e sono."

Trabalhe, enquanto eles dormem”. O mantra preconizado por blogueiros e cards nas redes sociais pode levar muita gente a ter sérios problemas de saúde. Existem nada menos de 34 doenças catalogadas que têm relação com a poucas horas de sono, como hipertensão arterial, obesidade e a ocorrência de testículos menores que causam infertilidade. Nesta conversa com Cláudia Santos, o fisiologista clínico, hebiatra e especialista em saúde do sono, Cláudio Barnabé, derruba o mito de que dormir é perda de tempo. “Hoje, o sono não é mais considerado um estado de inércia total, mas é um estado de semiconsciência com funções fisiológicas específicas, inclusive a remoção de toxinas, como as células beta-amiloides, que são uma das indutoras da doença de Alzheimer”. Barnabé, que é professor da UPE (Universidade de Pernambuco) e chefe do departamento de qualidade de vida e saúde da Fundação CAS da PMPE (Polícia Militar de Pernambuco), também alerta que indivíduos submetidos à privação de sono têm menos captação de conhecimento cognitivo, menor retenção de informações aprendidas durante o dia e tomam más decisões. Ou seja, ao contrário do que recomenda a máxima dos influencers, para trabalhar bem é preciso dormir bem. Confira a entrevista. Como a pandemia afetou o sono das pessoas? A pandemia nos deixou no estado de alerta. Todas as pessoas foram afetadas de alguma forma. Os casos de depressão, de ansiedade aumentaram por causa das notícias sobre a letalidade desse vírus e de tudo que aconteceu. Os noticiários anunciavam cada vez mais mortes, mais restrição, mais lockdown, as pessoas foram afastadas dos seus entes queridos. O medo foi a principal causa que afetou o sono das pessoas. A situação provocou uma ação neurológica na amígdala neuronal, que é uma parte do cérebro que nos prepara para a luta ou a fuga, deixando nosso sistema nervoso autônomo simpático em alerta, secretando hormônios de estresse como catecolaminas, adrenalina, noradrenalina, cortisol, que são contrarreguladores do sono. Isso impediu as pessoas de trabalharem o sistema nervoso parassimpático que é aquele que nos “desliga” de toda essa ação de luta ou fuga, que nos deixa em estado de bem-estar, de torpor, de relaxamento suficiente para pegarmos no sono. As pessoas permaneceram menos tempo expostas ao sol. A luz solar durante o dia aumenta de forma natural a produção de melatonina no período noturno, que é o hormônio que induz o sono à noite. Também se praticou menos exercício físico. Um dos substratos energéticos da atividade física é uma substância chamada adenosina, um estimulador da melatonina. Por que dormir bem é tão importante? Antigamente se achava que dormir era só uma questão de perda de tempo. Hoje a ciência é pródiga em mostrar influências nas mais variadas esferas do sono na saúde do ser humano. Existem mais de 34 doenças catalogadas que têm relação com noites mal dormidas, como hipertensão pulmonar, hipertensão arterial, distúrbio temporomandibular, bruxismo, morte súbita, obesidade, diabetes. Hoje, o sono não é mais considerado um estado de inércia total, mas é um estado de semiconsciência com funções fisiológicas específicas, inclusive a remoção de toxinas, como as células beta-amiloides que são uma das indutoras da doença de Alzheimer, por exemplo. A National Sleep Foundation recomenda que pessoas de 18 a 60 anos tenham um sono de sete a nove horas. O ser humano foi feito para dormir no período noturno. Os hominídeos são indivíduos diurnos e o melhor sono é aquele da noite, principalmente na chamada temperatura nadir, que é a menor temperatura do corpo que vai acontecer por volta das 3 a 5 horas da manhã. O sono é dividido em quatro partes, N1, N2, N3 (que abrangem o sono não REM) e o sono REM, uma sigla em inglês para movimento rápido dos olhos. Esse ciclo é repetido de quatro a seis vezes por noite. Essas são as fases de sono mais profundo e o indivíduo vai ter os sonhos oníricos na fase de sono REM. São aqueles sonhos nos quais, por exemplo, sonhamos que voamos ou que uma sereia anda no meio da rua. É exatamente nessa fase quando temos maior retenção de conhecimento, maior captação cognitiva, maior