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capa 194.3

Cresce interesse pelo turismo gastronômico em Pernambuco

Para degustrar Pernambuco! A gastronomia tem sido uma saborosa maneira de impulsionar o turismo de Pernambuco, criar novos roteiros e gerar renda para chefs e comunidades. A hora da refeição é um dos atrativos para os turistas que vêm para Pernambuco e para os pernambucanos que se deliciam com experiências gastronômicas que são servidas nas mesas de diversos municípios. Dos frutos do mar do litoral à comida regional sertaneja, passando pelas rotas do vinho, da cachaça e dos cafés, o Estado serve aos visitantes uma variedade bem extensa de alternativas de turismo gastronômico. Além de ser uma maneira prazerosa de conhecer a cultura pernambucana, essa atividade também tem revelado novos roteiros turísticos e permitido a geração de renda em comunidades e locais onde não havia movimentação turística. Leia a reportagem de capa da semana na edição 194.3 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Pernambuco DivulgacaoSEI

Pernambuco recebe investimentos de R$ 455 milhões em parques eólicos

Ventos do Piauí II e Ventos do Piauí III já estão em obras e deverão entrar em operação em novembro deste ano (Do Governo de Pernambuco) O governador Paulo Câmara anunciou, nesta quinta-feira (19.05), a construção de mais dois complexos eólicos da Auren Energia no Estado: Ventos do Piauí II e Ventos do Piauí III. A empresa, uma das maiores plataformas de geração e comercialização de energia renovável do Brasil, aplicará um total de R$ 455 milhões nessa implantação, abrangendo os municípios de Araripina, Ouricuri e Santa Filomena, no Sertão do Araripe. Já está em funcionamento em Pernambuco o parque eólico Ventos de Araripe III, em Araripina. Os dois parques, que estão nos limites do Piauí e de Pernambuco, têm previsão de iniciar as operações em novembro deste ano. O empreendimento já está em obras e, no pico da construção, vai gerar cerca de 590 postos de trabalho. A capacidade instalada será de 94,5 MW, dentro de uma área de 105 hectares. Esta é mais uma intervenção privada que se soma aos R$ 5 bilhões de investimentos públicos do Plano Retomada. “Seguimos buscando a atração de empresas que priorizam a sustentabilidade. Pernambuco apresenta condições climáticas favoráveis para geração de energia limpa. São iniciativas como essa que nos ajudam a desenvolver as cidades e também a gerar emprego e renda”, disse Paulo Câmara, que recebeu o presidente da Auren Energia, Fábio Zanfelice, juntamente com o diretor da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), Roberto Abreu e Lima, na unidade da Adepe na capital paulista. A Auren, que nasceu da reorganização societária dos ativos da Votorantim S.A e do CPP Investments, opera atualmente 21 parques eólicos entre o Piauí e Pernambuco, e avança no desenvolvimento de um potencial de 474 MWac de capacidade instalada em projetos solares fotovoltaicos na região do Araripe. ENERGIA LIMPA - A Auren Energia chega para incrementar os investimentos em energia limpa do Estado. Cinco empreendimentos já estão em fase de operação ou implantação. Juntos, totalizam um aporte da ordem de R$ 5,3 bilhões, com a expectativa de geração de mais 3,2 mil empregos diretos. Estão entre eles, a Kroma Energia (obras a iniciar), a Eólica Tecnologia (unidade a ser inaugurada no segundo semestre deste ano), a Solatio (em operação e outros projetos em negociação), Enel Green Power (em operação) e Canadian Solar (em operação e outras unidades em implantação). A Auren Energia é uma das maiores plataformas de geração e comercialização de energia renovável do Brasil. A companhia opera com uma matriz limpa e diversificada em ativos localizados em diferentes regiões e uma capacidade instalada de 3,3GW.

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Leitos pediatricos Maria Lucinda Credito Miva Filho 1

