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Rio Beberibe: águas que alcançam os invisíveis

Série "3 Rios, 3 Comunidades, 3 Desafios" apresenta os problemas ambientais e sociais que se entrelaçam na Região Metropolitana do Recife. Ouvimos estudiosos e o poder público sobre como solucioná-los. A produção é apoiada pelo Programa Acelerando a Transformação Digital, desenvolvido pelo International Center for Journalism (ICFJ) e Meta, em parceria com associações brasileiras de mídia. *Reportagem: Rafael Dantas *Fotos: Midiã Tavares Apoio Pernambuco é um Estado de relações conflitantes com as águas. Uma tensão que vai do processo de desertificação no interior às chuvas intensas e enchentes na Região Metropolitana do Recife. A capital é uma cidade anfíbia, entre as águas do mar, dos seus três rios e mais de 100 riachos. Muitos viraram canais, com cursos d’água quase mortos pela poluição. Com o advento das mudanças climáticas, uma série de problemas sociais e históricos, que estavam escondidos nos cantos dos municípios, começaram a surgir aos olhos da cidade formal. Escombros de realidade passaram a emergir nos dias de chuvas mais intensas, cada vez mais frequentes. Nesta série que começamos hoje, visitaremos os problemas mais emblemáticos que habitam às margens do Rio Beberibe, por onde começaremos, seguindo nos próximos meses pelos cursos do Tejipió e do Capibaribe. Nascido nas matas de Aldeia, em Camaragibe, o Beberibe atravessa o Recife e Olinda, se une ao Capibaribe no Bairro do Recife e deságua no oceano. Cada curso d’água tem suas nuances e desafios. O Beberibe, segundo o professor Wemerson Silva, do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), está diretamente relacionado com o alto contingente de comunidades de baixa renda que vivem nas suas margens, em alguns casos dentro do seu leito e em extrema vulnerabilidade social. A vida do rio está implicada com a dos moradores que lhe são vizinhos. “O Beberibe, do médio para o baixo curso, tem uma altíssima densidade habitacional, chegando praticamente sobre a área do rio”, afirmou o docente. Adelma da Silva, 45 anos, mora no bairro de Dois Unidos, no extremo da Zona Norte do Recife. Natural de Cupira, município do Agreste, ela encontrou há 22 anos um lugar para chamar de lar pertinho das margens do Rio Beberibe. Vizinha de outros familiares, ela enxergava na capital mais oportunidades que na sua cidade natal. A primeira casa, que ela diz que era “um barraquinho", não aguentou as cheias que passou a enfrentar em cada inverno. Com as paredes cedendo e chão rachando, ela recorreu aos parentes para reconstruir tudo. “Qualquer chuva que dava já enchia. Todo ano tinha. A casa ficou muito ameaçada, eu tinha medo dela cair com a gente dentro. Minha família ajudou a aterrar 80 centímetros, justamente por causa das águas. Fizemos a base dobrada. Ficou cinco anos sem encher”, lembrou Adelma. Ela pensou que não veria mais as águas do rio entrarem nos seus cômodos e destruírem sua mobília. Mas, no ano passado, em um dia de temporal no Recife, ela saiu de casa com água próximo aos ombros. Após esse episódio extremo, teve até vizinho que abandonou a residência. Mas, a opção para a maioria é continuar e seguir resistindo. Novos moradores, inclusive, chegaram. Em 2023, as águas avançaram até o segundo degrau da casa. Ameaçou, mas não entrou. Mais de duas décadas após sua chegada, com três filhos e agora já com um netinho, Adelma continua convivendo com o medo dos dias e noites de chuvas mais intensas. “Foi algo que eu nunca tinha visto. Antes, a gente já tinha saído com água acima do joelho. Mas, assim do jeito que foi no ano passado, acima dos peitos, eu nunca vi. Os móveis da vizinha da frente ficaram boiando. Perdemos centro, raque, cama. O fogão já ficou dentro d'água umas três cheias”, relatou a moradora. Na saída às pressas da última cheia mais forte, a cama do filho mais novo, Anthony da Silva, 11 anos, foi atingida pelas águas. Os dias de chuvas intensas e alagamentos estão nas lembranças de normalidade da criança. Meio lúdicas, meio amedrontadoras. O rio que o assiste brincando com os amigos ao longo do ano quase o encobriu. “A gente até gosta de passar por dentro d'água que está geladinha. E, às vezes, fico com medo da água aumentar e invadir a casa. Eu tive medo da última vez, quase me cobriu, ficou perto da minha boca. Uma chegou no meu peito, na outra semana ia me cobrindo”. A percepção de Adelma do surgimento de chuvas mais intensas está ligada às mudanças climáticas, na avaliação de Wemerson Silva. “Há uma relação de aumento dos processos de inundação e chuvas com as mudanças climáticas. Os danos são intensificados devido à presença de moradias em espaços que deveriam ser preservados, não ocupados”. Anthony viveu na pele os efeitos dessa mudança do clima do planeta e ficou alguns dias sem cama até receber uma doação. Essa rotina de perder os móveis e eletrodomésticos e lutar para conquistar de novo se repetiu muitas vezes na vida da família de Adelma e das pessoas que moram também do outro lado do Rio Beberibe, já em Olinda. O OUTRO LADO DO RIO Enquanto no lado do Recife as vilas que estão às margens do rio são pequenas, conjunto de casebres que se espremem em meio aos becos que partem da avenida principal do bairro, em Olinda o número de moradores é mais extenso. Centenas de casas ocuparam em 1994 uma área verde da margem no bairro de Passarinho, entre o Rio Beberibe e o terreno da antiga Rádio Olinda. Com a vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo, o lugar passou a se chamar Comunidade do Tetra. As primeiras vias abertas, mesmo de barro, ganharam nomes dos jogadores tetracampeões. Quase 30 anos após a conquista daquela copa, a vila permanece sem saneamento, sem uma rua calçada, com muitos postes de madeira, com fiação irregular inclusive que vem do outro lado do rio. As ruas exalam mau cheiro de lixo e dos esgotos que navegam por entre as casas até o Beberibe. E em muitos dias

