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Concorrência e compartilhamento

*Por Jorge Jatobá O mercado é a mais importante instituição do capitalismo. Nele preços são determinados, cumprindo o papel de alocar recursos e atender necessidades. Mercados, no entanto, não são iguais. Há mercados mais e menos competitivos. O número de produtores, o tipo do bem ou serviço, as barreiras à entrada e a natureza da regulação impactam o grau de concorrência. De um lado desse espectro podemos ter milhares de produtores de banana, e, de outro, um único produtor de petróleo. Como princípio quanto mais concorrência melhor para o consumidor. Isso significa, em geral, preços mais baixos e melhor qualidade. O monopolista produz escassez vendendo menos a um preço mais alto em comparação com uma empresa que opera em mercado muito competitivo. Entre os extremos do monopólio e da pura concorrência existem mercados imperfeitos caracterizados pela diferenciação de produtos e por um pequeno número de empresas produtoras. A falta de concorrência às vezes dissimulada pela proteção está presente em muitas dimensões da economia brasileira. Na área externa, empresários, especialmente os industriais, sempre pedem ao governo mais proteção contra a concorrência de produtos importados. Em vez de amentarem a produtividade e de promoverem a inovação em produtos e processos essenciais para reduzir preços e melhorar a qualidade, muitos empresários, através de suas associações, tornam-se avessos a concorrência, pedindo que o governo eleve os preços relativos dos produtos importados via tarifas ou impostos. Tivessem maior competitividade essas empresas venderiam mais barato tanto nos mercados internos quanto externos. O avesso a concorrência também está no âmago das relações espúrias e corrutas entre o setor público e o setor privado. A formação de cartéis para ganhar licitações especialmente em grandes obras de infraestrutura é uma forma de evitar a concorrência via preço e qualidade dos projetos como assim o tem demonstrado os resultados da Operação Lava Jato. As empresas entram em conluio para evitar que concorram entre si, repartindo os ganhos às custas de propinas que se destinam a pessoas e partidos políticos. O País recebe um produto mais caro e de pior qualidade em comparação com a situação de ampla concorrência. Mais recentemente - e em movimento que aumenta a eficiência da economia ao reduzir a ociosidade e o desperdício - avançou-se no sentido de compartilhar bens e serviços por meio de mecanismos de mercado. O aluguel de residências (apartamentos, quartos, casas, etc.) para curtos períodos de estadia por meio do aplicativo Airbnb é um exemplo. Outro é o aplicativo Uber que disponibiliza serviços de transporte de passageiros em veículos particulares. Eles ofertam, respectivamente, serviços de hospedagem e de transporte por meio de ativos que de outra forma ficariam ociosos durante períodos intermitentes de tempo. Ademais, esses ativos passam a gerar mais renda na economia. Eles são um produto da era digital porque são aplicativos facilmente acessíveis através de computadores e de dispositivos móveis. A resistência não tardou a vir das redes hoteleiras e dos serviços convencionais de táxi. Tomemos o caso do Uber que vem sendo objeto de resistências, conflitos e pressões sobre os governos municipais. O Uber aumentou a oferta de transporte em aberta concorrência com os serviços de táxi. A oferta melhorou a qualidade do serviço e reduziu o preço. Além disso, em algumas cidades, inclusive o Recife, reduziu o custo da licença de entrada dos táxis no mercado de transporte, mecanismo que restringia a oferta desse tipo de serviço. Em Paris, por exemplo, o número de táxis está congelado há décadas, o que restringe a oferta criando escassez com tarifas altas. Com o Uber o mercado não tem barreiras à entrada, não havendo necessidade de licenças. Isso aumenta a oferta, melhora a qualidade e reduz o preço. Quem ganha é o consumidor. Os taxistas individuais e as empresas de frotas de táxis estão, naturalmente, reagindo. O mercado agora é aberto e mais competitivo. Recorde-se que os proprietários de táxis têm certos benefícios, pois têm isenção total ou parcial de IPI e ICMS na aquisição dos veículos e de IPVA na circulação. E querem mais proteção. Os efeitos da concorrência são também o de melhorar a qualidade dos serviços de táxi convencionais. Em muitas cidades brasileiras os motoristas de táxi estão mais corteses, oferecem baterias para celular, não impõem ao usuário ouvir qualquer tipo de música ou noticiário e até se vestem com mais elegância. Puro efeito da concorrência que tende a igualar a qualidade da oferta, mas ainda não os preços nos dois serviços: taxis convencionais e veículos Uber. Pergunta-se, se os serviços do Uber e de novos concorrentes que já estão surgindo teriam de ser regulados. Eu diria que sim após livre negociação, mas nunca para limitar a concorrência e sim para estimulá-la. Sempre é sábio ter mais competição. O consumidor agradece. *Jorge Jatobá é economista

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Porters e Stouts: saiba as diferenças (Por Rivaldo Neto)