Em 2 semanas, Pernambuco deve dobrar número de leitos de UTI para crianças

Estado também autorizou convocação de novos profissionais concursados, além de reforçar escalas nas UPAs e promover capacitação de profissionais da pediatria (Da Secretaria de Saúde de Pernambuco) Durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (18/05), na Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), no Bongi, zona Oeste do Recife, o Governo de Pernambuco, que já possui a maior rede de terapia intensiva para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) no público infantil do Nordeste, anunciou o cronograma de abertura de novas vagas. Ao todo, em duas semanas, devem ser abertas 80 novas vagas de UTI para crianças, praticamente dobrando a capacidade instalada. A medida ocorre por conta do grande aumento das doenças respiratórias, que tem provocado aumento de internações de crianças com quadros respiratórios graves no Estado. A rede pública estadual já recebeu autorização para colocar em operação, nesta quinta-feira (19/05), 30 novos leitos de UTI pediátrica, distribuídos pela UPAE Goiana (10), na Zona da Mata Norte; no Hospital Regional de Palmares (10), na região da Mata Sul; e na Maternidade Brites de Albuquerque (10), em Olinda. Até o início da próxima semana, já foi acertada a abertura de outros 30 leitos - junto à rede contratualizada - no Recife, no Hospital Maria Lucinda (10); em Jaboatão dos Guararapes, no Hospital Memorial Guararapes (10) e na cidade de Bezerros, no Agreste do Estado, no Hospital Jesus Pequenino (10). No final da semana passada, já foram inaugurados 10 leitos no Hospital e Maternidade Santa Maria, em Araripina, e, na noite de ontem (17/05), mais 10 leitos no Hospital Eduardo Campos, em Serra Talhada. Além disso, oito leitos de enfermaria ganharam suporte ventilatório no Hospital Maria Lucinda no dia de hoje. “Diversas vezes ressaltamos nossa preocupação com o período sazonal e, por isso, já vínhamos trabalhando para ampliar a oferta de leitos. Do ano passado para cá, mais que dobramos as vagas de UTI para este público na rede estadual, passando de 56 leitos na sazonalidade de 2021 para 116 atualmente. Mas estamos vivendo um grande aumento de casos de doenças respiratórias, com maior grau de severidade e também frequência de solicitação de leitos, desta vez com foco nas crianças e predominância do vírus sincicial e rinovírus. O número de solicitações de UTI para crianças teve aumento de 3 vezes em comparação ao período sazonal do ano passado. E isto é algo que extrapola qualquer planejamento. Neste cenário, o governador Paulo Câmara determinou a abertura de todos os leitos necessários. E, mesmo com a escassez de intensivistas pediátricos e neonatais – realidade de todo o país, vamos abrir em duas semanas 80 novos leitos, praticamente dobrando novamente a capacidade de terapia intensiva para crianças", informou o secretário estadual de saúde, André Longo. O gestor detalhou que, na sazonalidade das doenças respiratórias do ano passado, o Estado registrava, em média, 53 solicitações por leitos de UTI infantis por semana. Na semana passada, foram 150 – número três vezes maior. Esta alta na demanda por internações envolvendo crianças e o aumento no fluxo de atendimentos pediátricos têm relação direta com a maior exposição das crianças aos diversos vírus e também ao menor contato delas com os agentes infecciosos. Em crianças pequenas, de até 2 anos de idade, o vírus sincicial respiratório (VSR), um dos principais agentes de uma infecção aguda nas vias respiratórias, corresponde a mais de 40% dos quadros. E, nas crianças maiores, o rinovírus humano (HRV) corresponde a 20% dos casos na faixa etária entre 3 e 5 anos e 66% nas crianças entre 6 e 9 anos. “A maioria dos casos fazem infecções leves, com tosse, coriza, febre baixa, com uma resolução de 3 a 5 dias. No entanto, mesmo não sendo uma característica em todos os casos, há quadros de maior gravidade. Indicamos que, se possível, evitem nesse momento lugares fechados e com aglomeração. Esperamos que em junho, esses números comecem a reduzir e desafogar o sistema de saúde”, afirmou o pediatra e vice-presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco, Eduardo Jorge da Fonseca. Como medidas essenciais para reduzir a transmissibilidade dos vírus, o médico pediatra ressaltou, ainda, a importância de lavar as mãos e lavar as narinas com soro fisiológico. "Só é necessário procurar as grandes emergências pediátricas em casos mais graves quando houver algum sintoma mais persistente, como febre de 3 a 5 dias e desconforto respiratório. Inicialmente, as famílias devem procurar as unidades básicas de saúde", finalizou. REFORÇO DE PROFISSIONAIS – O Governo de Pernambuco também publicou no Diário Oficial desta quarta-feira (18/05), a nomeação de 369 concursados para reforçar a rede pública estadual de Saúde. Do total de convocados, são 72 médicos, 129 analistas em saúde (profissionais de nível superior), 166 assistentes em saúde (profissionais de nível médio), além de dois fiscais de vigilância sanitária. Dentre os médicos, 14 são pediatras e 46 são fisioterapeutas, que irão reforçar os plantões em unidades de referência em pediatria. Apenas neste ano, com mais essa convocação, já são 915 servidores públicos nomeados pelo governador Paulo Câmara para a rede estadual de Saúde. A última nomeação ocorreu em abril, sendo convocados 256 profissionais (112 médicos, 53 profissionais de nível superior e 88 de nível médio, além de três fiscais de vigilância sanitária). No início do ano, em janeiro, foram convocados 290 concursados para a Saúde (101 médicos, 56 profissionais de nível superior, 128 de nível médio, além de cinco fiscais de vigilância sanitária). Ao todo, desde o início da pandemia, com mais essa nomeação, já são mais de 15 mil profissionais convocados para qualificar a assistência à saúde da população em Pernambuco, sendo 4.828 mil candidatos aprovados em concurso público da pasta e outros 10.828 mil profissionais aprovados em seleções públicas. CAPACITAÇÃO - Em outra frente, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) já autorizou o reforço nas escalas de plantão de pediatria e de fisioterapia nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estaduais. Além disso, em parceria com a Sopepe, será realizada capacitação com os profissionais da rede estadual para garantir uma maior qualidade no atendimento e mais segurança na assistência.

