Arquivos Vi no Instagram - Página 44 de 47 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Capitanias hereditárias também na política? (por Rainier Michael)

Durante o período eleitoral, verificamos que descendentes de políticos têm-se posicionado como opção para o eleitorado que busca a continuidade de determinados valores e/ou ideologias, principalmente, como forma de se beneficiar da “leitura” que acaba se atribuindo ao “nome” da família, ou seja, à ideia de legado e estabilidade. Pessoalmente participo de grupos de discussão de empresas familiares, no Brasil e exterior, e acredito que podemos fazer algumas analogias com a política, especialmente no que diz respeito à frase “herdeiro não é necessariamente  sucessor”. A verdade é muito clara e apresenta que, mesmo sendo herdeiro de um legado político, o candidato não é necessariamente um sucessor político natural. É importante que o eleitor compreenda essa diferença para tomar sua decisão responsável no período eleitoral. Isso porque, se não tivermos uma visão crítica ou mesmo profissional dentro das linhas de uma governança pública e compliance das qualidades do que é necessário para ser um “bom candidato”, não mudaremos este país. Será que, em pleno século XXI, faz sentido aceitar apenas um “nome” e um “empurrãozinho” político para eleger alguém?  É cabível esse tipo de postura numa democracia moderna? Se a governança e a sucessão em empresas familiares já evoluíram, qual a razão de ainda esta situação subsistir na política? Não existe uma resposta pronta para essa pergunta, mas precisamos refletir bastante para que cada país ache sua solução, evitando “jabuticabas” políticas. Na dúvida, podemos utilizar o que o ativista de direitos humanos Natan Sharansky intitula de Town square test, ou, em uma tradução livre para o português, Teste da praça central. Em seu livro The Case for Democracy, publicado em 2004, Sharansky explica: “Se uma pessoa não pode andar na praça central de uma cidade e falar suas posições pessoais sem ser preso ou sofrer agressão física, então esta pessoa está vivendo em uma sociedade do medo, em uma sociedade que não é livre”. Para podermos andar com tranquilidade na praça central da nossa democracia, é preciso que aprendamos a distinguir o que é herança do que é, de fato, capacidade de ser sucessor político. Sem isso, o medo sempre vai estar presente, mesmo que não o identifiquemos de imediato. *Por Rainier Michael, presidente do Instituto de Pesquisas Estratégicas em relações Internacionais e Diplomacia (Iperid), cônsul da Eslovênia e superintendente da Lockton, empresa integrante da Rede Gestão (rainier@goldensterno.com.br) (Artigo publicado na coluna da Rede Gestão, da Revista Algomais, de Agosto)

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Fim de semana com intensa programação cultural gratuita na capital pernambucana

