Urbanismo – Página: 89 – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Urbanismo

Parque Capibaribe abraça o bairro das Graças

O novo passo do Parque Capibaribe será abraçar o bairro das Graças. Após a inauguração bem sucedida do Jardim do Baobá, serão iniciadas as obras da segunda fase do parque, que se estenderá por 950 metros na margem esquerda do rio. A nova etapa compreende o trecho entre as pontes da Torre e da Capunga. O avanço do parque, chegando agora no bairro das Graças, promete promover novas áreas verdes livres, além de aproximar as pessoas do rio, incentivando assim hábitos de vida mais saudáveis e sustentáveis. No projeto estão passeios compartilhados para pedestres e ciclistas. Seja de bike ou a pé, a nova estrutura vai encurtar as distâncias entre até as escolas e estabelecimentos comerciais do bairro. Soluções urbanísticas criam espaços de integração com o rio, através de passarelas que percorrem as margens e píeres que permitem o acesso de pequenas embarcações. As vias para automóveis, de baixa velocidade, permitem o escoamento do fluxo interno do bairro para as ruas de distribuição do trânsito, favorecendo a co-presença de modais com segurança. Novas áreas de estar são propostas tanto para contemplação do público, como para recreação de crianças e adolescentes. O Parque se expande para além da borda do rio, com infiltrações na Rua das Pernambucanas e na Rua Dom Sebastião Leme, com a diminuição de estacionamentos para carros, aumento de calçadas com área verde e criação de bicicletários. O projeto propõe uma experiência aprazível de mobilidade para pedestres e ciclistas em uma margem contínua à beira rio, inclusive com passagens seguras por baixo das pontes da Capunga e da Torre. Em uma segunda etapa, é prevista a construção de uma passarela sobre o rio, para pedestres e ciclistas, que irá promover a articulação entre as margens, tornando menor a distância entre os bairros das Graças e da Madalena. O lançamento do edital de licitação foi feito pela Prefeitura do Recife em dezembro de 2016 e publicado no site da gestão municipal no último dia 25, no Diário Oficial do município. A previsão é de que a obra seja iniciada no primeiro semestre de 2017 e tenha duração de 18 meses. O processo licitatório é realizado pela URB – Empresa de Urbanização do Recife com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Pavimentação disponibilizados pelo Ministério das Cidades. O Parque Capibaribe no bairro das Graças é fruto de um convênio inovador estabelecido entre a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Dentro do convênio, o INCITI – Pesquisa e Inovação para as Cidades, grupo transdisciplinar da UFPE, elaborou soluções de projeto ouvindo a associação de moradores e desenvolvendo eventos locais com residentes e usuários de todas as idades. (Informações do Inciti)

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Produção de bicicletas cai 11,5% em 2016

A produção de bicicletas no país caiu 11,5% em 2016 na comparação com 2015. Foram 669.729 unidades ante 757.045 produzidas no ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Segundo o vice-presidente do segmento de Bicicletas da entidade, João Ludgero, a queda se deve a “dificuldades do contexto econômico nacional” em 2016. Apesar do resultado, para 2017, o setor espera recuperação e projeta um crescimento de 19%. “O otimismo em relação à melhora na economia e na estabilidade política do país contribui para prever uma recuperação de volumes no setor em 2017”, avaliou Ludgero, segundo comunicado divulgado pela Abraciclo. Em dezembro, a queda na produção chegou a 77,9% em relação a novembro, com 15.245 bicicletas produzidas ante 68.850 que saíram das fábricas no mês anterior. Em geral, o resultado do último mês do ano é influenciado pelas férias coletivas dos trabalhadores da indústria. Balança comercial Em 2016, as exportações de bicicletas somaram 8.423 unidades, 27,4% a mais do que em 2015. Segundo a Abraciclo, os três principais destinos das bicicletas brasileiras em 2016 foram Paraguai, com 4.192 unidades; a Bolívia, com 2.962 unidades; e o Uruguai, com 778. Já as importações tiveram queda de 44,4%, com 135.153 bicicletas compradas de outros países no ano passado. Os três principais fornecedores destes produtos para o mercado brasileiro em 2016 foram a China, com 115.841 unidades; Taiwan, com 11.013 unidades; e Portugal, com 3.918 bicicletas. (Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil)

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Em busca de soluções para a Conde da Boa Vista