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Revista Algomais 194.2

A cidade renasce nas ruas. Mais pessoas frequentam locais ao ar livre no Recife

Por Rafael Dantas, repórter da Algomais Mais gente nas ruas. Essa percepção de qualquer morador do Recife ao observar os ciclistas pela cidade e os parques públicos mais movimentados não é uma exclusividade da capital pernambucana. Pesquisa recente publicada pelo Instituto Semeia apontou que 43% dos brasileiros desejam frequentar praças e locais ao ar livre e 46% querem ter mais contato com a natureza. Essa virada no comportamento da população, que acontece após longos meses de isolamento social, traz mudanças importantes na vida urbana e reforça antigas demandas ao espaço público, como infraestrutura para a mobilidade ativa, mais segurança e melhor iluminação. Na raiz da motivação dos pernambucanos de ocupar as ruas está a necessidade de cuidar da saúde, de voltar a interagir pessoalmente com os amigos ou mesmo de se reconectar com a cidade, após um período extenso de restrições. “Nesse momento, vimos que as questões ligadas à saúde, alimentação saudável, contato com o verde e vida ao ar livre entraram mais intensamente na vida de muitas pessoas. A incorporação mais intensa desses aspectos aponta para a necessidade de ajudar essa parcela da população a encontrar caminhos para ressignificar e operacionalizar suas intenções”, destacou o estudo Parques e a Pandemia - Comportamentos e Expectativas, do Instituto Semeia. Leia a reportagem completa na edição 194.2 da Revista Algomais: assine.algomais.com Na edição da semana, destaque ainda para a entrevista com Philippe Magno e para as colunas de João Alberto e a Mais Gourmet, assinada por Rivaldo Neto.

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Cesar Cavalcanti

"A pandemia afetou de forma significativa, quase terminal, a sustentabilidade do sistema de transporte público"