Com o mercado de cervejas em plena ebulição e com uma grande variedade de estilos invadindo as prateleiras, cada vez mais surgem dúvidas em torno na bebida. Uma delas é clássica. Qual a diferença entre cerveja Stout e a Porter. As diferenças são sutis entres essas duas irmã Dark Beers. Um pouco de história para começar. O estilo Porter tem origem britânica e é resultado de uma mistura de cervejas escuras, que chamamos de Brow Ales. Inicialmente a Porter foi criada em 1700 como um bled das variações Old Ale, Pale Ale e Mid Ale. Tem origem nas docas da Inglaterra onde os trabalhadores as misturavam para completar um Pint (copo de 430ml). Possuem como característica um amargor constante e leve. Os aromas realmente são ricos e lembram chocolate, toffee, baunilha, café entre outros. Até então era conhecida como Entire, que significa “Inteira”. Com o surgimento dos maltes tostados esse nome foi abolido. É aí que entra o estilo Stout, pois devido à necessidade de se diferenciar - a partir de sabores mais intensos e robustos - surgiu a denominação Stout Porter. Stout que quer dizer preta e Porter uma homenagem aos antigos trabalhadores braçais do porto, onde se originou a bebida conforme citado acima. Então para entender melhor, as Porters têm uma cor marrom escuro ao preto, são mais cremosas, e com malte tostado ou torrado. As Stouts começaram sendo um subestilo das Porters, mas foi reinventada ganhando várias características e nomes como Dry, Imperial, Oatmeal e dentre outros. A maior presença do malte torrado e maior graduação alcoólica nas Stouts e um pouco de caramelo nas Porters é também uma diferença marcante entre elas. Para quem tem curiosidade de provar os estilos, indico primeiramente a Muphys, uma Irish Stout das mais saborosas. Assim como a Guinness (que já falei anteriormente, leia aqui), a cerveja possui o sistema "Draughtflow", que consiste em uma cápsula de nitrogênio que se rompe ao abrir a lata e entra em contato com o líquido e assim produz uma espuma cremosa e consistente. A Muphys tem uma variação alcóolica baixa, 4,0%Vol, levemente lupulada e com malte torrado e pouco amargor. Mesmo as Stouts, tendo por características serem mais alcoólicas que as Porters, no caso da Muphys isso não ocorre, pois trata-se de uma cerveja leve e ideal para se iniciar nesse estilo. Fabricada pela Fullers, cervejaria inglesa e uma das melhores do mundo, vem a London Porter. Com intensas notas de café, chocolate e baunilha. Feita com o lúpulo inglês Fuggle, que tem como característica ser aromático, suave e agradável. Com 5,4%Vol, tem uma entrada mais doce, finalizando com certo amargor. Possui baixa carbonatação, tem o corpo médio e excelente drinkability. Uma Porter verdadeiramente admirável como são as cervejas produzidas pela Fullers.   Leia também: Cerveja com hambúrguer. Vai uma aí? As Imperial IPAs, o topo do amargor Cervejas e Queijos, dupla imbatível!   *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Por que os escritores vão às salas de aula III

*Por Paulo Caldas Perguntada por que vai às salas de aula, a escritora Rosângela Lima, explica. “Porque lá é possível, por exemplo, propor que as crianças alterem as aventuras vividas pelos personagens ou que incluam alguns novos. Lá, podemos considerar pontos de vistas diferentes, enfim estar em contato direto com o leitor e sentir de perto que podemos sim, fornecer a elas referenciais que enriqueçam seu repertório. Só com o contato direto com as crianças na sala de aula é que eu poderia ouvir “pérolas” como essa: – Quem vai ao casamento do Pato? Perguntei antes de ler o meu livro com esse título; quase todas as crianças levantaram a mão, apenas uma baixou a cabeça e fez sinal negativo com a cabeça; no que eu perguntei? – Por que você não vai ao casamento do pato? – É que sábado eu vou pra Gravatá!” Quanto a sua receita para escrever literatura infantil, detalhou: “Conviver diariamente com elas (no meu caso, há 32 anos). Ouvi-las, percebê-las curtir as situações, surpreender-se com suas ideias, além de beber na fonte de lembranças e experiências pessoais. Algumas das minhas histórias confirmam essa ideia”. Rosângela acredita que a sua visita contribuiu para a formação do hábito da leitura. “Discutir com as crianças a motivação e as estratégias de criação, amplia bastante seu modo de olhar para as histórias, a maneira de compreender os textos. Assim percebo que há toda uma energia contagiante incentivando-as na produção oral e escrita. O contato é mágico, trata-se de uma troca de afetividade. Além de gratificante, é muito prazeroso”. Sobre o que eles (alunos) mais questionam, comentou. “É engraçado, além de percebê-los me fitando como se eu não fosse de ‘verdade’, as perguntas que ouço com maior frequência são de conteúdo pessoal: – Você escreve com óculos? – Eu vi sua foto na capa do livro; – Eu já li outro livro seu, meu amigo tem um também; – Com quantos anos você começou a escrever?” Com relação aos seus livros de maior aceitação nas escolas, disse: “Fico feliz em responder a pergunta por ter publicado 12 livros que, na maioria são bem aceitos nas escolas, porém eu poderia destacar alguns como: ‘Você vai ao casamento do Pato? ’; ‘O aniversário do rei’; ambos adotados na rede pública estadual, ‘Beijo de bicho’ (PNBE-obras complementares); ‘Banho de bicho’; ‘Um pomar de histórias’”, finalizou. O escritor Paulo Caldas foi um dos pioneiros na prática de visitar as salas de aula em Pernambuco. “Lembro que ao lado de Jussara Kouryh e Rubem Rocha Filho, arregacei as mangas na missão de levar nossos textos às escolas, conversar com alunos e educadores, até em reunião de pais e mestres compareci, isso lá pelos anos de 1980. Meus títulos, voltados para o público infantil, especialmente ‘Era uma vez um quintal’, ‘Asas pra que te quero’ e ‘República dos bichos’, levaram de um jeito subliminar exemplos de coragem, solidariedade e cuidados com o meio ambiente, ou seja, esses e outros valores disfarçados de histórias de bichos humanizados. Minha preocupação sempre foi desmistificar as figuras dos super-heróis, que conseguem seus feitos por meio da força e das armas. Assim criei os anti-heróis, pequenos animais inteligentes, que contornam os obstáculos pela via da astúcia e entendimento. Mais adiante, com ‘Flores para Cecília’, ‘As faces do escorpião’, ‘A cor da pele’ e ‘O sol além da minha rua’, do mesmo modo sutil, adotei variações em torno do preconceito, também disfarçados em textos que contemplam os usos, costumes, gostos e preferências de adolescentes e jovens. Acredito que as mensagens, embora ocultas, fizeram efeito desejado, o que me traz a sensação de ter colaborado na formação daqueles meninos e meninas de ontem, cidadãos de hoje”. Finalizou. *Paulo Caldas é escritor

