Wanderley Andrade – Página: 10 – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Wanderley Andrade

“Deadpool 2” chega aos cinemas com o desafio de superar números do primeiro

Com jeito desbocado e senso de humor ácido, Deadpool conquistou plateias em 2016, ano em que estreou na tela grande. Seu primeiro longa chamou a atenção da crítica especializada e do grande público ao apresentar uma proposta ousada, carregada de violência e referências a outros filmes, bem diferente das produções do gênero realizadas até então. Deadpool custou US$ 58 milhões a Fox e arrecadou mais de US$ 783 milhões em todo o mundo. Todo esse sucesso empurra agora para Deadpool 2 a (ingrata) responsabilidade de tentar superar em criatividade e bilheterias o primeiro filme. A sinopse hilária divulgada pela Fox em novembro de 2017 já revelava qual seria o tom do novo longa: Depois de sobreviver a um ataque bovino quase fatal, um chefe de cafeteria desfigurado (Wade Wilson) luta para alcançar seu sonho de se tornar o barman mais quente de Mayberry, enquanto também aprende a lidar com sua perda de paladar. Procurando reencontrar seu gosto pela vida, junto com um capacitor de fluxo, Wade precisa lutar contra ninjas, Yakuza, e uma alcateia de caninos sexualmente agressivos, enquanto faz uma jornada pelo mundo para descobrir a importância da família, amizade e sabor – encontrando um novo gosto para a aventura e ganhando o cobiçado título de Melhor Amante do Mundo em sua caneca de café. Na história, Deadpool (Ryan Reynolds) terá que proteger um jovem mutante chamado Russel (Julian Dennison). Ele está sendo procurado por Cable (Josh Brolin), um soldado que veio do futuro com a missão de eliminar o garoto. O mais louco é notar que a trama se desenvolve em função das piadas, não o contrário. Em uma das cenas, toda uma equipe de heróis é formada, a X-Force, para logo em seguida ser descartada pelo roteiro, apenas com o intuito de concluir uma sequência cômica. Nem tudo é ruim em Deadpool 2. Alguns personagens conseguem se destacar, como o vilão, Cable, em mais uma boa interpretação de Josh Brolin e a novata Dominó (Zazie Beetz), que tem como superpoder (acreditem!) a sorte. A personagem está nas melhores cenas de ação do filme, ora saltando de paraquedas, ora dirigindo um enorme caminhão desgovernado.   Ironicamente, o senso de humor que fez do primeiro filme um grande sucesso torna Deadpool 2, em alguns momentos, repetitivo. O que antes era inovador, aqui tem cara de formulaico. Algumas piadas relacionadas aos universos Marvel e DC agradarão aos já familiarizados com o assunto. Por outro lado, podem não conseguir arrancar risadas daqueles que não sabem muito do tema. Há rumores de que ao menos mais dois longas com o herói serão lançados: Deadpool 3 e X-Force. Mais que fazer piadas de cunho sexual ou ridicularizar a concorrência, chegou a hora dos roteiristas focarem numa boa história. Resta saber se a franquia terá fôlego para tantos projetos.  

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Netflix: filme de super-herói coreano é a nova aposta do serviço de streaming