Cesar Cavalcanti, professor Aposentado da UFPE, membro das Academias Pernambucana e Nacional de Engenharia e Diretor da Regional Nordeste da ANTP (Associação Nacional de Transporte Público) fala para a Algomais sobre como a pandemia aprofundou a crise econômica do setor de transporte de passageiros e aponta algumas alternativas para virar esse quadro, que é crítico para a sustentabilidade das cidades. Quais os principais desafios para a qualificação dos sistemas de transporte público das metrópoles brasileiras, como do Grande Recife? O momento em que vivemos é extremamente desafiador e os sistemas de transporte não ficaram imunes a esta condição. Pelo contrário, os chamados Sistemas de Transporte Público de Passageiros em áreas urbanas, conhecidos pela sigla STPP, já vinham sofrendo muitas dificuldades desde antes o surgimento da pandemia de Covid-19 e, durante a eclosão do vírus, viram sua demanda, já decadente, decrescer a níveis alarmantes. Junte-se a isto, as mazelas provocadas pelo uso crescente dos veículos individuais, que contribuem para obstruir o escasso espaço viário disponível, contribuindo para tornar, ainda menos atrativo, o transporte coletivo. Outro fator de pressão sobre os STPPs, reside no reconhecimento da necessidade de descarbonização do setor, de forma a reduzir a emissão de gases de efeito estufa (a mobilidade urbana, da forma como hoje é realizada, é a principal responsável pela emissão desses gases) e assim, proteger o meio ambiente urbano e a saúde das pessoas que nele habitam. No âmbito econômico, destaca-se a premência de desconectar a histórica vinculação entre o preço do serviço ou “passagem” cobrado ao passageiro e o valor pago ao prestador daquele serviço, por razões a serem abordadas logo abaixo. Por fim, destaca-se a necessidade de conceber e efetivar novas formas de contratação dos serviços, que viabilizem a implantação de sistemas verdadeiramente integrados, nos aspectos operacional/modal, físico e tarifário. Embora outros desafios existam, acreditamos que esses se incluem entre aqueles de maior relevância. Como a pandemia afetou a sustentabilidade dos sistemas de ônibus ou metrô? Ao difundir o sistema de home office, limitar o número de passageiros por veículo de transporte, acometer parte do pessoal de operação pela doença e fechar ou reduzir a operação de diversas categorias econômicas, entre comerciais, esportivas, de lazer e culturais, a pandemia de Covid-19 afetou, de forma significativa (outros dizem, que, de forma quase terminal…) essa sustentabilidade: reduziu a demanda, suprimiu a disponibilidade do pessoal de operação, elevou os custos de operação por passageiro transportado, restringiu as alternativas de investimento e, de quebra, ainda contribuiu para denegrir a imagem dos STPPs, sob a controversa hipótese de que o transporte coletivo era, necessariamente, o maior disseminador do vírus. Como a recente alta dos preços no País está afetando o setor de transporte público? Os itens de custo mais importantes para o setor são a mão de obra, com participação de cerca de 50%, e combustíveis, com aproximadamente 30% dos custos totais. Como a mão de obra teve sua remuneração congelada, desde o começo de 2020, é de se esperar o recrudescimento das reivindicações salariais dos trabalhadores nos STPPs, como, de fato, tem se verificado em todo país, através de greves, operações padrão e outros expedientes prejudiciais à plena operação dos serviços. Já no caso do combustível, verifica-se um significativa ampliação do custo do combustível no conjunto dos custos do transporte, conforme pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, que aponta para o crescimento de 70% do preço do óleo diesel, desde 2020. Sem esquecer que outros integrantes do custo do transporte também passam por uma substancial pressão inflacionária, verifica-se que, de acordo com estudo da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro – FETRANSPOR, publicado na Revista ÔNIBUS, de março p.p.,o custo por quilômetro do serviço metropolitano de transporte de passageiros na RMRJ, entre Janeiro de 2020 e Janeiro de 2022, passou de R$5,2805 para R$6,4829, um aumento de 22,8%. Hoje, quais as principais discussões para se encontrar uma solução para o financiamento do sistema de transporte público no Brasil? Sem dúvida, esta é uma questão vital para garantir a continuidade dos serviços e ela se desenvolve em duas vertentes muito importantes: novas formas de licitação dos serviços, associadas a ideias inovadoras sobre sua gestão e a questão do financiamento dos serviços, propriamente dito. Na primeira vertente, argumenta-se pelo aumento da transparência do processo licitatório, com a realização de audiências públicas e/ou a criação de Comitês Gestores que possam aferir, com seriedade e competência as vantagens, deficiências e limitações das novas ideias que estão sendo adotadas nos países desenvolvidos, tais como, entre outras, a compra ou leasing, pelo setor público, dos veículos de transporte, com a operação entregue à iniciativa privada, por licitação. No que toca à gestão, vislumbra-se a amplificação da oferta de alternativas de transporte (patinetes, bicicletas, sistemas estruturados de carona, veículos por aplicativo, ônibus, people movers (do qual dispomos um notável exemplo, o AEROMOVEL de Porto Alegre, idealizado por Oskar Coester), VLTs, Metrôs e, no futuro, veículos aéreos), todas convenientemente interligadas e integradas, física, operacional e tarifariamente. A vertente do financiamento toca numa chaga antiga do STPP brasileiro: sua absoluta dependência, até poucos anos atrás, das tarifas pagas pelos seus usuários, para custear a operação dos serviços e prover os recursos necessários para sua modernização/aprimoramento e expansão. Atualmente, são reconhecidos dois inviabilizadores desta opção: 1) o transporte coletivo regular urbano é um serviço caro, quando se pretende que ele apresente elevados níveis de segurança, rapidez, conforto e confiabilidade e essa carestia se reflete, naturalmente, na planilha tarifária, na razão direta da frequência e extensão territorial e temporal dos serviços oferecidos, e na razão inversa da diminuição da demanda que o utiliza 2) o cerne da demanda do STPP é constituído pelos segmentos de menor poder aquisitivo da população e, a esta dificuldade acresce o fato de que, esses usuários tendem a utilizar o transporte, pelo menos duas vezes por dia, em 5 ou 6 dias da semana (imagine-se 45 viagens/mês, a um custo médio de R$5,00/viagem, representando 225,00/mês, ou 18,6% do salário mínimo, para apenas

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Inspirado em colivings europeus, Yolo anuncia investimento de R$ 55 milhões no Recife Antigo

As obras começam no 2º semestre deste ano  O Yolo Coliving, primeiro empreendimento do Nordeste inspirado nos colivings europeus, traz para Pernambuco um modelo inovador de moradia com espaços compartilhados. A unidade de estreia da rede ficará no Recife Antigo, mas a empresa prevê expansão para Salvador, Fortaleza e Florianópolis. O empreendimento de estreia receberá um aporte de R$ 55 milhões e será construído no Bairro do Recife, na Avenida Cais do Apolo. O modelo de negócio foi inspirado nos principais equipamentos em funcionamento em países como Inglaterra, Holanda e França e conta com um funding de investidores e plataforma tecnológica própria. A solução foi idealizada pelos sócios e founders do YOLO, Yves Nogueira, Italo Nogueira e Diogo Nogueira, empreendedores seriais e investidores-anjo em mais de 60 startups no país. “Especialmente para os Millenials e as gerações mais novas, o mais importante não é ser dono do imóvel, mas colecionar boas experiências e nutrir o sentimento de pertencimento a uma comunidade com valores similares aos seus. É exatamente isso que queremos oferecer no Yolo, um empreendimento que nascerá baseado em construir relações humanas e oferecer facilidade de serviços aos seus hóspedes.”, destaca Yves Nogueira, co-founder e Relações com Investidores  (R.I) do YOLO.  A unidade pernambucana oferecerá área privativa de mais de 7 mil metros quadrados, dividida em 225 unidades habitacionais, e cerca de 4 mil metros quadrados de área comum, que contará com 14 lojas. O prazo estimado em projeto para construção é de 24 meses, com início das obras previsto para o segundo semestre de 2022.   Os sócios Italo, Diogo e Yves Nogueira: know-how em TIC e planos de expansão 

