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Pernambuco Perspectiva

Se o modelo de desenvolvimento de PE está esgotado, o que colocar no seu lugar?

*Por Francisco Cunha Na apresentação que fiz no final de novembro no Teatro RioMar, quanto do 25º lançamento anual da Agenda TGI, tive oportunidade de dizer que, ao que as evidências começam a apontar com mais clareza, estamos às voltas com o esgotamento do modelo de desenvolvimento de Pernambuco, gestado em meados do século passado. De fato, este modelo foi esboçado pela Comissão de Desenvolvimento de Pernambuco (Codepe, precursora do Condepe – Instituto de Desenvolvimento de Pernambuco), criada em 1952 pelo governador Agamenon Magalhães, e contou com a contribuição vital do padre dominicano francês Louis-Joseph Lebret, fundador do movimento Economia e Humanismo, conhecido como Padre Lebret, que esteve no Estado em 1954 e produziu o clássico Estudo sobre Desenvolvimento e Implantação de Indústrias, Interessando a Pernambuco e ao Nordeste. No lendário estudo, o Padre Lebret reconhece a inequívoca vocação portuária de Pernambuco e recomenda a ampliação do porto do Recife para o sul, dada a impossibilidade de sua expansão a norte e a leste do local onde surgiu (atual Bairro do Recife). Além disso, recomenda também a articulação do porto com um complexo industrial que comportaria refinaria, montadora de automóveis, estaleiros e outras indústrias “leves”, tudo suportado pela malha rodoferroviária (com destaque para o futuro traçado da Transnordetina). Com isso, lança as bases do complexo industrial-portuário de Suape, iniciado na década de 1970 e, hoje, um sucesso como um dos melhores portos do Brasil e vocação inequívoca como hubport internacional. Exceto pelo trecho pernambucano da transnordestina, ainda numa pendenga construtiva sem fim, praticamente todo o “desenho” esboçado pelo Padre Lebret foi executado com as derradeiras “peças” sendo implantadas (estaleiros, refinaria, montadora e inúmeras indústrias “leves”) nos governos Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos, no início do Século 21. Coincide com a finalização da implantação do “desenho” do padre, típico da era da industrialização ancorada na economia do petróleo, a emergência de duas importantíssimas tendências de peso: as aceleradas mudanças climáticas e a disrupção digital que trazem em seus bojos, respectivamente, as ameaças do aquecimento global e a da Inteligência Artificial destruidora de empregos. Sendo um Estado que foi dramaticamente mutilado pelo Império Brasileiro no Século 19, em represália às revoluções de 1817 (com a perda da Comarca das Alagoas) e de 1824 (com a perda da Comarca do São Francisco), Pernambuco tem hoje um território mais de 80% incrustado no semiárido nordestino, o mais populoso do mundo, profundamente impactado pelas mudanças climáticas, com temperaturas mais altas e quantidades mais baixas de água. Por outro lado, essa escassez de recursos naturais foi historicamente compensada pela qualidade dos recursos humanos que, agora, encontram-se sob a séria ameaça da disrupção digital. Isso só para falar em apenas duas tendências de peso contemporâneas… Por outro lado, podem ser observadas oportunidades que os novos tempos colocam como é o caso das energias renováveis, do hidrogênio verde, da conectividade internacional, da diversidade bioclimática, da capacidade instalada de inovação tecnológica, dentre outras. Todavia, não vemos nenhum tipo perceptível de preparação para o aproveitamento dessas oportunidade em moldes semelhantes àqueles praticados pela Codepe e pelo Padre Lebret em meados do século passado, diante dos desafios então contemporâneos da sobra de energia elétrica gerada pela Chesf e da industrialização para o desenvolvimento ancorada na era do petróleo.

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90 anos do clássico Casa-Grande & Senzala: uma obra ainda atual

