Colunistas - Página: 279 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Pernambuco depois da crise

A julgar pelos indicadores que vão sendo publicados pela imprensa nacional, a crise está começando a ficar para trás embora muito ainda precisará ser feito para que se dê a retomada do crescimento econômico. O governo federal tem diante de si a tarefa gigante de promover o ajuste fiscal indispensável à retomada da confiança dos agentes econômicos para que se disponham a voltar a investir e a consumir, fazendo com que a roda da economia volte a girar novamente. Acredito que mais cedo ou mais tarde esse ajuste fiscal se fará e o ciclo virtuoso do crescimento será retomado. A análise da série histórica dos índices de desempenho do PIB no País, desde 1900 quando as medições começaram a ser feitas, evidencia isso: após cada recessão há uma retomada do crescimento que atinge os patamares de antes da crise (no caso recente, de 2,5 a 3% de crescimento ao ano). No que diz respeito a Pernambuco, após o ciclo de investimentos estruturadores do início do Século 21, a desaceleração já estava de certa forma contratada. Acontece que, junto com essa queda projetada, veio o coice da crise nacional que terminou por afetar o Estado de maneira muito forte. Tão forte que nós da TGI entendemos ser necessário retomar a Pesquisa Empresas & Empresários realizada desde 1990 com inúmeros levantamentos, seminários, relatórios e três livros básicos publicados: Pernambuco Afortunado (passado), Pernambuco Competitivo (presente) e Pernambuco Desafiado (futuro). Acontece que depois da dupla crise (do final dos investimentos estruturadores e da recessão da economia nacional) o futuro de Pernambuco mudou e precisa ser revisitado. Daí, a necessidade de dar prosseguimento ao estudo dos setores dinâmicos da economia pernambucana pesquisados e publicados no livro Pernambuco Competitivo: (1) Sucroalcooleiro; (2) Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC); (3) Turismo e Cultura; (4) Metalmecânico; (5) Varejo Moderno; (6) Moda e Confecção; (7) Logística; (8) Construção Civil; (9) Fruticultura e Vitivinicultura; e (10) Serviços Modernos. Além do Automotivo e do Petroquímico que vieram depois. Ao caso atual de Pernambuco aplica-se com propriedade a frase do poeta francês Paul Valéry: “O problema do nosso tempo é que o futuro não é mais o que costumava ser”.

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Sobre coragem

Medo de tomar decisões todos temos. Mas coragem vale a pena. Lembro daquela disputa de pênaltis nos jogos internos do Colégio Atual. O ano era 1990. Éramos 8ª série. Nem sei como chama isso hoje. Acho que é “nono ano”. Ninguém quis bater o último. “Deixa que eu bato”, gritei. A perna tremia. Mas fui lá e... Se você acha essa decisão fácil é porque nunca jogou uma partida na quadra do colégio repleta de gente, estando ali todos os seus amigos, professores, paqueras, familiares e adversários. Aos 15 anos, meu universo era aquele. Minha decisão, portanto, era do tamanho do meu mundo. Talvez a mais importante por mim já tomada, até aquele momento. Quantas bolas na marca do pênalti nos deparamos ao longo da vida? Ter outro filho. Abrir aquele negócio. Mudar de endereço. Convidá-la ou não para jantar. Fazer aquele mestrado em outro país. Entrar naquele avião. Terminar aquela sociedade. Parar de fumar. Fazer aquela cirurgia. Mudar de profissão. Morar sozinho. A vida requer coragem. Se não tomarmos decisões importantes nessa vida, em qual vida tomaremos? Eu não tenho lá tanta certeza de que haverá outra chance. O importante é ser quem realmente somos. Ou você quer passar o resto da vida sendo quem as pessoas querem que você seja? Puxa, acabo de me dar conta que este é um texto de autoajuda. Daqueles que são vendidos em livraria de aeroporto. Quem sabe não ganhe um dinheirinho com isso. Dizem que a literatura mais frutífera é essa. Mas a tentativa era falar sobre vida. Graciliano Ramos dizia que para escrever você tem que fazer igual às lavadeiras de Alagoas, que contorcem, esfregam e batem a roupa sobre a pedra, dezenas e dezenas de vezes, até atingir o ponto ideal. Aqui parece que contorci pouco, porque me sai um texto de autoajuda, ora bolas! O intuito era falar sobre essa coisa que acontece entre o dia em que você nasce e o dia em que você morre. Felicidade era sobre o que tentava escrever. Mas lembrei que até para ser feliz é preciso tomar decisões. Para ser feliz é preciso ter coragem. Não conheço covarde feliz. Abandonar tudo aquilo que te põe para baixo ou que te tira o sagrado sono. Livrar-se de tudo o que faz mal à saúde. Afastar-se de quem te arranca a autoestima. Mudar hábitos que te prejudicam. Largar coisas e pessoas que te diminuem. Tudo isso requer coragem. São bolas na marca do pênalti que precisam ser chutadas. Há decisão mais corajosa, por exemplo, do que resolver ter hábitos simples na vida? No mundo do consumo considero-a revolucionária. Daquela que pode nos libertar das armadilhas mundanas. Lembro de conversa que tive com meu pai. Um médico bem-sucedido que recebeu o convite de um partido político para concorrer a cargo parlamentar. Pronto, a bola na marca do pênalti. O cabra aperreado para decidir. Abandonar uma carreira bem-sucedida para entrar para a política? Quantas pessoas já se depararam com situações análogas? Aparentemente, errou meu pai. Elegeu-se vereador e perdeu a clientela. Mais tarde, os mesmos “parceiros” que fizeram o convite fritaram o coitado. Assim é a política. Assim é a vida. Ora peixe-vivo, ora peixe-frito. Mas meu pai não se arrependeu nenhum dia da decisão que tomou. Seu sonho era a política. Sonho realizado. Ah! A propósito daquele pênalti no colégio, meti a bola na trave. Ter coragem também é isso. Tomar decisões e errar. Mas, quer saber? Não me arrependo nem um segundo. Jamais me arrependerei da coragem que tive.

