Arquivos Colunistas - Página 290 de 295 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Festival para crianças abre temporada dos grandes eventos (Por Romildo Moreira)

Anualmente, o segundo semestre é repleto de festivais de artes cênicas na capital pernambucana e o Festival de Teatro Para Crianças do Recife, realizado pela Metron Produções, é quem dá a largada a esses eventos. Na sequência, virão: a Mostra Brasileira de Dança, que acontecerá no período de 29 de julho a 07 de agosto; o Festival Estudantil de Teatro e Dança, em agosto; a 7ª Mostra de Circo do Recife, no mês de setembro; o 21º Festival de Dança do Recife, em outubro e o 18º Festival Recife do Teatro Nacional, em novembro. Em sua décima terceira edição, o Festival de Teatro Para Crianças do Recife traz uma programação plural em estilos de apresentações, totalizando 23 récitas, espalhadas por espaços como o Teatro de Santa Isabel e o Teatro Luiz Mendonça, assim como no mais novo teatro da região metropolitana, o Teatro Experimental Roberto Costa, que estará funcionando no Paulista North Way Shopping. – Que bom dá a notícia da abertura de um teatro e que já inaugura com uma programação de peso e local. Parabéns ao artista empreendedor Roberto Costa e à coordenação do Festival pela ocupação do espaço, contribuindo assim com a sua divulgação. Driblando as dificuldades orçamentárias para o festival em 2016 acontecer, a Metron Produções está contando com a parceria de todos os grupos e companhias teatrais participantes da programação, e da mesma forma, da equipe de produção, que não mede esforços para que esta XIII versão faça tanto sucesso quanto as anteriores. Em mês de férias escolares das crianças, torna-se imprescindível conferir os espetáculos conforme indicação a baixo. Como de práxis, no XIII Festival de Teatro Para Crianças do Recife também haverá homenagem a uma personalidade do teatro pernambucano. E desta feita o eleito foi o ator e diretor Paulo de Pontes, merecidamente, que mesmo residindo em São Paulo desde 2004, não fica ausente da ribalta recifense por muito tempo, a exemplo da última versão do Janeiro de Grandes Espetáculos e exibe em seu currículo, orgulhosamente, como costuma dizer, nos 32 anos de dedicação a este universo artístico, mais de cem espetáculos, sendo a maior parte deles destinados a crianças e jovens. Atualmente Paulo de Pontes integra o elenco fixo do grupo paulista Os Fofos Encenam e a partir do dia 02 de julho estará em cartaz no Teatro João Caetano, na capital paulista, com o espetáculo “O menino e as cerejas”, de Stella Tobar. Como já vimos dizendo neste espaço, da importância dos festivais para o movimento das artes cênicas, aqui e em qualquer parte do território nacional, tanto pela questão da circulação dos espetáculos quanto por possibilitar o acesso ao público local de uma programação que não estaria em pauta na cidade se não fosse o evento, acrescido ainda de trabalho e renda para atores, diretores e técnicos de espetáculo, além de tudo isso, o Festival de Teatro Para Crianças do Recife tem um quê a mais: é um dos poucos festivais inteiramente dedicados ao público infanto-juvenil no Brasil. E isso significa muito em questões como a renovação de público para o teatro e complemento cultural na formação intelectual dessa plateia. – Nunca me canso de repetir a seguinte frase: “Se a escola educa, o teatro instrui, e juntos, formam cidadãos melhores e culturalmente mais preparados para a labuta na vida”. – É de jovens bem preparados para a configuração do Brasil do amanhã, o que mais necessitamos agora. Toda a programação do XIII Festival de Teatro Para Crianças do Recife poderá ser conferida no site: www.teatroparacrianca.com.br . DICAS DE ESPETÁCULOS EM CARTAZ Programação do XIII FTCR: “A Revolta dos Brinquedos”, com a Circus Produções Artísticas. Local: Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu). Dias: 02 e 03/07/2016, às 16h30. Preços: R$ 20,00 e R$ 10,00 – Informações: 988590777. “O Pequeno Príncipe”, com a Cia. do Riso (Foto acima). Local: Teatro Experimental Roberto Costa (Paulista North Wae Shopping) Dias: 02 e 03/07/2016, às 16h30. Preços: R$ 20,00 e R$ 10,00.