Durante a campanha eleitoral pela Prefeitura do Recife, Geraldo Júlio prometeu um novo projeto para a Avenida Conde da Boa Vista. A via, que é um dos principais corredores de ônibus da cidade, há anos se arrasta numa condição de degradação. Engarrafada e suja, ela desagrada motoristas, ciclistas e pedestres. A operação do BRT na região é uma das mudanças, que já está sendo estudada pela Secretaria Estadual das Cidades. Outro trabalho, desenvolvido em parceria entre a Prefeitura e a Unicap, que deve influenciar essa mudança, é o Plano Centro Cidadão, que está realizando pesquisas sobre mobilidade e espaços públicos. O prefeito do Recife falou ainda enquanto candidato que a intervenção na avenida, para tirá-la da situação de “improviso”, irá reduzir o tempo das viagens em um terço, além de qualificar as paradas de ônibus. Ele prometeu também melhorar as calçadas e travessias para garantir um melhor deslocamento e maior segurança para os pedestres. O escopo da nova Avenida Conde da Boa Vista, que está sob a responsabilidade da Emlurb, deverá sair no primeiro semestre de 2017. Um estudo que poderá sinalizar as alternativas que o poder público terá para reorganizar o transporte público foi realizada sob a coordenação do professor Maurício Pina da UFPE, em parceria com 41 profissionais da Secretaria das Cidades, Detran-PE, Grande Recife, Urbana e da própria universidade. Trata-se de uma pesquisa origem e destino dos passageiros que circulam na região. Ela servirá de base para planejar o sistema de BRTs – que atualmente atravessam a avenida sem paradas. Uma das principais conclusões do estudo é que essas paradas são necessárias. Dos 34.215 passageiros pesquisados das linhas que circulam pela avenida, 34,9% subiam ou desciam dos ônibus na via. Em algumas delas o índice superava os 80%. “A Conde da Boa Vista tem uma capacidade de atrair pessoas. Os grandes atrativos são o comércio de rua e o shopping, além da vasta oferta de cursinhos preparatórios, faculdades e universidades”, avalia Pina. Segundo o professor, havia algumas sugestões de retirar os ônibus comuns da via, para deixá-la exclusiva para o BRT. As paradas poderiam ser deslocadas para a Av. Mário Melo, por exemplo. Outra proposta era integrar as linhas com o BRT antes de entrarem na Conde da Boa Vista. Duas alternativas equivocadas na opinião de Pina. “Se o interesse das pessoas é pela Conde da Boa Vista não poderíamos deslocá-las para a Av. Mário Melo, que fica a quatro quarteirões longos de distância. O transtorno seria muito grande. Temos que encontrar uma maneira de fazer o BRT conviver com a maioria dessas linhas tradicionais. Tenho dito que só temos uma bala na agulha. Não podemos errar de novo. A população já sofreu demais”. Outra descoberta da pesquisa é a capacidade de integração da avenida. Ao todo são 71 linhas que circulam na Conde da Boa Vista. Dessas, 23 são bacurau e duas são de BRT. Coletivos de toda região metropolitana circulam pela avenida, como Piedade e Candeias (de Jaboatão), Maranguape (de Paulista), Rio Doce (de Olinda), Igarassu, Abreu e Lima, São Lourenço, entre outros. “As pessoas associam muito a Conde da Boa Vista com o corredor Leste-Oeste, pois é uma continuação natural da Av. Caxangá e da rua do Benfica, mas circulam linhas de toda Região Metropolitana do Recife. Muitas do lado norte, sul, oeste. Nenhum outro corredor tem essa característica. Em uma pesquisa anterior que fizemos no mesmo local, identificamos que 22% das pessoas que desembarcam na Conde da Boa Vista têm como objetivo a baldeação (seguir para outros ônibus na mesma via)”, salienta Maurício Pina. PEDESTRES. Para a arquiteta e professora da Unicap, Clarissa Duarte, a Conde da Boa Vista é a prova “viva” de que o planejamento do espaço público da nossa cidade é desintegrado e ineficiente. “Continua-se insistindo em se fazer investimentos para o transporte público sem se considerar as tantas melhorias necessárias para a vida e fluxo dos ‘cidadãos não motorizados’. É insustentável e inadmissível continuar investindo milhões em pavimentação viária (para veículos motorizados) e ignorar a importância das travessias, das calçadas e ciclorrotas seguras e confortáveis”. Localizada a três quarteirões da avenida, a Unicap é parceira da PCR na construção do Plano Centro Cidadão, que se propõe a ser um projeto inovador de pesquisa urbanística sobre o Centro Expandido Continental da cidade. Na lista de melhorias que a rua precisa passar, traçada pela especialista, estão o embutimento e ordenamento da iluminação pública, o incentivo à arborização adequada e a espaços de estar, a adequação do comércio popular, a valorização e dinamização do patrimônio construído. A arquiteta avalia que o recente redesenho da Conde da Boa Vista buscou priorizar apenas a fluidez do transporte coletivo, desconsiderando a dinâmica da vida local do bairro. “Para que o estímulo ao uso do transporte coletivo continue sendo uma política importante é fundamental considerar que 100% dos usuários desse tipo de transporte é pedestre e, ainda, que não se chega de paraquedas na parada de ônibus e não se pode sair de foguete. Planejar um eixo principal de transporte público significa, obrigatoriamente, considerar todas as vias que a alimentam”. Para isso, ela defende o planejamento das diversas ruas que articulam as pessoas a esses eixos estratégicos. “Pensar de forma sistêmica é pensar sustentavelmente; é transformar as deseconomias históricas do nosso planejamento em um grande investimento para o agora e o amanhã da cidade do Recife”, diz Clarissa Duarte.