Em 2016, o diretor sul-coreano, Yeon Sang-ho, chamou a atenção da crítica especializada ao ter seu filme, o terror “Invasão Zumbi”, exibido no Festival de Cannes. O longa de Sang-ho agradou não apenas a crítica que compareceu ao festival francês, mas também ao grande público dos países por onde passou. Na Coreia do Sul, levou mais de 5 milhões de espectadores aos cinemas só na primeira semana de exibição. De olho em todo esse sucesso, a Netflix não perdeu tempo e produziu o novo trabalho do diretor Sul-coreano, o (quase que impronunciável) filme Psychokinesis. Bem diferente de Invazão Zumbi, a nova empreitada de Sang-ho é um misto de clichês, comédia pastelão e efeitos especiais bem ruins. Já no início da história somos a presentados Roo-mi (Shim Eun-kyung), uma jovem que, ao lado da mãe, administra um pequeno restaurante em um centro comercial. O lugar se torna objeto de desejo de uma construtora, que tenta a todo custo despejar os comerciantes através da ação violenta de capangas. Numa dessas ações, a mãe de Roo-mi é gravemente ferida e morre no hospital. É quando entra na trama Seok-heon (Ryu Seung-ryong), pai de Roo-mi. Ele ajudará a filha e os outros comerciantes a resistirem às intimidações da construtora. Seok-heon tem o poder de levitar objetos, desde um pequeno cinzeiro a um grande veículo. Ele adquiriu esta habilidade ao beber uma água contaminada por um líquido proveniente de um meteoro que caiu na Terra. (Existe algo mais clichê que isso?). Seok-heon exibindo sua habilidade de telecinese.   Todo filme de super-herói merece bons efeitos especiais, vide as últimas produções da Marvel. Psychokinesis peca sem constrangimento algum nesse quesito. Alguns efeitos são tão ruins, que perdem para muitas séries do próprio serviço de streaming, como Stranger Things e Perdidos no Espaço. Eu poderia listar aqui diversos pontos negativos do filme, mas quero destacar só mais um: os personagens. Caricatos e unidimensionais ao extremo, não conseguem provocar no espectador o mínimo de empatia e identificação. Essa observação diz respeito, inclusive, ao protagonista. Psychokinesis não agradará aos mais exigentes, nem aos que não curtem ver mais do mesmo nas novas produções. Pena que o novo trabalho de Yeon Sang-ho é justamente isso.  

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Muita destruição em novo filme arrasa-quarteirão com Dwayne Johnson

Quando se fala em filme de ação dos anos 80, é difícil não lembrar dele: Arnold Schwarzenegger. O gigante austríaco dominava as produções do gênero, fazendo muito sucesso como Conan, O Bárbaro ou protagonizando a franquia Exterminador do Futuro. Mas seu “reinado” foi perdendo força, dando lugar a outros nomes, entre eles, o do ex-jogador de futebol americano, Dwayne “The Rock” Johnson. O grandalhão, de características bem parecidas com as de Arnold (pouca expressão e muita testosterona) conquistou de vez seu espaço. Seu mais novo filme, Rampage: Destruição Total, é uma prova disso. Na história, Dwayne Johnson interpreta Davis Okoye, um primatologista que cuida e tem como grande amigo um gorila albino chamado George. A rotina de Okoye é violentamente sacudida quando um experimento genético que havia sido realizado no espaço cai na Terra, contaminando alguns animais, entre eles, George. O contato com a substância desconhecida acelera o crescimento do animal e altera seu comportamento, tornando-o violento. Dá-se início, então, à principal proposta do longa, como o próprio título já revela: trazer à tela grande muito barulho e destruição.   Rampage: Destruição Total mais parece uma reciclagem de filmes clássicos de monstros como King Kong e Godzilla. A diferença, claro, está na qualidade dos efeitos especiais que, aliada a boa edição de som, proporciona ao espectador uma impressionante imersão na história, com direito a momentos de tensão e muitos sustos. O roteiro é bem confuso. Alguns personagens surgem e logo somem da história sem muita explicação, como os dois jovens auxiliares de Okoye no zoológico. O elenco também é ruim, tanto que (acredite!) apenas Dwayne Johnson se salva, talvez porque não arrisca muito nas expressões (rsrs). A dupla de vilões é, sem dúvida, a pior coisa do filme. A atriz sueca Malin Maria Åkerman e o americano Jake Lacy, que interpretam os irmãos Claire e Brett, proprietários do laboratório responsável pela pesquisa que resultou em toda a confusão, são fortes candidatos a figurar na próxima edição do Framboesa de Ouro. Completam o elenco Naomi Harris e Jeffrey Dean Morgan. Apesar dos pontos negativos, Rampage: Destruição Total deve agradar aos fãs do gênero. E Dwayne Johnson seguirá honrando o legado deixado pelos clássicos arrasa-quarteirões do passado.  