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A última do português (por Joca Souza Leão)

Antigamente, as piadas eram de português, Juquinha e papagaio. Português burro, Juquinha safo e papagaio irreverente. Juquinha era um garoto esperto da idade da gente, suponho, porque ainda estudava com professora e não com professor como os meninos mais velhos do ginásio. “Quem desenhou isso aqui?” – a professora pergunta por perguntar, pois já sabia quem tinha desenhado o grande pênis no quadro-negro. “Vão todos para o recreio. Menos Juquinha!” – diz ela, trancando a porta da sala de aula. “Dessa vez, ele tá ferrado” – pensam os colegas. Passado algum tempo, abre-se a porta e sai Juquinha todo prosa, atacando a braguilha: “Nada como uma boa propaganda.” O “currupaco, paco” pontuava a fala do irreverente e sacana papagaio de anedota. Brasileiríssimo. Tanto latia, imitando cachorro pra afugentar ladrão de galinha (bons tempos, aqueles, em que ladrões roubavam galinhas), quanto imitava a fala da empregada assediada pelo patrão, para denunciá-lo à esposa ameaçada de traição. E a última de português, pá, é ganhar dinheiro da gente, os brasileiros sabidos das piadas de antigamente. Seguinte. Os portugueses, que não são burros nem nada, preservaram suas cidades. Não uma ou outra, mas todas. Preservaram a história, os monumentos, casas, aldeias, ruas e becos. Preservaram sua identidade. Lá, há o que ver. Aqui, nós, os remediados, moramos empoleirados em edifícios sem graça e os endinheirados vivem confinados em condomínios, ameaçados pela violência, resultante da brutal desigualdade social. Lá, moramos no primeiro andar de um sobrado. Compramos frutas e verduras na quitanda da esquina. Hoje, quem tem uma graninha, não precisa nem ser muita, prefere ter uma casinha em Portugal a uma casa de campo ou de praia por aqui. Se, nas férias, em vez de subir as Ruças (subir as “russas” também é bom, mas é outra coisa), você decidir subir para Montesinho, em Trás-os-montes, Norte de Portugal, vai gastar menos do que indo pra Gravatá, pá! Em ’78, voltando para o Brasil depois de quatro anos em Londres, pensei ficar em Portugal. Portugal recém-saído da Revolução dos Cravos. Tudo era efervescência política e intelectual. Fim do salazarismo e libertação das colônias. Se tivesse encontrado com meu amigo Duda Guennes, que não estava em casa porque tinha viajado de férias, talvez tivesse ficado. A vida, por certo, teria sido outra. Eu nem estaria aqui pra contar. E, no final das contas, sabe lá se teria sido melhor ou pior! Sabe lá, pá!