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Arquiteta Clarissa Duarte critica prioridade para veículos motorizados na Conde da Boa Vista

Arquiteta e professora da Unicap, Clarissa Duarte foi entrevistada pelo repórter Rafael Dantas para a Revista Algomais sobre a Avenida Conde da Boa Vista. A revitalização da via foi discutida durante as eleições municipais de 2016, mas na opinião da especialista, há ainda um tratamento desproporcional entre os investimentos em pavimentação viária (para veículos motorizados) e no cuidado dos espaços estratégicos para os pedestres (travessias, das calçadas e ciclo-rotas). Na entrevista ela destaca as pesquisas do Plano Centro Cidadão, que identificaram as principais Rotas Estratégicas para Pedestres no Centro Expandido Continental. Em primeiro lugar, qual a sua avaliação sobre as últimas intervenções que foram feitas nessa avenida? A Conde da Boa Vista é hoje a prova “viva” de que o planejamento do espaço público da nossa cidade, há décadas, é absolutamente desintegrado e ineficiente. Continua-se insistindo em se fazer investimentos para o transporte público (ou parte dele) sem se considerar as tantas melhorias necessárias para a vida e fluxos dos “cidadãos não motorizados”. É insustentável e inadmissível continuar investindo milhões em pavimentação viária (para veículos motorizados) e ignorar a importância das travessias, das calçadas e ciclo-rotas seguras e confortáveis, a urgência do embutimento e ordenamento da fiação da iluminação pública, o incentivo à arborização adequada e a criação de espaços de estar, a adequação do comércio popular, a valorização e dinamização do patrimônio construído, entre outros. Ao que me parece, ela é ruim para os pedestres, motoristas e ciclistas. Quais os problemas centrais dessa via? E quais os eixos devem ser observados para a sua revitalização? Ao que parece, o redesenho recente da Conde da Boa Vista ignorou completamente a dinâmica e aspectos da vida local, buscando priorizar (limitadamente) a fluidez do transporte coletivo. Apesar de ser uma tendência mundial a redução do espaço para o veículo particular, esta iniciativa deve ser uma medida restritiva e não impeditiva da circulação de automóveis, como ocorre na Avenida quando algum incidente obriga um carro a parar. Basta um táxi estacionar para deixar um passageiro e centenas de metros de congestionamento se instalam em segundos. Para que o estímulo ao uso do transporte coletivo continue sendo uma política importante é fundamental considerar que 100% dos usuários desse tipo de transporte é pedestre e, ainda, que não se chega de paraquedas na parada de ônibus e não se pode sair a foguete. Planejar um eixo principal de transporte público significa, obrigatoriamente, considerar todas as vias que o alimentam. Ou seja, para se atrair ou irradiar pessoas para o (e a partir do) transporte coletivo é imperativo integrar o planejamento das diversas ruas que articulam as pessoas a esses eixos estratégicos. Pensar de forma sistêmica é pensar sustentavelmente; é transformar as deseconomias históricas do nosso planejamento em um grande investimento para o agora e o amanhã da cidade do Recife. A av. Conde da Boa Vista foi alvo de promessa de campanha do prefeito eleito Geraldo Júlio. Você conhece os estudos e o projeto que a prefeitura tem dessa via? Alguma avaliação deles? Não tomei conhecimento, ainda, de nenhum projeto mais recente para o redesenho da Avenida. O que conheço são as iniciativas de estudo da mobilidade da cidade e do seu Centro Expandido, através do desenvolvimento do Plano de Mobilidade (atualmente em revisão pela prefeitura) e também do andamento das pesquisas sobre mobilidade e espaços públicos do Plano Centro Cidadão (parceria entre prefeitura e UNICAP), cuja defesa maior encontra-se, exatamente, na busca pelo planejamento integrado dos espaços públicos (como as ruas) e seus diversos componentes: a mobilidade (meios e superfícies), a vegetação e natureza, o mobiliário urbano (inclusive o comércio popular) e a arquitetura (forma e usos, principalmente no pavimento térreo). Essa “reforma” da avenida está integrando aqueles projetos de recuperação do Centro Expandido do Recife? Acredito que a Unicap fez algum trabalho sobre essa proposta de revitalizar o bairro. Até então nenhum projeto foi oficialmente apresentado para a equipe do Plano Centro Cidadão. Como já dito, os estudos até então realizados pela UNICAP buscaram ao máximo analisar estudos e propostas anteriores, mas com o objetivo maior de canalizar a integração e humanização dos espaços (públicos e privados) e de suas gestões. Atualmente está sendo concluída a elaboração das Diretrizes Urbano-arquitetonicas para o Centro Continental visando sua apresentação em audiência pública no primeiro semestre de 2017. Para esta estapa já foram realizas duas “Oficinas Cidadãs” (oficinas colaborativas com representantes de aproximadamente 100 organizações e/ou movimentos), além de uma diversidade de “Conversas Cidadãs” (reuniões colaborativas) com grupos específicos. Uma das pesquisas mais importantes realizadas pela equipe do Plano Centro Cidadão foi a identificação das principais Rotas Estratégicas para Pedestres no Centro Expandido Continental. Com o intuito de ressaltar a importância da articulação entre as pessoas (pedestres) com os espaços públicos do território (Ruas, Avenidas, Praças e Parques) e os principais espaços semi-públicos (Shopings, Hospitais, Universidades…) uma metodologia específica foi desenvolvida para detectar a importância de cada rua na articulação do Sistema de Espaços públicos e semi-públicos local. Foram identificadas 116 ruas e avenidas, segundo ordem de prioridade. Existem vias, como a Avenida Cruz Cabugá e a Rua Nunes Machado na Soledade, por exemplo, pelas quais se sobrepõe aproximadamente 50 rotas de articulação das pessoas com o sistema local. Este indicador é extremamente importante na definição de novas políticas públicas que tenham o foco na sustentabilidade urbana e na qualidade de vida cidadã, mas precisam racionalizar os investimentos dos cofres públicos.