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“Um Lugar Silencioso” prova que ainda é possível inovar no terror

Com tantos filmes de terror ruins e genéricos chegando aos cinemas todo ano, não tinha como não desconfiar de mais um, ainda mais se tiver o nome de Michael Bay na produção, figura responsável pela barulhenta e sem noção franquia Transformers. “Um Lugar Silencioso” provou quão desnecessária fora minha desconfiança. Na história, uma família é perseguida por criaturas extraterrestres cegas, mas de audição bem aguçada. Para se protegerem, essas pessoas terão que viver em silêncio total. Além disso, serão assombradas por um trauma fruto de uma tragédia do passado, que marcou profundamente suas vidas. A luta pela sobrevivência frente a ameaça alienígena norteia o desenrolar da trama, mas o filme vai além dos sustos e cenas de perseguição característicos ao gênero.   Um Lugar Silencioso segue fielmente a cartilha de filmes como Tubarão, explorando a ideia de trabalhar o suspense sem mostrar muito, apenas sugerindo o perigo. O longa consegue prender a atenção do espectador com sua narrativa engenhosa, ainda que fugindo do convencional, com silêncio quase que absoluto durante boa parte da exibição. A ausência de som serve de prenúncio para grandes sustos. Parte do sucesso da produção está relacionada ao bom elenco. John Krasinski e Emily Blunt (casados na vida real) esbanjam boa química e carisma no papel do casal de protagonistas, Lee e Evelyn. John também é responsável pela direção, mostrando ter segurança e grande talento na função. Outra que se destaca é Millicent Simmonds, que interpreta Regan, filha do casal. Este é o segundo filme da atriz de apenas 15 anos, que já atuou também ao lado de Juliane Moore no filme Sem Fôlego. Krasinski, responsável também pelo roteiro, mostra ser possível inovar, trazer novas propostas até para gêneros que já se mostram bem saturados. Um Lugar Silencioso está, sem dúvida, entre as boas surpresas do cinema em 2018.

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Cinema chileno na Netflix

No domingo (04), o cinema chileno fez história ao vencer pela primeira vez o Oscar de melhor filme estrangeiro com o longa Uma Mulher Fantástica. Na história, uma garçonete transexual tenta recomeçar a vida após a morte do companheiro. Esta foi a segunda indicação do Chile ao prêmio. A primeira foi em 2012 com o filme No, protagonizado por Gael Garcia Bernal. O prêmio despertou em muitos o desejo de conhecer melhor o cinema produzido por nossos vizinhos de continente. Com o mercado dominado pelas produções americanas, pouco do que é feito no Chile chega por aqui, restringindo-se a exibições em festivais e mostras de cinema. Resta, então, recorrer aos serviços de streaming. Fiz recentemente uma busca no catálogo da Netflix e encontrei boas opções de filmes, ainda que não representem, claro, o que o cinema chileno tem de melhor. Compartilho aqui detalhes de três desses longas. Lhttp://portal.idireto.com/wp-content/uploads/2016/11/img_85201463.jpgs (2015)   A comédia Lhttp://portal.idireto.com/wp-content/uploads/2016/11/img_85201463.jpgs junta em uma mesma história três protagonistas de nacionalidades diferentes: um chileno, um argentino e um peruano. O chileno, Aníbal (Felipe Izquierdo), passa por um momento de crise no casamento, situação que fica ainda pior quando descobre que ganhou dois ingressos para a final da Copa do Mundo no Brasil. Pior porque ganhou os ingressos em um concurso constrangedora organizado por uma marca de camisinhas. Com os ingressos nas mãos e o pedido de separação da esposa martelando a cabeça, segue para o Brasil acompanhado de seu mais novo amigo, o taxista argentino Rolo (Pablo Granados). No caminho, atropelam Edgar (Carlos Alcántara), um peruano que está sendo perseguido por um integrante da máfia. É quando as situações mais improváveis começam a acontecer, envolvendo uma relíquia roubada, índios canibais e até uma partida de futebol no meio da floresta amazônica. Comédia despretensiosa para quem não quer gastar muitos neurônios. Uma produção Chile/ Argentina/ Peru.   A Noite do Javali (2016)   Neste thriller acompanhamos os passos de Claudia Moratti (Catalina Zahri) uma famosa escritora a procura de respostas sobre a morte do namorado, que também era escritor. Ela retorna ao vilarejo onde ocorreu o crime e encontra figuras bem suspeitas, como o policial Benno (Fernando Kliche) e o caseiro Sebástian (Gastón Salgado). Dirigido e escrito por Ramiro Tenorio, A Noite do Javali tem como ponto forte a bela fotografia, apesar de um roteiro, por vezes, confuso. É o filme de estreia do diretor chileno Ramiro Tenorio.   No Filter (2016)   À primeira vista poderia dizer que esta é uma versão espanhola do filme Um Dia de Fúria, aquele com Michael Douglas. Após trabalhar 14 anos numa agência de publicidade, Pía (Paz Bascuñán) descobre que será substituída por uma famosa youtuber, ainda por cima bem mais jovem. Soma-se a isso a crise que passa em casa com o esposo, um artista plástico desleixado e o enteado problemático. O acúmulo de problemas a leva a procurar um tipo de curandeiro chinês que, após uma consulta, faz com que passe a expressar de forma descontrolada seus sentimentos. Expressar não apenas com palavras, para ser mais exato (rsrs). No Filter trata de assuntos bem atuais como a febre dos youtubers e a questão dos relacionamentos (se é que em alguns casos podem ser chamados assim) na era das redes sociais. Boa pedida para uma tarde agradável de domingo com a família.