O fim de semana será de verso e prosa no Recife. De amanhã (24) até o próximo domingo (26), o Recife Antigo recebe a 16ª edição do Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz, que toma conta da Avenida Rio Branco, celebrando a poesia urbana e urgente de Miró, com o tema a Cidade do Poeta e o Poeta da Cidade, com atividades gratuitas e abertas ao público. Na programação preparada pela Prefeitura do Recife para o fim de semana, tem ainda sarau aberto ao público no Teatro de Santa Isabel, Recife Antigo de Coração e Olha! Recife, exposições gratuitas nos museus da cidade e aventuras e atividades ecológicas para todas as idades no Econúcleo Jaqueira e no Jardim Botânico. Quem tem pressa para ser feliz neste fim de semana pode aproveitar o intervalo do almoço desta sexta-feira (24) para conferir a apresentação gratuita de Amaro Freitas e Henrique Albino, dois craques da nova safra da música pernambucana, no Paço do Frevo, ao meio-dia. O show faz parte da programação do projeto A Hora do Frevo, mantida pelo Paço para diversificar a identidade do frevo no imaginário sonoro coletivo. Mais tarde, a partir das 17h, o Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz, realização da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, estreia sua programação deste ano com um bate papo com o escritor, contista e romancista cearense, vencedor do Prêmio Jabuti 2012, Sidney Rocha e com o homenageado do Festival, o poeta e cronista das ruas Miró. A partir das 19h, haverá uma roda de conversa com os autores da Coletânea Denis Bernardes de Ensaios, mediado pelo jornalista e romancista, membro da Academia Pernambucana de Letras, Cícero Belmar e por Jorge Siqueira, professor de história. A programação encerra com o lançamento do livro, publicado pela Prefeitura do Recife, a partir de um edital lançado no Festival passado. No sábado (25), a programação começa mais cedo, a partir das 14h, com as oficinas ministradas por Clarice Freire, Fred Caju, Marcelino Freire e João Lin. Às 18h, E segue às 18h, com palestras de Antônio Paulo Rezende, Robson Teles, Antônio Marinho, com temas norteados pelo mote: É do sonho dos homens que uma cidade se inventa. Mais tarde, a partir das 20h, Clécio Rimas, Dayane Rocha, Edmilson Ferreira, Elenilda Amaral e Paulo Matricó protagonizam Mesa de Glosas sobre o poema Cão sem Plumas. No domingo o festival vira festa. A partir das 10h, a Festa do Livro levará para a Rio Branco um desfile de editoras, sebos, mediadores de leitura, recitais, atividades lúdico-literárias, lançamentos de livros e bibliotecas comunitárias. Haverá também troca afetiva de livros em bom estado de conservação. A programação encerra com a música, a letra e a voz de Bell Puã, Clécio Rimas e Amaro Freitas. Outro bom motivo para visitar o bairro histórico neste domingo é o Recife Antigo de Coração, projeto da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, que leva práticas esportivas, serviços, música e brincadeiras a céu aberto para o entorno do Marco Zero. Nesta edição, que abraça o Festival A Letra e a Voz, o palco montado no Marco Zero receberá as atrações inclusivas do Projeto Encontro e do Frevo com Caio Rocha, além de Afoxé Omolu Pakaru Alu, Adriana B, Kallinas, Dançando na Rua, Caboclinho Flecha Dourada, Orquestra 100% Mulher e Maracatu Rural Leão das Cordilheiras. Na Avenida Marquês de Olinda acontece o projeto que promove a inclusão social, oferecendo bikes especiais, acessíveis para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Além disso, na Rio Branco, o polo infantil contará com show de mágica, brincadeiras e até oficina de slime. A programação é toda gratuita, das 9h em diante. Na Boa Vista, a um pulo dessa animação todinha, o fim de semana será de despedida e muito rock no Museu de Arte Modera Aloísio Magalhães (MAMAM). O sábado e domingo serão os últimos dias da exposição A arte é um manifesto – 30 anos de Devotos, que conta a história de uma das bandas mais eloquentes de Pernambuco, nascida do Alto José do Pinho para a posteridade do punk nacional, com backdrops, pôsteres, ingressos, capas de fitas demo e projetos gráficos dos discos e mais de 60 peças assinadas pelo guitarrista da banda, Neilton. No sábado, às 15h30, será lançado o catálogo da exposição. Depois, a partir das 17h, haverá um show gratuito e aberto ao público do Devotos, na Rua da União, com o Som na Rural. O horário do museu no sábado será ampliado, das 13h às 18h. No domingo, derradeiro dia de mostra, o museu funciona normalmente, das 13h às 17h. Informações: 3355-6871. No sábado, o Teatro de Santa Isabel recebe a partir das 19h, o sarau feminino Palavra de Mulher, em que a atriz Sônia Bierbard dará voz a grandes mulheres da literatura pernambucana, como Clarice Lispector e Maria do Carmo Campello de Melo. A atividade é gratuita e faz parte da programação do Teatrando!, projeto da Prefeitura do Recife, com execução do IDG e recursos do Santander, via Lei Rouanet. Para participar, basta chegar às 18h, para garantir vaga. No Museu da Cidade, também no sábado, duas oficinas celebrarão o legado de Burle Marx, no sábado: Primeiras Ideias de Um Jardim, de recortes e colagens, das 10h às 12h, para crianças a partir de 12 anos; e Minifloras Afetivas, de reprodução de espécies vegetais a partir de resíduos, das 14h às 16h, para maiores de 16 anos. As duas serão ministradas pelo arte-educador Emerson Pontes, cada uma com 20 vagas. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas na hora. Os participantes podem aproveitar pata visitar a exposição Cinco Pontas, que conta a história da fortificação recifense. Mais informações pelo telefone 3355-9540. No sábado e no domingo, o projeto Olha! Recife, da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, oferece roteiros turísticos para todos os gostos e idades pelas belezas e histórias do Recife. No sábado, a partir das 14h, o passeio de

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Eu não estou louca, individual de Juliana Lapa, aporta na Torre Malakoff

A artista Juliana Lapa abre, no próximo dia 1 de setembro, às 16h, na Torre Malakoff a exposição individual Eu não estou louca. A mostra, que tem incentivo do Funcultura e apoio da Galeria Amparo 60 e da Companhia Editora de Pernambuco, reúne desenhos, fotografias e objetos criados pela artista entre 2015 – 2018. As obras, que seguem caminhos distintos, formam uma narrativa bastante consistente e representativa do trabalho da artista. Segundo Juliana Lapa, a mostra começou a ser pensada através de uma pesquisa sobre as relações silenciosas e silenciadas no espaço urbano. “gostaria muito de trabalhar uma carga emotiva em paisagens que evidenciam tensões ou afetos do cotidiano. Neste momento de maior busca e entendimento sobre as questões do feminino, passei a entender o meu próprio corpo como um território onde estas tensões e afetos transpassam o tempo todo. Este trabalho ampliou bastante a leitura sobre emoções humanas como motores para auto-revoluções, sejam impressas em paisagens urbanas ou no meu próprio corpo desenhado". A partir dessa ampliação, foi concebida a exposição Eu não estou louca. As imagens apresentadas, ao mesmo tempo que contam suas próprias histórias, cri am juntas uma narrativa a parte. “É um verdadeiro conjunto de possibilidades. Eu não estou louca levanta questões sobre a saúde emocional da mulher e as constantes invasões mentais e físicas que vivemos. Porém, também representa essa incredulidade com o que estou vendo, com esse presente fantástico que vivemos hoje, na política e também no estudo da espiritualidade”, detalha a artista. A literatura é também uma referência importante no trabalho da artista. A frase “no meio da nossa vida me encontrei numa selva escura e sombria”, de Dante, na Divina Comédia, foi uma referência na concepção da série de desenhos Breu, apresentada em parte na Torre Malakoff. A série retrata a entrada neste ambiente interno, denso, escuro. São autorretratos da artista adentrando nesse ambiente de floresta, um lugar sem filtros, "no campo das verdades". A volta constante à mata, local onde a mãe natureza reina absoluta, é um dos focos da artista. Outro aspecto forte da exposição é a identidade animalesca da mulher, que também aparece com muita força nos desenhos apresentados na exibição. São mulheres feridas, que venceram o sofrimento, que soltaram seus bichos. “É um movimento de reconhecer tanto um ser caminhando para a evolução, quanto um ser passível de reproduzir as mazelas que sofreu e que se transforma nessa figura que, em sua essência, é divina e medonha. Este ser representa a força da natureza inevitável, que denuncia que as nossas mazelas sociais e ambientais se relacionam com o feminino devastado e enfraquecido nas engrenagens sociais, políticas e econômicas. Esse conjunto de obras é um espelho muito sincero e até doloroso, espero que outras pessoas encontrem ali também suas dualidades." Segundo a artista, os diários que escreve regularmente, há anos, foram inspiradores e determinantes na produção de boa parte das obras em exibição e, por isso, parte deles será apresentada ao público durante a mostra, juntamente com algumas fotografias que também representam essa investigação constante da artista sobre as emoções humanas. Haverá o lançamento de um catálogo, que reunirá alguns textos críticos sobre o trabalho da artista assinados por Pollyana Quintella e Mariana de Matos. Ao longo da exposição haverá também uma programação com educativo atuante junto a adolescentes de baixa renda, oficina de desenho e uma programação de visitas guiadas com acessibilidade comunicacional.   SERVIÇO Eu não estou louca – Juliana Lapa Sábado, 1 de setembro, às 16h Visitação da mostra até 11 de outubro. Torre Malakoff Praça do Arsenal, s/n – Recife-PE Terça a sexta, das 10h às 17h. Sábado, das 15h às 18h. Domingo, das 15h às 19h.