remoção de toxinas e de recuperação do cansaço. Pessoas que dizem que dormem, mas não descansam, acordam muito cansadas, são pessoas que num eletroencefalograma noturno de sono, chamado polissonografia (exame específico para determinar distúrbios do sono), encontramos uma má arquitetura de sono. Às vezes a pessoa dorme, mas ela tem uma latência muito grande para entrar em sono REM, ou seja, o tempo que ela dormiu até entrar no sono mais profundo. Um estudo de Matt Walker, considerado um dos “pais do sono” no mundo, mostrou que homens que dormem apenas cinco horas por noite têm testículos significativamente menores do que quem dorme sete horas ou mais. E aqueles que têm, com frequência, apenas quatro a cinco horas de sono, apresentam um nível de testosterona de alguém 10 vezes mais velho, o que traz implicações na reprodução. Outra coisa importante: esses blogueiros, esses vendedores de sucesso, que recomendam “produza enquanto eles dormem”, isso é de uma idiotice sem precedentes. Alimentação pode ajudar a ter um bom sono? Sim, existem alimentos, principalmente bebidas que são excitatórias, como chá preto, refrigerantes à base de cola, guaraná, café. Alimentos proteicos, por exemplo, que secretam o aminoácido triptofano, presente no leite, tem uma maior ação sobre a melatonina na indução do sono. Alimentos ultraprocessados, cheios de nitrito, nitrato, glutamato, são mais excitatórios do sistema nervoso central, promovem disbiose, um desequilíbrio entre as bactérias do bem e do mal no intestino, provocando um extravasamento de toxinas que ultrapassa a barreira hematoencefálica, lá no cérebro, causando mais excitação, irritabilidade e consequentemente, insônia. O sono é muitas vezes malvisto na contemporaneidade que exige alta produtividade dos profissionais. O senhor acredita ser necessária uma mudança no modo de vida da sociedade contemporânea? Indubitavelmente. Existem vários estudos na literatura nessa direção. Um deles, cito recorrentemente, mostra que indivíduos submetidos à privação de sono têm menos captação de conhecimento cognitivo, menor retenção de informações aprendidas durante o dia

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"Urbanismo tático ajudou a reduzir sinistros com vítimas no Recife"

O Relatório Preliminar de Vítimas Fatais – Recife 2020 mostrou que entre 2015 e 2020 houve uma redução nos sinistros de trânsito de que resultaram em óbitos de 65% na capital pernambucana. Quando comparado 2019 a 2020, a redução foi de 8,5%. O número de mortos em 2020 no Recife chegou a 6,47 por 100 mil habitantes, metade da média nacional que foi de 14,25. Várias foram as ações que permitiram a boa performance, em especial as intervenções realizadas na estratégia do urbanismo tático. Nesta conversa com Cláudia Santos, o secretário de Política Urbana e Licenciamento do Recife Leonardo Bacelar detalha essa e outras ações que visam a priorizar o pedestre e o ciclista, as partes mais frágeis do trânsito. Apesar da redução de acidentes, Bacelar afirma que há um limite para o resultado dessas ações e que todos devem agir de forma responsável ao trafegar pela cidade. Ele também faz um apelo para que os moradores do Recife respondam a pesquisa origem-destino para que se possa conhecer as mudanças de hábitos provocadas pela pandemia e, assim, planejar melhor a mobilidade. O trânsito no Recife tem apresentado uma redução no número de vítimas fatais. Quais as causas dessa redução? Esse trabalho vem sendo realizado, junto com a CTTU (Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano de Recife), desde a gestão anterior e é focado na segurança viária principalmente para evitar o sinistro com vítima. Tentamos reduzir ao máximo esse tipo de sinistro, em especial os que envolvem vítimas fatais. A parte desse trabalho é mais visível nas ações de urbanismo tático, em que fazemos o mapeamento dos locais onde se tem o maior índice de acidentes e trabalhamos com resultados. Vou dar um exemplo: o binário, saindo do aeroporto. Ali, há um cruzamento onde aconteciam muitos acidentes e implantamos o urbanismo tático, colocando aquele cruzado amarelo no chão. Isso, por si só, faz com que