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Falta integração na gestão da RMR

*Por Rafael Dantas Imagine um condomínio composto por 14 prédios, tendo um síndico para cada edifício. Imagine ainda que eles não têm um planejamento conjunto da circulação das ruas internas, nem contam com um sistema único de coleta de lixo e tampouco possuem um gestor para áreas comuns (como parquinho, piscina, salão de festas). A ausência dessa organização, além de aumentar as despesas dos moradores, gera soluções pouco eficientes que dificultam a rotina dos condôminos. Essa situação hipotética acontece na prática, numa escala muito maior, nas as regiões metropolitanas brasileiras. Em Pernambuco, por exemplo, junto com a capital são 14 municípios que compõem a Região Metropolitana do Recife (RMR). Eles são concebidos como uma única metrópole no dia a dia dos seus cidadãos, já que apresentam necessidades e estruturas urbanas interligadas. Por essa razão, especialistas acreditam que os moradores dessa “grande cidade” poderiam ter suas vidas facilitadas com uma gestão pública unificada. “A metrópole é uma cidade que não cabe no território de um município. Sem alguém que pense o conjunto, o resultado é um caos”, afirma Roberto Montezuma, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU-PE). Trata-se de um problema que se agrava com o passar dos anos. Afinal, somos cada dia mais cidadãos metropolitanos. Rotinas como a de Alexandro Gomes, 28 anos, que tem residência em Jaboatão dos Guararapes, faz graduação em Recursos Humanos no Recife e até pouco tempo trabalhava em Suape (Ipojuca) são cada vez mais comuns. Atualmente, ele circula pelos diversos municípios, trabalhando na área de logística. “É muito tempo perdido no trânsito e muito desconforto no transporte público. Essa rotina acaba desgastando mais que o próprio trabalho”, reclama. O tempo desperdiçado nos deslocamentos diários – em razão da inexistência de uma estrutura de mobilidade eficaz – é um dos sintomas da ausência de uma gestão metropolitana. O arquiteto Paulo Roberto Barros e Silva afirma que se a metrópole tivesse uma gestão interfederativa, infraestruturas como o BRT, o metrô e o sistema viário estrutural seriam diferentes, com soluções mais bem articuladas. “A região abrange território urbano de quase quatro milhões de pessoas e 14 administrações. No mundo real não há porta de entrada de Recife, Cabo, Moreno… É preciso que os prefeitos atuem articuladamente”, defende o arquiteto. “Na Avenida Agamenon Magalhães, por exemplo, metade dos carros que circulam são oriundos de fora da capital. Tivemos uma expansão desordenada que resultou em várias cidades dormitórios, que geram muitos deslocamentos para o Centro do Recife”. Crítica semelhante faz o arquiteto e urbanista Jório Cruz, ex-presidente da Fidem (Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife). Ele reprova a concentração das atividades econômicas na capital pernambucana e defende a criação de outros polos de desenvolvimento na região. “A questão da mobilidade da metrópole está diretamente afetada pela condição de polo exclusivo do Recife”. O especialista defende a distribuição de oportunidades em outros centros de geração de emprego e renda. A medida, entre outros benefícios, reduziria o tempo de transporte das pessoas diariamente, já que não precisariam se deslocar em trajetos distantes para ir ao trabalho ou a uma consulta médica. E é na área da mobilidade, mais precisamente a construção do Arco Metropolitano, que, na opinião de Montezuma, pode ser o primeiro ponto a ser priorizado por uma gestão que integre prefeituras e Governo do Estado. “Essa é uma obra de interesse de todos os municípios. Do mesmo jeito que a União Europeia trata de temas relevantes para todos os países membros, a ação dessa governança da metrópole deve atender assuntos que sejam de utilidade para todas as cidades da Região Metropolitana do Recife”. A rodovia vai ligar a cidade do Cabo de Santo Agostinho ao Polo Automotivo de Goiana, na Mata Norte. O trajeto é realizado como uma alternativa à congestionada BR-101, atravessando a zona rural de cidades como Moreno e São Lourenço da Mata. Entretanto existem equipamentos que servem a toda metrópole, como o Aeroporto Internacional dos Guararapes (cuja abrangência vai além do limite da RMR), universidades e até centros de saúde. Exemplo disso é o Hospital da Mulher Doutora Mercês Pontes Cunha. Apesar de ter sido construído pela Prefeitura do Recife, o primeiro parto na unidade foi de uma moradora de Jaboatão dos Guararapes. “Existem equipamentos estratégicos que têm um raio de ação maior que um município. Isso faz com que na gestão dessas estruturas, os prefeitos atuem com uma população que não o elegeu”, pontua Montezuma. Além de trazer melhores soluções para o funcionamento das cidades, a gestão metropolitana proporcionaria economia para os municípios. “A gestão integrada garante a racionalidade do uso dos recursos públicos. Se as cidades atuarem de forma articulada é possível reduzir o custo para todos”, avalia Fátima Brayner, sócia do INTG (Instituto de Gestão). Em um período de crise e de corte dos orçamentos, esse atrativo passa a ser bem significativo. Fátima aponta ainda que a gestão integrada pode combater o desequilíbrio social que se acentuou com o surgimento das regiões metropolitanas. “As metrópoles concentram a riqueza desde a década de 70. Nelas estão as oportunidades que atraíram as pessoas, que passaram a viver no seu entorno. A qualidade de vida na periferia dessas regiões é ruim”, constata a consultora. Ela lembra que o indicador Gini (que mede a concentração de renda) apresentou, ao longo das décadas, um crescimento vertiginoso nessas localidades. COMPENSAÇÃO. Um exemplo mencionado pela especialista é Araçoiaba, que registra o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da RMR. “Araçoiaba detém uma grande área de preservação de mananciais e isso a restringe de se desenvolver. Quem paga por isso? A governança metropolitana teria o papel de ressarcir a cidade pelos recursos naturais preservados no seu espaço. As reservas, que inclusive protegem a nascente de alguns riachos, são importantíssimas para a metrópole”, avalia Fátima Brayner. Para reparar essa situação, a saída metropolitana seria a compensação ambiental, um instrumento típico do desenvolvimento urbano integrado, destinado a um município que presta serviços ambientais à metrópole. As cidades que possuem aterro sanitário, que recebem dejetos das demais, são outro