Ao completar 90 anos, Casa-Grande e Senzala permanece essencial para compreender o Brasil *Por Rafael Dantas A obra prima de Gilberto Freyre, Casa-Grande & Senzala, completou 90 anos. Inovador na escrita, na metodologia e no conteúdo, o autor e seu primeiro livro seguem alvos de debates dos mais acalorados no País. Criticado e elogiado, o clássico analisou a formação da sociedade brasileira, destacando a influência da miscigenação cultural num período em que se fortalecia o racismo no mundo. O lançamento de Casa-Grande & Senzala coincide com o ano de chegada ao poder do nazismo. “É o momento em que Hitler ascende ao governo na Alemanha com a proposta de criar uma raça especial, branca, ariana. Aqui no Brasil surge Gilberto Freyre com Casa-Grande & Senzala ressaltando a importância da presença dos afrodescendentes no Brasil, indicando que aquela visão que se tinha do que poderia ser um país com um futuro nefasto ou imprevisto, seria exatamente o contrário. Essa seria a riqueza que o Brasil poderia trazer no contexto da humanidade. Na contramão do pensamento ariano, que passava a predominar na Europa”, analisou o pesquisador Túlio Velho Barreto, na abertura do 1º Seminário do Pensamento Social Brasileiro, promovido pela Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco). O evento mobilizou pesquisadores de todo o País para discutir Por que (ainda) ler Casa-Grande & Senzala 90 anos depois? Como um clássico, o livro que dissertou sobre as interações entre senhores e escravizados, explorando as complexidades do sistema escravocrata e sua influência na identidade nacional, ajudou a explicar o Brasil do início do século passado e hoje contribui para entender os legados deixados por essa formação baseada nas relações familiares patriarcais e na economia da monocultura agrícola. “A história de contato das raças chamadas superiores com as consideradas inferiores é sempre a mesma. Extermínio ou degradação”, escreveu Freyre, há 90 anos. Embora o autor tenha denunciado a violência da colonização, ele é apontado pelos críticos como alguém que também suavizou a percepção das tensões do sistema escravista que imperou no País por séculos e deixou suas marcas até os dias de hoje na sociedade brasileira. O sociólogo Jessé Souza, conferencista do seminário promovido pela Fundaj, explicou que o racismo era explícito e predominante mesmo entre os intelectuais no início do século passado. Quando Freyre nasceu, por sinal, havia passado apenas 12 anos da assinatura Lei Áurea, que marcou oficialmente o fim da escravidão no Brasil. O pensador considera que o mestre de Apipucos é um ponto de ruptura desse pensamento no País. “Quem foi que possibilitou transformar esse racismo explícito? Todos os intelectuais, até os anos 1930, eram racistas. Sem exceção. Aí chega Gilberto Freyre, em 1933, e mostra essa relação, em que a cultura negra passa a ser vista como um dos suportes fundamentais da sociedade brasileira”. INEDITISMOS DE GILBERTO FREYRE “Freyre é mais progressista do que todos os intérpretes, fora o Florestan Fernandes, que vão existir depois dele”, analisa Jessé Souza, que nomeou Gilberto Freyre como o “pai espiritual do Brasil” pela sua contribuição à compreensão fundadora do País. “Freyre criou a imagem que cada um de nós tem na cabeça, inconscientemente, pré-reflexivamente, quando se fala sobre o Brasil. O que me chamou atenção foi a centralidade do tema da escravidão. Ele é o único que põe a escravidão explanando o fundamento da sociedade brasileira”. Para celebrar o marco dos 90 anos da obra, que segue revelando o Brasil, o professor de sociologia Cauby Dantas, da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), coordenou os trabalhos do Núcleo de Estudos Freyreanos para discutir a importância do livro. “O primeiro elemento de contribuição de Casa-Grande & Senzala é a própria operacionalização do conceito de cultura, que ele aprendeu estudando com Franz Boas (antropólogo alemão, considerado o pai da antropologia americana).Além disso, a obra traz muitas outras inovações, como a própria narrativa, com uma linguagem solta, antiacadêmica, em tom ensaístico, e isso é novo”, explica. Assim como Jessé Souza, Cauby ressalta o ineditismo de Freyre ao fazer um movimento inverso ao pensamento majoritário da época sobre a relação entre as raças. “O elogio e a valorização que ele faz da miscigenação também são inéditos", completou. A percepção de Freyre sobre as contribuições dos negros na formação do Brasil, segundo Jessé Souza, provoca uma inibição da visão racista explícita no País, que usará de outros caminhos para se perpetuar nas décadas seguintes. “Quando se proíbe ou se interdita o racismo no espaço público, esse racismo continua. Vai ser usado sob outras mil máscaras”. A continuidade da escravidão e do seu legado é um dos aspectos do Brasil atual que merece ser observado nessa incursão na obra de Freyre. “De que modo a escravidão continua até hoje?”, questiona Jessé Souza. Apesar de não existir pelourinho em praça pública, nem os trabalhadores andarem algemados, ele observa a continuidade dessa relação em vários aspectos do trabalho no País. “As pessoas imaginam que escravidão é aquilo que houve nas fazendas do Rio Grande do Sul. Mas isso é uma cegueira enorme. A escravidão está aí, em todo lugar. Precisamos vê-la. Quando se cria uma classe de pessoas condenadas ao trabalho muscular, você está criando escravos. Como é que o fundamento escravocrata continua até hoje sem mudança? Uma sociedade, assim como um indivíduo, só muda com autocrítica. Se você não se autocriticar, vai continuar com outras máscaras”, completou o sociólogo. Jessé Souza explica que Casa-Grande & Senzala é a obra que explica a gênese da sociedade brasileira, ao relevar não apenas a escravidão, mas ao trazer um aspecto de gênero também. Ele conta que Freyre ressalta a quantidade de mulheres que vêm ao País escravizadas. “Ele vai dizer depois, em Sobrados e Mucambos, que o grande problema do Brasil, mais que o racial, é o de gênero”, destaca. Um passado violento contra as mulheres que continua em vários aspectos disseminado na sociedade brasileira. A variedade de fontes e de temáticas tratados por Freyre, como a vida privada, o cotidiano e o sexo são outros paradigmas quebrados pelo sociólogo. O pesquisador da UFPB conta que

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Brasileiros adultos ainda têm medo associado à covid-19, diz pesquisa