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Cerveja com Hambúrguer. Vai uma aí? (Por Rivaldo Neto)

Sempre é bom falar de como podemos beber e comer aproveitando o máximo destes momentos, então nada mais prazeroso que combinar as cervejas que gostamos com pratos que amamos. Uma combinação que é clássica no meio cervejeiro é beber cerveja com um bom e suculento hambúrguer. Assim como as cervejas que ganharam um impulso com o mercado em total efervescência, os hambúrgueres, que já há algum tempo antes já vinham nesse processo de “gourmetização”. O hambúrguer é uma comida extremamente versátil, um simples hambúrguer pode ser transformado em um prato gourmet. Então da mesma forma, a cerveja também oferece múltiplas possibilidades de aromas, estilos e sabores. O pão com a carne grelhada e os condimentos que hoje estão cada vez mais variados, são excepcionais para fazer ricas combinações e curtir imensas possibilidades que sem dúvida iremos gostar. Primeiro que os tipos de carnes têm suas particularidades. E quase sempre vem com algum tipo de queijo. Fora isso alguns molhos também incorporam essa áurea deliciosa que complementa de forma perfeita essa harmonização. Para comer com hambúrguer de porco ou linguiça, que geralmente são bem condimentados, e na maioria das vezes acompanhado de molhos agridoces, como o barbecue, a dica é uma Ale ou algumas de suas variações como as Red Ales ou a India Pale Ales. Essas combinações produzem um ótimo resultado. Sugiro a Bierland American Red Ale. Mesmo sendo uma cerveja de alta fermentação, ela não tem uma alta graduação 4,7%Vol, possui um bom amargor, é avermelhada e translúcida, com uma espuma mediana, aroma intenso e toques cítricos. Já para hambúrgueres de carne de boi como de maminha ou picanha, por exemplo, se forem levemente condimentados prefira uma cerveja da família Lager, que costuma ser mais encorpada com lúpulo, e bem mais refrescante. Um molho gorgonzola dá o encaixe perfeito. Experimente com a Lager da Broklin, cervejaria americana que possui excelentes cervejas. A Broklin Lager é muito refrescante, um teor de 5,2%Vol, aromas cítricos e um pouco herbal e coloração ambâr. Para um hambúrguer da frango, por ser mais leve, o ideal é uma cerveja igualmente leve, e como dito aqui que cerveja não se harmoniza por contraste como vinho e sim por aproximação dos e sabores, a pedida é degustá-lo com um molho de cebola ou de maionese com hortelã. A Dama Pilsen é uma cerveja que cai perfeitamente bem, por ser leve, com 4,8%Vol, com discreto lúpulo se sobressaindo o malte, dourada e muito refrescante. Hambúrgueres e cervejas são notadamente feitos um para o outro. MUNDO CERVEJEIRO No último dia 23 de agosto, no Chalé 92 nas Graças, a cervejaria DeBron Bier em um evento bem prestigiado por amigos, imprensa e produtores de cervejas artesanais lançou suas garrafas com os modelos exclusivos. Antes a DeBron era comercializada apenas em forma de chope e agora passa e ser envasada e distribuída no mercado para as casas especializadas. Os rótulos têm uma bela apresentação e bom gosto e deu o tom do lançamento do evento. Os convidados puderam apreciar os cinco estilos produzidos pela cervejaria: Weizen, IPA, Witbier, Lager e Golden Ale. Até chegar à garrafa, mais estudos e preocupação para aliar novidade e qualidade. Com um design diferenciado, a garrafa da DeBron Bier chega ao Estado de maneira exclusiva e tem a capacidade de controlar o creme da bebida, respeitando a quantidade de espuma comum a cada estilo. “Alguns estilos são mais propícios a formar o colarinho. É mais comum, principalmente nas belgas, agregando valor não apenas ao sabor, como também ao visual da bebida”, explica Thomé Calmon. A espuma é responsável por manter o sabor característico, o amargor, a temperatura, assim como ajuda na liberação do aroma. “Por isso que para as cervejas artesanais o colarinho é muito importante, já que o intuito é proporcionar interação entre todos os sentidos. A espuma faz parte da degustação”, ressalta Eduardo Farias. *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas (rivaldoneto@outlook.com)

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Após as emoções olímpicas, aplausos às artes cênicas...