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Um Galeão Voador pousa nas escolas (Por Paulo Caldas)

Há um bom tempo que escolas do ensino médio e fundamental de Pernambuco adotam os livros paradidáticos, chamados de literatura complementar, da autoria de escritores locais ou aqui radicados. O fato poderia parecer comum não fosse a concorrência das editoras do Sudeste e Sul do País, sempre ávidas para ocupar preciosos espaços nesse nicho do mercado livreiro. Ao longo dos últimos 30 anos, pelo menos, a produção local tem marcado presença com a publicação de títulos que se mostram em conteúdo e estética tão bons quanto os que vêm de fora. E essa prática tanto resgatou quanto revelou inúmeros autores com o dom de escrever para a faixa etária a que se propõe e artistas gráficos que correspondem às expectativas com ilustrações de alta qualidade. Dois nomes que integram o atual cenário das letras e artes visuais por aqui se encontram no livro O Olho do Leviatã, Editora Bagaço (2014), escrito por Luiz Marcello Trigo e ilustrado por Eduardo Souza. A engenhosa peça de fantasia se passa num mundo fantástico, onde um galeão voador caça monstros pelo céu numa ação eletrizante destinada ao público infanto-juvenil. O texto apresenta personagens, cenários e trama concebidos à capacidade imaginativa do autor. Os desenhos de Souza se destacam no traço criativo e no manuseio dos matizes concebidos com destreza pelo artista. Mais um troféu no Balaio O escritor pernambucano André Balaio, autor de A Rasteira da Perna Cabeluda, entre outros sucessos no campo da narrativa fantástica, obteve o primeiro lugar no Prêmio Off Flip / Bibliomundi de Literatura com o conto "O lado de lá". Balaio concorreu com outros  530 autores de todo o Brasil e demais países de língua portuguesa no gênero Conto. Além do prêmio em dinheiro, terá o texto publicado em coletânea do Selo Off Flip. O sarau de premiação acontecerá no sábado, dia 02 de julho, no Centro Cultural Sesc Paraty na programação da Off Flip das Letras durante a Festa Literária Internacional de Paraty.     *Paulo Caldas é Escritor

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Cervejas Lendárias: A Guinness (Por Rivaldo Neto)

Sempre que se fala da Irlanda, os cervejeiros de plantão logo lembrarão da cerveja Stout mais famosa e consumida no mundo. Quando Arthur Guinness fundou a cervejaria St. James's Gate Brewery, responsável pela Guinness em 1759, talvez não tivesse a dimensão que a marca fosse alcançar. Ela é responsável por um consumo diário de 10 mil Pints de cervejas, este volume é tão grande que chega a metade do consumo de cerveja na Irlanda. Uma curiosidade é que o seu fundador que era protestante, alugou a fábrica e os terrenos em sua volta por míseros 45 libras (aproximadamente R$ 223,00), incluindo o fornecimento de água para sua produção em um contrato de arrendamento de 9 mil anos. A Guinness sempre teve um ousado processo de expansão, chegando em 1908 a ser a cerveja mais consumida no mundo. A Guinness é mais facilmente encontrada no mercado nacional em latas de 440ml. Ela contém uma cápsula de nitrogênio (N2) e ao abrir a lata inicia-se uma reação química entre gás carbônico e o líquido resultando em uma carbonatação semelhante a um chope. Isso confere a cerveja uma formação de espuma de alta qualidade e duração, além de preservar de forma quase impecável suas notas e aromas. Beber um chope da Guinness é interessante desde o momento em que está sendo servido. Quando o copo é inclinado em uma ângulo de 45graus, o líquido fica com uma coloração marrom, e em aproximadamente um minuto ele começa a decantar e a sua cor preta característica aparece dando o tom certo da cerveja, causando assim um belo efeito visual. A Guinness deve ser servido em um Pint ou caldereta, pois tal processo em outros tipos de copos fica comprometido. A Guinness é uma cerveja leve de 4,1%vol, muito equilibrada, e com uma sabor intenso de maltes de cevada tostada utilizados em sua fabricação. Para cervejeiros que gostam de café, esta cerveja é um pedida ideal, pois sua aromatização irá agradar em cheio. Para uma harmonização a Guinness cai bem com um lombo de porco defumado, carnes e linguiças para opções salgadas e para as doces um bom petit gateau. Outro lado interessante dessa cerveja é que a mesma é muito utilizada no preparo de pratos culinários. A cerveja ajuda a amaciar e dar sabor a ensopados de carne com batatas, o famoso Irish Stew (cozido irlandês), além de dar um toque especial com sorvetes. Por estas e outras a deliciosa e polivalente cerveja Guinness é um lenda, se você tem a oportunidade de degustá-la não pense duas vezes, afinal são mais de 250 anos de tradição em forma de cerveja! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Cerveja para celíacos (Por Rivaldo Neto)