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Avenida Guarrapes

Uma parte da história do Brasil em cada esquina do Recife

*Por Francisco Cunha Desde que a Prefeitura do Recife anunciou, no final do ano passado, a criação do Programa Recentro e do Escritório do Centro que eu me voluntariei para apoiar esse esforço, mais do que meritório, essencial para o futuro da cidade. Pois acredito piamente que não pode existir cidade minimamente desenvolvida com um centro degradado como está o nosso. Ainda mais sendo um centro de cidade tão importante para a história do Brasil como o do Recife! Comecei propondo um roteiro “recosturador” dos fragmentados bairros do Recife, de Santo Antônio e de São José e guiando diversas caminhadas de reconhecimento pelo território do Recentro. E devo confessar que, mesmo para mim que já caminhei provavelmente milhares de quilômetros pela região, foram inúmeras as surpresas. Eu já havia repetido várias vezes, parafraseando Leonardo Dantas Silva, que “O Recife é o museu vivo da história de Pernambuco”. Todavia, não seria demais esticar a imagem e dizer que o centro da nossa cidade é uma espécie de “museu vivo da história do Brasil”. Se não, vejamos, dentre outras singularidades verificáveis, no interior do território demarcado, encontramos: o local da primeira Sinagoga das Américas (Rua do Bom Jesus); a primeira ponte de sua dimensão no País (a Maurício de Nassau, a do “boi voador”, que tinha pelo menos o dobro do seu atual comprimento); o local do primeiro observatório astronômico do Hemifério Sul, construído por Maurício de Nassau (no atual cruzamento da Rua do Imperador com a Primeiro de Março); o prédio do mais antigo diário em circulação da América Latina (Diário de Pernambuco, na “Pracinha do Diário”); uma dos primeiros edifícios com elevador do Brasil (o “Arranha-céu da Pracinha, também na “Pracinha do Diário”); a única avenida totalmente projetada antes de ser construída do Brasil (a Av. Guararapes, em estilo Art Déco); o local onde funcionou o Quartel General da Quarta Frota da Marinha Norte-Americana na 2ª Guerra Mundial (a Frota do Atlântico Sul, na Av. Guararapes); o local demarcado da eclosão da Revolução Pernambucana de 1817 (onde o “Leão Coroado” furou a barriga do marechal português, atual Edifício Seguradora); o local da chegada ao Continente Americano do primeiro voo a cruzar o Oceano Atlântico (tripulado por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, na atual Praça 17); o local onde se deu o estopim da Revolução de 1930 com o assassinato de João Pessoa, presidente da Província da Paraíba, e candidato derrotado a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas (na antiga Confeitaria Glória, no cruzamento das atuais ruas Nova e da Palma); o prédio onde foi instalada a segunda escada rolante da América Latina (na antiga Viana Leal, na Rua da Palma). E olhem que esses exemplos não constituem sequer a vigésima parte do que já tenho anotado como pontos de interesse histórico do Centro do Recife. Isso sem falar do inestimável tesouro barroco/ rococó das igreja e capelas da região, patrimônio histórico do Brasil e do mundo, com sua impressionante e única cantaria em pedra de arrecifes e suas maravilhosas talhas douradas… É esse tesouro histórico, artístico, cultural e humano que os recifenses temos a obrigação geracional de resgatar, valorizar, animar e restituir à cidade, tornando-o novamente desfrutável para os da terra e os de fora. Vamos nos engajar nesse esforço coordenado que está sendo feito. Estamos devendo isto ao Recife, a Pernambuco e ao Brasil!