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O sonho de uma cidade-parque

No lançamento da Agenda TGI 2017, no final de novembro, tive a oportunidade de falar, pelo 18º ano seguido, sobre a retrospectiva do ano que está terminando e as perspectivas relativas ao ano que vai se iniciar para o mundo, o Brasil, Pernambuco e o Recife, conforme reportado na matéria de capa desta edição. No que diz respeito ao Recife, dei destaque aos avanços conseguidos em relação ao projeto Parque Capibaribe: o Jardim do Baobá, a Avenida Beira-Rio das Graças, Ativação da Capunga e o Cais do Imperador. Sobre o Jardim do Baobá, considerado o marco zero do Parque Capibaribe, mostrei como uma intervenção relativamente simples conseguiu derrubar os muros que emparedavam a árvore na beira do rio, o monumento vegetal que é o portentoso baobá, resgatando-o para a cidade e chamando tanto a atenção da população que passou a frequentar em massa o local. Em relação à avenida Beira-Rio das Graças, relatei a luta da associação de moradores do bairro pela adequação da via às diretrizes do Parque Capibaribe, a vitória conseguida e a aprovação pela prefeitura do novo projeto de uma via-parque prestes a ser licitada. Relativamente à Ativação da Capunga, destaquei a ação de urbanismo tático realizada no trecho da beira do rio que fica na frente da faculdade Uninassau e vai quase até os fundos do Quartel do Derby onde foram instalados equipamentos provisórios, mas dentro do espírito do Parque. Já no que diz respeito à recuperação do Cais do Imperador, mostrei as fotos do local onde desembarcou D. Pedro II em 1859, na frente do antigo Grande Hotel, agora reintegrado à cidade com uma cafeteria, do outro lado do Cais da Alfândega. Essas intervenções inserem-se na concepção do Parque Capibaribe que, por sua vez, insere-se na concepção do Plano Recife 500 Anos, uma abordagem consistente de planejamento de longo prazo para a cidade, pela primeira vez em muitas décadas, com um bônus adicional: o potencial (o sonho) de, pela extrapolação dos conceitos do Parque Capibaribe, transformar o Recife numa cidade-parque até 2037. No final da palestra, citei novamente Victor Hugo: “Nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã”. É com ele que finalizo este último artigo de 2016 desejando aos leitores um ano novo de sonhos realizados, inclusive o de uma cidade com um futuro melhor. Que venha 2017!