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"Prefeitura do Recife lança programa para requalificar praças da cidade"

O Prefeito João Campos lançou o Programa Tá Aprumado Praças, que  promete revitalizar e transformar 120 espaços de lazer, incorporando a participação popular através do aplicativo de mensagens WhatsApp, com o objetivo de fazer o recifense viver a sua cidade. O investimento será de R$ 60 milhões. O Programa Tá Aprumado Praças se baseia em pilares como a inclusão direta da população no processo de tomada de decisão (Com uso do aplicativo WhatsApp, cada recifense terá a oportunidade de escolher quais praças serão revitalizadas em suas comunidades e até mesmo sugerir os equipamentos que serão implantados), foco no bem-estar das crianças e a conservação do patrimônio urbano. A Prefeitura irá revitalizar, até o início de 2024, todas as 15 praças  desenhadas e projetadas pelo paisagista Roberto Burle Marx na década de 1930. O trabalho já está em andamento na Praças do Derby; Entroncamento, nas Graças; Arthur Oscar (Praça do Arsenal), no Recife Antigo; e na de Casa Forte. A ação continuará na Praça Chora Menino, Praça Maciel Pinheiro, Praça Dezessete, Largo das Cinco Pontas, Largo da Paz, Praça Salgado Filho e no Jardim da Capela da Jaqueira. Com o envolvimento direto da população, o programa vai transformar 50 praças em locais novos a partir das sugestões coletadas. Isso incluirá recuperação completa, paisagismo integrado, módulos para crianças e a restauração de áreas esportivas para a comunidade desfrutar. PARTICIPAÇÃO - A participação ativa da população no programa Tá Aprumado Praças se dará de três formas. O cidadão poderá responder uma enquete sobre qual praça deve ser priorizada,  entrando no link https://taaprumadopracas.recife.pe.gov.br/votacao-da-selecao-de-pracas/; optar sobre qual é a vocação da praça, por exemplo se ela deve ser priorizada como área verde, de esportes, espaço para academias de saúde ou atividades infantis, no link https://taaprumadopracas.recife.pe.gov.br/vote; para as empresas, adotar uma praça obtendo selo de distinção de acordo com a contribuição concedida (https://taaprumadopracas.recife.pe.gov.br/adote-uma-praca/). Para participar, é preciso se cadastrar no Conecta Recife, clicar no ícone "Tá Aprumado Praças" e receber uma mensagem pelo Whatsapp para confirmar sua identidade.