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Crítica: Artista do Desastre

*Por Houldine Nascimento Era de se esperar que James Franco recebesse uma nomeação ao Oscar de Melhor Ator por sua onipresença em “Artista do Desastre” (The Disaster Artist, EUA, 2017), que, além de protagonizar, produz e dirige. Na hora das indicações, contudo, seu nome foi preterido em razão das diversas acusações de assédio sexual que estouraram. As denúncias tomaram corpo, sobretudo, após Franco vencer o Globo de Ouro de Ator de Comédia. Assim, o título do filme se confunde com a própria trajetória de James Franco. No auge, ele estragou tudo. O caso prejudicou a distribuição do longa-metragem. A trama de “Artista do Desastre” se concentra nos bastidores do cultuado “The Room”, considerado por muitos “o pior filme de todos os tempos”. As trapalhadas da produção são colocadas em evidência a partir das ações do esquisito Tommy Wiseau (Franco). Cansado de ser rejeitado nos inúmeros testes de atuação a que se submete, ele decide produzir e estrelar o próprio filme. Para isso, conta com a ajuda de Greg Sestero (Dave Franco, irmão de James), um aspirante a ator que conhece numa classe de teatro em San Francisco. Os acontecimentos são vistos pela perspectiva de Greg. Juntos, eles vão viver em Los Angeles e põem em prática o projeto, que traz Tommy e Greg como protagonistas. Na cidade, Greg faz novas amizades e arranja uma namorada (Alison Brie, casada com Dave), o que desperta ciúmes em Tommy, cada vez mais solitário. Em certo sentido, isso afeta as gravações de “The Room”, que atrasou por semanas, mostrando a falta de rumo de Tommy na hora de lidar com os atores e o próprio roteiro. As confusas escolhas dele irritam a equipe, gerando conflitos, inclusive com o amigo. Um projeto caro e bancado inteiramente por Tommy Wiseau, “The Room” custou 6 milhões de dólares e rendeu apenas 1,8 mil nas duas semanas que ficou em cartaz numa sala de Los Angeles. No entanto, o filme acabou ganhando o status de cult graças às cenas sem sentido e se tornou uma comédia involuntária. Por anos, plateias imitaram passagens e reproduziram diálogos do longa. Em “Artista do Desastre”, James Franco promove o resgate de tudo isso. Há participações de amigos e figuras marcantes do cinema, como o diretor Judd Apatow, as atrizes Sharon Stone, Melanie Griffith, além dos atores Zac Efron, Bob Odenkirk e Seth Rogen, fiel escudeiro de James. O filme funciona no seu propósito maior, que é o de ser uma comédia, provocando risadas no público, que assiste incrédulo ao comportamento de Tommy dentro e fora do set de filmagem. James Franco vai bem ao absorver e mostrar ao espectador elementos da personalidade de Tommy Wiseau, no que possivelmente é a maior atuação de sua carreira. É um projeto pessoal em que se arrisca por completo. Não é fácil encarnar um personagem caricato, por mais simples que pareça. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles, responsável por distribuir os prêmios do Oscar, não ignorou o filme por completo e o indicou na categoria de Roteiro Adaptado. A história toma como base o livro homônimo escrito por Greg e o jornalista Tom Bissell relatando as experiências de Greg em “The Room”. A adaptação da obra ficou a cargo de Scott Neustadter e Michael. H. Weber. Não bastasse a polêmica do assédio, Franco também está sendo processado pelo primeiro roteirista de “Artista do Desastre”, Ryan Moody, que alega ter sido enganado. Um “sabor especial” para o Brasil é a presença da bem sucedida canção eurodance “Rhythm of the night”, da carioca Olga Maria de Souza, famosa mundialmente como Corona. *Em Pernambuco, o filme está em cartaz no Cinépolis Guararapes.