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Suely de Luna 1

"Há outra cidade colonial por baixo do Recife"

Suely de Luna, historiadora e arqueóloga da UFRPE, conta como são realizados os trabalhos nas escavações da região do Pilar, no Recife, onde foram encontrados dois cemitérios, um da época da ocupação holandesa e outro do Século 19, os vestígios de um forte e várias peças e fragmentos de objetos. Desde março, a mídia tem noticiado a descoberta de verdadeiros tesouros arqueológicos na comunidade do Pilar, no Bairro do Recife. Na região está sendo construído um conjunto habitacional e durante as escavações foram revelados dois cemitérios, dos quais não havia registros, e vestígios do Forte de São Jorge, um dos primeiros da cidade. Também foram encontrados peças e mais de 40 mil fragmentos de objetos. Um verdadeiro quebra-cabeça que profissionais da Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, estão montando para entender melhor o nosso passado e sua influência no presente. Para explicar como é realizado esse trabalho, Cláudia Santos conversou com Suely de Luna, historiadora arqueóloga e coordenadora geral do programa de resgate arqueológico na Comunidade do Pilar. Ela fala da importância dessas descobertas e da possibilidade que proporcionam de transformar a região em ponto turístico, abrindo novas perspectivas de geração de renda entre os moradores locais. Como está sendo o trabalho das escavações no Pilar? Para realizar qualquer projeto de construção no Centro histórico do Recife é necessário que seja feito o trabalho arqueológico, por ser uma área histórica tombada. Uma outra equipe já atuou no local tempos atrás. Em 2015 a prefeitura fez uma licitação pública e a Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, ganhou e, no final daquele ano, começamos a escavação. Eles dividiram a área em quadras (ao todo são cinco quadras) e estipularam que a primeira a ser trabalhada seria onde havia uma parte de um habitacional construído. Concluímos o trabalho nessa área onde foram implantadas obras, como alguns edifícios, creche, escola e o posto de saúde. Essa parte já está entregue à comunidade. À medida em que foi sendo trabalhada cada quadra, tivemos vários achados. É muito material de praticamente todas as épocas, desde o final do Século 16 até o Século 21. Mas a concentração maior é do Século 19, quando houve uma expansão do Recife e aquela região foi mais ocupada por pessoas. Antes no período colonial, era uma área chamada de “fora de portas”, que era o limite do que seria a Vila do Recife, e que começou a expandir no final do Século 18. No Século 19 houve um boom. Foram construídas muitas casas. A Igreja do Pilar é do Século 18 e foi erguida com parte das pedras que eram de uma fortificação. Com as escavações conseguimos localizar uma parte da fundação dela. Era o Forte de São Jorge, que foi o primeiro do Recife. Existiam dois: um ao lado da barra e outro no istmo. Quando houve a invasão holandesa da Companhia das Índias Ocidentais, esse forte se transformou numa enfermaria. Depois que os holandeses foram embora (nós chamamos os holandeses, mas, na verdade, trata-se da Companhia das Índias Ocidentais, que era uma empresa privada) aquela região ficou quase abandonada, o forte ficou sem serventia e houve a doação daquele pedaço de terra para uma pessoa da época. Uma das cláusulas para a doação era que se construísse a igreja que foi a de Nossa Senhora do Pilar. E o que se sabe sobre os esqueletos encontrados? Ninguém sabia, mas no período da ocupação havia um cemitério próximo de onde hoje está a igreja e do antigo forte. Calculamos que que ele seja do final do Século 16 até, pelo menos, meados do Século 17, pelas datações que fizemos de carbono 14. O cemitério tem características bem peculiares, são esqueletos de pessoas de porte alto, que condizem mais com um tipo de europeu do centro da Europa, a região nórdica, do que da península. A maioria, 99% deles, são homens, jovens, de idade militar. Até agora, pelo menos o que a gente conseguiu identificar em campo, é que só há uma mulher e é uma menina relativamente nova, de uns 14 anos, que tinha cerca de 1,75 m de altura, portanto, mais alta do que a média normal das mulheres da colônia. A estrutura desse cemitério também é diferente, há sepulturas com um esqueleto, outras têm dois e existem sepulturas com três esqueletos. Geralmente quando se tem sepulturas duplas ou triplas significa que aquelas pessoas morreram no mesmo dia e que foram enterradas nessa coletividade. Por que eles foram enterrados assim? Qual a causa dessas mortes? São questões que vamos investigar em laboratório. Mas há duas possibilidades. Primeiro, é que foram mortos em enfrentamentos bélicos, talvez uma parte, não todos. Outra grande possibilidade é que morreram em decorrência de alguma epidemia, porque ter sepulturas com duas ou três pessoas significa que foram mortes sucessivas, em períodos extremamente curtos. Mas só os estudos de laboratório, que serão feitos por especialistas na área de bioantropologia humana, é que podem comprovar essa possibilidade. Existia alguma epidemia naquele período? Existiram vários surtos de epidemia desde o período colonial até o período imperial, na verdade, até o Século 20, de doenças como difteria, cólera, e muitas pessoas, na época inicial da ocupação, principalmente, sofriam de escorbuto. Não era uma epidemia, mas uma doença que se desenvolvia por falta de vitaminas. Eram comuns também febres e diarreias crônicas devido à qualidade de água ou de algum alimento contaminado, porque a água não era fácil de ser encontrada. Isso ocorria, principalmente, nos anos iniciais em que os holandeses estiveram no Recife. Eles ficaram ilhados, não tinham acesso a uma água boa, a frutas, a uma alimentação mais rica e isso deve ter causado grandes problemas de saúde. Lembrando que a área era pequena e o contingente de pessoas muito grande para o espaço. Isso a gente encontra nos relatos históricos, como a reclamação dos preços dos aluguéis no Recife, onde se amontoava muita gente, havia muitos soldados mercenários da companhia que não