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Cerveja na garrafa ou na lata? Faz diferença? (Por Rivaldo Neto)

Uma das grandes discussões, quando o assunto envolve o paladar das cervejas, é se realmente faz diferença a embalagem em garrafa ou na lata. Será que o armazenamento nesses recipientes causa alguma distorção no sabor? Essa polêmica é antiga, então vamos desvendar o que tem de verdadeiro para sabermos se nossa bebida preferida sofre tais alterações. O primeiro ponto é que tanto a cerveja em garrafa, lata ou barril tem o mesmo tempo de maturação. Em relação à garrafa, o liquido ganha mais carbonatação (introdução de CO2 que faz dar o efeito de espuma) por causa do material que veda as tampinhas ser mais permeável aos gases que o alumínio presente nas latas. Isso acontece para manter a carbonatação ao longo do prazo de validade. O processo de pasteurização é quase o mesmo em todas as embalagens, inclusive na produção em nada diferem, pois a cerveja que sai dos tanques é a mesma que abastece uma linha de latas e a de garrafas. Mesmo com essas semelhanças e, apesar de no aroma, no sabor e na cor os líquidos serem quase sempre idênticos, garrafas e latas têm diferenças. E uma delas pode, sim, às vezes – mas não é comum – interferir na qualidade da bebida. Porém, ao contrário do que muitos pensam, é a lata quem leva vantagem pelo fato de proteger o líquido da luz. Quando a bebida fica muito exposta à luminosidade causa um defeito chamado light-struck, que faz com que o aroma e o sabor se tornem desagradáveis. Isso ocorre porque a luz causa uma quebra na molécula que produz o amargor do lúpulo. Não por acaso, os produtores cervejeiros optam por vidros escuros mas que, ainda assim, possibilitem vislumbrar o líquido dentro da garrafa. É por esse motivo que as garrafas escuras (cor âmbar ou verde) são preferíveis às brancas. Isso não implica que uma cerveja que venha numa garrafa branca seja de má qualidade ou se estrague mais depressa. Devemos, no entanto, ter alguns cuidados extras e guardá-las em locais escuros e sem luz direta. Então vamos aos fatos e podemos concluir: O tempo de maturação é o mesmo em todas as embalagens, porém a cerveja em garrafa é um pouco mais carbonatada que a enlatada, mas nada que interfira absurdamente no sabor. A única interferência é que em lata ou em barril a cerveja fica um pouco mais densa, mas repito: a diferença é mínima. Só um grande especialista pra se incomodar com tal detalhe. Outro fator importante é que tanto cervejas em lata quanto em garrafas recebem a adição de antioxidantes: os mais usados são o isoascorbato e o metabissulfito de sódio ou potássio que também não têm interferência no aroma nem no sabor. E que as ligas metálicas usadas na latas não interferem na qualidade da bebida. O que podemos afirmar é que há uma diferença de sabor entre chope e cerveja, mesmo que sejam da mesma marca. Ocorre que o chope que não sofre o processo de pasteurização e, por isso, deve ser logo consumido. Enquanto a cerveja na garrafa e na lata passa por esse processo, e ganha um volume maior de CO2. Contudo, a pasteurização vem se modificando com o tempo, se tornando mais moderna, a ponto de alguns processos industriais a excluírem. Então cervejeiros de plantão a composição química tanto das latas quanto das garrafas não proporciona qualquer alteração no sabor do produto. E quando acontece, são raríssimas vezes. Então vamos degustar sem preconceitos! *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Por que os médicos escrevem? (Por Paulo Caldas)