A doença celíaca é um distúrbio inflamatório crônico do intestino delgado que afeta 1% da população mundial. Estima-se que no Brasil exista um celíaco para cada 400 indivíduos. Essa doença é causada pela intolerância ao glúten, que é uma proteína que está presente na cevada que se produz as cervejas. Durante um tempo, os amantes da cervejas, quando diagnosticados positivamente com a intolerância tinham de deixar de tomá-las (infelizmente). Mas hoje no mercado existem boas opções de cervejas 100% Glúten Free e de excelente qualidade. Alguns rótulos muito interessantes tanto nacionais quanto importados dão um leque de variados estilos para a que as pessoas portadoras da intolerância possam usufruí-las sem causar mal a sua saúde. A cervejaria brasileira Lake Side (RS) tornou-se especialista nesse tipo de bebida através de um processo exclusivo da própria fábrica, fazendo assim a quebra da proteína no glúten. A cervejaria espanhola Estrela da Galícia também produz cervejas com essas características. Da brasileira Lake Side três ótimas indicações. A sua Lager é uma cerveja vendida em garrafa de 600ml , com uma graduação de 4,5%Vol, leve, consistente e de muito agradável sabor e muito refrescante. Tem boa presença de malte e um amargor sutil. Outra que chama a atenção é a Malzebier (300ml), com os mesmos 4,5% da Lager. Do mesmo fabricante, esta cerveja tem uma bonita espuma, levemente doce, com maltes torrados, caramelo e com um final de chocolate, excelente para quem quer fazer uma harmonização com doces, tipo: um chessecake, um torta de nozes ou até mesmo um mousse de chocolate. Já para quem gosta de uma cerveja com um amargor mais intenso, a APA (American Pale Ale) preserva as características desse estilo, possui acentuado aroma de lúpulo (usando o sistema dry hopping), coloração alaranjada, aromas cítricos e leve caramelo. A graduação é um pouco maior, com seus 5,2%Vol, em garrafas de 300ml. E pra finalizar a Espanhola Daura Damm, da Estrela da Galícia. É um cerveja clara, muito agradável, de leve amargor e com uma graduação maior que as citadas acima, 5,4%Vol. Excelentes rótulos para os amantes da cerveja em geral e principalmente aos celíacos, que podem tomar uma sua “santa” cerveja, sem lhe causar dano a saúde! Um brinde! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet na horas vagas

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Ler Márcio de Mello (por Paulo Caldas)

Márcio de Mello se destaca pelas virtudes de leitor voraz e de escritor de notável criatividade. O texto desse noronhense, que viveu por longo tempo em Macau-RN, tem cheiro de maresia, é claro. Não das praias rasas de águas tépidas, mansas, cristalinas, mas de mar aberto, denso, profundo, exato, como o zelo com que nutre cada palavra, frase, sentença, parágrafo. Márcio dispõe de outra virtude intrínseca ao bom escritor: a memória. E dela faz bom uso na composição dos contos do seu "Um certo Capitão Vidraça" (Edições Bagaço 2013), bem como maneja habilmente a inventiva, como fez no livro anterior "Uma história de outro mundo e outras histórias de bichos que não navegaram na arca de Noé", da mesma editora, em 2012. Da memória ele traz personagens de perfis inusitados, vistos e reinventados com o necessário talento. Da sua criatividade aparecem outros tantos protagonistas surgidos do imaginário privilegiado, todos temperados pelo humor fino, ironia e outros ingredientes que seduzem o leitor a partir das primeiras linhas. No entender o escritor João Gratuliano, Márcio de Mello sabe como contar histórias. “E mais, sabe como escrevê-las de um jeito especial. Os contos têm o que de melhor se pode esperar desde o enredo instigante, a narrativa que flui com tamanha naturalidade que caímos com facilidade nas armadilhas. Para onde o narrador está nos levando? Os personagens são incomuns ao ponto de deixar o leitor na dúvida: existem no mundo real ou são meras coincidências que a mente desse ficcionista engenhoso e criativo trouxe à vida? E o que é mais raro na arte das narrativas curtas: elaborar uma trama tão bem tecida que fica difícil distinguir a história que se mostra e a oculta, aquela que está nas entrelinhas e que nos deixa com aquela sensação de ‘será que...’ Ler esses contos traz à tona nossas mais diversas emoções. Ora um riso, quando somos pegos de surpresa, ora uma lembrança quando nos identificamos com os personagens demasiadamente humanos, mas sempre com uma reflexão sobre nossa condição última. Um livro de cabeceira, para ler uma história por dia, se deliciando com as artimanhas que o autor descobriu para nos entreter. Para quem o conhece é como se ele estivesse presente lendo por nós”. *Paulo Caldas é escritor  