(Agência Brasil) Grande parte dos brasileiros com esquema vacinal incompleto continua com medos associados à covid-19, mostra levantamento feito com 1.840 adultos, de 18 a 59 anos de idade, que tomaram até três doses das vacinas contra a doença. De acordo com a pesquisa “Covid-19 hoje: por que a população não vacinada ainda hesita em se proteger?”, o surgimento de novas variantes é o principal medo manifestado pelos entrevistados (48% das respostas). O medo é mais acentuado nas mulheres (28%) e nos mais jovens de 18 a 24 anos (28%). O menor percentual está entre os mais velhos, de 45 a 59 anos (19%), no Rio de Janeiro (15%). Vinte por cento do total dos entrevistados acreditam que o “pior já passou”, mas consideram que as vacinas podem proteger caso haja nova onda de covid-19. Somente 15% afirmam que a pandemia já terminou e que não têm medo de se contaminar. O levantamento de âmbito nacional, feito em 106 cidades, com recortes no Pará, na Bahia, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Santa Catarina e no Distrito Federal, foi coordenado pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) a pedido da Pfizer. Ele inclui pessoas que não completaram o esquema vacinal contra a covid-19 até o momento, ou seja, não tomaram todas as doses recomendadas para sua faixa etária. Os resultados contemplam dois subgrupos na amostra, envolvendo pessoas com filhos e sem filhos, buscando diferentes percepções sobre vacinação de adultos e crianças. Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alexandre Naime Barbosa, a preocupação em relação às variantes do SARS-CoV2 é legítima. Isso se explica porque o vírus tem o potencial de sofrer mutações com alta frequência, o que geralmente acontece quando é transmitido de uma pessoa para outra, dando origem a uma variante do vírus original. Segundo Naime Barbosa, algumas variantes se disseminam mais rapidamente do que outras, o que pode levar ao aumento de casos e agravamentos ligados à doença. “Essa é uma situação preocupante, especialmente em períodos de maior aglomeração de pessoas, o que inclui as festividades de fim de ano”, destacou o infectologista. Importância A sondagem revela que mesmo quem não está com o esquema vacinal completo acredita que as vacinas contra a covid-19 são importantes para proteger os adultos (86%) e as crianças (82%) e também são seguras para adultos (78%) e crianças (75%). Somente 7% das pessoas não confiam nas vacinas contra a doença, consideram que elas são pouco ou nada importantes e, inclusive, as classificam como inseguras em algum nível para os adultos. Na avaliação da diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro, a imunização continua a ser a principal forma de prevenção contra casos graves de covid-19, contribuindo para reduzir o risco de morte e o número de hospitalizações. “Não podemos esquecer que mais de 700 mil pessoas morreram no Brasil por causa da doença até o momento e que, desde o início das campanhas de vacinação, a mortalidade começou a diminuir drasticamente na população em geral”. Adriana destacou que apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado o fim da emergência de saúde pública para a covid-19, é importante que se mantenha a prevenção, tendo em vista que a doença segue causando internações e óbitos, com mais de 13 mil mortes apenas neste ano. Um eventual retorno da pandemia ou aumento de casos constituiria o principal fator para levar os adultos a completar a carteira vacinal (25% das respostas), seguido do tempo disponível (14%) e da obrigatoriedade (11%). Confiança na eficácia ou segurança das vacinas aparece em quarto lugar, junto com dificuldade de acesso (7% cada). Por outro lado, 20% garantem que nada os levaria a completar o esquema vacinal. De modo geral, os consultados que rejeitam completar o ciclo vacinal contra covid-19 são menos instruídos, têm menor renda familiar e pertencem ao sexo masculino. Entretanto, 72% dos entrevistados disseram que vão se vacinar imediatamente, caso surja nova onda da doença. De acordo com a pesquisa, 45% das pessoas com esquema vacinal incompleto têm consciência de que não estão totalmente protegidas. Trinta e dois por cento afirmam não ter conseguido tomar todas as doses e 13% explicaram que, “como a pandemia acabou”, deixaram de se preocupar com isso. Crianças Cerca de metade da amostra tem filhos com mais de seis meses até 17 anos ou é responsável por alguém nessa faixa etária. Em relação à vacinação infantil, revelaram que a maioria dos filhos (59%) tomou pelo menos uma dose da vacina contra covid-19. Entre os principais motivos para não completar o esquema vacinal dos filhos estão o medo de possíveis reações que a vacina poderia causar, como febre alta, calafrios, entre outros efeitos (20%), e a falta de motivação (10% não veem necessidade de vaciná-los). Outros 65% discordam, em algum grau, da ideia de que as crianças não desenvolveriam a forma grave da covid-19 e, por isso, não precisariam ser vacinadas. Trinta e nove por cento dos pais e mães não chegaram a conversar com o pediatra antes de tomar a decisão de vacinar ou não o filho. Esse percentual cai para 32% entre bebês de 6 meses a 2 anos, passando para 36% na faixa de 3 a 4 anos, 38% no grupo de 5 a 11 anos e alcançando 48% no recorte para jovens de 12 a 17 anos. Somente 2% disseram que o pediatra recomendou não dar a vacina. Fontes de informação A imprensa, incluindo televisão, rádio, jornal e revistas, é considerada a principal fonte de informação sobre o tema por 43% dos entrevistados, seguida dos postos de saúde (30%, em especial das classes D e E); das redes sociais (26%), englobando facebook, youtube, instagram, X (antigo Twitter) e Tik Tok (a maior parte com perfil jovem, de 18 a 24 anos); sites e portais de notícias, mais concentrado em um perfil de ensino superior (25%). Já 67% das pessoas classificaram as informações disponíveis sobre a vacina contra a covid-19 nos diversos meios de comunicação como muito fáceis ou de fácil entendimento, mas duas em cada três pessoas com o ciclo vacinal incompleto contra a

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"Quero tornar a Tambaú uma empresa nacional"