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Noite de teatro, dança e música marca aniversário da escola João Pernambuco

Uma noite dedicada à cultura vai marcar o 27º aniversário da Escola Municipal de Arte João Pernambuco, situada no coração da Várzea, nesta quinta-feira (23 de agosto). A partir das 19h, a Secretaria de Educação do Recife oferece à população uma série de apresentações que envolverão dança, teatro e música no teatro da unidade. A João Pernambuco é a única escola de artes gratuita de Pernambuco que oferece as quatro linguagens artísticas: Música, Teatro, Dança e Literatura. A entrada é franca. A solenidade marca a entrega de 156 instrumentos e equipamentos musicais que irão reforçar o acervo da unidade. Além de pianos de cauda e verticais, a escola ganhará outros instrumentos como flautas, violoncelos, violas, contrabaixos, flugelhorns, trompetes, clarinetas e teclados. O investimento foi da ordem de R$ 1,4 Milhão e faz parte do processo de reestruturação da João Pernambuco, que recentemente passou por um processo de reforma no telhado do teatro e dos muros que a circundam. A noite será aberta às 19h com uma performance teatral acerca da história da Escola Municipal de Arte João Pernambuco. Em seguida, os espectadores irão desfrutar de uma apresentação do coral da escola e do Coral João Emiliano. A partir das 20h, a música contemporânea para quarteto de cordas dá o tom da noite ao qual se segue uma apresentação musical de estudantes e ex-estudantes da unidade de ensino. Às 21h, Contra-Fluxo – experimento de dança encerra as atividades no teatro. A noite será encerrada nos jardins, com apresentação do Maracatu Real Várzea do Capibaribe.   Serviço: 27º Aniversário da Escola Municipal de Arte João Pernambuco Noite marca entrega de instrumentos na ordem de R$ 1,4 milhão Local: Rua Barão de Muribeca, 116 – Várzea Entrada: Gratuita

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Precisamos falar com os homens