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marcelo bandeira

"O transporte público não pode mais ser bancado exclusivamente pelo passageiro ou seu empregador"

Marcelo Bandeira é Conselheiro de inovação da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e diretor de comunicação da Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco). Nesta entrevista concedida à Revista Algomais, ele fala sobre os impactos da pandemia de Covid-19 no sistema de transporte coletivo e dos desafios de equilibrar o sistema diante da inflação acelerada no País. De olho no mercado local e inspirado nos modelos internacionais de referência, ele defende que a tarifa não pode ser paga apenas pelos passageiros e pelos empregadores. Um outro modelo de financiamento precisa ser redesenhado. Qual o cenário atual, após o pior período da pandemia, do setor de transporte público de ônibus? Temos verificado que, apesar do cenário pandêmico estar caminhando para a normalização, com a retirada das restrições de funcionamento dos estabelecimentos e volta ao funcionamento presencial da maior parte das atividades, os sistemas de transportes têm observado uma perda significativa de passageiros. Avaliamos que, em parte, esta tendência se deve ao aumento do desemprego, comprometimento da renda da população e adesão por parte de empresas de vários segmentos a um modelo de trabalho híbrido, reduzindo os deslocamentos semanais, além da migração de parcela dos estudantes à modalidade EAD, que já existia, mas ganhou mais notoriedade após a pandemia. Em comparação ao período anterior da pandemia como está a quantidade de usuários do sistema? Passados mais de 2 anos do início da pandemia e mesmo se observando o retorno de praticamente todas as atividades econômicas e escolares, ainda se verifica uma queda superior a 20% do total de passageiros em relação ao período pré-pandemia. Em contrapartida, a frota em circulação representa 95% daquela que operava em março de 2020. Este cenário, com pequenas variações, vem se reproduzindo em todo o país. Temos visto uma disparada da inflação atingindo muitos setores, como ela afeta o setor de transporte público? O setor vem sendo fortemente impactado pela inflação. Os combustíveis estão no centro do processo inflacionário, tendo sofrido reajuste de mais de 80% desde o início da pandemia. O valor do veículo novo acumula alta de 35% desde o início da pandemia, além dos preços de peças e pneus que também vêm tendo reajustes superiores a 30% só no último ano. Some-se a isto a constante elevação das taxas de juros, influenciando o custo de aquisição da frota. Além disso, a inflação compromete o orçamento das famílias, retraindo ainda mais a demanda. São variações muito impactantes que não poderão ser absorvidas pela tarifa, sob pena de afastar mais passageiros do sistema. Hoje, a partir da percepção ou das pesquisas que vocês têm acesso, quais as principais demandas dos usuários acerca da melhoria do serviço? Em todas as pesquisas, o principal fator de avaliação dos passageiros diz respeito ao tempo de viagem. Em seguida aparecem outros fatores, como o tempo de espera na parada, a lotação dos veículos, infraestrutura dos terminais, segurança e custo da tarifa. A climatização da frota, muito presente em alguns debates promovidos na classe média, normalmente aparece no final da lista, como um item desejável, mas longe de figurar entre as principais demandas. Analisando estes itens, é possível afirmar que, ampliando a priorização do transporte público por meio de faixas exclusivas e subsidiando adequadamente a tarifa, estaríamos endereçando boa parte das demandas dos passageiros, estimulando, inclusive, o retorno de passageiros ao sistema e a redução de congestionamentos e emissões nas cidades. As faixas azuis implantadas no Recife impactaram aumento da velocidade dos ônibus que vão de 20% a até 118% nos trechos contemplados. Significa dizer que em alguns casos, o tempo de deslocamento foi reduzido a menos da metade do que se verificava antes da intervenção, mas ainda é necessário avançar muito, inclusive nos demais municípios da RMR, onde se vê poucas iniciativas neste sentido. Nosso sistema é metropolitano e as soluções precisam ser implementadas em conjunto por todas as cidades. Quais os possíveis caminhos para o financiamento de um sistema de transporte público mais qualificado no Brasil? Está muito claro para o setor que a conta do transporte público não pode mais ser bancada exclusivamente pelo passageiro ou seu empregador. Por outro lado, a situação fiscal dos governos municipais e estaduais muitas vezes não permite a realização de investimentos efetivos no subsídio do transporte. Há que se discutir uma repartição das responsabilidades de custeio, em modelo semelhante ao que ocorre no SUS, de maneira a garantir fontes de recurso do orçamento da União, Estados e Municípios em favor do passageiro do transporte coletivo. Além disso, há que se estabelecer mecanismos que permitam que o usuário do transporte individual ajude a custear o transporte público. Neste sentido existem iniciativas como a CIDE municipal, a redução gradual das áreas de estacionamento gratuito do viário, a reversão em prol do sistema das receitas com arrecadação de multas de trânsito e zona azul e a implantação de pedágio urbano. Estas medidas têm um caráter de equidade no uso do espaço, posto que o transporte individual ocupa cerca de 70% do espaço nas vias, mas é responsável por apenas 30% das viagens. Gostaria de acrescentar algo mais? As grandes cidades brasileiras vivenciam um momento que beira o colapso da mobilidade. A efetiva priorização do transporte coletivo nas vias e no orçamento dos entes Federativos se traduz na única forma de resgatar a qualidade do serviço e consequentemente, voltar a atrair passageiros.