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Greve dos metroviários pautou o debate do transporte sobre trilhos

Hoje o senador Humberto Costa promove uma visita às instalações do Metrorec, juntamente com um conjunto de parlamentares da bancada pernambucana. O embate das últimas semanas tem como principal ponto de discussão a possibilidade de privatização do sistema de transporte de passageiros sobre trilhos no Recife. Estão confirmadas as presenças da senadora Teresa Leitão e do deputado Túlio Gadêlha. A empresa enfrenta há anos uma crise na prestação de serviços, principalmente após a entrada no Programa Nacional de Desestatização (PND), no início do Governo Bolsonaro. Ano a ano, o orçamento executado da CBTU no Recife era inferior à metade solicitada para a operação, tendo em alguns anos atingido pouco mais de 30%. A pandemia agravou a crise, com a queda considerável do número de passageiros por dia. Desde que o Governo Lula assumiu o poder executivo, havia uma grande expectativa de que o rumo para o sistema traçado pelo Governo Bolsonaro fosse revertido. Mas até agora não foi. O assunto é tão delicado que até então o Governo Federal tem se esquivado de responder sobre o futuro do sistema. Questionado em uma coletiva, o ministro da Fazenda Fernando Haddad indicou que empresas que prestam serviço de interesse social não deveriam ser privatizadas. Porém, deixou em aberto o futuro da CBTU, sem tratar especificamente sobre o caso do Metrô do Recife, conforme foi questionado. Em outra ocasião, o ministro Rui Costa indicou apenas que o metrô estaria recebendo estudos no PAC para ser requalificado. Sem tratar do modelo de gestão. Os metroviários criaram uma caravana para realizar um protesto em Brasília, em frente ao Palácio do Planalto, juntamente com os profissionais da Trensurb, do Rio Grande do Sul, que vive uma situação semelhante. As lideranças sindicais não foram recebidos pelo presidente Lula, mas pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência da República do Governo Lula, Márcio Macedo. A governadora Raquel Lyra, mesmo tendo tratado na campanha eleitoral o metrô como prioridade, também não sentou com os metroviários. Ela também não está na agenda programada hoje pelo senador Humberto Costa. Mais que uma visita para constatar a degradação do sistema sobre trilhos no Recife, a ação de hoje tem a relevância de insistir na tentativa de abertura de um debate sobre o metrô. Audiências públicas já aconteceram na Câmara dos Vereadores, na Assembleia Legislativa e no Senado. Hoje, o palco será na Unicap, reunindo representantes de vários setores. Mas é fundamental que o Governo Federal, que tem a tomada de decisão na mão, se manifeste. "Estamos reunindo forças para buscar soluções. O metrô do Recife é um dos principais serviços de transporte público da Região Metropolitana, mas sofreu um absurdo processo de sucateamento. O sistema foi abandonado e não atende às necessidades da população, além de colocar em risco a segurança dos trabalhadores. Vamos seguir atuando, de maneira coletiva, para encontrar alternativas que garantam a recuperação da rede e restabeleça a segurança e o conforto dos passageiros e dos trabalhadores", afirmou Humberto. Além dos parlamentares, debate deve ter as presenças do diretor-presidente do Grande Recife Consórcio de Transportes, Matheus Freitas, do superintendente da CBTU, Dorival Martins, da chefe do Departamento de Estruturação de Projetos do BNDES, Anie Amicce, e do presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco, Luiz Soares. Existe um consenso sobre a necessidade de recuperação do sistema do metrô, que foi abandonado e atende majoritariamente a população trabalhadora e mais pobre da Região Metropolitana do Recife. O caminho traçado pelo Governo Bolsonaro para o setor de transporte sobre trilhos, no entanto, não é unanimidade. Além do impacto na tarifa, que é uma certeza desse processo, as experiências de outros sistemas amadurecidos que foram privatizados no Brasil não são satisfatórias. O maior exemplo atual é a Supervia, no Rio de Janeiro, mas não é o único. A própria Rede Ferroviária, que tinha uma forte operação em Pernambuco, é um case relevante a ser analisado. Boas decisões não partem de portas fechadas, estudos secretos e sem debate público. O futuro do metrô já está na boca de todo recifense. É preciso qualificar a discussão, com a participação direta dos tomadores de decisão. Pernambuco já perdeu no passado milhares de quilômetros de trilhos em um processo semelhante e hoje luta com muito esforço para retomá-los com a Transnordestina. O Estado quase perde o novo ramal da Transnordestina, também por uma decisão ancorada em estudos sigilosos. A lição tem que ser aprendida. LEIA TAMBÉM