*Por Beatriz Braga “O machismo é democrático, fode com todo mundo”, disse a jornalista Milly Lacombe e lembro dela quando preciso sintetizar de maneira fina e objetiva um fato tão claro.  Parecido com o que acontece com as mulheres, os homens também estão submetidos às regras do que é “ser masculino”. Enquanto nossa criação é baseada no “feche as pernas, menina”; os garotos são criados no “menino não chora” ou “anda que nem homem”. “O homem já nasce com três nãos: não ser mulher, não ser gay e não ser criança”, escreve Helen Barbosa dos Santos, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no projeto O crepúsculo do macho . A sociedade inferioriza tudo que tem a ver com o feminino e força os homens a se adequarem às características ditas masculinas (força, agressão e racionalidade) - porque essa é a fórmula dita da masculinidade bem sucedida. No entanto, nem todo homem se encaixa nessa definição simplória do que é ter pênis nesse planeta. Além do que a educação dos meninos tem-se comprovado perigosa: homens são autores de 90% dos homicídios no mundo e 94% dos homicídios em massa. Também são as principais vítimas de assassinatos, acidentes de trânsito e alcoolismo. Machismo é a causa principal de morte de homens no planeta, segundo Benedito Medrado (Instituto Papai) no documentário Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gêneros, um filme que faz um chamado aos rapazes a repensar a forma como são educados. Temos a falsa impressão que meninas são mais propensas à emoção e ao cuidado, enquanto homens são de natureza agressiva. Essas qualidades, porém, foram socialmente criadas, não são herança biológica. O problema é que esses hábitos sociais são os responsáveis por um mundo hiperviolento. Outro documentário importante, A Máscara em que você vive , coloca a mídia no centro da discussão sobre brutalidade e gênero masculino. Um menino normal passa em média 40 horas por semana assistindo TV, esportes e filmes; 15 horas jogando videogames e 2 horas vendo pornografia. Aos 18 anos, já viu cerca de 200.000 atos de violência na tela. Nessas produções, os arquétipos masculinos trazem personagens calados e com controle de suas emoções, além de serem ágeis e raivosos. Quando são extrovertidos normalmente degradam mulheres e consomem uma grande quantidade de drogas e álcool. Os garotos são influenciados pelos estímulos que consomem e não é à toa que se espelham nos heróis e personagens que acompanham cotidianamente. O feminismo vem despertando mulheres para questionar estereótipos. Os homens precisam entrar na conversa para que também possam estar livres (e nos livrar) da pressão que gira em torno deles. Há, por um lado, a cegueira confortável para os que se beneficiam do status quo; mas há também o tiro no pé dos caras que não enxergam que a luta é para todos. O machismo cala mulheres, mas também cala homens quando limita suas capacidades de expressão. “Eu peço a todos os homens para se lembrarem da primeira vez que ouviram que tinham que ‘ser homem’. Acho que é a frase mais destruidora da nossa cultura”, diz Joe Ehrmann, ex-jogador da NFL que lamenta, no filme, o uso dos esportes para tornar os meninos ainda mais agressivos, homofóbicos e machistas. Se reconhecer como vítima é poderoso. A partir disso, entendemos como chegamos até aqui enquanto sociedade. Somos todos, em maior ou menor grau, consequências e coprodutores do sexismo e do preconceito. É preciso alguma dose de tolerância para entender as sementes que foram plantadas dentro de nós pelos que vieram antes. E coragem, agora, para cortá-las pela raiz. “Os homens têm que encontrar formas de viver melhor com eles mesmos. Porque estão matando mulheres e estão matando uns aos outros”, diz Nadine Gasman da ONU Mulheres Brasil. O que fazer, então, do futuro? Tenho algumas ideias. Para começar, assistir aos documentários aqui citados e ao episódio Masculinidade e Sentimentos do podcast Mamilos , que traz alguns dos homens que estão fazendo parte desse movimento de repensar uma nova masculinidade. Nessa edição, eles choram, desabafam e relembram suas criações opressoras. É um processo poderoso. Enquanto nos libertamos, precisamos urgentemente livrar o que vem a seguir. Já é hora de privar as crianças da nossa obsessão por gêneros. Permitamos que os meninos chorem e sintam emoções; que usufruam das suas energias femininas e vejamos que bem faz mostrar a uma geração que ela não precisa se comunicar através da agressão. Em Precisamos falar com homens, a publicitária Thais Fabris diz uma frase que não me sai da cabeça: “eu odeio o machismo, não o machista”. O problema não é pessoal, é social. O que vai definir se você fará parte da solução ou do problema é a sua disposição de se perceber alvo sem deixar de se enxergar responsável pela mudança.

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Pesquisa mostra que 59% dos eleitores devem votar branco ou nulo

Em época de pessimismo com a situação do país, especialista orienta sobre como se preparar para escolher os candidatos Pesquisa CNI/IBOPE, divulgada no fim de junho, indicou um percentual significativo de votos em branco ou nulos. No cenário em que não é apresentada uma lista de candidatos para o entrevistado, o percentual de brancos e nulos chegou a 31%. A quantidade de pessoas que declararam não saber em quem votar ou não responderam à pesquisa chegou a 28%. Ao todo, 59% dos eleitores não citaram intenção espontânea de votar em algum candidato. Esses dados refletem o desencantamento do eleitor com a política e os recentes escândalos de corrupção, bem como a difícil situação econômica do país. Segundo dados da pesquisa Ibope, o fato de a candidatura do ex-presidente Lula não estar confirmada leva ao grande número de pessoas que se mostram indecisas na pesquisa. Para amenizar o clima de pessimismo, a coordenadora do curso de Ciências Políticas do Centro Universitário Internacional Uninter, Andréa Benetti, lembra que o processo democrático do Brasil é novo e, com o passar do tempo, a população está adquirindo mais conhecimento sobre a esfera política. Afinal, como se decidir entre tantos candidatos e partidos? A especialista listou duas formas de medir a honestidade de um candidato. A primeira é avaliar as principais propostas e a viabilidade para implementar. “Em seguida, recomendo verificar a coerência de suas ações na vida pública. Se a trajetória política indicar ações apenas para satisfazer interesses próprios, ele fará qualquer coisa para se manter no poder”, explica. Para se aprofundar sobre os candidatos, Andréa alerta que a fonte mais confiável ainda é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que conta hoje com uma interface mais agradável visualmente em relação a anos anteriores. “Caso o candidato tenha vida pública prévia, os Portais da Transparência dos órgãos governamentais também disponibilizam ótimos registros para avaliação”, detalha Andréa. Por fim, a cientista política ressalta a importância de acompanhar as informações por meio de veículos de comunicação éticos e que garantam a veracidade das informações antes de divulgá-las. “Quanto às ONGs, é sempre bom verificar se não há vinculação entre as instituições e grupos de interesse ou movimentos partidários”, alerta.