Foram muitas as reflexões apontadas durante as Olimpíadas do Rio 2016, não só para o universo esportivo, mas especificamente para segmentos como educação e arte. Talvez poucas pessoas tenham percebido o recado cifrado do evento, tão tomada pela emoção estava a grande maioria dos espectadores e telespectadores da Rio 2016. – E não era pra menos, toda imprensa televisiva investiu nesse eixo deixando lividamente uma população às lágrimas, mesmo a que estava há muitos quilômetros de distância da capital fluminense. As poucas pessoas que apenas os olhos marejaram, refletiram sim, e puderam comparar (e teria que comparar mesmo), a quantidade de medalhas nas três categorias (ouro, prata e bronze) conquistadas pelos países participantes, perceberam de imediato e sem esforços, que a educação é o vetor dessas conquistas. Vejamos então os países que menos medalhas receberam nesta Olimpíada, todos têm um histórico remoto de ínfimo investimento na educação. Esta mesma reflexão se adéqua na questão das artes. Ao contrário, os Estados Unidos, a Alemanha, a Rússia, a Inglaterra, a França, a Itália, por exemplo, são países que tradicionalmente investem na educação como necessidade primeira, para que a sociedade desenvolva, com competência, suas culturas, suas artes e seus esportes. Daí, ao receber medalhas, risos. O Brasil conseguiu 19 medalhas, recorde em quantidade de aquisição olímpica até então. – Um parêntese aqui, me permitam: as medalhas brasileiras foram também banhadas por lágrimas, principalmente dos homens olímpicos. Isso aponta para uma coisa interessante de observar, relativa à cultura da masculinidade brasileira perdendo o vício mentiroso de dizer que homem não chora. Sempre chorou, escondido ou disfarçado, chorou e chora. Mas um legado da Olimpíada Rio 2016 que nos fica é a liberação do choro masculino (barbudos ou sem barbas, com topetes ou carecas, jovens, ou nem tanto, atletas ou fãs, já podem chorar em público como os nossos ídolos fizeram para o mundo ver. É obvio que entendemos no choro dos nossos “heróis” o filme que passa em suas cabeças de quantos dragões tiveram que vencer a cada dia para chegar ao pódio). – Voltando as 19 medalhas do Brasil, essa quantidade vai continuar num crescimento lento e gradual, porque assim é o investimento nacional na educação da sua população. E isso sim, é de fazer chorar. “É ouro, é ouro, é ouro!” – Esguelava-se Galvão Bueno na tela da TV, e as lágrimas rolavam. Porém, a televisão nada falou da programação artística e cultural destinada à Olimpíada, destacando-se a música, o teatro e a dança (que são as verdadeiras medalhas de ouro da diversidade e pluralidade da cultura brasileira), sabiamente ofertada pelo Ministério da Cultura, através da Funarte, no Bulevar Olímpico. Artistas de todas as regiões do país expostos a apreciação dos estrangeiros (a melhor forma de conhecer a alma do povo de um país é observar a arte que este povo produz), e a televisão silêncio total, como se os esportes não tivessem em suas expressões uma carga inseparável de arte e cultura advindas de uma educação. Como vimos na abertura dos jogos no Maracanã, o frisson que causou dentro e fora do Brasil, a nossa criatividade, a inventividade e a naturalidade de nossas expressões artísticas, usando como suporte tecnológico apenas câmeras cinematográficas, e isso não servir de foco para os veículos de comunicação de massa divulgar a programação da Olimpíada Rio 2016 contando com as artes nela inserida, é no mínimo um equívoco imperdoável. – Mesmo sem o alarde das Televisões, é gratificante saber que o público formado por brasileiros e estrangeiros prestigiou a programação cultural, e aplaudiu a arte que viu. Agora, pós-olimpíada, é tempo de aplaudirmos, ao vivo, os artistas locais em desenvolvimento de suas artes, e tenhamos todos bons espetáculos! DICAS DE ESPETÁCULOS EM CARTAZ NO RECIFE: - Puro Lixo, de Luiz Reis e direção de Antônio Cadengue, no Teatro Hermilo Borba Filho, aos sábados e domingos. Informações: 33553319. - Ossos, de Marcelino Freire, com direção de Marcondes Lima, no Teatro Barreto Jr. Tadas as sextas e sábados, às 20h. Informações: 33556399. - A Receita, texto e direção de Samuel Santos, com a atriz Naná Sodré, no Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu), todas as quintas, às 20h. – Informações: 33559821. - Vento Forte Para Água e Sabão, de Giordano Castro, com direção de André Filho, no Teatro Barreto Jr. Aos sábados e domingos às 16:30h. - Duvido, espetáculo de dança com coreografias de Ana Emília Freire e Direção geral de Cecília Brennand, no Teatro Luiz Mendonça, toda sexta às 20h. – Informações: 33559821. - Aurora Em... Uma Bela Adormecida, concepção e direção artística de José Roberto Lira, no Teatro Luiz Mendonça, aos domingos às 17h. – Informações 33559821. - Zumba Sem Dente, de Hermilo Borba Filho, com direção de Carlos Carvalho, no Teatro Hermilo, as terças feiras, às 19h. Informações: 33553319. *Por Romildo Moreira é ator, autor e diretor teatral

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Por que os escritores vão às salas de aula? (Por Paulo Caldas)