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Intervenção no Parque de Dois Irmãos visa garantir segurança viária e espaço público

A Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) estará inaugurando hoje (18) uma revitalização do espaço em frente ao Horto de Dois Irmãos. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária (BIGRS) e a Secretaria Executiva de Comércio Popular, com o propósito de promover uma convivência mais segura e saudável entre pedestres e veículos. A área será reconfigurada para oferecer mais travessias e espaços dedicados aos pedestres. Com um olhar voltado à redução de velocidades e ao aumento da segurança, o projeto também incluirá elementos que promovam a adequação de velocidade dos veículos. Cerca de 960 pedestres, em sua maioria crianças, transitam pela região a cada hora devido à proximidade do Parque de Dois Irmãos. Reconhecendo a vulnerabilidade desse grupo, especialmente às distrações e aos impactos, a intervenção contará com nove novas travessias e uma expansão de calçadas, abrangendo 1.900 m². Essa ampliação beneficiará o trânsito seguro de pedestres e também acomodará atividades comerciais populares. O novo desenho viário buscará promover um ambiente seguro e tranquilo. As calçadas expandidas e as travessias adicionais contribuirão para um zigue-zague na pista, desacelerando os veículos motorizados. Além disso, a velocidade máxima permitida será readequada para 30 km/h, alinhando-se com as recomendações das Nações Unidas para vias locais. Bancos e balizadores serão implementados como parte do mobiliário urbano, enquanto um sentido único em direção à UFRPE será adotado nas vias da Praça, melhorando a circulação e a organização do trânsito. A relevância dessa intervenção é ressaltada pela incidência de 26 acidentes com vítimas registrados nos arredores da Praça Farias Neves entre 2017 e 2023. “Identificamos que esse era um ponto que merecia um ordenamento especial devido ao número de sinistros de trânsito e por ser uma área com grande fluxo de pedestres. Uma rua com uma velocidade adequada, estacionamentos ordenados e espaços segregados, como estamos fazendo aqui em Dois Irmãos, é uma rua cuja sinalização induz ao respeito e, com isso, salva vidas”, destaca Antônio Henrique, gerente geral de mobilidade humana da CTTU. Hoje a CTTU está realizando atividades educativas sobre trânsito, enquanto a Secretaria da Primeira Infância proporcionará uma biblioteca itinerante em colaboração com o Parque Estadual Dois Irmãos.

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"Podemos aprender com o mangue a nos adaptar às mudanças climáticas"