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De olho no vinil: o velho LP atrai jovens e veteranos

Otto, Lenine e Juliano Holanda. Sabe o que eles têm em comum? Além de serem cantores e pernambucanos, lançaram seu trabalho em vinil nos últimos anos. Pois é, se até um tempo atrás o long play (LP) era considerado extinto, esses e outros artistas provam o contrário. Na verdade, existe também um público que não abre mão do prazer de ouvir o velho e bom “bolachão” na vitrola. Na loja Passa Disco, localizada no bairro do Espinheiro, no Recife, existem cerca de 300 vinis à disposição dos clientes, que correspondem a 15% dos produtos vendidos. Fábio Cabral, proprietário do estabelecimento, conta que sempre apreciou o LP, mas quando resolveu abrir a casa de discos, há 15 anos, não o incluiu no seu mix de mercadoria porque achava que não teria demanda. “Era só CD e DVD, até que algumas pessoas começaram a perguntar pelo vinil e resolvi inserir nas opções de produtos”, lembra o lojista. Entre os mais procurados na loja estão os gêneros samba, música popular brasileira (MPB), forró e rock and roll, sendo este último o estilo que sai com mais frequência. A média de preço dos LPs varia de R$ 5 a R$ 500. “O valor depende da gravadora, do artista e da obra. Álbuns como Africadeus de Naná Vasconcelos, considerado uma raridade, são mais caros”, explica Cabral. Engana-se quem pensa que os consumidores de vinil são apenas os de meia idade. A juventude também se rendeu ao charme retrô do LP. Os clientes da Passa Disco, por exemplo, estão na faixa dos 20 a 50 anos. “Recebo uma garotada procurando discos de rock”, afirma Cabral, que acredita que a procura se deve à “onda vintage” de recuperar objetos antigos e torná-los atuais e modernos. Embora parte do consumo de música atualmente seja via streaming (feito pela internet) e download digital, alguns admiradores defendem que a chamada mídia física tem um valor especial. “Gosto do prazer de pegar a agulha e escutá-la arranhar o disco, o cheiro do material, até o tamanho do vinil, que faz a imagem da capa ter um destaque parecendo quadros de paredes”, afirma o advogado e escritor José Maria Marques, 71, um consumidor assíduo de LP. “Álbuns de Zé Ramalho ou de Paulinho da Viola, por exemplo, são uma verdadeiras obras de arte”, completa. Marques afirma que permaneceu fiel ao vinil, mesmo com a chegada do CD nos anos 90, e hoje tornou-se um colecionar tendo cerca de três mil LPs de artistas como Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Caetano Veloso, Chico Buarque, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, e alguns internacionais, como os Beatles. Além de LPs especiais voltados para literatura de cordel. Outro que guarda um acervo com 500 vinis, entre nacionais e internacionais, na sua estante é o empresário de topografia Ronald Vieira, 59. Ele consome LP desde adolescência e foi influenciado pelos amigos na época. Hoje, embora recorra a outras plataformas para ouvir seus artistas preferidos, revela que não largou o apreço pelos “bolachões”. “Comecei ouvindo muito rock inglês, depois rock progressivo, hoje escuto de tudo, jazz, bossa nova e alguns artistas pernambucanos, como Ave Sangria. A maioria dos relançamentos acompanho pela internet”, relata. Um forte incentivador do consumo dos vinis são os artistas da cena musical contemporânea que gravam suas músicas também para o formato long play. Ronald Vieira percebe que muitos artistas também vêm relançando o trabalho que foi gravado há tempos, como Atrás do Porto, de Rita Lee e Pulse, da banda Pink Floyd. “Acredito que seja uma forma de possibilitar aos mais novos conhecerem a obra”, ressalta. Um dos músicos e compositores pernambucanos que aderiu a este formato foi Juliano Holanda, que lançou um compacto (disco em tamanho menor) em vinil chamado Espaço-Tempo com duas músicas pelo selo Assustados Discos. O músico e compositor explica que gravou o seu trabalho para LP, pelo “fetiche do objeto” e porque cresceu ouvindo neste modelo. “Sei que não dá tanto dinheiro quanto antigamente, mas tenho hábito de ouvir em casa e sempre gostei de compacto. Coincidiu também com o convite da gravadora e, como estava sem muito dinheiro para lançar um disco inteiro, optei por lançá-lo desta maneira”, justifica Holanda. O artista salienta que o vinil torna-se uma espécie de ritual, em que é necessário dispor de um tempo para ouvir a faixa e depois para virar o disco na vitrola para ouvir o outro lado. “Tem a ver com nostalgia e com o som do grave que o LP emite quando está na vitrola”, observa o cantor. O resultado do crescimento no consumo dos LPs repercute no varejo, pois até pouco tempo, os apreciadores de vinis recorriam às antigas radiolas para ouvir os bolachões. Equipamentos que muitas vezes dependiam de técnicos para consertá-los, nem sempre fáceis de encontrar. Hoje novos modelos com design retrô − que tocam também CD e com entrada USB − estão disponíveis em sites de compras e lojas físicas. Na onda da volta do vinil, o artista Juniani Marzani, mais conhecido como DJ 440, resolveu criar o projeto chamado Terça do Vinil. A ideia, na verdade, surgiu há dez anos quando estava num bar de um amigo e resolveu levar uns toca discos e alguns LPs para animar o ambiente. Nesse dia, algumas pessoas que passavam pelo local começaram a curtir as músicas e ficaram no bar, que, em instantes encheu de gente. Por causa do sucesso, ele resolveu fazer essa festa semanalmente. “Num mundo cada dia mais digital nos distanciamos do tato. Então manipular o vinil, ver a capa, colocar a agulha, enfim todo o movimento que envolve a escolha da música ou do disco, tudo isso é mágico. Acredito que na arte alguns rituais são insubstituíveis”, explica o idealizador do projeto. Apesar de nos eventos não existir uma playlist pré-definida, pois o repertório é montado na hora, a partir do público no local, Juniani Marzani investe nos sons nacionais, música latina, como salsa e cúmbia, entre outros estilos. “Curto afrobeat, funk, soul e jazz, e levo um pouco disso tudo para