A história é quem nos diz. Dentre os renomados vultos da literatura universal, desde as mais remotas manifestações, são incontáveis os de formação nas áreas do Direito, da Filosofia, da Política e outras profissões cujo cotidiano os motiva ao hábito da escrita. Mas e os médicos? Por uma vida a lidar com as mazelas alheias, das simples disfunções orgânicas aos estados nebulosos da consciência, o que os estimula o apego às letras? Como definir o surgimento do genial Tchekhov, de um João Guimarães Rosa, Conan Doyle e tantos mais que se tornaria cansativo citar? Qual então o motivo desse fascínio pelo ato de escrever? Será a chamada vocação ou o estímulo vem do contato com o humano. E a especialidade médica, contribui para essa tendência? No âmbito local, há um expressivo número de médicos que se dedicam à literatura e chamamos alguns deles a opinar. A cardiologista Ândrea Chaves, mostra a sua versão. “Talvez, a pergunta mais pertinente seria: por que os escritores viram médicos? Assim me vejo. Escrevo porque leio, porque sempre amei escrever, mais ainda, sempre precisei escrever. Ainda pequena não havia uma tristeza ou alegria que não virasse redação ou poeminha. Veio o vestibular... Letras foi a minha escolha, mas por insistência de meu pai, Medicina parecia o meu destino. A vida atribulada do médico, onde a leitura é mais presente que a escrita, me afasta um pouco das letras não científicas, se assim posso chamar. Mas, quando a vida se mostra crua e as alegrias e as tristezas pedem um pedaço de papel, lá estou eu de volta à menininha do passado que só se aquietava quando escrevia, escrevia e escrevia até cansar”. Ândrea Chaves tem publicados os livros O conto de Sofia e Clarinha uma menina pra lá de especial. Outra cardiologista, Maria Duarte faz uma interessante análise em sua opinião. “A disciplina de Semiologia nos ensina o método de entrevista de um paciente e a maneira de fazer o exame físico. A primeira parte consiste em saber o sintoma que o fez procurar o médico. Com esse dado passamos para a história da doença atual em que o paciente conta o início da sua doença, a relação ou não com outros sintomas, a sequência de eventos até que vem para a consulta ou foi internado no hospital e a consequência sobre a sua vida familiar, social e profissional. É importante observar a maneira da pessoa descrever o que sente, os gestos, a postura. Podemos então formular as nossas hipóteses sintomatológicas antes mesmo do exame físico. A partir daí precisamos escrever de maneira clara, objetiva, as informações recebidas. E faremos isso ao longo da vida profissional, sem cansar, pois nenhuma história é igual a outra. Quando não se encontra um diagnóstico clínico, temos que investigar o que aquele sintoma pode estar representando do ponto de vista emocional. A doença física também leva a um estado emocional alterado, muitas vezes não referido pela pessoa, mas que interfere com a evolução clínica. A doença pode estar sendo usada, de modo inconsciente, como sinal ou metáfora de outra coisa. Saber ouvir e observar uma pessoa que procura um médico é uma arte e às vezes nem nos damos conta disso. Extrapolando para a ficção, não é difícil perceber que temos personagem, cena, cenário, perfil físico e psicológico, desfecho feliz, triste, trágico, podendo levar para um conto, novela, romance”. Maria Duarte lançou o livro Amor e Traições e participou das coletâneas de contos Viva Carrero e Todo amor vale a pena. Outra Maria, a Batista Almeida, médica do trabalho, afeita a conversas com pacientes por força do ofício, define. “As aparentes desvantagens frente aos outros profissionais, os advogados e os jornalistas, por exemplo, para os quais a escrita faz parte do cotidiano, são referidas e nós médicos concordamos, no entanto, pensando melhor, nós também trabalhamos sempre escrevendo. Nos hospitais, nas emergências, nos consultórios, escrevemos as histórias dos pacientes, registramos as queixas, descrevemos os achados, as hipóteses diagnósticas, solicitamos exames complementares e concluímos prescrevendo a terapêutica. São esses escritos diários que motivam a criação de nossos textos”. Maria Batista tem publicado os livros Canto à vida e Presenças. Participou das coletâneas Lendas do Nordeste, Contos de Oficina, Viva Carrero, Pimenta Rosa e Todo amor vale a pena, dentre outras. *Paulo Caldas é escritor

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Cerveja com sobremesa. Já experimentou? (Por Rivaldo Neto)