Marcus André Silva, Professor do Departamento de Oceanografia da UFPE, alerta que o processo de modificação do clima tem ocorrido de forma mais acelerada do que apontavam as previsões, mas que o Brasil tem potencial para adotar soluções para mitigar os danos do fenômeno, muitas delas baseada na natureza. Diante dos efeitos das mudanças climáticas, que seguem em ritmo acelerado, teremos que encontrar soluções que se adaptem à natureza ao invés de confrontá-la. A recomendação é do professor do Departamento de Oceanografia da UFPE Marcus André Silva. Ele sugere que em alguns lugares do Recife, poderemos não recorrer à fria engenharia que ergue barreiras de concreto para impedir a cheia da maré, mas deixar que a água invada e depois vá embora. “Em Veneza, por exemplo, nas macro-marés, alguns lugares são alagados e todo veneziano sai de galocha”, compara o professor que também é coordenador substituto do Centro de Estudos Avançados da universidade. Assim como Chico Science inspirou-se na riqueza da vida no mangue para produzir a sua arte, Marcus Silva, pelas vias da ciência, nos convida também a aprender com esse ecossistema que convive com as oscilações da maré. Nesse sentido, até a palafita pode se tornar uma boa solução, desde que receba modificações para que se transformar numa moradia digna aos ribeirinhos. Nesta entrevista a Cláudia Santos, o oceanógrafo fala dessas soluções, explica como acontece o complexo processo de elevação do nível dos oceanos e alerta que temos que ser ligeiros em abandonar práticas como o uso de combustíveis fósseis porque o curso das mudanças climáticas está mais adiantado do que mostraram as previsões dos estudiosos. Como se dá o processo de elevação do nível dos oceanos? Não é um processo simples, ele envolve uma série de características físicas associadas à água, principalmente a do mar, e ao processo de mudança climática, que começou a partir da Revolução Industrial. Esse evento provocou o aumento das emissões de gás carbônico na atmosfera, que age como um filtro, impedindo que o calor seja dissipado para o espaço. Isso faz com que o planeta retenha mais calor. O oceano é um elemento importante no balanço da temperatura do planeta. Esses 2/3 de água que fazem parte da superfície da Terra retém 90% do calor que é absorvido da radiação solar. Se o continente não tivesse a parcela de oceano, a temperatura entre dia e noite oscilaria bastante. Um exemplo é o deserto do Saara, que é carente de água. Durante o dia ele chega a quase 50°C e, à noite, a temperatura está abaixo de zero. Enquanto no Recife, às margens do Atlântico, mesmo no inverno, a temperatura ficar abaixo de 20° é muito raro, porque recebemos o calor do oceano. Uma vez que aumenta o calor retido no planeta, a temperatura da superfície do mar também aumenta e aí a água vai expandir, vai haver o processo de expansão térmica, um fenômeno físico. Mas esse fenômeno não acontece apenas na superfície do oceano. Se focarmos na temperatura do Atlântico tropical, por exemplo, ela é mais quente até mais ou menos uns 100m de profundidade. Mas no oceano profundo, a 4 mil metros, as temperaturas caem para 4°C. Essa é uma água mais fria, que vem do Ártico e da Antártica. Nos oceanos há uma circulação que conecta a circulação superficial da água, que é basicamente induzida pelo vento, e a circulação profunda, induzida pelas diferenças de temperatura e salinidade que comandam a densidade da água. Então, se a gente tem uma água gelada mais densa ela vai empurrar uma água mais quente e menos densa. Basta pensar num aquário: se colocarmos água gelada de um lado e água quente do outro e juntarmos essas duas águas, a água gelada tende a circular por baixo e a água quente vai circular por cima. Existe um processo que é a circulação profunda da água do mar que vem dos polos para a região tropical e a água quente vai passar a fluir na superfície ao ser empurrada pela água fria da profundidade. Um processo que é contínuo. Acontece que há um aquecimento dos polos, principalmente do Ártico, que está perdendo massa de gelo, de permafrost, o gelo permanente do Ártico. As previsões apontam que essa água doce, que está aportando do desgelo da calota polar, tem a tendência de enfraquecer a circulação profunda. Ela é doce porque quando a água marinha congela, o sal fica na superfície. E, como eu disse, além da temperatura, a salinidade também aumenta a densidade dessa água e ela afunda, fazendo com que ela seja a bomba, o propulsor dessa circulação profunda. Mas com o aporte de água doce do derretimento da calota das geleiras, a água está menos salina, o que diminui a densidade da água do mar do Ártico enfraquecendo essa circulação profunda. Aí, ocorre o enfraquecimento do que chamamos de Célula de Revolvimento Meridional. Ela conecta as principais correntes num processo em que a circulação superficial da água do mar retira calor dos trópicos e o leva para as regiões temperadas e aos polos. A Célula de Revolvimento Meridional funciona como grande trocador de calor do planeta mas, ao enfraquecer, leva o planeta a reter mais calor na superfície do oceano tropical e diminuir o transporte de calor superficial para as regiões temperadas dos hemisférios sul e norte que tendem a ficar mais frias. Por isso que hoje falamos de mudança climática e não de aquecimento global, porque há uma transformação do clima no planeta todo onde algumas regiões apontam ficar mais frias e, outras, mais quentes. Além disso, essa água profunda também está esquentando, logo também está expandindo. Então, não temos só o processo da radiação e da temperatura da atmosfera induzindo a circulação e a temperatura da superfície do mar mas, também, uma tendência de aquecimento de toda a água do oceano. Isso é um processo lento, que as previsões avaliam começar em 2100 e evoluir ao longo do dos séculos. Então o processo é muito mais complexo do que o

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Pesquisa da CNI aponta que menor preço faria brasileiros usarem transporte público