Hugo Gonçalves, presidente da Tambaú conta como seu pai ergueu uma das maiores indústrias alimentícias do Nordeste começando a vender, aos 14 anos, nas ruas de Sertânia, pirulitos feitos em casa. Também fala da segunda e terceira gerações da empresa familiar e dos planos para ganhar o mercado brasileiro. Aos 14 anos, Gerson Gonçalves de Lima era um garoto pobre de Sertânia, no Sertão do Moxotó, que um dia disse ao pai não ter vocação para estudar e que queria ganhar seu próprio dinheiro. A resposta paterna veio em forma de sugestão: que tal fazer pirulitos na cozinha de casa para vender? Proposta aceita, Gerson em pouco tempo já não dependia dos recursos da família, com os trocados que passou a ganhar. Um sucesso que levou seu pai a sonhar mais alto ao propor comercializar doces de frutas tropicais. Montaram uma fabriqueta na vizinha Custódia, onde produziam delícias a partir da goiaba, abacaxi, caju, jaca e até do leite. Tudo feito com receita caseira da família. A produção caiu no gosto do consumidor e transformou a fábrica de Gerson, a Tambaú, numa das maiores indústrias de alimentação do Nordeste. Hoje presidida pelo seu filho, Hugo Gonçalves, a empresa conta com 650 funcionários e produz uma média de 5 mil toneladas de produto acabado por mês – 60 mil toneladas por ano. Hoje, o portfólio é bastante diversificado e inclui, principalmente, derivados de tomates. Essa, aliás, foi mais uma inovação de Gerson. O motivo? "Meu pai disse: `é um mercado muito maior do que o de doces’. Foi uma decisão acertada porque hoje os atomatados representam mais de 70% do nosso faturamento”, ratifica Hugo. Nesta entrevista online a Cláudia Santos, o presidente da Tambaú conta a trajetória da empresa familiar que teve um crescimento de 50% entre 2019 e 2023, mantido sustentável até hoje. O que também permanece é a decisão de manter a fábrica em Custódia, apesar de todos os percalços de se produzir no Sertão. Hugo, porém, tem planos ousados: “pensamos em ter uma outra unidade industrial para poder tornar a Tambaú uma empresa nacional”. É o DNA de empreendedor arrojado de Gerson que persiste na outra geração. Como começou a história da Tambaú? A Tambaú é uma empresa familiar, fundada pelo meu pai Gerson Gonçalves de Lima. Ele era de uma família humilde de Sertânia e, aos 14 anos, disse para o meu avô que não tinha vocação para estudar. Queria ganhar o dinheiro dele e que seu sonho, desde a infância, era ter uma indústria. Foi quando meu avô deu a ideia de começar a fazer pirulitos na cozinha da casa deles. Meu pai saía pela cidade vendendo e no final do dia passava na mercearia, comprava o açúcar que era matéria-prima para o dia seguinte. E foi ganhando dinheiro, não tinha mais a dependência dos pais. Um dia meu avô disse: “Gerson, vamos fazer doces de frutas tropicais”. Naquela época, há 60 anos, na região onde estavam, havia muita produção de frutas porque não havia estiagens tão fortes. Eles alugaram uma outra casa em Custódia onde meu pai montou uma fabriqueta. Inicialmente produziam doce de goiaba. Meu pai era uma pessoa que sempre valorizava a inovação e começou a fazer doces cristalizados, que é aquela mariola. E aí foi de fato, o início da Tambaú. Antes o nome do produto era Goiabada Telma. Depois meu pai teve uma experiência de sair de Custódia para Campina Grande, onde achava que tinha condições de crescer mais rápido por ser um grande centro comercial. Mas chegando lá, percebeu que não havia produção de frutas como na região de Custódia. Ele ainda passou uns dois anos, depois voltou. E veio com três nomes que faziam referência à Paraíba: Tambaú, nome da praia em João Pessoa, Borborema, Campina Grande é conhecida como a rainha da Borborema (referência ao planalto onde fica a cidade) e Cariri (nome da região sertaneja). A família inteira falou que Tambaú era mais bonito. Ele registrou esse nome e inclusive os primeiros rótulos tinham uma alusão a uma praia, com um coqueiro e o mar. Mas, depois, fomos interiorizando mais esse nome, tiramos esses elementos do rótulo e hoje Tambaú, pernambucanamente, é um nome muito forte porque a empresa fez 62 anos, prosperamos e perpetuamos o legado de meu pai. Como era a característica dele como empreendedor? Ele era uma pessoa que valorizava muito a inovação, não se contentou em fabricar somente doces de goiaba. Depois, passou a produzir também de banana, caju, jaca, abacaxi. Quando a empresa fez 25 anos ele disse: “agora vou trabalhar com atomatados”. Perguntei para ele, por que o interesse de entrar nessa área. Ele disse: “é um mercado muito maior do que o de doces”. Como de fato é. Foi uma decisão acertada porque hoje os atomatados representam mais de 70% do nosso faturamento. E em 1997, meu pai foi diagnosticado com câncer de próstata, fez cirurgia e vários tratamentos, mas, no ano 2000, veio a falecer. A Tambaú já era uma empresa bem estruturada e nós nos reunimos – eu, minha mãe, meus irmãos – e, por decisão unânime, passei a ser o presidente, embora fosse o filho mais novo. A empresa começou com meu pai e meu avô, somos a segunda geração e já tem membros da terceira geração trabalhando na empresa. De onde vinham as receitas dos doces? De minha avó, que tinha a habilidade de fazer doces; e meu avô também. Eles passaram muita receita e uma coisa que também faz parte do nosso DNA, que é fazer produtos com foco para o Nordeste. Pessoas de São Paulo, às vezes, comiam nossos doces em calda e achavam muito açucarados, mas nossa região foi colonizada em cima da cana-de-açúcar que, na culinária nordestina, tem um peso muito forte. O nosso ketchup, campeão de vendas, nós o chamamos de "ketchup nordestino" porque é um produto mais adocicado e é o mais vendido porque agrada ao paladar do Nordeste. A Tambaú deixou de fabricar alguns doces. Por quê? Pois

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Rio Capibaribe: dos versos, das vítimas e da visão de futuro