*Por Paulo Caldas Para a escritora Jussara Kouryh aproximar os autores do leitor, muitas vezes crianças e adolescentes, é fascinante. “Acham que somos pessoas distantes, que vivemos num mundo diferente, mas quando percebem que somos iguais, que possuímos os mesmos sonhos e inquietações, começa um processo de desmistificação. É muito interessante”. Ela acrescenta que outra motivação é constatar o quanto nossa presença nas salas de aula, além de provocar discussões produtivas sobre o texto, sua compreensão e interpretação, desperta interesse pela leitura, além de estimular a própria produção textual dos alunos. “Os estudantes e profissionais da educação, nos trazem elementos extraordinários para o enriquecimento de nossa escrita. São observações, exigências que acrescentam positivamente e abrem leques para nossas futuras produções. Em suma, é uma troca maravilhosa”. Garante. Perguntada sobre se a sua visita contribui para incentivar o hábito da leitura, Jussara Kouryh tem dúvidas. “Se os alunos são impulsionados cotidianamente à produção textual, nossa presença será mais um elemento motivador. Se, ao contrário, a nossa visita, ficará apenas a lembrança e sem maiores consequências. Nossa presença pontual não tem a força de operar um milagre que só acontece quando a escola compreende a importância do ato de ler”, afirma. Sobre os seus títulos mais indicados às escolas, ela detalha. “Alguns infantis como O Grande Festival das Cigarras, Biu – o passarinho maluco, Liberdade, o sonho dos Palmares... Os infantojuvenis como O dono dos pés, Desafio no asfalto, Jogo de máscaras... entre os romances Sophia e Na palma da mão”. Os livros de Jussara contemplam também outros temas. “Produzi duas coleções que estimulam discussões nas salas de aula: Conceitos sem preconceitos, em seis volumes nos quais podemos conversar com os adolescentes sobre uso de droga, internet e redes sociais, tráfico de pessoas, bullying, as doenças sexualmente transmissíveis e o HIV/aids. Na coleção Histórias do Brasil Afro-indígenas, formada por quatro volumes, atendendo exigências do Ministério da Educação, abordamos histórias e culturas afro-indígenas. O escritor Fernando Farias tem uma visão diferente dos seus colegas. “Faço um trabalho de militância literária, incentivando mais a arte de escrever do que motivando novos leitores. Tenho dito que lugar de escritor é nas escolas. São eles que podem falar sobre a importância da leitura e da arte de escrever. Mesmo que não sejam escritores de histórias infantis e para adolescentes”, define. O seu trabalho, praticamente, começou na Escola Estadual Rodolfo Aureliano, em Jaboatão, para fazer oficinas aos sábados, dentro do projeto Escola Aberta. “Isso sem qualquer remuneração; a experiência inicial não foi muito boa, pois eu apenas transferia o conteúdo das oficinas que eu assistia com Raimundo Carrero. A primeira turma durou mais de um ano e eles serviram como minhas cobaias. Tive que aprender empiricamente a fazer exercícios motivadores, buscar técnicas mais simples, textos leves e incentivar a leitura de livros da biblioteca. Tomei gosto e fiz proposta para a Prefeitura de Jaboatão, onde há mais de seis anos faço palestras e oficinas. Sou remunerado por este trabalho. Depois fui convidado pelo SESC onde já fiz oficinas e palestras em várias cidades. Também faço palestras em escolas do Recife e nas bibliotecas comunitárias”. Farias acrescenta que é bem recebido pelos alunos, “mas nem sempre pelos professores caretas que se incomodam com meu método descontraído que estimula a criatividade, a quebra de padrões e busca o pensamento livre. O aluno percebe que tudo é uma brincadeira, podem sair da sala, usar celulares e conversar. No estímulo à imaginação vem o debate de temas transversais: drogas, gravidez na adolescência, consciência da temporalidade e morte. O que sempre gera mote para os contos”, comenta. Ele observa que as oficinas e palestras só estimulam os alunos que possuem predisposição à leitura. “Não há mágica, é preciso um ambiente de leitura em casa. A experiência com adultos, das turmas do EJA, (Educação de Jovens e Adultos), durante dois anos, motivou mais retorno, criando-se até uma biblioteca no bairro de Barra de Jangada. Detectamos que houve um aumento de mais de 100 jovens inscritos na biblioteca quando as oficinas foram realizadas na Biblioteca Central de Jaboatão, ou seja, dentro do ambiente de livros. As escolas não têm bibliotecas, nunca vimos um professor de português que incentivasse a leitura, são poucos os que se aliam ao projeto das oficinas. A maioria aproveita para sair da sala nessas horas”, critica. “Há uma ideia falsa de que apenas quem escreve para crianças deve ir às escolas, na verdade, eles usam as escolas apenas para vender livros. Por outro lado, nem todos os escritores se comunicam com jovens, sabem escrever bem, mas são péssimos para falar com as turmas. Principalmente pela vaidade e egocentrismos, escritores que acham que são importantes e falam tudo de suas vidas e nada sobre a leitura e a arte”, conclui. *Paulo Caldas é escritor  

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As Imperial IPAs, o topo do amargor (por Rivaldo Neto)