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que a redução de preço da tarifa (25%), a diminuição do tempo de espera (24%) e o aumento da segurança (20%) são os principais incentivos que poderiam levar os não usuários de transporte público a adotarem essa opção nas grandes cidades. O estudo entrevistou 2.019 pessoas em municípios com mais de 250 mil habitantes nas 27 unidades federativas. Os entrevistados também apontaram outras melhorias que poderiam estimular o uso do transporte público, como maior disponibilidade de linhas e percursos, maior conforto interno, melhoria na qualidade dos veículos e tempos de viagem mais curtos. De acordo com a pesquisa, o carro ainda é o meio de transporte mais utilizado diariamente pelos entrevistados, representando 75% das respostas. Em seguida, vêm a motocicleta (60%) e a bicicleta (54%). O ônibus é o meio de transporte coletivo mais frequente, com 50% das pessoas utilizando-o diariamente ou quase todos os dias. A pesquisa também destacou a importância da segurança para o estímulo ao uso da bicicleta, com 39% dos entrevistados afirmando que usariam mais esse meio se houvesse melhorias nesse aspecto. Além disso, o respeito dos motoristas aos ciclistas (35%) e a expansão das ciclovias e ciclofaixas (27%) também seriam incentivos significativos. Outro ponto relevante da pesquisa é a avaliação positiva dos serviços de carros por aplicativos, que foram considerados bons ou ótimos por 64% dos usuários, superando em mais que o dobro a avaliação positiva dos táxis (30%). O metrô foi o segundo serviço mais bem avaliado, com 58% de ótimo ou bom. A pesquisa foi conduzida pelo Instituto Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI) entre 1º e 5 de abril, a pedido da CNI, com margem de erro de 2 pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%. Queda na Utilização de Ônibus Urbanos no Brasil é Atribuída à Pandemia O sistema de transporte público por ônibus urbanos no Brasil experimentou uma queda de 24,4% na demanda entre 2019 e 2022, principalmente devido aos impactos da pandemia. Isso resultou em quase 8 milhões de deslocamentos diários de passageiros a menos, em média, nesse período. Esses dados foram divulgados durante o lançamento do Anuário 2022-2023 da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Embora tenha havido um aumento de 12,1% na demanda e de 10,3% na produtividade do sistema em 2022 em comparação com 2021, o segmento ainda não conseguiu se recuperar completamente dos níveis pré-pandemia.

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Greve no transporte público paralisa a Região Metropolitana do Recife

O movimento simultâneo de rodoviários e metroviários paralisou o sistema de transporte público da Região Metropolitana ontem e hoje (27). O metrô teve 100% das estações fechadas. O serviço de ônibus teve uma circulação muito reduzida no primeiro dia da greve. Diferente da paralisação anterior, quando muitos terminais e paradas de ônibus ficaram lotados, no dia de ontem a cidade ficou esvaziada. Como a greve foi anunciada com bastante antecedência, muitas instituições e empresas suspenderam suas atividades. Na manhã de ontem, o TRT-6 determinou que 60% da frota de ônibus retornasse em horários de pico, e 40% nos demais períodos. Além disso, fixou uma multa diária de R$ 30 mil aos rodoviários em caso de descumprimento. De acordo com a Urbana-PE, pouco mais da metade da frota de ônibus estava circulando no final da tarde de ontem. Pela manhã, a estimativa era de que 30% da frota estava operando. A CBTU Recife também entrou com um pedido judicial para garantir a continuidade do serviço metroviário nos horários de pico, das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 19h30. Até o final do dia de ontem, o Sindmetro-PE afirmou não ter recebido nenhum ofício judicial sobre a paralisação de 48h. Confira abaixo a nota publicada hoje pelo Sindmetro-PE: A paralisação de 48 horas do Metrô do Recife tem ocorrido como o Sindicato esperava. Desde ontem (25), a categoria não rodou nenhuma composição, ou seja, todos os trens estão parados. Todos os membros da equipe de manutenção, assim como os maquinistas, aderiram 100% à paralisação. Hoje (26), à meia noite, completam-se 24 horas de paralisação e a situação continua como está. Nenhuma composição sai e o Metrô do Recife continua parado. A categoria reafirma seu compromisso com o Metrô do Recife de qualidade, que sirva à população da Região Metropolitana e de todo o Estado de Pernambuco, mas vai protestar contra o sucateamento do Metrô e o contra o descumprimento do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) por parte da empresa, a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos). A paralisação também é em protesto pela retirada do Metrô do Recife do PND (Plano Nacional de Desestatização), afastando de vez a ameaça de privatização dos trens urbanos públicos no Recife, assim como os urgentes investimentos na rede como forma de devolver a qualidade e o bom serviço que sempre foram compromisso dos Metroviários de Pernambuco. Termina a paralisação 0h01 da próxima sexta-feira, 28 de julho, ou seja, durante a sexta-feira 28 de julho os trens funcionam normalmente. A categoria continuará mobilizada e na terça-feira, 1 de agosto, haverá uma nova assembleia dos metroviários que pode decretar greve por tempo indeterminado e realizar uma caravana à Brasília para buscar uma conversa diretamente com o presidente Lula.