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Lady Bird: amadurecimento é tema de filme indicado a cinco Oscars

Cativante. Não há melhor adjetivo que descreva Lady Bird, trabalho de estreia da diretora (e atriz) Greta Gerwig. O filme está entre os favoritos ao Oscar deste ano, com cinco indicações, entre elas, a de melhor filme. À primeira vista, o longa tinha tudo para ser mais um exemplar do conhecido catálogo da Sessão da Tarde, tratando de assuntos como primeiro amor, perda da virgindade, crise com os pais e até a clássica ida ao baile de formatura. Mas Greta, que também escreveu o roteiro, consegue extrair originalidade de algo que poderia desandar para o lugar-comum. Lady Bird trata, em sua essência, das relações de uma adolescente de personalidade forte em sua caminhada rumo ao amadurecimento. Tão cativante quanto a história é a protagonista interpretada pela excelente Saoirse Ronan, de O Grande Hotel Budapeste e Brooklin. Christine “Lady Bird” McPherson mora com os pais e o irmão em Sacramento, na Califórnia. Seu maior desejo é sair do lugar, sonho que pode ser concretizado com a ida para a faculdade em outra cidade. Enquanto isso não acontece, Christine segue seus estudos em um colégio católico, esbarrando suas convicções no conservadorismo da instituição, como na cena em que, durante uma palestra sobre aborto, questiona se, em determinadas situações, é realmente imoral escolher abortar.   A relação tempestuosa entre Christine e a mãe, Marion, é outro ponto forte da história. As duas personagens compartilham dores e frustrações característicos a um período marcado por escolhas que serão decisivas para o futuro da jovem (em qual faculdade estudar?) e outras não tão importantes (qual vestido comprar para ir ao baile?). Marion é interpretada por Laurie Metcalf, conhecida por viver na TV a mãe de Sheldon na série nerd The Big Bang Theory. Não espere grandes pontos de virada ou um inesquecível clímax em Lady Bird. Na história, tudo acontece devagar, de forma despretensiosa, o que não impede a evolução da trama e dos personagens. Greta Gerwig consegue unir em seu primeiro trabalho características comuns a própria vida, como simplicidade e até incerteza. Boa opção, sem dúvida, não apenas para uma Sessão da Tarde. Oscar – Indicações: Melhor filme, Melhor Direção (Greta Gerwig), Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz (Saoirse Ronan) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laurie Metcalf). Estreia: 15 de fevereiro

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Fábula nada convencional indicada a 13 Oscars chega aos cinemas