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“O mundo é mais inteligente por causa do digital”

Gustavo Maia é um recifense apaixonado por política e um empreendedor incansável. Embora jovem, já teve vários negócios. O Colab, aplicativo que criou com amigos, recebeu o prêmio AppMyCity de melhor app urbano do mundo. Inquieto, disse nesta conversa com Algomais, que planeja introduzir mudanças no produto para ser ago como o Pokemon Go da cidadania. Confira mais na entrevista. Você passou a infância no Recife? Sou recifense, mas aos 5 anos me mudei para São Paulo, com minha família. Meu pai é executivo da PWC e foi transferido para lá. Aos 6, ele foi transferido para os Estados Unidos, Indianápolis. Depois, voltamos para São Paulo, em seguida para o Recife. Foram dois anos fora. Em 1999 fomos para Campinas. Passei um ano e meio e fui fazer intercambio no Canadá. Depois voltei para o Recife para fazer faculdade, publicidade. Entrei na faculdade aos 17 e aos 18 montei um escritório pequeno de design, com amigos, para oferecer pequenos serviços de agência de publicidade. Você nunca pensou em ser um assalariado? Eu cheguei a estagiar, fui diretor de artes, de criação em agência, ainda durante a universidade. Daí fui chamado por amigos da faculdade para ser sócio deles na agência Massapê em 2006. Na época era uma sala em cima de um estacionamento da clínica da mãe de um dos sócios. Reformamos e começamos a crescer. Mas, quando estava no fim da faculdade, não queria mais a publicidade. Fui ser sócio, menos como publicitário, mais como empreendedor. Passei um tempo na agência, depois saí e montei uma agência de marketing digital, a Quick Site, em 2008. Era um modelo para desenvolver sites rápidos para pequenos e médios empresários em 48 horas. Nessa época, 2008, ou você contratava o sobrinho de alguém para fazer o site ou uma agência, o que saía muito caro. A gente entrava com preços baratíssimos, 12 vezes, no cartão. Era legal, mas tivemos dificuldade em escalar. Mas vendemos mais de mil sites. Depois abrimos paralelamente a Quick Solution, que era o braço para fazer portais maiores. Ainda nesse ano, criamos o Quick Político, para desenvolver site para candidatos. Sempre fui apaixonado por política. Fizemos o site de João da Costa, no Recife, e de Elias, em Jaboatão. Em 2008 pegamos o desafio de desenvolver o portal nacional do PSDB, que era algo grande. Nós atendemos bem. Éramos novinhos, mas conversávamos com os ex-ministros de FHC. Foi uma experiência bem legal. Nessa época criamos também um site de compra coletiva o “Gentes Finas”, que faturou R$ 300 mil em 3 meses e fechamos porque houve o pico da compra coletiva, mas em seguida caiu rápido. Foi um negócio bem-sucedido para nós. Nesse meio tempo, montamos um empreendimento em Tamandaré. Nós estávamos sem dinheiro, mas vimos um terreno legal, fizemos um projeto arquitetônico e dividimos o imóvel em flats. Fomos buscar investidores, que foram comprar como investimento para vender depois. Tiramos isso do papel e hoje exitem 10 flats e outras coisas. Quando nasce a ideia do Colab? Em 2010 fizemos várias campanhas para governador, senador, deputados, basicamente em Pernambuco. Em 2011, a Quick recebe um pequeno investimento e montamos um escritório em São Paulo. Aqui fazíamos mais desenvolvimento e lá a parte comercial. Em 2012 voltamos a fazer eleição. Era pré-campanha de Raul Henry, que nem chegou a ser candidato. Ele queria fazer um programa de governo colaborativo, perguntando à população, através das redes sociais, o que ela queria. Fazíamos enquetes no Facebook de Raul, toda semana, com 30 mil a 50 mil pessoas respondendo sobre algum tema da cidade. Na época surge o Ocupe Estelita e os Direitos Urbanos. Estávamos trabalhando para um candidato e construímos esse diálogo entre as pessoas através da rede social. Nessa época Eduardo Campos indicou Geraldo e Raul o apoiou. Aí fomos trabalhar na campanha de Geraldo. Acabado o pleito, começamos a formatar o Colab. Colocamos no papel e o lançamos em março de 2013. Explique o que é o Colab? É uma rede social da cidadania. Conectamos o cidadão com o governo. Víamos o povo cada vez mais na rua querendo uma interlocução maior. E nós conhecíamos os políticos. Trabalhei com muita gente boa, séria, comprometida. Mas o governo é uma máquina gigante, ineficiente, difícil. Ajudamos a construir essa relação de forma estruturada para levar o desejo das pessoas até o governo, de forma que ele possa revolver. Não é uma ferramenta da prefeitura ou do governo, mas da sociedade civil, que disponibilizamos uma estrutura para trazer o governo para dentro. Basicamente é um aplicativo de celular – mas é disponível também em site – no qual você vê um problema na rua, identifica isso com foto e localização. Essa informação vai para um sistema em que a gente coloca a prefeitura para fazer o atendimento. A primeira prefeitura que trabalhamos foi a de Curitiba. A resposta da prefeitura é rápida? Assim que uma pessoa faz uma publicação, a mensagem chega na prefeitura imediatamente. A primeira coisa que a prefeitura faz é dizer que recebeu a demanda, que identificou ser verdadeira, pois tem gente que publica informações falsas. Daí comunica que está mandando para um técnico responsável. Em 95% dos casos, essa primeira resposta é em menos de cinco horas. A prefeitura também pode consultar a população em situações como: Qual a banda que você quer que toque no show que será aberto ao público? Ou onde colocar R$ 1 milhão entre cinco projetos previstos? No passado eram 80 ou 90 pessoas nas assembleias do Orçamento Participativo. Com o Colab, fizemos com 10 mil pessoas participando este ano em Santos (SP). Vocês estão em quantas cidades? Hoje a Colab é uma das ferramentas sociais de relacionamento com o cidadão de Curitiba, Porto Alegre, Teresina, Natal, Recife, Campinas, Pelotas, Santos. São 150 prefeituras no País que utilizam a plataforma oficialmente. Temos pouco mais de 150 mil usuários e uma taxa de resolução muito superior a qualquer tipo de programa. Em algumas prefeituras em que se usa telefone para solicitar serviços,