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ProMorar é apresentado durante Fórum do Prezeis

O encontro realizado na sede da Autarquia de Urbanização do Recife (URB) trouxe um momento de destaque para o papel fundamental do Plano de Regularização de Zonas Especiais de Interesse Social (Prezeis) na implementação do programa ProMorar. O chefe de gabinete do ProMorar, João Charamba, ressaltou a importância da participação social para o sucesso do projeto e como a capacidade de organização do Prezeis contribuirá para a concepção e implementação dos projetos. Durante a reunião, a equipe social do ProMorar explicou a metodologia das oficinas participativas realizadas com os moradores, que buscam entender os problemas enfrentados em cada comunidade e integrar suas soluções nos projetos em desenvolvimento. “A capacidade de organização do Prezeis vai contribuir para que o ProMorar dê certo. A participação social será o diferencial para a concepção e a implementação dos projetos”, afirmou Charamba. Um exemplo de avanço do trabalho social foi destacado na comunidade de Dancing Days, onde a escuta realizada junto aos moradores permitiu o desenvolvimento de um projeto de urbanização em breve apresentado para validação. A secretária executiva Beatriz Menezes (foto acima) explicou que os investimentos abrangerão obras de urbanização integrada nas áreas mais afetadas pelas chuvas da cidade. “Os investimentos serão realizados em obras de urbanização integrada nas áreas mais alagáveis da cidade e na contenção de encostas com alto risco de deslizamento, além de intervenções importantes no rio Tejipió com as obras de macrodrenagem” Após a plenária do Prezeis, os participantes esclareceram dúvidas sobre o programa e a forma como as intervenções urbanísticas serão realizadas. Moradores de Jardim Uchoa trouxeram à tona questões preocupantes, como a situação de risco vivenciada durante as chuvas de maio de 2022, expondo a necessidade de ações efetivas para a prevenção de novos desastres. O esgotamento sanitário e a regularização fundiária também foram pautas importantes trazidas pela comunidade.

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"É urgente recuperar o metrô e ampliar a sua função social"