Ele chega como o grande favorito ao Oscar 2018. Foram, ao todo, 13 indicações, entre elas, a de melhor filme e melhor diretor. O queridinho da vez é o novo trabalho do diretor mexicano Guillermo del Toro, o belo A Forma da Água. Queridinho da vez pois, por onde passou, vem acumulando prêmios. No Globo de Ouro, levou o premio de melhor diretor e melhor trilha sonora original. Do Critics’ Choice Award trouxe as estatuetas de melhor diretor, melhor filme, melhor design de produção e melhor trilha sonora. Por fim, o Prêmio do Sindicato de Produtores da América consagrou o longa como a melhor produção cinematográfica do ano. O filme conta a história de Elisa, uma faxineira muda que trabalha em uma base militar secreta americana no período da Guerra Fria. Um dos laboratórios da base esconde um ser humanoide anfíbio, encontrado numa região da América do Sul, onde a população local o reverenciava como um deus. Admirada com aquela criatura meio homem, meio peixe, Elisa passa a visitá-la com frequência no laboratório. Mas após descobrir os planos nem um pouco ortodoxos dos militares para seu novo amigo, decide tirá-lo o mais rápido dali.   A Forma da Água é uma fábula bem diferente das que costumamos ver nos cinemas, uma história carregada de nudez e erotismo, apoiada em um romance nada convencional entre seres de espécies aparentemente diferentes, mas que trazem consigo a semelhança da necessidade de serem compreendidos e aceitos. Guillermo del Toro explora erotismo e sensualidade, sem recorrer ao sexo explícito e gratuito, com uma pegada mais poética. O elenco é de primeira linha: Sally Hawkins é uma das melhores coisas de A Forma da Água. Além de ser uma grande atriz, seu perfil é perfeito para a protagonista da história: um rosto comum, não tão belo, mas com um misto de força e doçura. Em entrevista recente ao DailyMail, Guillermo del Toro revelou que escreveu o papel exclusivamente para Sally. Sua atuação rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz.   Completando o cast, tem a excelente Octavia Spencer, que interpreta Zelda, amiga de trabalho de Elisa. Richard Jenkins, encarna o vizinho e grande amigo de Elisa, Giles. Octavia e Richard concorrem na categoria melhor atriz e ator coadjuvante, respectivamente. Por fim, destaco o surpreendente Michael Shannon no papel do temido coronel Strickland. Arrisco dizer que o ator merecia também uma indicação por sua boa atuação. Se A Forma da Água será o grande ganhador da noite do Oscar, difícil dizer, ainda mais considerando concorrentes do porte de Dunkirk, do talentoso Christopher Nolan, e de Três Anúncios para Um Crime, de Martin McDonagh, que tomou do filme de Guillermo quatro prêmios no Globo de Ouro: melhor drama, melhor atriz dramática (Frances McDormand), melhor ator coadjuvante (Sam Rockwell) e melhor roteiro. Levando em conta a boa filmografia do diretor mexicano, já passou da hora de um de seus filmes levar a estatueta da principal premiação do cinema mundial. Se seguir a lógica dos prêmios que ganhou até o momento, chegou, enfim, o dia. Confira o trailer:

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Tom Hanks e Steven Spielberg retomam parceria em filme indicado ao Oscar

Mais uma indicação ao Oscar. Algo tão comum à carreira de Steven Spielberg que nem soa mais como novidade. Não que tenha feito grandes filmes ultimamente, exemplo disso é o melodramático ao extremo Cavalo de Guerra, ou o excessivamente chato Lincoln, que só não é mais ruim devido à grande atuação de Daniel Day-Lewis. Sua nova a posta, o longa The Post, está entre os indicados a melhor filme na 90ª edição da mais badalada premiação do cinema mundial. Sem dúvida, Spielberg conhece bem a receita certa para agradar à academia. Para o elenco de seu mais novo trabalho, convocou o parceiro de longas datas, Tom Hanks, e, “debutando” em produções do diretor, a excelente Meryl Streep, indicada mais uma vez ao Oscar de melhor atriz. The Post é inspirado no embate entre imprensa e governo americano ocorrido na década de 70. Em 13 de junho de 1971, uma manchete do The New York Times abalou as estruturas da Casa Branca: “Arquivo Vietnã: Estudo do Pentágono Documenta 3 Décadas de Envolvimento Crescente dos EUA”. A matéria apresentou um documento, batizado de Pentagon Papers, com informações sobre as operações dos Estados Unidos no Vietnã, descortinando um jogo de mentiras sustentado por quatro presidentes americanos. O relatório continha detalhes de assassinatos e violações da Convenção de Genebra. As revelações resultaram na expedição de uma liminar, solicitada pelo presidente Nixon a uma corte federal, proibindo qualquer outra publicação do The New York Times. Com a suspensão do The New York Times, outros jornais também dão início às investigações sobre o fato, entre eles, o The Washington Post, liderado pela editora chefe Katharine Graham, interpretada por Meryl Streep. Cópias dos documentos oficiais ligados à denúncia chegam às mãos do editor executivo Ben Bradlee (Tom Hanks), que as apresenta à Katharine. Ela agora terá que decidir se autoriza ou não a publicação desses documentos, decisão que poderá trazer como consequência a extinção definitiva do The Washington Post. The Post entra para a galeria dos grandes filmes sobre jornalismo, ao lado de clássicos como Todos Os Homens Do Presidente. A história contada por Spielberg tem, inclusive, forte ligação com a protagonizada por Robert Redford e Dustin Hoffman. Além de também envolver jornalistas do The Washington Post, o escândalo dos Pentagon Papers culminou no caso Watergate, pano de fundo do longa dirigido por Alan J. Pakula.   Meryl Streep brilha no papel de Katharine Graham, apresentando uma personagem, à princípio, insegura por assumir sem experiência a liderança de um importante jornal após a morte do marido e, ao mesmo tempo, de personalidade forte, moldada pelos desafios enfrentados ao longo da trama. Quanto a Tom Hanks, este não é um de seus melhores trabalhos, mas também não é o pior. Ele interpreta o fiel editor e amigo de Katharine, Ben Bradlee. Esta é a primeira vez que Hanks e Meryl Streep trabalham juntos. A dupla mostrou ter boa química. Diferente dos grandes clássicos de Spielberg como Tubarão, E.T. – O Extraterrestre e Parque dos Dinossauros, The Post não deve lotar salas de cinema por todo o mundo. Sua história, carregada de jargões do jornalismo, poderá enfadar alguns, mas, por outro lado, agradar a outros. No fim, fica a bela homenagem desse importante diretor à coragem de uma grande mulher e à liberdade de imprensa. The Post chega aos cinemas na quinta, 25 de janeiro.