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Gente & Negócios: lançamentos e empreendedorismo em destaque

A empresa pernambucana Tambaú Alimentos entrou forte no segmento de catchup premium. O produto chegou às gôndolas dos supermercados com sabor e textura diferenciados e preço competitivo, cerca de 20% abaixo dos concorrentes. O diretor comercial Igor Gonçalves ressalta que o produto está sendo vendido nas regiões Norte e Nordeste, onde a marca já tem destaque nas vendas e no recall. "Com essa linha de catchup pretendemos aumentar de 5% a 10% o faturamento da área. O lançamento é voltado para o consumidor que gosta de um produto mais encorpado, especial. Nossa receita não contém amido vegetal e possui alta concentração de tomates no preparo", afirma Igor Gonçalves. Apesar de não estar ainda no Sudeste, a empresa tem planos de entrar mais forte com seus produtos em algumas redes de supermercados no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais a partir do início de 2019. Entre outras novidades da marca previstas para o começo do próximo ano deverá ser o lançamento de uma maionese premium. Mais um sinal do interesse da empresa de crescer no segmento de produtos com padrão mais elevado.   Edoardo Tonolli abre loja da Bacio Di Latte  A operação da rede de gelato tipo italiano Bacio Di Latte inaugurou a segunda loja do Recife no último sábado (18), no Shopping RioMar. Com cerca de 20 sabores, os sorvetes especiais são produzidos diariamente na própria loja com ingredientes selecionados, nacionais ou importados. Para Edoardo Tonolli, um dos sócios de Bacio di Latte, a acolhida dos recifenses foi além das suas maiores expectativas. “Eu sabia que expandir para o Nordeste, a partir do Recife, seria perfeito. E espero que essa segunda loja sirva para ótimos encontros e reencontros. Do nosso lado, trabalhamos cada vez mais para oferecer o melhor gelato e a experiência mais agradável possível para os nossos clientes”, comenta.   Zappcom cresce no Nordeste e lançará serviço de e-commerce Especializada em outsourcing de impressoras e multifuncionais, a pernambucana Zappcom tem uma média de 45 clientes de médio e grande porte da Paraíba, Bahia, Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte. Recentemente a empresa inaugurou um escritório em Petrolina, para atender a demanda de serviços na região do Vale do São Francisco. E irá, ainda neste semestre, inaugurar um serviço de e-commerce para equipamentos e suprimentos de impressão. De acordo com o diretor diretor financeiro e socio, Marcus Costa, mesmo com a crise econômica do País, a Zappcom conseguiu manter a carteira de clientes e crescer. Na perspectiva do sócio, para não perder competitividade, as empresas têm procurado terceirizar áreas que não são a sua atividade fim. E isso contribuiu para a manutenção do desempenho da Zappcom. De olho na necessidade do mercado regional e para diversificar o portfólio do seu negócio, a marca criou no ano passado uma distribuidora de suprimentos para multifuncionais e impressoras (cartuchos de toner), como também insumos para remanufatura. Sebrae aponta Negócios de Impacto Social como promissores no Brasil Os negócios de impacto social serão um dos principais temas trabalhados na 12ª Feira do Empreendedor, que acontece de 29 de agosto a 1º de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Com um espaço de 192 m² voltado para a temática, o propósito do Sebrae-PE é desmitificar e difundir o conceito desses negócios, contemplando discussões e experiências. O evento é aberto ao público mediante inscrições no site www.feiradoempreendedorpe.com.br. Além se serem focados em buscar soluções para problemas sociais, os negócios de impacto social estão se tornando mais atraentes para os investidores. Para Alexandre Ferreira, analista do Sebrae-PE responsável por um dos projetos da instituição relacionado a negócios de impacto social, esse tipo de empreendimento vem crescendo no Brasil e em Pernambuco. “Os negócios de impacto social estão tomando espaço. Não é fácil e vamos ter que lutar bastante para chegar numa situação ideal, porque muitos não querem empreender nessas áreas. Mas, aos poucos, é um segmento que vem crescendo e se destacando, pelos impactos que geram em comunidades e mudanças que causa na vida de muitas pessoas”, afirma.