Quando falamos em harmonizar pratos com cervejas o que vem logo à cabeça dos cervejeiros de plantão são sempre petiscos, pratos salgados e frutos do mar. Mas e as sobremesas? Como podemos deixar de fora esses momentos de puro prazer sem juntá-la a essa bebida que tantos amamos? Quais cervejas e com quais sobremesas podemos tirar o máximo de proveito nos seus mais variados sabores? Pois saiba que cerveja combina bem com várias iguarias podendo ser brigadeiros, trufas, tortas, bolos, sorvetes e muitas outras. Sempre é bom lembrar que a melhor forma de juntar os dois é por afinidades. Assim podemos usufruir ao máximo dos dois sem cortar o sabor de nenhum, até porque a cerveja possui ingredientes que se assemelham aos da sobremesa. Pra você entender melhor vamos aos exemplos. Vamos começar pelos chocolates. Um sorvete de chocolate amargo ou meio amargo com  cervejas escuras como as Porter e as Stouts é uma das experiência das mais prazerosas. Uma cerveja que se encaixa com autoridade nessa harmozinação é a ímpar cerveja inglesa Young`s Doble Chocolate. É a que chamamos de Sweet Stout, devido a presença de chocolate em sua fórmula. Tem um alto amargor (estamos falando de chocolate amargos não é?), tem o teor alcoólico de 5,2%Vol, com uma espuma média, e bem aromatizada. Dupla perfeita! Um petit gateau também se encaixa nesse contexto se juntarmos algo um pouco mais doce, com uma bela calda de chocolate amargo. Mas se você gosta de algo mais doce, ou realmente doce, como um cheesecake de frutas vermelhas com uma calda de amora, a parceira perfeita seria uma cerveja frutada, bem aromatizada como a Kriek Boon, belga, estilo fruit lambic, de cor avermelhada e com o teor alcoólico de 4,5%Vol. Portanto, leve e que contém cereja (que por sinal é posta inteira nesse processo) em sua fermentação. Aliás, essa é outra característica importante para podermos “casar” com as frutas vermelhas do cheesecake. Apresenta leve acidez, o que é ótimo com o doce, e suas garrafas são fechadas com rolhas. Um espetáculo! E um simples bolo de laranja? Ou de limão ou de maracujá? São sobremesas cítricas e portanto também um pouco mais ácidas. Podemos juntar uma Baden Baden American IPA, a cerveja ideal pra essa harmonização. Ela possui aroma intenso de maracujá, como se fosse um mousse, é acobreada, e na sua fabricação foi usada a técnica de Dip Hopping, que promove o que se chama de ‘chá de lúpulo’ para a maior exploração de aromas sem interferir no amargor e tem 6,4%vol. Com isso os sabores se intensificam trazendo uma leva de sensações Hambúrgueres, queijos e agora doces, o que vem mais por aí? A certeza é que cerveja abre inúmeras possibilidades e estamos apenas começando! Que bom! *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Concorrência e compartilhamento

*Por Jorge Jatobá O mercado é a mais importante instituição do capitalismo. Nele preços são determinados, cumprindo o papel de alocar recursos e atender necessidades. Mercados, no entanto, não são iguais. Há mercados mais e menos competitivos. O número de produtores, o tipo do bem ou serviço, as barreiras à entrada e a natureza da regulação impactam o grau de concorrência. De um lado desse espectro podemos ter milhares de produtores de banana, e, de outro, um único produtor de petróleo. Como princípio quanto mais concorrência melhor para o consumidor. Isso significa, em geral, preços mais baixos e melhor qualidade. O monopolista produz escassez vendendo menos a um preço mais alto em comparação com uma empresa que opera em mercado muito competitivo. Entre os extremos do monopólio e da pura concorrência existem mercados imperfeitos caracterizados pela diferenciação de produtos e por um pequeno número de empresas produtoras. A falta de concorrência às vezes dissimulada pela proteção está presente em muitas dimensões da economia brasileira. Na área externa, empresários, especialmente os industriais, sempre pedem ao governo mais proteção contra a concorrência de produtos importados. Em vez de amentarem a produtividade e de promoverem a inovação em produtos e processos essenciais para reduzir preços e melhorar a qualidade, muitos empresários, através de suas associações, tornam-se avessos a concorrência, pedindo que o governo eleve os preços relativos dos produtos importados via tarifas ou impostos. Tivessem maior competitividade essas empresas venderiam mais barato tanto nos mercados internos quanto externos. O avesso a concorrência também está no âmago das relações espúrias e corrutas entre o setor público e o setor privado. A formação de cartéis para ganhar licitações especialmente em grandes obras de infraestrutura é uma forma de evitar a concorrência via preço e qualidade dos projetos como assim o tem demonstrado os resultados da Operação Lava Jato. As empresas entram em conluio para evitar que concorram entre si, repartindo os ganhos às custas de propinas que se destinam a pessoas e partidos políticos. O País recebe um produto mais caro e de pior qualidade em comparação com a situação de ampla concorrência. Mais recentemente - e em movimento que aumenta a eficiência da economia ao reduzir a ociosidade e o desperdício - avançou-se no sentido de compartilhar bens e serviços por meio de mecanismos de mercado. O aluguel de residências (apartamentos, quartos, casas, etc.) para curtos períodos de estadia por meio do aplicativo Airbnb é um exemplo. Outro é o aplicativo Uber que disponibiliza serviços de transporte de passageiros em veículos particulares. Eles ofertam, respectivamente, serviços de hospedagem e de transporte por meio de ativos que de outra forma ficariam ociosos durante períodos intermitentes de tempo. Ademais, esses ativos passam a gerar mais renda na economia. Eles são um produto da era digital porque são aplicativos facilmente acessíveis através de computadores e de dispositivos móveis. A resistência não tardou a vir das redes hoteleiras e dos serviços convencionais de táxi. Tomemos o caso do Uber que vem sendo objeto de resistências, conflitos e pressões sobre os governos municipais. O Uber aumentou a oferta de transporte em aberta concorrência com os serviços de táxi. A oferta melhorou a qualidade do serviço e reduziu o preço. Além disso, em algumas cidades, inclusive o Recife, reduziu o custo da licença de entrada dos táxis no mercado de transporte, mecanismo que restringia a oferta desse tipo de serviço. Em Paris, por exemplo, o número de táxis está congelado há décadas, o que restringe a oferta criando escassez com tarifas altas. Com o Uber o mercado não tem barreiras à entrada, não havendo necessidade de licenças. Isso aumenta a oferta, melhora a qualidade e reduz o preço. Quem ganha é o consumidor. Os taxistas individuais e as empresas de frotas de táxis estão, naturalmente, reagindo. O mercado agora é aberto e mais competitivo. Recorde-se que os proprietários de táxis têm certos benefícios, pois têm isenção total ou parcial de IPI e ICMS na aquisição dos veículos e de IPVA na circulação. E querem mais proteção. Os efeitos da concorrência são também o de melhorar a qualidade dos serviços de táxi convencionais. Em muitas cidades brasileiras os motoristas de táxi estão mais corteses, oferecem baterias para celular, não impõem ao usuário ouvir qualquer tipo de música ou noticiário e até se vestem com mais elegância. Puro efeito da concorrência que tende a igualar a qualidade da oferta, mas ainda não os preços nos dois serviços: taxis convencionais e veículos Uber. Pergunta-se, se os serviços do Uber e de novos concorrentes que já estão surgindo teriam de ser regulados. Eu diria que sim após livre negociação, mas nunca para limitar a concorrência e sim para estimulá-la. Sempre é sábio ter mais competição. O consumidor agradece. *Jorge Jatobá é economista