Nesta última reportagem da série "3 Rios, 3 Comunidades, 3 Desafios", o destaque é a Vila Arraes, banhada pelo Capibaribe. A produção é apoiada pelo Programa de Acelerando a Transformação Digital, desenvolvido pelo International Center for Journalism (ICFJ) e Meta, em parceria com associações brasileiras de mídia. *Por Rafael Dantas*Fotos: Felipe Karnakis Apoio As famílias de Daniela Moura, 36 anos, e Edna Souza, 47 anos, moram a poucos metros do Rio Capibaribe, na Vila Arraes, e a poucos quilômetros da Universidade Federal de Pernambuco. A primeira está no bairro desde a infância e há mais de uma década lida com a entrada das águas em sua casa. A segunda mora há cinco anos na região e nunca tinha vivido a experiência de ver seus móveis boiando. No ano passado, ambas viram suas casas serem inundadas, uma até o telhado e a outra chegando no primeiro andar. Hoje, o pior já passou, mas os rastros emocionais, econômicos e sociais permaneceram. O sono de ninguém é mais o mesmo. O medo é que “do nada” as chuvas elevem o nível do rio mais uma vez. As águas e curvas sinuosas do Capibaribe que estão a poucos metros de Daniela e Edna foram a inspiração de muitos versos de João Cabral de Melo Neto. Além da natureza, ele olhou para os seus habitantes. O poeta denunciava em 1950 no clássico Cão sem Plumas a miséria da época vivida na capital. O cenário não é o mesmo, mas as mudanças climáticas, com suas torrenciais chuvas, colocaram a lama na casa de milhares de ribeirinhos. Porém, o mesmo rio que mostrou sua força nas enchentes, também é o motor da perspectiva de uma nova cidade para o futuro, enfrentando problemas tanto do passado, como do presente. AS ÁGUAS PASSARAM, AS MEMÓRIAS PERMANECEM Aquele rio / está na memória / como um cão vivo / dentro de uma sala. Assim o poeta descreve o Capibaribe. A memória dos pernambucanos sobre os dias mais revoltosos do rio remonta às cheias dos anos 1960 e 1970. Houve um episódio menor em 2010 e uma nova grande enchente em 2022. Daniela Moura comprou sua casa há 11 anos, mas desde os 7, está na comunidade. Dona de casa, com três filhas, uma especial de 15 anos e outras de 14 e 8, ela chegou no local, após um antigo morador ter ido embora, depois da enchente de 2010. Desde então, estava acostumada às marés altas que levam águas para dentro de sua residência. Mas, ela nunca pensou que passaria por uma cheia como a de 2022, quando até o telhado ficou submerso. “Todo ano minha casa sempre enchia, mas nunca pensei que teria uma cheia de tomar uma proporção tão grande. Foi muito rápido. Não tive tempo de pegar nada. A única coisa que fiz foi abraçar minha filha que é especial, peguei as outras no braço. Abracei a gordinha e saí correndo no meio da água, que já estava na cintura. Eu sou baixinha. Tive que sair pulando. Foi uma cena que infelizmente não consegui esquecer. Até hoje tomo remédio controlado, tenho depressão. As pessoas dizem: passou. Passou para quem não estava ali naquele lugar. Mas quem conviveu foi a pior coisa que vi na minha vida”. As águas não voltaram a entrar na sua casa. Mas a memória permanece dentro da sala e no choro das filhas quando começa a chover. Apesar de Daniela já ter sobrevivido a uma queda de barreira, que ainda deixou marcas no seu corpo, a enchente é a pior lembrança que ainda a atormenta. Em outra região da mesma comunidade, pertinho de outra margem do rio, está a família de Edna Souza. A localidade é conhecida como Beco da Baiúca ou Malvinas. Ela morava antes em Camaragibe. Com o marido e uma filha já adulta, mudou-se para deixar o aluguel. Apesar da proximidade, o rio nunca havia adentrado em sua residência, que tem um primeiro andar. Em 2022, com a chuva forte, ela recebeu em casa sua netinha com 2 anos, confiando que as águas não chegariam. Mas o rio tomou todo o térreo e no primeiro andar ficou na altura da sua coxa. Diante da situação de muito risco, seu marido abriu um buraco na parede do banheiro do andar superior para a família deixar a casa. “Ao lado da minha casa tem umas placas que o vizinho colocou para fazer uma divisão do terreno. Essas placas ficaram boiando. Os vizinhos juntaram as placas e fizeram um cordão humano para a gente passar. Minha neta estava dormindo com a gente, porque já tinha entrado água na casa de uma das minhas filhas. Foi rápido demais. Foi horrível. Já ficamos amedrontados. Em dia de chuva já não dormimos. Nosso psicológico não é mais o mesmo. Eu não queria voltar, chorava. Mas é a casa da gente”, contou Edna. Além da saúde mental, elas lamentam a perda dos bens construídos por toda uma vida que se diluíram nas águas em poucos minutos. Um mínimo de conforto construído em décadas que precisou ser removido junto à lama, após a descida das águas. E ainda agradeceram pelo fato de não terem perdido ninguém de suas famílias. O professor Wemerson Silva, do departamento de Ciências Geográficas da UFPE, destaca que essas ocupações de baixa renda são resultado de um processo histórico de especulação imobiliária. “Os melhores espaços da cidade foram deixados para classe média e alta, enquanto lugares que não teriam condição de habitação, sejam perto do rio, sejam áreas de morro, sobraram para população que está à margem social. Foram processos de ocupação espontânea sem um mínimo de planejamento. Essas pessoas não deveriam estar ali, mas estão por não terem condições financeiras e por não haver políticas habitacionais para locais mais seguros”. MONITORAMENTO POPULAR E DEMANDA POR INFRAESTRUTURA Com os impactos da enchente, o trabalho da Associação Gris Espaço Solidário foi amplificado. A ONG criada pela cientista social Joice Paixão, em 2018, nasceu para promover aulas de reforço escolar para crianças com dificuldades de

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Estabilidade na confiança empresarial em Pernambuco contrasta com queda nacional

O Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec/CNC), divulgado pela Fecomércio Pernambuco, manteve-se estável no estado no mês de novembro, contrariando a tendência de queda no Brasil. Enquanto o mercado de trabalho no estado teve uma influência negativa, reflexo do terceiro trimestre, o avanço nos investimentos das empresas contribuiu positivamente para a estabilidade. ONDE ESTÃO OS OTIMISTAS O cenário otimista acontece principalmente no setor de bens não duráveis, segundo dados da Fecomércio Pernambuco. De acordo com a pesquisa, 49,7% dos comerciantes desse segmento expressaram otimismo, indicando uma melhoria nas condições atuais do setor. Os dados revelam que gestores de empresas menores, com até 50 funcionários, estão otimistas em relação à contratação de colaboradores nos próximos meses, com 74,5% planejando aumentar o quadro de empregados. No setor de semiduráveis, como vestuário, calçados e perfumes, 86,2% dos empresários acreditam que haverá um aumento nas contratações, impulsionado pelo incremento de mão de obra temporária devido às festas de fim de ano. SETOR DE BENS DURÁVEIS ESTÁ PESSIMISTA Entretanto, o Icec/CNC indica que os grupos que comercializam bens duráveis mostram pessimismo em relação às condições econômicas do Brasil. Empresários desse segmento apontaram que as condições econômicas do país pioraram, alinhando-se à percepção dos consumidores, sendo que a maioria (50,8%) considera um mau momento para adquirir bens duráveis. Rafael Lima, economista da Fecomércio-PE “A estabilidade do Icec/CNC em Pernambuco indica que a confiança dos empresários do setor comercial permanece em processo de estabilização. Na região, seis em cada dez empresários observam uma deterioração na atividade econômica nacional, refletindo as incertezas macroeconômicas como risco fiscal e elevado endividamento. Em contrapartida, o otimismo no segmento de semiduráveis - como vestuário e calçados -, em novembro ainda é impactado pelas sazonalidades de Natal e Ano Novo”.