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Intervenção artística na CasaCor

A QGDI (Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário) vai promover uma intervenção artística na CasaCor, neste sábado (29). Das 16h às 20h, o artista plástico Abdias vai esculpir uma obra de arte em madeira, como forma de incentivar e valorizar a cultura. A QGDI também está presente na CasaCor através da realização da exposição “E quem disse que a alma não tem forma e cor?”, promovida pelo arquiteto e colecionador de obras de arte Carlos Augusto Lira. São 12 peças de madeira feitas por mestres da arte de vários estados do Nordeste. Exposição Carlos Augusto Lira E quem disse que canteiros de obra não podem abrigar obras de arte? Foi com essa provocação que a QGDI- Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário transformou os tapumes das suas obras em galeria de arte a céu aberto. Uma grande exposição intitulada “Artes, talentos e a cidade” reuniu artistas plásticos consagrados e ilustrou as calçadas do Recife, RJ, SP e Salvador. Na exposição seguinte, fotógrafos pernambucanos lançaram um olhar diferente para os trabalhadores da construção civil. Mais recentemente, a incorporadora recebeu 16 obras do artista Bozó Bacamarte, que retratou diretamente nas paredes do seu escritório-sede o tema “Árvores do nosso ecossistema”. Agora, pela segunda vez, a QGDI une-se a Carlos Augusto Lira para exibir parte do seu acervo, 12 peças de madeira esculpidas por artistas nordestinos. Serviço: Intervenção artística na CasaCor 2016 Quando: 29 de outubro Sábado das 16h às 20h Onde: CasaCor 2016 Av. Rui Barbosa, 471. Graças, Recife – PE

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Margem do rio Capibaribe, no Derby, se transforma em Parque

Área no bairro do Derby, conhecida como Capunga, começa a ser transformada em parque às margens do Rio Capibaribe. Após a realização do Workshop Internacional de Prototipagem Urbana, o local conta com mobiliário, iluminação e sinalização. A população poderá desfrutar do espaço durante o evento “Ativação Capunga” nesta sexta-feira (21/10), das 19h às 22h, e sábado (22/10), das 9h às 22h. O acesso ao local é feito pela Rua Doutor Osvaldo Lima, Derby – Recife (PE). Será o momento de celebrar a transformação do espaço público, uma oportunidade de contemplar a bela paisagem do rio Capibaribe e da vegetação nativa e ainda realizar atividades de lazer, esportivas e culturais. Já estão confirmadas apresentações do Coco da Resistência e Duo Mundo Negro na sexta-feira (21/10). Uma praça de alimentação com foodtrucks e comércio ambulante de alimentos foi montada em frente ao edifício garagem da Uninassau. O convite é para que os cidadãos ativem as margens do rio Capibaribe com sua atividade favorita como, por exemplo, piquenique, jogos e brincadeiras ao ar livre. Artistas, grupos culturais e demais interessados podem integrar a programação. Para isso é necessário preencher o formulário http://bit.ly/AtivacaoCapunga para que as atividades possam ser divulgadas no evento no facebook. A iniciativa é realizada pelo INCITI, grupo da Universidade Federal de Pernambuco dedicado à pesquisa e inovação para as cidades, em parceria com a UNINASSAU, com apoio da Prefeitura do Recife, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE), Consulado Geral de França em Recife, Aliança Francesa e o Coletivo dos Vendedores de comida sobre rodas da Capunga. O Workshop Internacional de Prototipagem Urbana integra as ações do projeto Parque Capibaribe, desenvolvido pelo INCITI/UFPE, por meio de parceria com a Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife. Esta iniciativa objetiva a recuperação ambiental dos 30 km de margens do Rio Capibaribe, associada a um plano de urbanização e melhoria da qualidade dos espaços públicos existentes, além da implantação de novos ambientes. O projeto se articula em função de cinco estratégias de intervenções que se traduzem na necessidade de chegar, percorrer, atravessar, abraçar e ativar a ocupação consciente nas margens do Rio Capibaribe. Debate – No sábado (22/10), às 17h, haverá novo debate sobre a transformação do território, o público poderá fazer perguntas e compreender o processo de idealização e prototipagem urbana desenvolvido. A conversa contará com representantes do INCITI, Parque Capibaribe, Prefeitura do Recife, Uninassau, moradores e comerciantes da região e estudantes. Desde o dia 10 de outubro, estão sendo criados protótipos de iluminação, sinalização e mobiliário urbano. O workshop tem sido ministrado por renomados urbanistas, designers e coletivos do Brasil e estrangeiros: Da Sein (França), Dominik Vögele (Suíça), Piseagrama e Micropolis (Belo Horizonte), A Cidade Precisa de Você (São Paulo), Cajueiro (João Pessoa), L.O.U.Co, AtelierVivo, Diego Bís, FabLab e O Norte – Oficina de Criação (Recife), Coletivo Madeira (Olinda). Confira o que o que foi construído: Bancos com jardineiras: Bancos de pallets com jardineiras integradas feitas com cubas de inox para pias. São posicionadas na Rua Dr. Osvaldo Lima que dá acesso à margem do rio. Beira de Sabores: Uma praça de alimentação com bancos composta por várias formas de mobiliário urbano feito de palets e de madeira pinus. A infraestrutura de sombra e a iluminação foi integrada com tecidos e ligações entre os mobiliários. A Beira de Sabores conta com foodtrucks, trailers e vendedores ambulantes de alimentos, que antes ocupavam a Rua Dr. Osvaldo Lima. Boca de Jacaré: Um barracão de obra já existente no local foi transformado, paredes foram retiradas, foi instalada uma pérgola e feita uma pintura. O local terá uso versátil podendo servir de espaço para shows e pequenas apresentações artísticas ou apenas para encontros e bate-papo nas margens do rio. Em frente, uma arquibancada de pedra foi construída na beira do rio, possibilitando que as pessoas possam sentar próximas ao mangue e contemplar a paisagem. Baranguejo – Um balcão de bar foi construído para permitir aos vendedores ambulantes se instalar no local com mais comodidade. O mobiliário foi feito com tronco de eucaliptus e placas de madeira pinus. Os comerciantes de bebidas que antes ficavam na Praça João Pereira Borges se deslocam para área em frente ao rio. Gambiarras de luzes foram instaladas na área em frente ao mangue. Caminho da Capivara: área na margem do rio, frequentada por famílias de capivaras, ganhou esculturas elevadas com estruturas de ferro e madeira, que dão suporte a iluminação. Estruturas de concreto foram colocadas no chão evitando o estacionamento de carros. Dragão de 2 Cabeças ou Monstrinho: Brinquedo para as crianças construído com troncos de eucaliptos e tubos de concreto. Refúgio da Capunga: área para brincadeiras de crianças e bancos com pneus de carros que possibilitam descanso e contemplação do rio. Faro: É a entrada do Parque. Trecho da Rua Guilherme Pinto, em frente ao Bloco C da Uninassau e à Praça João Pereira Borges, foi interditada para a passagem de carros. O asfalto foi pintado transformando em mini-campo de futebol e área para jogos e brincadeiras. Serviço: Ativação Capunga Quando: Sexta-feira (21 de outubro), das 19h às 22h, e sábado (22 de outubro), das 9h às 22h. Acesso: Rua Doutor Osvaldo Lima, Derby – Recife (PE) – próximo ao edifício garagem e Bloco E da UNINASSAU Acesso gratuito