A variação mais intensa das IPAs (Indian Pale Ale) são as Imperial IPAs, que possuem um consumidor extremamente segmentado deste estilo criado nos EUA. São cervejas com um grau potencialmente alto de amargor, fortes mesmo. O seu IBU - International Biterness Unit, medida que afere o grau de amargor – é alto. Porém essa medida não fornece informações sobre as sutilezas de sabor, mas serve como um guia geral e dá uma certa referência a quem se aventura em provar este estilo de cerveja, que têm como característica imediata ao experimentá-la a tônica de amá-la ou odiá-la. É bom dizer que o paladar humano é capaz de sentir até um determinado valor de IBU. Além desse valor a percepção é indiferente e isso fica em torno de 120/150 IBU, no máximo. Mas se você amar, isso se torna é um “casamento” sem crises. Essencial para o sabor da cerveja, o amargor é extremamente complexo, sendo decisivo para definir e caracterizar muitos estilos. E vai muito além do lúpulo, embora este ingrediente seja fundamental para sua existência, até porque são necessárias generosas quantidades para se chegar a uma Imperial IPA de respeito. Se você se enquadra no perfil dos hopmaniacs (lúpulomaníacos) é verdadeiramente amor ao primeiro gole. Infelizmente o clima no Brasil não é propício ao cultivo no lúpulo, por possuir em sua maioria o clima tropical. A planta se desenvolve melhor em climas frios. Mesmo assim já há sinais, estudos e experiências para que o cultivo de lúpulo vingue em solo nacional, talvez esteja aí um dos caminhos para a explosão definitiva da cena cervejeira brasileira, além de desonerar microcervejarias e cervejeiros em geral, já que ele é um insumo caro e importado. Mas vamos as cervejas. Se é pra falar das Imperial IPAs vamos com uma nacional produzida pela cervejaria Imigração de Campo Bom(RS), a Roleta Russa. Contendo 7,6%Vol e com 120 IBU é uma cerveja com notas cítricas e herbais. Retrogosto muito bom. Tem coloração alaranjada com reflexos âmbar e espuma branca com ótima persistência. É turva e um pouco adocicada no final. Para comer com uma linguiça alemã e mostarda de mel ou com um bom salame imperial. Tem uma garrafa bastante curiosa com uma tampa fliptop em forma de um tambor de revólver, contendo uma bala em alusão ao seu nome. Outra cerveja nacional que também vale muito a pena é a Vixnu, da cervejaria Colorado. Como não podia deixar de ser, a Colorado ousa em alguns dos seus rótulos com insumos diferentes como é o caso da Cauim, uma Lager que contém macaxeira. Mas na Imperial IPA foi posto rapadura. Isso deu um equilíbrio delicioso entre o malte e toques de caramelo e as notas cítricas de maracujá. Ela vem carregada de aromas cítricos de maracujá e no caso desta cerveja, contém os lúpulos Galena, Cascade, Simcoe, Amarillo e Citra. Os mesmos que são usados no seu Dry-hopping caracterizando este estilo. Com seus imponentes 9,5%Vol, 75 IBU, tem um tom acobreado, muito aromática e espuma persistente. É sem dúvida uma cerveja “extrema”. Experimente com um queijo gorgonzola. A cervejaria escocesa BrewDog é espetacular, e como não podia deixar de ser, fez uma Imperial IPA verdadeiramente sensacional. Realmente “Hard”, a BrewDog Hardcore IPA é um show de cerveja. Topando tomá-la com seus 9,2%Vol e 150 IBU (amargor nas alturas), frutada, com toque de caramelo. Ela realmente é “potente”. Os lúpulos Centennial, Columbus, Simcoe, dão um toque especial e único. Uma bebida para ser apreciada juntamente com sabores fortes e apimentados, queijos com cristais de sais, comida mexicana ou uma boa moqueca. É cerveja mais amarga produzida no Reino Unido. Momentos amargos nem sempre são ruins, no mundo da cerveja ela é tudo de bom! Pode apostar! MUNDO CERVEJEIRO A Amstel, quinta maior marca de cerveja do mundo, fez seu lançamento oficial no mercado pernambucano, com um evento no último dia 15 de agosto. A gigante holandesa, de propriedade da Heineken, vem com uma proposta de brigar com as cervejas comerciais mais populares com uma qualidade muito melhor que as que hoje se encontram no mercado. Feita com ingredientes naturais e sem conservantes, o produto realmente tem uma qualidade superior e com uma embalagem das mais bonitas. Segundo o gerente comercial da marca Luciano Gomes, a estratégia da cervejaria é bastante agressiva. “O preço é um diferencial, são realmente muito atrativos e competitivos”, afirma. A Amstel será comercializada em latas de 350ml, 473ml e garrafa de 600ml. O chope da marca já circula também em bares e restaurantes da capital pernambucana. *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas (rivaldoneto@outlook.com)  

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Salve o dia do ator! (por Romildo Moreira)