o motorista veja a sinalização de forma mais intensa e ele, instintivamente, diminui a velocidade. Essa ação ajudou a diminuir o sinistro, principalmente com vítima. A velocidade é um fator importante na causa desses sinistros, principalmente, com óbitos. Recife já conseguiu uma grande marca. O Relatório Preliminar de Vítimas Fatais – Recife 2020 mostrou que entre 2015 e 2020 houve uma redução nesses sinistros de 65%. Quando comparado 2019 a 2020, a redução foi de 8,5%. O número de mortos em 2020 no Recife chegou a 6,47 por 100 mil habitantes, metade da média nacional que foi de 14,25. A orientação do prefeito João Campos é focar ainda mais na redução do sinistro com vítima e na mobilidade urbana. Designamos uma diretoria da CTTU para isso, que engloba ciclovias, pedestrianização (devolver o acesso às ruas aos pedestres), sempre focando no mais frágil do sistema viário que são os que andam a pé ou de bicicleta. Um dado muito interessante é o perfil de quem se acidenta: 80% são homens, pedestres (46%) e motociclistas (40%) e em idade economicamente ativa, 20 a 39 anos. Além das perdas das vidas, que é algo muito grave, quais as outras repercussões disso? Uma perda econômica para a sociedade porque são jovens economicamente ativos, e o aumento dos custos nos sistemas de saúde e previdenciário. Normalmente, quando não vêm a falecer, ficam com alguma sequela, entram no benefício, além da questão psicológica da pessoa, que deixa de estar empregada, desestabiliza a família e acaba afetando seu emocional. O senhor mencionou o urbanismo tático. Quais as vantagens que proporciona? Para fazer o urbanismo tático, primeiro verificamos os locais onde é possível fazer uma intervenção, sempre visando à melhoria do sistema viário, priorizando o pedestre e o ciclista, com foco sempre no mais frágil. Temos vários exemplos de sucesso, o último mais conhecido foi o da Rua da Palma, no bairro de São José. Conversamos com a Câmara de Diretores Lojistas sobre o projeto. Normalmente há uma restrição muito grande por parte dos comerciantes em razão da perda de vagas de estacionamento. É sempre uma luta desmistificar isso e a rua da Palma serviu de exemplo. Antes, 40% da via era dedicada ao pedestre e 60% para carros, hoje o trecho onde trabalhamos transformou-se no oposto: 60% para o pedestre e 40% para os carros. A vaga de estacionamento permaneceu, mas foi reduzida. O resultado foi tão bom que a parte da rua que não foi contemplada está pressionado para fazermos as mudanças lá também. É um bom sinal, acho que acertamos. Eles disseram que melhorou até o faturamento das lojas e houve melhoras em termos logísticos. Eles conseguem, agora, fazer carga e descarga com mais facilidade. A sensação de segurança também melhorou porque a rua fica mais ampla para o pedestre, o campo de visão dele fica maior. Os cadeirantes estão andando na rua com mais tranquilidade. Urbanismo tático tem uma grande vantagem porque a gente consegue desfazer a ação, por utilizar apenas tinta. Nós projetamos as intervenções e se a vida real mostrar que erramos, tem como voltar atrás. Mas até agora a gente não fez nenhuma reversão. A pandemia impactou a mobilidade na cidade? A gente tem um sentimento de que houve uma mudança, sim, mas para conhecer as reais mudanças que aconteceram, estamos fazendo a pesquisa de Origem-Destino. Lançamos a pesquisa na Semana da Mobilidade. Para respondê-la, basta entrar no portal da CTTU (cttu.recife.pe.gov.br) ou no aplicativo Conecta Recife. Quanto maior a quantidade de questionários respondidos, estatisticamente a pesquisa fica com a confiabilidade maior. Temos também a oportunidade de ajudar no planejamento futuro da cidade, entender como as pessoas se comportam e as questões relativas a mudanças de hábitos, de horários; muita gente saiu do transporte público e passou a usar a bicicleta. Muita gente está no home office, o trabalho que deixou de ser 100% físico. E há quem trabalhe uma parte da semana remoto, outra parte na empresa.. A pesquisa é rápida de ser respondida e agradecemos muito o apoio de quem respondê-la, porque vai nos ajudar muito a estudar e a entender melhor os hábitos pós-pandemia.