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Da mao ao garfo os rituais da alimentacao

Além do garfo (por Raul Lody)

Certas comidas pela proximidade de textura, temperatura e cheiro só podem ser comidas de mão. Não importa se comemos na rua, na pressa do balcão de um botequim, ou na calma quase budista em casa, seja na mesa, na cozinha, em frente ao fogão; ou ainda, num território público, na feira ou no mercado. O que verdadeiramente importa é que a ação imediata se dá no caminho da comida à boca, direto, sem talheres, para atender um desejo físico, sensorial, quase sexual. Na infância que não comeu “capitão”, feito com bolo de feijão e farinha de mandioca, e ainda, um pouco de carne-seca desfiado ou mesmo uma rápida lembrança do toucinho, tudo amassado com a mão e alguns, ainda, eram culminados com uma batata frita, banquete que traz saliva à boca só de pensar. Feito a mão e levado ao paladar com a mão, lambendo os dedos com as partes que não poderiam ser desperdiçadas, é receita que nasce da mistura e da oportunidade de reciclar, após um ou dois dias a feijoada de feijão preto. Doce, quase todos, se a calda for grossa, perfumadas de cravo e canela, se a fruta der consistência deverá ser levada ao paladar sem colher ou qualquer outro instrumento que possa ser intercambiado de uma relação verdadeiramente carnal. Quando se come com as mãos, há dois sentimentos que são dominantes: a pressa ou a calma reflexiva na identificação de cada ingrediente, cor, estética, sensações táteis, um verdadeiro exercício filosófico. A mão é o talher primeiro, uso dos dedos, habilidades para preparar, servir e comer. Fazer a comida com a preparação do tato é uma experiência fundamental para o bom resultado gastronômico, fala-se de prazer de gosto selecionado e intencional, embora muitas das receitas clássicas tenham surgido nas trocas, nos encontros de ingredientes ocasionalmente associados ao trabalho sempre inovador e de adaptações que é o de cozinhar. Da mão de quem faz para a mão de quem acolhe, e elabora no jeito próprio e especial de se relacionar com aquela comida, ou no que é esperado culturalmente na ação de traduzir o que é de comer. Comer abará na folha é um costume tradicional, pois a folha de bananeira previamente passada no fogo, adquire uma textura e odor próprio, embalando a massa de feijão fradinho misturada com camarão seco defumado, sal, pimenta e azeite de dendê, que dá cor a comida e densidade à folha que também apoia na preservação do calor da comida. Pois, abará é comida quente, recém-saído da panela que cozinhou. Então, comer de mão essa iguaria afrodescendente, ritual que se repete com o acarajé, o acaçá, a cocada, o bolinho de estudante, popularmente punheta, todos do tabuleiro da baiana, da tão celebrada Baiana de Acarajé, desde 2001, Patrimônio Nacional Brasileiro. Justíssimo!Associada a todas as formas e intenções de manipulação, nasce à questão higiene. Tema de total interesse necessário à saúde, necessário às regras de controle social do alimento. Louvável! Contudo muitas fronteiras conceituais entre as muitas maneiras de preparar, servir e consumir comida pelo caminho/processo da mão ferramenta que é um símbolo e atestado cultural necessita ser olhada, relativizada, interpretada em diferentes contextos, onde os processos culinários são tão importantes quanto o resultado comida. O uso ancestral da mão nas escolhas e transformações dos ingredientes, além de cumprir etapas técnicas é um conjunto de rituais que atingem diferentes significados, sentidos e sentimentos. Ações tecnicista/cientificas cujo parâmetro muitas vezes é o exclusivamente voltado a regra, aos princípios da higiene total merecem uma intermediação cultural, buscando integrar rigores da saúde com os rigores das identidades culturais. Há uma impressão digital intransferível, personalizada na manipulação, no oferecimento e no consumo da comida. São os ingredientes que chegam da intima relação produto e corpo, pele, emoção, energia, sentimentos, transmitindo no toque humano, fundamental, autoral, doador dos mais íntimos e personalizados gostos.

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