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Marcio Guiot

"Com a duplicação da refinaria e a Transnordestina sairemos de uma movimentação de 24 milhões t/ano para 50 milhões".

Inovação é uma característica do Complexo Portuário e Industrial de Suape desde quando foi concebido, ao promover uma integração entre porto e indústria e atrair para Pernambuco projetos estruturadores. Ao completar 45 anos de atividade, Suape consolida sua importância na economia local. A previsão é que neste ano movimente 24 milhões de toneladas de carga, mantendo o patamar de 2022, e exiba um faturamento de R$ 407,3 milhões, o que representa um crescimento de 13,43% comparado aos R$ 359 milhões do ano passado. O presidente Marcio Guiot afirma, nesta entrevista a Cláudia Santos, que a inovação continua a ser um norteador, como nas ações de sustentabilidade. Um dos projetos ainda em concepção prevê uma parceria com a Unesco e as empresas instaladas em Suape, com a possibilidade de elas contribuírem no financiamento da administração do complexo. Guiot está otimista com o salto que o porto dará com a Transnordestina e a duplicação da produção da Refinaria Abreu e Lima. As perspectivas do hidrogênio verde também são motivo de otimismo, embora estados, como o Ceará, tenham tomado a dianteira com projetos em andamento do chamado combustível do futuro. Marcio Guiot afirma que a estratégia de Suape não é a exportação do H2V, como visam os estados vizinhos, mas que o hidrogênio verde seja um atrativo para empreendimentos se instalarem no complexo. “Estamos mais empenhados em atrair empresas que venham beber da matriz energética limpa e que gerem valor aqui”. Qual o balanço que o senhor faz desses 45 anos de Suape? O conceito de Suape nasceu há mais de 50 anos e seus idealizadores tiveram a ideia visionária de construir um porto em uma área que fosse distante do grande centro, mas não muito. Foi concebido de forma que pudesse integrar desenvolvimento com sustentabilidade. Temos um cinturão verde que dificulta a ocupação, bem diferente do que vemos na maioria dos portos brasileiros, principalmente os centenários, nos quais as cidades cresceram no seu entorno, sem o cuidado devido. Em relação a números, conquistamos hoje a liderança na movimentação de granel líquido, consolidando Suape no cenário nacional. No cenário regional, somos líderes no Nordeste na movimentação de contêineres e estamos nos consolidando como hub de veículos. Devemos chegar a 100 mil veículos movimentados este ano, quase dobrando o que movimentamos ano passado. Somos considerados no cenário nacional portuário um equipamento que se destaca na gestão ambiental. Falar de sustentabilidade no cenário portuário é falar de Suape. Somos referência, tudo que é feito para gerir os 59% de área de preservação no complexo é muito diferenciado. Somos conhecidos também como um porto inovador, temos projetos que são reconhecidos no cenário nacional portuário. Na área ambiental, quais as ações realizadas? São várias frentes. Temos iniciativas que se destacaram, como as agendas azul, verde e amarela. Na azul, que é relacionada ao mar, temos o selo Amigo do Oceano. É o terceiro ano que concedemos o selo aos terminais arrendatários que cumprem com a legislação rigorosamente para evitar degradar o oceano. Na agenda verde trouxemos o conceito de SAF (Sistema Agroflorestal) que é novo, uma forma de integrar as pessoas que moram no território para que possam produzir uma agricultura familiar de forma sustentável. Em relação à agenda amarela, no passado, fizemos todo o levantamento de emissões de CO2 do complexo. Este ano terminamos o inventário de captura. Agora, estamos debruçados para ver como conseguimos materializar isso num produto que possa ser revertido em recursos para o complexo e ser reinjetado na gestão do território, chegando até o nível de crédito de carbono, que é algo que ainda precisa ser normatizado no Brasil. Temos o potencial de neutralizar as empresas que estão no território, só precisamos encontrar o melhor caminho para isso. Estamos terminando, no final deste mês, um estudo de materialidade, não apenas de Suape como prioridade portuária, mas de todo o complexo e em cima desse estudo vamos priorizar quais os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) que vão ser mais aderentes à nossa realidade e traçar projetos. Do ponto de vista social, temos o desafio enorme de lidar com as mais de 17 mil pessoas que vivem no território e que até ano passado não eram previstas no Plano Diretor. Estamos estruturando uma iniciativa junto à Unesco e vamos trazer as empresas para trabalhar essas pautas conosco porque hoje temos Suape sendo um catalisador de demandas e de obrigações que, muitas vezes, não são nossas, são dos municípios. Mas temos as grandes empresas no complexo, cada uma com as suas estratégias de ESG e o que queremos é fazer de uma forma que seja coordenada, centralizada. Acreditamos que trazendo essas empresas mais próximas de Suape, para a gestão do território, além de trazer mais recursos, traremos mais ideias, novas formas de fazer essa gestão. Estamos tentando formatar de maneira que a Unesco se faça presente. Isso dá uma credibilidade para os órgãos reguladores, e para o setor privado também ter essa relação com o público. No passado, Suape não foi concebido prevendo uma taxa de condomínio. As indústrias que não estão na zona portuária se estabelecem aqui, adquirem a área e não propiciam uma receita recorrente que ajude Suape nessa administração do grande condomínio que somos. Queremos fazer isso, não necessariamente batendo na porta e cobrando uma taxa, mas com uma proposta de geração de valor e isso pode ter uma eficácia maior na gestão do território. E com todo o movimento ESG entrando no valuation das empresas, acho que é bem mais fácil de ser recebido hoje do que alguns anos atrás. Vamos agora falar um pouco do futuro. Qual será o impacto da construção do segundo trem na refinaria? A movimentação de Suape nos últimos anos tem variado entre 23 a 25 milhões de toneladas. Temos a capacidade para movimentar mais. No nosso planejamento estratégico vimos que temos dois movimentos importantes para acontecer que vão nos colocar num outro patamar. Um deles é a duplicação da refinaria, que antes de ter o trem 2, terá duas fases que vão acontecer agora