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“O Touro Ferdinando”: respeito às diferenças é tema da nova animação do brasileiro Carlos Saldanha

Lançado nove meses antes da Guerra Civil Espanhola, o livro The Story of Ferdinand, do escritor americano Munro Leaf, revoltou lideranças de alguns países por onde passou, mais especificamente, daqueles que seguiam uma linha totalitária de governo. A proposta pacifista da história, que tem como protagonista um touro que prefere a vida no campo e o aroma das flores a lutar em touradas, trouxe como consequência o banimento do livro em países como Espanha e Alemanha. Baseada nessa importante obra da literatura mundial, chega aos cinemas a animação O Touro Ferdinando, do brasileiro Carlos Saldanha. Saldanha tem um currículo respeitado mundialmente. Dirigiu franquias de sucesso como A Era do Gelo e Rio. Só a Era do Gelo, juntando todos os cinco filmes, arrecadou cerca de US$ 3,200 bilhões. E seu novo projeto já está rendendo bons frutos: O Touro Ferdinando já acumula o total de US$ 185 milhões em bilheteria por onde passou. Além da boa recepção de público, recebeu a indicação ao Globo de Ouro nas categorias Melhor Animação e Melhor Canção. A história começa com Ferdinando ainda bezerro. Mais reservado, gosta de admirar as flores, o que chama a atenção dos outros bezerros que preferem buscar inspiração nos touros maduros e fortes do rancho. Nesse lugar, eles são treinados para enfrentar os toureiros nas arenas de Madrid. Após um teste de força com outro touro, o pai de Ferdinando é selecionado para participar do evento. Mas o triste resultado do embate mudará completamente o destino do pequeno Ferdinando, que será adotado por uma nova família.   A animação propõe o respeito às diferenças como tema norteador da trama. Assunto bem necessário em tempos de intolerância, seja ela de qualquer espécie. Mas apesar da boa proposta, a história se perde em meio aos clichês do gênero. Perde muito tempo com algumas piadas insossas e com longas perseguições que, apesar de bem construídas, como a que acontece no centro de Madrid, só servem para alongar a história. Alguns personagens que acompanham o protagonista como a cabra Lupe, dublada por Thalita Carauta, até ajudam a movimentar a trama, mas deixam no ar a sensação de “mais do mesmo”. Não por acaso, O Touro Ferdinando perdeu o prêmio de melhor animação para Viva: A Vida É Uma Festa, no Globo de Ouro. Se por um lado o novo trabalho de Carlos Saldanha não consegue explorar satisfatoriamente o tema proposto, com uma trama de pouca profundidade para um espectador mais exigente, por outro, deverá agradar ao público infantil. Suas cores e personagens por demais simpáticos facilmente conquistarão os pequenos. Boa pedida para o período de férias.

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