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A Casa de muitas histórias (junho)

Ao chegarem em Olinda, em 1592, os primeiros beneditinos ocuparam, inicialmente, a Igreja de São João Batista, no Amparo, transferindo-se três anos mais tarde para a Capela de Nossa Senhora do Monte. Devido à distância que separava esse recolhimento da área urbana da primitiva Vila de Olinda, os monges adquiriram, em 1598, as terras do Sítio da Olaria no Varadouro da Galeota, onde, no ano seguinte, iniciaram a construção do atual Mosteiro de São Bento que veio a ser um dos mais belos exemplares da arte religiosa do Brasil colonial. Com a invasão holandesa, foi o mosteiro, a exemplo de outras igrejas situadas no sítio urbano e de todo o casario da vila, completamente destruído pelo incêndio de 25 de novembro de 1632. As ruínas do que restou da primitiva Vila de Olinda aparecem em gravura, desenhada por Frans Post e publicada no livro de Gaspar Barlaeus (1647). Expulsos os holandeses em 1654, a paz voltou à capitania e os monges puderam retornar ao seu mosteiro e assim iniciar as obras de reconstrução. Uma nova igreja vem a surgir, entre 1688-92, segundo registro da Crônica do frei Theodoro da Purificação, na qual aparecem referências à sacristia em pedra e cal, com arcazes em amarelo vinhático e pintura de seis painéis com cenas da vida da Virgem Maria, bem como às obras dos retábulos e cadeiral da capela-mor. Na segunda metade do século 18, o Mosteiro de São Bento foi inteiramente reconstruído e novamente decorado. Nessa reforma, José Luiz Motta Menezes, foi ampliado o corpo de sua igreja, cujo claustro ainda permanecia inacabado em 1764. Foram instaladas novas tribunas (1746-50), construída a torre do campanário (1750-53), com 25,08 m de altura, e levantado o atual frontispício (1760-63). Este último obedeceu ao projeto do mestre-pedreiro Francisco Nunes Soares, também autor das fachadas da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes (1785-86) e da capelinha de Nossa Senhora da Conceição da Jaqueira (1761-63). Durante o terceiro período da administração do abade frei Miguel Arcanjo da Anunciação (1783-86), foi executado o atual altar-mor, que ainda em nossos dias desperta a atenção por sua suntuosidade. Por essa época, foram realizados pagamentos no valor de 55$000 ao mestre Gregório (1784-85), responsável pela confecção das imagens de São Gregório e Santa Escolástica, atribuindo-se à mesma oficina a confecção das tribunas e portas da capela-mor, bem como o coro com o seu cadeiral. O altar-mor do Mosteiro de São Bento tem o seu risco atribuído ao beneditino português frei José de Santo Antônio Vilaça, que o projetou seguindo as formas de um barroco tardio, numa transição do rococó para o neoclássico. Nas dimensões de 13,80 metros de altura por 7,80 metros de largura, nele se encontram hoje às imagens de São Bento (176 cm) e Santa Escolástica (176 cm), confeccionadas pelo mestre Gregório e estofadas pelo pintor Francisco Xavier. No ano de 2001, foi o altar, ameaçado pelos cupins, totalmente desmontado a fim de ser restaurado pelos conservadores da Fundação Joaquim Nabuco. Os trabalhos tiveram início em 23 de janeiro e se estenderam até 23 de agosto do mesmo ano, quando foi o conjunto transportado para o Museu Guggenheim de Nova York. Entre 26 de janeiro e 1º de junho de 2002 esteve o altar-mor do Mosteiro de São Bento de Olinda em exposição naquele museu, tendo sido apreciado por um público estimado em 500 mil pessoas. Voltando ao seu local de origem, foi novamente remontado pelos restauradores e solenemente instalado em 25 de outubro de 2002. O altar-mor do Mosteiro de São Bento pesa 12 toneladas, distribuídas numa estrutura formada por 54 blocos, unidos entre si através de garras de aço inoxidável, com argolas para o deslocamento. Por ocasião dos trabalhos de restauração foram usados, no conjunto de sua talha dourada, ouro de 22 quilates com efeitos visuais em laca. Digna de uma visita é a sacristia do Mosteiro de São Bento de Olinda, um dos exemplares mais importantes do patrimônio artístico brasileiro. Nela trabalhou o habilíssimo pintor e dourador José Eloy da Conceição (1785-86), autor de outros trabalhos em São Pedro dos Clérigos e Matriz de Santo Antônio do Recife. Ainda no mosteiro beneditino exerceu suas atividades o habilíssimo pintor Francisco Bezerra (1791-92), autor dos oito painéis (215 x 120 cm), pelos quais recebeu 159$000, com cenas da vida de São Bento, copiadas de estampas originárias de Portugal, dispostas sobre o arcaz e paredes da sacristia. Sendo assim, depreende-se que “a igreja do mosteiro foi construída em diferentes épocas: no óculo da portada aparece a data de 1761, no alto da fachada lateral a de 1779 e na lateral da sacristia a de 1783. Em 1860, o mosteiro passou por completa restauração, destacando-se a vasta capela-mor e todo o seu douramento”. Entre as imagens do acervo, merecem atenção especial o Crucificado do coro, executado entre 1790-91, e a do Menino Jesus de Olinda, moldada em barro cozido por Frei Agostinho da Piedade entre os anos de 1635 e 1639, com 40 centímetros de altura. Vale destaque a imagem de São Bento do altar-mor e o tesouro do mosteiro. Nas dependências da biblioteca do Mosteiro de São Bento, foram instalados, em 15 de maio de 1828, os Cursos Jurídicos de Olinda que ali funcionaram até 1852, quando vieram a ser transferidos para o Palácio dos Governadores e, dois anos depois, para o Recife. Motivaram a transferência dos Cursos Jurídicos de São Bento, “as reiteradas solicitações a respeito por parte dos padres do mosteiro, que se viam privados de uma grande parte do mesmo, os danos causados pelos estudantes, a quebra da paz do claustro e da sua disciplina religiosa pelo desrespeito reinante, e enfim pelos incômodos e desassossego em que vivia a comunidade”. Segundo Pereira da Costa, o salão da biblioteca ficava em um extremo do grande edifício, sobre a sacristia da igreja, medindo 16 m de extensão por 9 m de largura. À exceção das aberturas das janelas e portas, “todo o espaço era revestido de estantes, bastante desfalcadas de livros, faltando, seguramente,