Uma frase de Hermilo Borba Filho que encontramos em seu livro Diálogo do Encenador, diz: “O teatro é mais que uma arte de comunidade, é uma arte de comunhão”. Todas as vezes que o pano se abre começa o mistério. Nós nos damos ao público, “este monstro de mil cabeças”, que se integra conosco através da corrente dionisíaca”. – Entre esses mil monstros citados por Hermilo existe o mistério do ator, com seus monstros que também se manifestam de forma variada a cada representação. E esse mistério que conduz a arte da representação, ou o ofício do ator em cena, é o mais visível na arte de fazer teatro, visto que ele está física e energeticamente carregando toda uma criação comunitária diante de uma plateia e sendo veículo de uma comunhão; o espetáculo. Neste 19 de agosto, dia do ator, é bom lembrar de saudarmos, aplaudirmos e referenciarmos todos eles, homens e mulheres que dedicam as suas existências à arte da interpretação, contribuindo com a reflexão, a visão mais ampla do mundo e sobre a própria existência humana com seus conflitos e anseios, através dos seus corpos, de suas vozes e de suas verdades cênicas doadas generosamente (porque é vida) a uma plateia.   Ainda recorrendo a Hermilo Borba Filho na obra acima citada, encontro: “... uma coisa é a peça escrita, como obra literária, e outra o espetáculo resultante dessa obra. Já pensou por quantas transformações ela passa?...” – É disso que tratamos quando falamos no ator em cena, esse mostro sagrado e profano ao mesmo tempo, submisso às intemperes e fúrias de Dionísio e Baco, mas íntegro em sua condição de ator no palco.   – Aqui faço um chamado, como ator que também sou ao público em geral: vamos ao longo dessa semana aplaudir, ao vivo, esses artistas que contrariam, a cada entrada em cena, uma frase célebre de Bertolt Brecht que sabiamente sentencia em outro contexto: Infeliz a terra que precisa de herois. – Para estar em cena hoje, o ator precisa ser heroi. Lembremos então dos apelas de duas atrizes queridas para continuar trabalhando como atrizes, Joana Fomm e Augusta Ferraz. – Resta-nos então irmos ao teatro e aplaudir cada um deles, por isso sugiro as peças que estão em cartaz no Recife, coincidentemente duas delas são obras dos dramaturgos citados neste artigo. Vejamos então:   Puro Lixo, de Luiz Reis, com direção de Antônio Cadengue, no Teatro Hermilo Borba Filho, aos sábados e domingos. No elenco os atores: Eduardo Filho, gil Paz, Marinho Falcão, Paulo Castelo Branco, Samuel Lira e Stella Maris Saldanha. Zumba sem Dente, De Hermilo Borba Filho, com direção de Carlos Carvalho, no Teatro Hermilo Borba Filho, as terças-feiras, às 19h30. No elenco os atores: Mário Miranda, Daniel Barros, Flávio Renovato e Andrêzza Alves. O Mascate, a Pé Rapada e os Forasteiros, com texto e interpretação do ator Diógenes D. Lima, com supervisão artística de Marcondes Lima e Jaime Santos, no Teatro Hermilo Borba Filho, as quartas e quintas feiras, às 20h. Ossos, de Marcelino Freire, com direção de Marcondes Lima, no Teatro Barreto Jr, todas as sextas e sábados, às 20h e domingos às 19h. No elenco os atores: André Brasileiro, Arilson Lopes, Daniel Barros, Ivo Barreto, Marcondes Lima e Robério Lucado. A Receita – Texto e direção de Samuel Santos, com a atriz Naná Sodré, no Teatro Luiz Mendonça, todas as quintas, às 20h. Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, com direção de Cibele Forjaz, no Teatro de Santa Isabel, nos dias 19, 20 e 21, às 20h. No elenco os atores: Denise Fraga, Ary França, Lúcia Romano, Théo Werneck, Maristela Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luíz Mármora, Silvio Restiffe e Daniel Warren. Então, viva os atores e vamos ao teatro e bom espetáculo!

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A crise de perto (por Joca Souza Leão)

Anos 50. O cronista Rubem Braga liga para o também cronista Otto Lara Resende e o convida para “ver a crise de perto”. Vão a um bar da Cinelândia, no centro do Rio. Tomam chope, comem salsichão com muita mostarda e dão a crise por vista. Por essa época, no Recife, meu pai tinha o que ele, bacharel em direito, chamava de “crise de coceira”, que não era outra coisa senão uma coceira danada nas mãos. “Histamina”, dizia ele sem medo de errar, apesar de a medicina nunca ter tido a chance de confirmar seu diagnóstico nem os anti-histamínicos, receitados por ele próprio, davam conta do recado. O jeito era coçar. E ele coçava com vigor com uma escova de cabelo que tinha sido de minha mãe, há muito tempo transformada em “escova-de-coçar”. Contei essa historinha, caro leitor, apenas para dizer que a palavra crise me é familiar desde que me entendo por gente. E que esta grande, enorme e profunda crise em que o Brasil se vê mergulhado foi, para mim, uma crise anunciada. Literalmente anunciada. Tanto quanto as crises do meu pai. Há três anos, duas palavras foram introduzidas nos manuais de redação de jornalismo dos veículos de comunicação de massa e, pela lei da gravidade, foram descendo e assentando nas redes sociais: “confiança” e “credibilidade”. Coisas do tipo: “resta saber se o governo tem credibilidade para implantar as medidas anunciadas” ou “no entanto, carece da necessária confiança dos agentes financeiros” ou “será que os professores confiam na proposta governamental?”. (Esses três fragmentos foram pinçados de dois noticiários de TV e um comentário de emissora de rádio.) A cobertura do Mensalão e, na sequência, da Lava Jato, veio para engrossar e dar consistência ao caldo que, agora, já tinha nome e sobrenome: “crise de confiança”. A grande imprensa nunca questionou o fato de o Mensalão Mineiro, do PSDB, o pai dos mensalões, por exemplo, ter sido anterior, muito anterior ao do PT e, enquanto um dava cadeia, julgamento e condenação, o outro não saía do lugar. No YouTube, um delator premiado disse (e repetiu) com todas as letras como funcionava o esquema de corrupção em Furnas, envolvendo os Neves (Aécio, mãe e irmã). “Não foi isso que lhe perguntei”, interrompeu a procuradora. “Eu perguntei sobre as relações do Sr. José Dirceu com a Petrobras.” Alguém viu isso no Jornal Nacional ou, mesmo, no noticiário da TV-U (com todo o respeito) às 7 da manhã? Claro que não. Caixa dois, financiamento de campanha, contribuição partidária, corrupção mesmo (com dinheiro vivo no bolso do pilantra) são velhos, velhíssimos conhecidos da política e do sistema eleitoral brasileiro. Quisessem a imprensa e a justiça acabar de uma vez por todas com os vícios eleitorais – e não apenas derrubar uma presidenta e aniquilar um partido –, teriam conseguido. A hora era essa. Com os esquemas das empreiteiras descobertos e escancarados, expostos à execração pública, não haveria quem tivesse peito para ficar contra as reformas políticas e eleitorais. Mas, como no verso de Camões, agora, Inês é morta. Enquanto os peritos do Senado concluem que a presidenta não pedalou coisíssima nenhuma (quer dizer, nada além das pedaladas em sua bicicleta, nas cercanias do Alvorada), os senhores senadores repetem o que dizem os meios de comunicação: a questão não é mais se houve ou não “crime de responsabilidade”, mas a “falta de confiança”. Se os índices econômicos não vão bem, “a credibilidade da população no governo e a confiança dos investidores privados continuam em alta”, dirá um Bonner qualquer, em rede nacional. O diabo é quem confia!