Economista defende reverter o processo em andamento de privatização do metrô do Recife, com a retirada da empresa do Plano Nacional de Desestatização, e priorizar a recuperação do sistema. "É urgente recuperar o metrô e ampliar a sua função social", afirma o economista Luiz Alves, doutor em geografia econômica e professor da Universidade de Pernambuco. Além de alertar para a necessidade de reverter o cenário de precarização atual do serviço de transporte público de passageiros sobre trilhos no Recife, que decaiu vertiginosamente após a entrada no Plano Nacional de Desestatização (PND) do Governo Bolsonaro, o docente destaca a relevância socioeconômica do setor dentro da gestão pública. Os profissionais do sistema metroviário pernambucano realizaram ontem a primeira paralisação durante o terceiro mandato do Governo Lula, pedindo investimentos para recuperação do sistema e solicitando a retirada da empresa do Plano Nacional de Desestatização. A discussão, que já passou pelo Senado, pela Alepe e pela Câmara de Vereadores do Recife, trata do modelo de gestão do transporte de passageiros sobre trilhos, o único que sobrou dentro da gestão pública. O transporte de cargas no Estado foi privatizado no final dos anos 90, entrando em falência em poucos anos. "O setor de transporte é muito importante. O metrô, especialmente no Recife, transporta trabalhadores e trabalhadoras de bairros populares. Se você observar nossas linhas, tanto Camaragibe, como Cajueiro Seco e Jaboatão, elas atendem áreas de muito adensamento populacional e de uma necessidade muito grande de transporte de qualidade e barato, pois são regiões populares. O Governo Federal deve avançar as conversas e diálogo sobre a CBTU no sentido de tirá-la do PND, não só por isso, mas por outros fatores. Há viabilidade técnica e financeira da CBTU de se manter viável", avaliou o economista. O economista é crítico do modelo de privatização das empresas públicas com funções sociais e defende que a prioridade no caso do sistema pernambucano não é a transferência para uma administração privada, mas de recepção de investimentos públicos para sua recuperação. "O mais importante é a recuperação. Houve recentemente um acidente mais sério, com a quebra dos cabos, o que é indício de precariedade. Isso precisa ser urgente revertido, pois são vidas em deslocamento pelo metrô. Defendo também a permanência na gestão pública e a adequação para que cumpra a sua função social. Empresa privada não tem função social, tem lucro, eficiência a todo custo. Mas empresas como a Petrobras e a CBTU tem cláusulas relacionadas a sua função social". Ele lembra que o sucateamento das empresas públicas é típico desses processos de privatização. "Tivemos num dado período de nossa história econômica, recente, essa estratégia de sucatear, deixar cair a um nivel precário dos serviços, para justificar uma possivel privatização. Essa precarização faz também o preço da empresa cair e venda se tornar mais fácil. Isso foi muito denunciado também no caso dos Correios. Infelizmente é uma prática deliberada". FUNÇÃO SOCIAL Além de melhorar a qualidade do transporte, uma das pautas em discussão dos movimentos em defesa do metrô é pela tarifa social. Até março de 2019 o preço das passagens do Metrô do Recife era de R$ 1,60, quando começou uma escalada de subida. O sistema foi incluído no PND em setembro daquele ano, o primeiro ano do Governo Bolsonaro. Em 2021, o valor da tarifa já era de R$ 4,25. "O mais urgente é recuperar. Sua malha por inteiro está muito precária. Após a recuperação do metrô, é importante avançar na questão social. O Governo Federal tem o desafio de cumprir políticas sociais amplas, o que já tem feito, como o Bolsa Família e Brasil Sorridente. É preciso aprofundar a pauta social. Quanto menos a população gasta com escola, saúde e transporte, mais tem recursos para outros itens de consumo, isso impacta positivamente na economia, com a movimentação das feiras, mercadinhos e supermercados. Para isso precisa de dinheiro, que vai acontecer à medida que a renda sobe ou com o barateando dos custos dos serviços. O metrô é um instrumento poderoso disso. Temos que ter uma preocupação com a função social, que também é socioeconômica", afirmou Luiz Alves. Nos Estados que já passaram por privatizações recentes ou antigas, o modelo de gestão tem resultado em tarifas elevadas nas passagens, como no Rio de Janeiro (R$ 7,40) e, recentemente, em Belo Horizonte (R$ 5,30). Além da inflação no bolso dos passageiros, as privatizações, concessões ou Parcerias Público-Privadas não conseguiram reverter o sucateamento no setor de transporte sobre trilhos, que enfrenta fortes crises em todo o País, como na Supervia, no Rio de Janeiro, e nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, da CPTM em São Paulo. Os sistemas têm acumulado falhas graves nos últimos meses, com um padrão de serviço inferior aos prestados pelos serviços públicos anteriores.

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Mais de 4 mil pessoas estão desabrigadas em Pernambuco

Governo de Pernambuco aumenta apoio financeiro em 100% aos municípios da Mata Sul afetados pelas chuvas. O reajuste imediato dos benefícios emergenciais será permanente em todo o Estado. Pequenos municípios receberão R$ 24 mil, médios R$ 48 mil, grandes R$ 72 mil e as metrópoles terão direito a R$ 120 mil. A medida aprovada pela Secretaria de Desenvolvimento Social busca garantir suporte aos locais atingidos. Em todo o Estado, 4.411 pessoas estão desalojadas e 272 desabrigadas. "Os pernambucanos podem ter certeza que estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para minimizar os problemas ocasionados pelas chuvas. Esse reforço no benefício é uma forma de garantir aos municípios mais condições para ajudar aqueles que estão passando por dificuldades neste momento", afirmou a governadora Raquel Lyra. O Governo de Pernambuco garantiu também 3,8 mil cestas básicas para os municípios afetados pelas chuvas. Ação articulada com o Ministério do Desenvolvimento Social visa atender a população em situação de emergência. As cestas chegarão ao estado ainda esta semana. O Governo do Estado decretou situação de emergência em 15 municípios. Os municípios são: São Benedito do Sul, Belém de Maria, Água Preta, Catende, Quipapá, Xexéu, Barreiros, Joaquim Nabuco, Cortês, Jaqueira, Rio Formoso, Maraial, São José da Coroa Grande, Palmares e Primavera. No município de Catende foi criado, no Salão Nobre da Prefeitura, um Ponto Avançado de Atendimento, que conta com a Defesa Civil, Secretaria da Saúde e Ajuda Humanitária.

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