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Bucho de piaba (junho)

Minha sogra diz, com toda razão, que sou bucho de piaba. Sabe o que isso significa? Segundo o dicionário de pernambuquês, pessoa fofoqueira. Aquele que não guarda segredo. Verdade! Minha sogrinha querida tem razão. Se você tiver algo secreto não me conte, de jeito nenhum. Sinto coceira na língua e vontade incontrolável de passar adiante a coisa proibida. Saboroso é deter o sentimento de poder durante aqueles valiosos minutos. Sim, sustento somente por alguns instantes. Nada mais além disso. Meu recorde foi de três sufocantes horas. Pensava que ia morrer entupido. Até que vomitei o sigilo para o primeiro que apareceu na minha frente. Ufa! Que alívio! Se a fofoca é da boa, ligo imediatamente para mãe: -Não sei se conto. -Vai menino, diz logo. -Não sei se não conto. -Vai menino. -É uma bomba, mãe! Tu não tem noção. -Conta looogooooo! Por sacanagem, antes de contar, desligo na cara dela, só para apimentar o mistério. Logo o telefone toca: Bruno, conteeee...eu sou sua mãe...estou mandando. - Não sei se conto. - Vai! Filho da mãe! - Não sei se não conto. - Ah, menino danado! Vou desligar! - Tá bom! Tá bom! Eu contoooo! Dano-me a dividir a confidência com mãe. Tive a quem puxar. Ali gosta de “dois dedos de prosa”, viu!? Meu pai não era diferente. Pense num macho fofoqueiro. Quando sabia de alguma novidade, entrava em casa assoprando. Quando era história de chifre gritava: “é gaaaaaiaaa”! E a gente pulava feito pipoca atrás dele: “Quem? Quem foi? Quem é o corno? Conta logo!” É bom demais isso de falar da vida alheia. Desde que seja sem maldade, claro. Sem diminuir ninguém. Só para divertir e colocar cadeira na calçada. Confesso que sinto remorso, mas se o proprietário do segredo não o segura, por que o farei? Só guardo segredo meu. Segredo dos outros compartilho. Afinal, quando o senhor possuidor da reserva me revela aquilo que não deveria relatar, perdeu, naquele exato momento, a propriedade sobre a confidência. A intimidade deixa de ser alheia e passa a ser própria. Vira patrimônio meu. A partir daí, faço o que bem entender. Se és o legítimo proprietário de um bem valioso chamado segredo, por favor, não o divida comigo. Não arrende, empreste, doe, alugue, venda, enfim, não pactue com este bucho de piaba o seu tesouro porque, certamente, descumprirei o acordo avençado. Ademais, não terás como cobrar multa, em razão da incontestável ausência de previsão contratual. Falando nisso, vocês não sabem o que me contaram ontem... Não sei se digo... ...Conto? - Alô, mãe!?...

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O desemprego e os jovens (junho)

Em uma economia capitalista ter um emprego significa vender serviços profissionais no mercado de trabalho contra uma remuneração de natureza periódica. Quando o indivíduo perde esse vínculo com o mercado, cessa a renda do trabalho, extinguindo-se, caso não haja poupança, a possibilidade de adquirir bens e serviços necessários à sobrevivência da sua pessoa e família. O drama do desemprego reside nessa ruptura com o mercado de trabalho. Nos países, como o Brasil, onde há seguro-desemprego o trabalhador demitido – se preencher os requisitos estabelecidos na legislação – pode auferir o benefício por um curto período de tempo. Findo esse período, ele está desprovido de renda para o seu sustento e o da sua família. Se a desocupação é um duro golpe para trabalhadores de qualquer idade, para o jovem, compromete, no presente e no futuro, as suas ambições pessoais