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"Para baixar os preços, é preciso um programa de estímulo à produção"

Ao abastecer o carro, cozinhar ou pagar a conta da luz, a constatação é a mesma: o temível dragão da inflação voltou. E, mais uma vez, a maior vítima da fera do aumento de preços são os pobres que amplificam o contingente de miseráveis do País. Para saber sobre os fatores que elevam os preços no Brasil, Cláudia Santos conversou com a economista Amanda Aires, professora de economia da UniFBV. Em meio às crises sanitária, hídrica e institucional, ela aponta um cenário ainda complicado para o País em 2022. Mas, por não querer ratificar a ideia de que os profissionais de economia são sempre portadores de má notícia, Amanda indica algumas saídas. Uma delas é pôr fim às pelejas institucionais que tanto prejudicam os investimentos no Brasil . “Essa briga da Presidência e do STF está cansando todo mundo”, constata a economista que, também, propõe um programa de estímulo à produção para combater a alta de preços. “O País precisa ter uma agenda de investimentos de longo prazo”, alerta Amanda. Confira as análises da especialista a seguir. Qual o impacto da crise climática nos preços no País? O impacto é imenso. Por exemplo, temos uma seca prolongada dentro das principais regiões produtoras de energia do Brasil e isso se reflete em todos os preços. A tendência é de uma expansão de preços ainda maior porque o Governo Federal atrasou a ligação das termelétricas. Ele ficou negando (a crise hídrica) e agora temos uma alta de preços de energia muito forte, que repercute em toda a sociedade: na conta de luz da pessoa física mas, também, no custo da indústria e do setor de serviços. É bem caótica a situação. Então, existe o fator climático sim, mas não houve um bom gerenciamento dessa questão hídrica. Os preços iriam aumentar de qualquer jeito mas o aumento poderia ser menor. E até o momento não há uma orientação para a população economizar energia... Economizar energia para o governo significa apagão. E acontecer um apagão agora, para um governo que está extremamente desgastado, é jogar uma pá de cal em qualquer possibilidade de haver reeleição. Como a recuperação da economia da China influencia no preço dos produtos no Brasil? A China já vem se recuperando há um tempo. As pessoas não confiam muito nos dados chineses mas o fato é que eles conseguiram controlar a Covid-19 de forma mais consistente e muito mais rápida. Aí, quando eles voltam a crescer, voltam a importar. E, quando eles voltam a importar, aumentam a demanda pelas nossas commodities. A tendência é que haja um aumento de preços no mercado interno. Teremos aumento de preços em todos os lugares do mundo pois a China influencia muito os mercados globais. Como a instabilidade política do País reverbera na inflação? Pense numa pessoa que vai investir no Brasil. Aí ela olha e fala: “minha nossa, isso aqui é bagunça! É uma treta em cima de treta!” Há uma crise institucional muito grave; existe um problema entre o executivo e o judiciário, você não sabe se Bolsonaro vai sofrer impeachment, a pauta econômica foi para o espaço há muito tempo. Então, a tendência é de que haja um agravamento da situação e as pessoas não querem investir. Mas, quando Bolsonaro, na semana passada, divulgou aquela carta foi ótimo porque dizia: vamos pacificar. Embora os bolsonaristas mais raiz tenham ficado com raiva, dizendo que ele “arregou”, a verdade é que é preciso pacificar, porque senão a gente vai entrar num ritmo de colapso. Os preços estão altos, a tendência é de aumento ainda maior. São 14 milhões de desempregados no País, há muito mais gente sendo levada para a miséria, há uma pandemia que ainda não é plenamente controlada e, além disso tudo, há uma crise institucional. Tudo isso é muito ruim. As pessoas não entendem que quanto mais caos político, menos a economia consegue progredir. Então é preciso pacificar para que consigamos ter uma agenda mínima de alguma reforma que passe no Congresso e a gente consiga ter um cenário positivo, não para 2022 mas para 2023. O ano de 2022 vai ser um ano muito ruim porque é um ano de eleição, em que há uma instabilidade maior. Leia mais na Edição 186.3 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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"O mercado de energia solar sairá fortalecido com o marco regulatório"

Conta de luz cada vez mais salgada, crise hídrica esvaziando os reservatórios das hidrelétricas e o impacto das termelétricas no meio ambiente. Eis o cenário que tem levado muitos conumidores a gerar a sua própria eletricidade a partir da energia do sol, que é abundante no Brasil e em especial no Nordeste. Segundo dados da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a chamada energia distribuída solar fotovoltaica atingiu 4 GW de capacidade instalada em 2020 e este ano tende a duplicar o potencial. Os consumidores, porém, ficaram apreensivos com a notícia da promulgação de um marco regulatório do setor. Afinal, hoje eles contam com um subsídio, principalmente em razão de que precisam arcar com os custos de implantação das placas fotovoltaicas para gerar a energia. A preocupação desses usuários estaria na suspensão desse subsídio. Assim eles passariam a pagar as tarifas pelo uso da rede de distribuição de energia. Acontece que apesar de gerar a sua própria