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Porters e Stouts: saiba as diferenças (Por Rivaldo Neto)

Com o mercado de cervejas em plena ebulição e com uma grande variedade de estilos invadindo as prateleiras, cada vez mais surgem dúvidas em torno na bebida. Uma delas é clássica. Qual a diferença entre cerveja Stout e a Porter. As diferenças são sutis entres essas duas irmã Dark Beers. Um pouco de história para começar. O estilo Porter tem origem britânica e é resultado de uma mistura de cervejas escuras, que chamamos de Brow Ales. Inicialmente a Porter foi criada em 1700 como um bled das variações Old Ale, Pale Ale e Mid Ale. Tem origem nas docas da Inglaterra onde os trabalhadores as misturavam para completar um Pint (copo de 430ml). Possuem como característica um amargor constante e leve. Os aromas realmente são ricos e lembram chocolate, toffee, baunilha, café entre outros. Até então era conhecida como Entire, que significa “Inteira”. Com o surgimento dos maltes tostados esse nome foi abolido. É aí que entra o estilo Stout, pois devido à necessidade de se diferenciar - a partir de sabores mais intensos e robustos - surgiu a denominação Stout Porter. Stout que quer dizer preta e Porter uma homenagem aos antigos trabalhadores braçais do porto, onde se originou a bebida conforme citado acima. Então para entender melhor, as Porters têm uma cor marrom escuro ao preto, são mais cremosas, e com malte tostado ou torrado. As Stouts começaram sendo um subestilo das Porters, mas foi reinventada ganhando várias características e nomes como Dry, Imperial, Oatmeal e dentre outros. A maior presença do malte torrado e maior graduação alcoólica nas Stouts e um pouco de caramelo nas Porters é também uma diferença marcante entre elas. Para quem tem curiosidade de provar os estilos, indico primeiramente a Muphys, uma Irish Stout das mais saborosas. Assim como a Guinness (que já falei anteriormente, leia aqui), a cerveja possui o sistema "Draughtflow", que consiste em uma cápsula de nitrogênio que se rompe ao abrir a lata e entra em contato com o líquido e assim produz uma espuma cremosa e consistente. A Muphys tem uma variação alcóolica baixa, 4,0%Vol, levemente lupulada e com malte torrado e pouco amargor. Mesmo as Stouts, tendo por características serem mais alcoólicas que as Porters, no caso da Muphys isso não ocorre, pois trata-se de uma cerveja leve e ideal para se iniciar nesse estilo. Fabricada pela Fullers, cervejaria inglesa e uma das melhores do mundo, vem a London Porter. Com intensas notas de café, chocolate e baunilha. Feita com o lúpulo inglês Fuggle, que tem como característica ser aromático, suave e agradável. Com 5,4%Vol, tem uma entrada mais doce, finalizando com certo amargor. Possui baixa carbonatação, tem o corpo médio e excelente drinkability. Uma Porter verdadeiramente admirável como são as cervejas produzidas pela Fullers.   Leia também: Cerveja com hambúrguer. Vai uma aí? As Imperial IPAs, o topo do amargor Cervejas e Queijos, dupla imbatível!   *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Por que os escritores vão às salas de aula III