e profissionais. Os jovens buscam oportunidades para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho seja para financiar a continuidade dos seus estudos, seja para ajudar os pais, ou ainda para constituir família. As chances de inserção dependem da escolaridade, de experiência – geralmente escassa nessa idade – e de atitudes perante o mundo do trabalho, tais como disciplina e capacidade de laborar coletivamente. Mesmo em tempos de prosperidade conseguir um emprego é desafiador para os jovens, mas se o mercado for favorável tal dificuldade é, em geral, superada. Todavia, em momentos de crise econômica como o que estamos vivenciando nesses últimos três anos no Brasil, o desemprego entre os jovens alcança taxas muito elevadas, especialmente em regiões como o Nordeste onde as oportunidades de trabalho são mais rarefeitas. Antes de nos aprofundar na análise das taxas de desocupação para os jovens, vejamos a evolução da taxa média de desemprego das pessoas com 14 anos ou mais que, para o Brasil como um todo, se elevou de 7,9% para 10,9% entre os primeiros trimestres de 2015 e 2016, um aumento de três pontos percentuais. Já no Nordeste, a taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2016 alcançou 12,8%, bem acima da média nacional, tendo subido de um patamar de 9,6% observado no mesmo período do ano anterior. Em Pernambuco durante o mesmo período a taxa cresceu de 8,2% para 13,3%, uma das variações mais significativas (+5,1 pontos percentuais). Essas são taxas médias que estão se elevando não só porque aumentou o número de pessoas demitidas pelas empresas, mas também porque tem gente – antes inativa – entrando no mercado de trabalho. Conceitualmente, só é contabilizado como desempregado uma pessoa que esteja ativamente buscando emprego. Assim, os demitidos somados àqueles que passam a entrar no mercado de trabalho constituem o contingente de desocupados que atingiu, no País como um todo, 11,2 milhões de pessoas, ao final do primeiro trimestre de 2016. Todavia, impressiona os números para os jovens entre 14 e 24 anos no País, na Região e no Estado. As taxas de desemprego (no primeiro trimestre de 2016) para os jovens brasileiros de 14 a 17 (adolescentes) e de 18 a 24 anos (jovens adultos) foram, respectivamente, de 37,9% e 24,1%, muito acima da média nacional de 10,9% observada para aquele período. No Nordeste as taxas de desocupação para essas faixas etárias, foram 32,5% e 27,4%, respectivamente, também muito acima da média para a Região naquele período (12,8%). Em Pernambuco, as taxas de desocupação se elevaram, entre os primeiros trimestres de 2015 e de 2016, de 8,2% e 18,9% para 34,4% e 28,1%, respectivamente, para adolescentes e jovens adultos. As variações foram, em termos absolutos, de 15,5 e de 12 pontos percentuais, uma alta muito acentuada que impressiona pela sua grandeza e velocidade. Os números, portanto, são assustadores indicando crescentes dificuldades para os jovens ingressarem no mercado de trabalho. A desilusão com os problemas políticos e éticos do País associados a uma profunda recessão que retira oportunidades de uma bem-sucedida inserção no mercado de trabalho, pode levar os jovens, especialmente os mais preparados e com espírito empreendedor, a migrarem para outros países, drenando o Brasil de talentos tão necessários para seu desenvolvimento. É lamentável que isso possa ocorrer. Para isso precisamos mudar a cara do Brasil, tornando-o mais atraente para os que aqui nasceram e se educaram. Se perdermos os jovens, perderemos o futuro.