"Com a duplicação da refinaria e a Transnordestina sairemos de uma movimentação de 24 milhões t/ano para 50 milhões". Read More »

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Francisco Cunha aponta o desafio de superar os extremos na Agenda TGI 2024

Com o Teatro Riomar lotado, o consultor e sócio da TGI Francisco Cunha conduziu a 25ª edição da Agenda TGI na noite de ontem (29). Inspirado do clássico A Era dos Extremos, do historiador britânico Eric Hobsbawm, a tradicional palestra de final de ano pontuou fatos marcantes do Mundo, do Brasil, de Pernambuco e do Recife sobre os extremos ambientais, econômicos, políticos e tecnológicos que atravessamos. Episódios climáticos catastróficos, as grandes guerras que acontecem pelo mundo - não apenas os conflitos Rússia/Ucrânia e Israel/Palestina - e o atentado de 8 de janeiro foram alguns dos inúmeros cenários apresentados e comentados na apresentação que sinalizam o desafio mundial de superar a era dos extremos, que já estamos vivendo. Apesar de fatos complexos e extremamente tensos para o mundo, como a própria guerra fria entre Estados Unidos e China, o tom da apresentação não foi pessimista. Pelo contrário, em meio ao contexto conflitivo, Francisco Cunha destacou que existe um otimismo por parte da população com a melhora da economia, em vários indicadores. A aprovação do arcabouço fiscal, o programa Desenrola Brasil e a melhoria dos indicadores de emprego e inflação foram alguns dos critérios mencionados pelo consultor para explicitar a recuperação econômica do País. Para Pernambuco e para o Recife, há 3 grandes destaques na apresentação do consultor. O primeiro é que o Estado precisa retomar uma visão de futuro e construir um novo planejamento de longo prazo de desenvolvimento para o Estado. Ele avalia que o contexto político é favorável para isso. Para a capital, ele voltou a ressaltar a relevância do Parque Capibaribe, com o conceito de cidade parque, como um caminho de redenção para a cidade que foi desfragmentada ao longo das últimas décadas. Tanto para o Estado, como para a cidade, os desequilíbrios provocados pelas mudanças climáticas tem impactos muito relevantes e que precisam ser acompanhados e enfrentados. A cobertura completa da Agenda TGI 2024 estará na última edição do ano da Revista Algomais.

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A chegada da era dos extremos é o destaque da Agenda TGI hoje (28)

Empresários têm a chance de avaliar os impactos globais em seus negócios na 25ª edição da Agenda TGI | Painel 2024, promovida pela TGI Consultoria em parceria com a revista AlgoMais. Com o tema "A Era dos Extremos chegou. Como atravessá-la", o evento ocorrerá hoje (28), às 19h, no Teatro RioMar, Pina, com inscrições gratuitas. O consultor e sócio fundador da TGI, Francisco Cunha, apresentará uma análise abrangente dos acontecimentos marcantes de 2023, projetando as principais tendências econômicas e políticas para 2024. O foco abrange o cenário global, nacional e local, com destaque para Pernambuco e Recife. Cunha inspirou-se no ensaio clássico "A Era dos Extremos" de Eric Hobsbawm, mas ressalta que, na sua opinião, as contradições do século XXI são ainda mais desafiadoras. O evento conta também com a participação do sócio da TGI Fábio Menezes. ERA DOS EXTREMO CHEGOU Neste ano, no Painel Mensal da Agenda TGI, em que os assinantes da Algomais tem acesso, Francisco Cunha trouxe em todas as edições uma atenção especial aos eventos extremos que aconteciam no mundo e no Brasil. A atualidade dessa agenda é de grande preocupação para Pernambuco - que convive com regiões em processo de desertificação - e, especialmente, para o Recife, que possui uma vulnerabilidade mais intensa com os episódios de fortes chuvas e da elevação dos oceanos. Apesar das análises dos maiores impactos estarem ainda no longo prazo, a agenda ambiental se impõe na preocupação do poder público e da iniciativa privada para ontem, visto a recorrência de episódios catastrófios promovidos pelas mudanças climáticas em todo o País. Além das mudanças climáticas, o debate político nacional após o traumático 8 de janeiro, a turbulenta conjuntura internacional e as grandes oportunidades da nova economia global deverão ser alguns dos destaques da palestra do consultor, no evento empresarial mais prestigiado de final de ano em Pernambuco. FRANCISCO CUNHA “A era dos extremos está realmente sendo vivida agora, com impactos nunca antes vistos no clima, na área de tecnologia e também na política. Estamos vivendo o ano mais quente de toda a nossa história, as pessoas estão vendo as mudanças climáticas e nada fazem, sem pensar nos impactos gigantescos."