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Trocando em Miúdos a caminho da Terra do Tio Sam

Um passatempo que se transformou em empreendimento. Foi assim que as designers Amanda Braga e Juliane Miranda criaram, há 12 anos, a empresa de acessórios femininos Trocando em Miúdos. Com um singular investimento inicial de R$ 60, as sócias conquistaram, ao longo do tempo, um público feminino no Recife com seus brincos, colares e anéis de design exclusivo. Agora elas se preparam para ir além das fronteiras do mercado pernambucano. O caminho será aberto com o e-commerce e com a ousada estratégia de abrir um ponto de vendas nos Estados Unidos. A venda dos primeiros produtos em solo norte-americano será realizada por meio de parceria com uma boutique localizada em Miami, no estado da Flórida. A decisão pela cidade resultou de uma pesquisa de mercado que apontou a presença de um público bastante latino residente no local, mais característico às peças da marca. “O material colhido na pesquisa foi muito rico e importante para que escolhêssemos quais os principais produtos para testar, de fato, num primeiro momento de venda”, explica Amanda Braga. “A Women’s Business Marker, juntamente com a influencer Paty Magalhães (@chefpaty), também foram responsáveis por fazer a ponte entre a Trocando em Miúdos e a Earthy Chic Boutique, loja das sócias Eileen Carrion e Priscilla Reyes, localizada no Design District de Miami, que nos receberá para a primeira venda especial da marca nos EUA”, detalha a empresária. Foi também de olho em outros mercados que as empresárias investiram em um novo site com tecnologia para facilitar a venda por essa plataforma. “Com esse investimento, até o final de 2018, projetamos que o comércio online represente entre 15 e 18% do nosso volume, trazendo a reboque uma maior presença geográfica da marca não só no Brasil, mas em outros países”, aponta Amanda Braga. Uma projeção do negócio é levar a sede para São Paulo, o que irá viabilizar a compra de matéria-prima e o trabalho das vendas online. “Lá os contatos e o networking seriam valiosos pra gente, além de suprir a nossa necessidade do e-commerce e de venda nos Estados Unidos”, revela Juliane. A cidade tem papel ativo não só na profissionalização da empresa – com fornecedores e participação em eventos e feiras – como também no amadurecimento da marca como fonte de inspiração e inovação dos materiais. Com a expectativa de expansão das vendas, as jovens empresárias também investiram R$ 65 mil numa máquina a laser para corte das peças de acrílico, deixando a produção mais ágil e com menos etapas: “a rapidez e facilidade de prototipar a peça, de repor a mercadoria, são muito maiores. Isso deu uma super ajuda no faturamento da gente. O tempo do produto, da reposição e o da encomenda agora é muito mais curto”, compara Juliane. Reformar a principal loja da marca, localizada no bairro do Espinheiro, no Recife, foi outro investimento realizado. “É a nossa menina dos olhos. O fluxo lá é muito grande, e chega a ser 50% das vendas de toda a empresa. Ela estava há cinco anos com a mesma cara. A reforma foi boa pra renovar os ares, as energias”, explica Amanda. O cuidado com atendimento às clientes foi outra forma do empreendimento se destacar. Flores e brigadeiros, além do compartilhamento de informações da empresa com o seu público, por meio de um Clube do Livro e das “Sextas do Afeto”, ajudaram a consolidar uma clientela, que vai desde mulheres de 25 anos até senhoras na casa dos 70. “Acreditamos que dividir conhecimento é uma forma incrível de fazer algo diferente. As Sextas do Afeto são momentos em que preparamos as lojas para receber as clientes, e ressignificar nosso relacionamento com elas”, explica Juliane. Em encontros mensais aos sábados, os participantes do clube elegem um livro para o debate daquela edição e divulgam o evento nas redes sociais. Tantas inovações e investimentos projetam para a empresa um crescimento de 13% em relação ao faturamento de 2017. Nada mal para uma marca que teve início como um passatempo entre amigas. “A Trocando não começou como empresa. A gente não visava lucro. Já tínhamos uns materiais em casa e com R$ 60 compramos outros e fomos reinvestindo. Fizemos colares de botão e eles foram ganhando a cidade”, conta Juliane. Ela acredita que o diferencial da marca são as ideias de criação das peças, advindas da bagagem cultural das sócias, que pesquisam sobre temas como música, literatura, artes visuais e sociologia. “A gente se apaixonou por Tarsila do Amaral, aí montamos uma coleção. Ela é resultado desse afeto, dessa admiração inspirada na artista”. O mesmo aconteceu com Almodóvar, Clarice Lispector, entre muitos outros que inspiraram as designers. *Por Laís Arcanjo, da Revista Algomais (redacao@algomais.com)

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Como anda o seu fígado?