*Por Paulo Caldas Perguntada por que vai às salas de aula, a escritora Rosângela Lima, explica. “Porque lá é possível, por exemplo, propor que as crianças alterem as aventuras vividas pelos personagens ou que incluam alguns novos. Lá, podemos considerar pontos de vistas diferentes, enfim estar em contato direto com o leitor e sentir de perto que podemos sim, fornecer a elas referenciais que enriqueçam seu repertório. Só com o contato direto com as crianças na sala de aula é que eu poderia ouvir “pérolas” como essa: – Quem vai ao casamento do Pato? Perguntei antes de ler o meu livro com esse título; quase todas as crianças levantaram a mão, apenas uma baixou a cabeça e fez sinal negativo com a cabeça; no que eu perguntei? – Por que você não vai ao casamento do pato? – É que sábado eu vou pra Gravatá!” Quanto a sua receita para escrever literatura infantil, detalhou: “Conviver diariamente com elas (no meu caso, há 32 anos). Ouvi-las, percebê-las curtir as situações, surpreender-se com suas ideias, além de beber na fonte de lembranças e experiências pessoais. Algumas das minhas histórias confirmam essa ideia”. Rosângela acredita que a sua visita contribuiu para a formação do hábito da leitura. “Discutir com as crianças a motivação e as estratégias de criação, amplia bastante seu modo de olhar para as histórias, a maneira de compreender os textos. Assim percebo que há toda uma energia contagiante incentivando-as na produção oral e escrita. O contato é mágico, trata-se de uma troca de afetividade. Além de gratificante, é muito prazeroso”. Sobre o que eles (alunos) mais questionam, comentou. “É engraçado, além de percebê-los me fitando como se eu não fosse de ‘verdade’, as perguntas que ouço com maior frequência são de conteúdo pessoal: – Você escreve com óculos? – Eu vi sua foto na capa do livro; – Eu já li outro livro seu, meu amigo tem um também; – Com quantos anos você começou a escrever?” Com relação aos seus livros de maior aceitação nas escolas, disse: “Fico feliz em responder a pergunta por ter publicado 12 livros que, na maioria são bem aceitos nas escolas, porém eu poderia destacar alguns como: ‘Você vai ao casamento do Pato? ’; ‘O aniversário do rei’; ambos adotados na rede pública estadual, ‘Beijo de bicho’ (PNBE-obras complementares); ‘Banho de bicho’; ‘Um pomar de histórias’”, finalizou. O escritor Paulo Caldas foi um dos pioneiros na prática de visitar as salas de aula em Pernambuco. “Lembro que ao lado de Jussara Kouryh e Rubem Rocha Filho, arregacei as mangas na missão de levar nossos textos às escolas, conversar com alunos e educadores, até em reunião de pais e mestres compareci, isso lá pelos anos de 1980. Meus títulos, voltados para o público infantil, especialmente ‘Era uma vez um quintal’, ‘Asas pra que te quero’ e ‘República dos bichos’, levaram de um jeito subliminar exemplos de coragem, solidariedade e cuidados com o meio ambiente, ou seja, esses e outros valores disfarçados de histórias de bichos humanizados. Minha preocupação sempre foi desmistificar as figuras dos super-heróis, que conseguem seus feitos por meio da força e das armas. Assim criei os anti-heróis, pequenos animais inteligentes, que contornam os obstáculos pela via da astúcia e entendimento. Mais adiante, com ‘Flores para Cecília’, ‘As faces do escorpião’, ‘A cor da pele’ e ‘O sol além da minha rua’, do mesmo modo sutil, adotei variações em torno do preconceito, também disfarçados em textos que contemplam os usos, costumes, gostos e preferências de adolescentes e jovens. Acredito que as mensagens, embora ocultas, fizeram efeito desejado, o que me traz a sensação de ter colaborado na formação daqueles meninos e meninas de ontem, cidadãos de hoje”. Finalizou. *Paulo Caldas é escritor