energia, esses consumidores consomem uma parte dela e jogam o excedente na rede de distribuição. Além disso, a fonte solar é intermitente, isto é, nem sempre ela é produzida de forma contínua, como à noite por exemplo. Por isso, no fim do mês há uma compensação na qual o usuário paga ou recebe (por meio de créditos) da concessionária a diferença entre o que ele colocou de energia na rede e o que ele usou. Mas, até então, ele não pagava a tarifa pelo uso desse sistema de distribuição como os demais usuários. Para saber as consequências desse marco regulatório, que foi aprovado pela Câmara Federal e está em tramitação no Senado, Cláudia Santos conversou com Luis Arturo Gómez Malagón, cientista-chefe do Instituto de Inovação Tecnológica da UPE (Universidade de Pernambuco). Ele também analisou as perspectivas de expansão da energia solar no País. Caso o projeto de lei PL 5829/19, que institui o marco regulatório da geração própria de energia solar, seja aprovado no Senado, o que muda no País nesta área da energia solar distribuída? A geração distribuída no Brasil está regulamentada pela resolução ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) 482 de 2012 que forneceu a estrutura para seu funcionamento no sistema elétrico nacional. Tal resolução foi revisada pela resolução ANEEL 687 de 2015, em que foram modificados os limites de geração para microgeração e minigeração, assim como o prazo de compensação de créditos. Desde então o crescimento na geração distribuída tem aumentado vertiginosamente, chegando a passar os 4 GW instalados em 2020 e com expectativas de dobrar esse valor em 2021. Neste cenário, a indústria fotovoltaica foi consolidando sua cadeia de valor desde 2012 fazendo com que a energia solar apareça no mercado não somente como uma fonte de energia renovável e confiável mas, também, como um investimento atrativo para alguns setores. O PL 5829/19 é uma inciativa que visa, entre outros aspectos, mudar o sistema de compensação de energia elétrica para o sistema de tarifação estabelecido pela ANEEL. Essa mudança é proposta para aprimorar a regulamentação existente de tal forma que seja dada maior segurança jurídica e regulatória para os investimentos em energia renovável. O PL estabelece que, para os consumidores que façam uso da geração distribuída até a publicação da lei, ou para quem solicitar acesso até 12 meses após a divulgação da lei, os direitos de compensar a energia elétrica da forma atual serão mantidos até 2045. Para estes usuários a lei vai dar segurança e estabilidade jurídica sobre o investimento realizado. Após 2045, esses consumidores passarão a pagar uma tarifa dada pelas diretrizes para valoração dos custos e benefícios da microgeração e minigeração distribuída. Para os consumidores que solicitarem acesso após o primeiro ano de divulgação da lei, será estabelecida uma regra de transição que vai demorar seis anos. Durante este período, o consumidor terá cobrança gradual de uma taxa proporcional à energia injetada na rede. Após a finalização desse período, o consumidor ficará sujeito às regras tarifárias estabelecidas pela ANEEL. O PL também abordou diferentes aspectos sociais e ambientais, dentre os quais cabe destacar a criação do PERS (Programa de Energia Renovável Social) voltado ao investimento em energias renováveis para consumidores de baixa renda, assim como a diminuição de 50% no valor mínimo faturável para microgeradores que compensem no mesmo local da geração com potência do gerador de até 1,2 kW. Esta medida abre um novo mercado com foco em pequenos consumidores. O senhor acredita que o pagamento pelo uso das redes de distribuição de energia elétrica, como prevê o projeto de lei, poderá desestimular novos consumidores a adquirirem placas fotovoltaicas ou adotar a energia solar distribuída continuará sendo economicamente viável para os consumidores? O investimento em energia solar ou em qualquer outro empreendimento requer análise do valor do dinheiro no tempo. Desta forma, a análise da TIR (taxa interna de retorno), o payback (tempo de retorno de um investimento inicial) ou o VPL (métrica que tem como objetivo calcular o valor presente de uma sucessão de pagamentos futuros) deve ser realizada para tomar a decisão mais lucrativa. Para novos consumidores que vão realizar a conexão até um ano após a divulgação da lei, a regra de compensação é a regra atual. Para consumidores novos, a cobrança será proporcional à energia injetada na rede. Tipicamente para consumidores comerciais e industriais a quantidade de energia injetada na rede é aproximadamente de 20% enquanto que para consumidores residenciais a energia injetada é de aproximadamente 50%. Isto mostra que a geração distribuída terá mais vantagens para o setor comercial e industrial em comparação com o setor residencial. De qualquer forma, independentemente do consumo de energia, o micro e mini gerador ainda terá uma tarifa mínima na conta. Cabe destacar que o PL estabelece uma cobrança gradual até 2028 de um percentual sobre os custos dos ativos de distribuição, e os custos de operação e manutenção do serviço de distribuição, sendo o percentual cobrado no final do período de aproximadamente 27%. Após esse período, entra o sistema de tarifação estabelecido pela ANEEL. Perante esse cenário, acredito que o mercado de energia

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