Para algumas civilizações do passado, o fígado era considerado mais importante que o cérebro e o coração. Esse pensamento não surgiu por acaso. Afinal essa glândula é responsável por várias funções no nosso organismo. A principal é produzir algumas enzimas que servem para a coagulação do sangue. Ele também atua como meio de transporte, metabolizador e depurador de algumas substâncias, como as proteínas e os lipídios. Inserido no sistema digestivo, esse órgão, transforma as gorduras dos alimentos em energia para o corpo. “O fígado é um órgão absolutamente vital, extremamente inteligente. Ele tem mais de uma centena de funções e comanda o funcionamento do organismo. Ele se inter-relaciona com vários outros órgãos, é uma espécie de computador. Um órgão que tem uma função de liderança em relação aos outros”, destaca o hepatologista Cláudio Lacerda, do Hospital Jayme da Fonte. Um dos grandes problemas relacionados às patologias do fígado é o fato de serem assintomáticas. “A grande maioria é silenciosa e muitas vezes quando surge algum sinal ou sintoma, a doença já está numa fase mais avançada. Por isso que é importante fazer um acompanhamento rotineiro das funções do fígado, principalmente pessoas que têm o risco maior de apresentar doenças hepáticas”, esclarece o médico hepato-biliopancreático César Lyra, coordenador do Serviço de Transplantes de Fígado do Rico (Real Instituto de Cirurgia Oncológica), que funciona no Real Hospital Português (RHP). E quem são essas pessoas? São aquelas que consomem exageradamente bebida alcoólica e apresentam excesso de peso. Elas são propensas, por exemplo, a ter esteatose hepática, que é o acúmulo de gordura no fígado. É uma doença que apresenta sintomas como pele e olhos amarelos, urina escura, fezes claras e inchaço do órgão, podendo causar incômodo na área do abdômen, onde ele está localizado. Em obesos, com resistência a insulina ou com diabetes, os riscos são grandes para o quadro evoluir para cirrose ou até mesmo câncer de fígado. Daí, a importância do acompanhamento médico para minimizar o surgimento de doenças mais graves. “Os pacientes que têm esteatose também apresentam outras complicações. A própria doença pode ser uma das complicações da obesidade. Geralmente são pacientes com taxas de colesterol altas, que podem ter problemas cardiovasculares, pressão alta, diabetes, problemas renais. Então é uma pessoa que precisa ser vista dentro de um contexto multidisciplinar para evitar tanto que o fígado sofra, quanto os outros órgãos também sofram por causa da esteatose e do sobrepeso”, alerta César Lyra. A glândula tem um grande poder de se regenerar, mas quando passa por sucessivos processos de regeneração surgem cicatrizes que deixam o fígado doente, causando a cirrose hepática. Em situações de estágio terminal da doença, o tratamento mais eficaz e recomendado é o transplante de fígado, técnica terapêutica que também é indicada para outras doenças hepáticas em nível crítico. Com os avanços surgidos na última década, os resultados são bastante satisfatórios: mais de 95% dos transplantados tiveram boa recuperação. Em Pernambuco, cerca de 110 transplantes de fígado são realizados anualmente. Só neste ano o RHP já realizou 17. “Alguns pacientes conseguem retornar às suas atividades normais em torno de 60 dias após a operação. Temos uma média de 15 a 20 dias de internamento, às vezes um pouco menos e às vezes um pouco mais. Alguns pacientes que têm intercorrências podem ter um internamento mais longo. Mas o transplante devolve ao paciente a capacidade de retomar a sua vida normal”, declara o especialista. Ricardo Rêgo, de 53 anos, precisou realizar o transplante em fevereiro do ano passado. Por beber com frequência desde os 18 anos, ele adquiriu cirrose e diabetes. Ricardo também sofria de esquistossomose, doença provocada pelo verme Schistosoma mansoni que afeta o fígado. “Acontecia comigo episódios de ascite, que é a retenção de líquidos no abdômen, e isso incomodava muito. A partir daí necessitei de acompanhamento com o hepatologista. Era o início da minha saga. O meu médico me deu a notícia do transplante logo no início do meu tratamento, por volta de fevereiro de 2016, e aí foi uma surpresa. Foi um misto de emoções muito grande, e eu não esperava que isso viesse acontecer, mas aconteceu e graças a Deus os resultados foram por demais satisfatórios”, comenta o funcionário público aposentado. As primeiras medidas para o tratamento de Ricardo foram a abstinência total de álcool, uma dieta rigorosa por causa da diabetes e a não ingestão de sal e de carne vermelha. Hoje, após um ano de transplante, Ricardo continua seguindo a mesma dieta. Ainda tentando se acostumar aos novos hábitos, ele tem uma vida muito melhor. “Tive um enorme apoio de minha estimada família, o que com certeza ajudou em meu sucesso”, reconhece. As medicações do pós-transplante devem ser tomadas ao longo de toda a vida do paciente, para evitar a rejeição do órgão. São os chamados imunossupressores. “O organismo considera o novo fígado como um inimigo e começa uma ‘briga’ para tentar expulsá-lo. As medicações controlam o sistema imune do paciente para que o órgão não seja rejeitado", explica César Lyra. Por outro lado, esses medicamentos aumentam o risco de pressão alta e de diabetes. Por essa razão, os pacientes têm que ter hábitos saudáveis e controle alimentar. Ricardo, por exemplo, toma 16 comprimidos ao dia; quatro deles são imunossupressores, os outros são para controle de hipertensão e diabetes. NOVOS TRATAMENTOS Outras doenças do fígado são as hepatites, uma inflamação dos tecidos do fígado, sendo mais frequentes as infecções pelos vírus tipos A, B e C. A transmissão da hepatite A é normalmente causada por ingestão de água e alimentos contaminados. O tratamento é simples e se seguido corretamente tem um curso benigno e uma cura espontânea. Já a hepatite B é considerada uma DST (Doença Sexualmente Transmissível), pois pode ser transmitida por meio do contato com sêmen, saliva ou secreção vaginal; outras formas de transmissão ocorrem por via sanguínea, com o compartilhamento de seringas e material perfurante contaminados, ou por via vertical, quando a mãe portadora do vírus B passa para o filho durante o parto. Das três hepatites

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