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Cerveja com Hambúrguer. Vai uma aí? (Por Rivaldo Neto)

Sempre é bom falar de como podemos beber e comer aproveitando o máximo destes momentos, então nada mais prazeroso que combinar as cervejas que gostamos com pratos que amamos. Uma combinação que é clássica no meio cervejeiro é beber cerveja com um bom e suculento hambúrguer. Assim como as cervejas que ganharam um impulso com o mercado em total efervescência, os hambúrgueres, que já há algum tempo antes já vinham nesse processo de “gourmetização”. O hambúrguer é uma comida extremamente versátil, um simples hambúrguer pode ser transformado em um prato gourmet. Então da mesma forma, a cerveja também oferece múltiplas possibilidades de aromas, estilos e sabores. O pão com a carne grelhada e os condimentos que hoje estão cada vez mais variados, são excepcionais para fazer ricas combinações e curtir imensas possibilidades que sem dúvida iremos gostar. Primeiro que os tipos de carnes têm suas particularidades. E quase sempre vem com algum tipo de queijo. Fora isso alguns molhos também incorporam essa áurea deliciosa que complementa de forma perfeita essa harmonização. Para comer com hambúrguer de porco ou linguiça, que geralmente são bem condimentados, e na maioria das vezes acompanhado de molhos agridoces, como o barbecue, a dica é uma Ale ou algumas de suas variações como as Red Ales ou a India Pale Ales. Essas combinações produzem um ótimo resultado. Sugiro a Bierland American Red Ale. Mesmo sendo uma cerveja de alta fermentação, ela não tem uma alta graduação 4,7%Vol, possui um bom amargor, é avermelhada e translúcida, com uma espuma mediana, aroma intenso e toques cítricos. Já para hambúrgueres de carne de boi como de maminha ou picanha, por exemplo, se forem levemente condimentados prefira uma cerveja da família Lager, que costuma ser mais encorpada com lúpulo, e bem mais refrescante. Um molho gorgonzola dá o encaixe perfeito. Experimente com a Lager da Broklin, cervejaria americana que possui excelentes cervejas. A Broklin Lager é muito refrescante, um teor de 5,2%Vol, aromas cítricos e um pouco herbal e coloração ambâr. Para um hambúrguer da frango, por ser mais leve, o ideal é uma cerveja igualmente leve, e como dito aqui que cerveja não se harmoniza por contraste como vinho e sim por aproximação dos e sabores, a pedida é degustá-lo com um molho de cebola ou de maionese com hortelã. A Dama Pilsen é uma cerveja que cai perfeitamente bem, por ser leve, com 4,8%Vol, com discreto lúpulo se sobressaindo o malte, dourada e muito refrescante. Hambúrgueres e cervejas são notadamente feitos um para o outro. MUNDO CERVEJEIRO No último dia 23 de agosto, no Chalé 92 nas Graças, a cervejaria DeBron Bier em um evento bem prestigiado por amigos, imprensa e produtores de cervejas artesanais lançou suas garrafas com os modelos exclusivos. Antes a DeBron era comercializada apenas em forma de chope e agora passa e ser envasada e distribuída no mercado para as casas especializadas. Os rótulos têm uma bela apresentação e bom gosto e deu o tom do lançamento do evento. Os convidados puderam apreciar os cinco estilos produzidos pela cervejaria: Weizen, IPA, Witbier, Lager e Golden Ale. Até chegar à garrafa, mais estudos e preocupação para aliar novidade e qualidade. Com um design diferenciado, a garrafa da DeBron Bier chega ao Estado de maneira exclusiva e tem a capacidade de controlar o creme da bebida, respeitando a quantidade de espuma comum a cada estilo. “Alguns estilos são mais propícios a formar o colarinho. É mais comum, principalmente nas belgas, agregando valor não apenas ao sabor, como também ao visual da bebida”, explica Thomé Calmon. A espuma é responsável por manter o sabor característico, o amargor, a temperatura, assim como ajuda na liberação do aroma. “Por isso que para as cervejas artesanais o colarinho é muito importante, já que o intuito é proporcionar interação entre todos os sentidos. A espuma faz parte da degustação”, ressalta Eduardo Farias. *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas (rivaldoneto@outlook.com)

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