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Conexão precoce: Crianças usam cada vez mais a internet

*Por Rafael Dantas As crianças estão tendo acesso às tecnologias cada vez mais cedo e por mais tempo. Em uma sociedade completamente mergulhada em um mundo virtual, os pais dessa geração de “nativos digitais” têm tido dificuldades para tirar os filhos dos ambientes online. O tempo excessivo nas telas dos celulares, tablets ou computadores provoca impactos e riscos que merecem atenção das famílias e também do poder público. Pesquisa do Cetic.br – centro de estudos vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, com o respaldo da Unesco – apontou que 95% das crianças e adolescentes, com idades entre 9 e 17 anos, fazem uso da internet no território nacional. Predominantemente, a conexão se dá por meio de dispositivos móveis, com a grande maioria optando pelo uso do celular. O estudo constatou que 24% dos participantes da pesquisa afirmaram ter iniciado sua conexão com a internet antes mesmo de completarem 6 anos de idade. Essa proporção representa um notável aumento em relação a 2015, quando apenas 11% dos entrevistados indicaram ter começado a se conectar nessa faixa etária. O acesso precoce pode trazer problemas sérios relacionados ao desenvolvimento até motor das crianças, segundo a doutora em psicologia Itala Daniela. A professora da Faculdade Nova Roma, que integra o Grupo de Pesquisa Fenomenologia e Práticas Corporais da USP (Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto, afirma que ao refletir sobre o impacto das tecnologias na infância, é importante atenção aos estágios de desenvolvimento infantil. “A criança precisa passar por experiências sensoriais, olfativas, perceptivas, para desenvolver aquilo que a gente chama de processos psicológicos básicos, que é a percepção, a sensação, a atenção, a linguagem, a memória, a emoção, a motivação. Isso vai desenvolver na capacidade de aprender e de construir inteligência”, explica a professora. “No momento em que a criança está exposta à tela, alguns desses processos psicológicos básicos, inclusive físicos, acabam por não ser desenvolvidos e estimulados como deveriam ser. O uso das tecnologias pode afetar inclusive a coordenação motora”, alerta. Itala explica que faz parte do desenvolvimento da criança viver experiências sociais e físicas típicas da infância, como brincar, correr, interagir com outras, ter estímulos sensoriais diversos. São processos de percepção, de equilíbrio, de desenvolvimento do movimento de pegar objetos, que vão influenciar no desenvolvimento motor fino e percepção de lateralidade (diferenciar direita e esquerda). “Tudo isso só é conquistado quando a criança é estimulada em cenários diversos de sociabilidade. No momento que a gente reduz essa interação à tela, estamos tirando tanto esse desenvolvimento físico, como esses múltiplos estímulos necessários para o desenvolvimento infantil e, portanto, para o desenvolvimento dos processos psicológicos básicos”, explicou a doutora em psicologia. A decorrência do tempo maior de telas – com os excessos de luminosidade e de informações –nesse período da vida geram dificuldades na atenção e no desenvolvimento psicomotor, neuromotor, neuromuscular. Os pequeninos começam a ser prejudicados até com a postura e com os movimentos repetitivos, que influenciam também a sociabilidade da criança, porque ela deixa de interagir com o meio e passa a interagir com uma tela. A professora afirma que isso afeta diretamente o desenvolvimento da maturação cognitiva, linguística e corporal. Professor da Universidade Federal de Pernambuco e da Cesar School, Luciano Meira, lembra que a Organização Mundial de Saúde recomenda zero tempo de uso para crianças até 2 anos de idade e no máximo uma hora diária – que ele considera até excessivo – para crianças dos 2 aos 6 anos de idade. “O uso excessivo do tempo e o mau uso têm provocado um conjunto de efeitos negativos, mas não estão limitados à adição de telas. As pessoas ficam excessivamente conectadas causando uma certa dependência, inclusive, já relatada também pela OMS, em que não se pode ficar sem essas coisas porque causaria ansiedade, eventos de depressão, distúrbios de sono”. MAIOR ATENÇÃO ÀS REDES SOCIAIS Luciano explica que os efeitos nos meninos e meninas têm sido diferentes, pelo tipo de consumo. Enquanto os garotos passam mais tempo proporcionalmente em jogos online, as garotas estão mais conectadas às redes sociais que ele considera perturbadoras da autoconfiança das pessoas, principalmente em crianças e adolescentes. Entre os fenômenos negativos que estão mais relacionados às redes sociais que a outras formas de consumo online estão a normalização da automutilação e a promoção de padrões de vida e de beleza que são irreais. “Há um efeito de promoção de um corpo supostamente perfeito, de uma vida supostamente perfeita, que obviamente não existem. Isso causa crises de autoestima. As meninas, segundo as pesquisas, estão mais conectadas. Todo mundo está submetido a algum tipo de estresse, sejam redes sociais ou jogos online. Embora as meninas estejam bem mais, porque acessam mais as redes sociais, que têm esse caráter degenerativo da autoestima das pessoas. Os meninos estão menos expostos a interações dessa natureza, porque acabam preferindo os jogos online, porém não estão isentos. Mas nos dois casos existe bullying cibernético”, destacou Luciano Meira. O docente explica que o mergulho nesse mundo virtual resulta na redução do tempo de exposição das pessoas a atividades face a face, com outras pessoas em ambientes criativos. Luciano alerta que diante desse cenário as chances de ter eventos de estresse emocional, de melancolia, de depressão, de ansiedade e de distúrbios do sono se acumulam, com fortes consequências sobre a saúde física, mental e intelectual das pessoas. PARA ENFRENTAR A DEPENDÊNCIA DAS TELAS Os pais estão no centro das soluções para reduzir o tempo de exposição das crianças às telas. A missão, porém, não é fácil, quando eles estão conectados, seja pelas redes sociais ou por trabalho em boa parte do dia. Itala destaca, inclusive, que o primeiro desafio é dos próprios pais compreenderem o uso saudável e os objetivos do acesso à web. Tanto deles, como dos seus filhos. “É a primeira geração de pais de crianças que nascem na era da tecnologia, no entanto esses pais também estão mergulhados nessa tecnologia. Tivemos um boom de mergulho tecnológico. Eles precisam primeiro entender os limites”. No contexto de pressões da vida

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