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O Baobá e o urbanismo-Lego

No mês passado, foi aberto ao público o Jardim do Baobá em Ponte D’Uchoa, “marco zero” do Parque Capibaribe, um projeto urbanístico desenvolvido em convênio entre a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura do Recife e o InCiti – Instituto de Pesquisa e Inovação para as Cidades da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Seu objetivo é transformar as margens do Capibaribe dentro do Recife num enorme parque urbano em meio ao qual venha a ser implantada uma via mista para pedestres e ciclistas, da Várzea ao Centro da cidade. Com isso, a área verde por habitante pode passar de 0,7 m² para 20 m² até 2037 quando o Recife completa 500 anos. Imediatamente o Jardim se transformou num sucesso de público e crítica com milhares de pessoas visitando diariamente, em especial nos finais de semana, seus espaços para relaxamento e meditação, seus balanços que podem ser usados por adultos, sua grande mesa para piqueniques e/ou jogos, seu pier flutuante com vista ímpar de dentro do rio, seus barcos para passeios fluviais… Do ponto de vista urbanístico, não é descabido dizer que o Jardim é uma experiência bem sucedida de “urbanismo-lego”. Ou seja, aquele baseado num plano geral cuidadosamente bem conceituado e esboçado que começa a implantar-se com a colocação de uma primeira “peça”, sem necessidade de seguir a via crucis tradicional e interminável de um extenso projeto básico acoplado a um plano de financiamento orçamentário milionário, ainda mais numa época como a nossa de recursos públicos mais do que escassos… Tecnicamente pode-se enquadrar essa experiência como parte do urbanismo emergente ou tático, um conceito contemporâneo acerca do modo de desenhar, construir e viver as cidades. Diferente do conceito tradicional do urbanismo top-down planning, de cima para baixo (hoje, da fotografia do satélite para a planta), o urbanismo emergente considera a experimentação do tipo botton-up planning, de baixo para cima, como componente essencial do sucesso da implantação e do próprio aperfeiçoamento da solução macro. Com o “urbanismo-lego”, o Jardim do Baboá e mais especificamente o Parque Capibaribe, colocam o Recife no centro do debate mundial que tem cidades como Barcelona, Medellin, Copenhage e Nova York na condição de campos de experimentação avançada do urbanismo up to date.

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