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O início do fim da crise (junho)

Com a divulgação dos números do IBGE para o primeiro trimestre do ano, uma esperança se acendeu no painel da crise: a queda do PIB parece ter batido no fundo do poço no quarto trimestre de 2015 (-5,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior) e a recuperação parece ter-se iniciado no primeiro trimestre de 2016 (-5,4%). É pouca coisa, mas é a primeira vez que há uma redução da queda em relação ao trimestre anterior desde o final de 2014. Se essa tendência vier mesmo a se confirmar no segundo trimestre de 2016, será uma evidência de que a recessão purgativa que tivemos que sofrer por conta do descontrole da inflação terá surtido seu efeito (a taxa que em 2016 superou os dois dígitos, já começou a recuar em direção ao teto da meta que é 6,5% ao ano). Isso, acrescido da sinalização dada pelo novo governo de início do controle do desarranjo fiscal de curto prazo, pode ser a senha do retorno da confiança dos agentes econômicos (que consomem e que investem), sem a qual nenhuma recuperação econômica é possível. A esse respeito, o ICC (Índice de Confiança do Consumidor) da FGV parece também já ter saído do fundo do poço em maio passado (subiu de 64,4 em abril – o menor da série histórica cujo máximo foi 127,8 em abril/2012 – para 67,9 em maio). O sentimento de uma boa parcela dos analistas econômicos é o de que, se essa tendência de recuperação se firma, teremos um segundo semestre melhor e um final do ano superior ao do ano passado. Vamos torcer, então, por este cenário econômico de curto prazo e, do ponto de vista empresarial, continuar aguentando o tranco desta recessão que já se configura como a pior desde 1930. Uma coisa é certa: quando essa crise, de fato, passar, do ponto de vista econômico, teremos tanto um País quanto empresas melhores e mais eficientes. O desafio é superar a crise e conseguir sair no fim do túnel em melhor estado geral do que quando entramos... No médio prazo, todavia, uma questão avulta como crucial para o futuro do País: a reforma política. Segundo o cientista político Murillo de Aragão, “a Lava-Jato tem o condão de simplesmente destroçar o sistema político brasileiro”. Ela veio deixar meridianamente claro que o sistema político-partidário-eleitoral do País está falido. Se não conseguirmos reformá-lo a tempo, a crise conjuntural pode até ser ultrapassada, mas a estrutural, não. Mais cedo do que tarde vamos nos ver às voltas com novos dissabores...