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Cervejas e Queijos, dupla imbatível! (Por Rivaldo Neto)

Cerveja e vinhos são bebidas fermentadas. Para vinhos sabemos que sua harmonização com queijos é um casamento dos mais perfeitos. E a cerveja? Igualmente como o vinho, as cervejas e suas muitas variações abrem uma grande possibilidade de tornar a combinação dos dois, uma espetacular explosão de sabores. Vamos ver que possibilidades são essas e como podemos obter os melhores resultados. Pode ter certeza que os paladares mais exigentes vão se surpreender. Alguns pequenos conceitos podem ser seguidos, tipo, cerveja leve com queijos suaves e cervejas mais encorpadas com queijos mais fortes. Mas é interessante arriscar-se também, sair da vala comum desses conceitos que estão certos, mas que engessam o paladar, impedindo de nos aventurarmos em outros sabores e sensações. Primeiramente algumas coisas têm de ser levadas em consideração. Aconselha-se tirar o queijo da geladeira um pouco antes. Queijos gelados mascaram o sabor e o ideal é servi-lo quase em temperatura ambiente. Não corte os queijos muito antes de servir, pois ele irá perder um pouco o aroma e o sabor. Primeiramente prove o queijo, depois a cervejas. Uma observação interessante é que a harmonização por contraste tem um resultado melhor com vinhos, cerveja não funciona assim, é mais por semelhanças como dito acima. Uma boa combinação para as cervejas Pilsens e Weiss são os queijos Brie ou Camembert, ambos possuem características semelhantes. São queijos com casca branca e aveludados, seu interior é cremoso o que faz a diferença entre ambos é seu tempo de maturação (4 semanas no caso do Brie e de 2 a 8 semanas para o Camembert), inclusive os dois são pulverizados por fungos do gênero penicillium candidum, este responsável pelo aroma e sabor leve que possuem. Pode ser combinado com a cerveja Pilsen da cervejaria Schornstein, com 4,5% leve, clara, bom malte, e refrescante ou uma Primator Weizenbier, da república Tcheca, com 5,0% vol, dourada, turva e refrescante. Os queijos semiduros, ou macios, tem uma média maturação, tem um sabor leve, suave a adocicado. Como por exemplo o queijo gouda,o emmental, e o gruyère. São tenros e mais indicados para serem apreciados com as Ales, Strong Ales bem aos estilos das bitters inglesas ou as Belgian Golden Strong Ales. Uma excelente pedida é a inglesa ESB da Fullers, com 5,9%vol, dessa tradicional cervejaria. Ou a belga Duvel, com seus imponentes 8,5%vol, esta é uma das mais clássicas , embora muito limitada à Bélgica. Sua cor clara sugere uma Lager leve, mas não é. São bebidas fortes, muito frutadas, com bastante lúpulo (amargas) e de alto teor alcoólico. Já os queijos duros, com longa maturação e que contém cristais de sais como o parmesão, grana padano, pecorino, ou até indo mais longe com um bom primma donna faixa azul, o ideal é juntar essa intensidade de uma Weizenbock com personalidade como uma Schneider Weisse TAP 6, com 8,2% vol, um pouco picante e com toque de caramelo ou a Dunkel da Erdinger igualmente picante, bem malteada e com seus 5,2%vol. Queijos e cervejas dão uma porção de possibilidades e fazem realmente a satisfação de que comer e beber bem dão um enorme prazer e alegram a vida. Sintam-se a vontade para criar, cada paladar tem suas particularidades, não perca tempo e descubra o seu. Aposto que vale a pena! MUNDO CERVEJEIRO A cervejaria DeBron Bier, que inicialmente seus estilos só eram encontrados como chope, agora será envasada, o lançamento das garrafas da marca será no próximo dia 23 de agosto no Chalé 92, e promete ter um design diferenciado e com preservação das qualidades do líquido conforme o estilo, vamos aguardar! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com

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