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Produzir teatro é preciso, sempre! (Por Romildo Moreira)

Por mais esforço que façamos para evitar o assunto “crise”, mas ele, sorrateiramente, chega e toma fôlego em qualquer roda de conversa. Seja no bar, no taxi, no ônibus, no metrô, na missa, no velório ou mesmo em casa, com a família, ele se faz presente. E com os artistas das artes cênicas não tem sido diferente. Enquanto uns lamentam não ter aprovado seus projetos para montar um novo espetáculo, o que possivelmente lhe garantiria trabalho e renda, outros encontram motivo na crise para não deixar a peteca cair e dar-lhe uma rasteira (na crise). – Ponderemos, portanto, aqui, uma questão: se um produtor depender de uma aprovação em Lei de Incentivo à Cultura para só assim ter o seu espetáculo em cena, quando isso não ocorrer, a crise será mais aguda pra ele, conforme já tratamos desse tema aqui. – Mas, graças a Baco e Dioniso (os deuses do teatro), boa parte dos produtores de teatro e dança, estão buscando alternativas para manter viva a sua arte, independente das leis de incentivo. – Outros, com parte dos recursos advindos do Funcultura, por exemplo, estão conseguindo driblar a famigerada crise para, com criatividade, complementar o orçamento da montagem e trazer à peça a público. Sabemos do espetáculo Angélicus, que fará apresentações em Portugal no segundo semestre, e que por falta de patrocínio para a viagem, o elenco e os produtores estão mobilizados neste intento (já realizaram uma feijoada dançante), levantando recursos para atravessar o Atlântico e levar uma mostra do teatro pernambucano para dialogar com o público português. – Em suma, os artistas estão fazendo a sua parte. Tratemos agora da relação da crise com o público. Para os que costumam investir no seu intelecto, a receita tem sido: diminuir sim, abandonar, jamais. Em momentos como esses de grana curta, é preciso ficar mais seleto no que consumir e não cortar, radicalmente, hábitos que lhes são favoráveis, e que irão lhes servir para todo o sempre, como livro, cinema, teatro... – Temos relatos de pessoas que iam duas vezes ou mais ao cinema por semana, e que agora estão indo uma vez a cada quinze dias, escolhendo atentamente o que realmente mais lhe interessa ver na telona. Com o teatro, o mesmo procedimento tem sido adotado, principalmente por quem tem o costume de levar suas crianças aos finais de semana para uma peça infantil. A cautela aí é verificar a procedência do espetáculo, o histórico dos artistas envolvidos e, em especial, as fontes que indicam, para decidir o que assistir em uma casa de espetáculos. – Atenção, este final de semana teremos estreia do novo trabalho do Coletivo Angu de Teatro (vide indicação abaixo). Sob a graça dos deuses acima citados, e a garra dos artistas que escapam da crise com trabalho e determinação, temos bons espetáculos em cartaz na capital pernambucana (e que por isso já merecem os nossos aplausos), mas que certamente merecerão muitos aplausos ao vivo, de um público que mesmo pensando em economia, sabe o quão importante é o investimento na formação intelectual, e sai de casa para vê-los, confiante na competência artística da produção local. Aos que acham que teatro é uma “diversão” cara, afirmamos aqui o contrário, se comparamos com os valores de ingressos cobrados para jogo de futebol, cinema em shopping, shows musicais em centros de convenções e casas noturnas, etc. – Observemos aqui que muitos dos espetáculos chegam ao público com ingressos a preços simbólicos, pelo fato de terem recebido algum patrocínio, mas que não eliminam todos os custos que uma produção tem em cada apresentação. Mas um motivo para economizar sem deixar de ir ao teatro, pagar o ingresso e aplaudir os artistas. DICAS DE ESPETÁCULOS EM CARTAZ: - “Ossos”, com o Coletivo Angu de Teatro Local: Teatro Apolo Dias: sábado 11/06 às 21h e domingo 12/06, às 19h. Preços: R$ 20,00 e R$ 10,00 – Informações: 33553319 / 33553320 - “O Tempo Perguntou ao Tempo”; Espetáculo de dança para criança / Grupo Acaso Local: Teatro Marco Camarotti (SESC Stº Amaro) Dias: sábado 11/06 e domingo 12/06, em dois horários: 11h e 16h. Preços: R$ 10,00 e R$ 5,00 – Informações: 32161728 - “LUIZ E EU? Ô viagem danada de boa”; Espetáculo de teatro para criança / Cia. Maravilha Local: Teatro Joaquim Cardozo Dia: 12/06, às 16h Preços: R$ 20,00 e R$ 10,00 – Informações: 21267388. *Romildo Moreira é ator, autor e diretor de teatro

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