“A Cabana”, do livro para os cinemas (por Wanderley Andrade)
Ele já esteve no topo da lista dos livros mais vendidos do New York Times. Vendeu mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo. Os números são prova concreta do sucesso editorial de “A Cabana”, livro do canadense William P. Young. E seguindo o curso comum aos grandes best-sellers, chegar às salas de cinema seria apenas questão de tempo. O êxito da obra, claro, despertou o interesse de grandes produtores e atraiu importantes atores de Hollywood para o elenco. Chegou, enfim, o dia. Estreia hoje nos cinemas a comovente história de redenção e perdão que conquistou leitores de todo o mundo. Mackenzie Allen Philip conheceu o sofrimento ainda na infância. Seu pai vivia a contradição de exercer a função de presbítero na igreja do bairro e ser alcoólatra. Batia com frequência na mãe de Mack. A situação fez brotar em seu coração uma grande revolta, que o levou a uma difícil decisão. O tempo passou e Mack conseguiu reconstruir a vida. Casou com Nan e teve com ela três filhos, Josh, Kate e Missy. Mas a névoa da dor pairou outra vez sobre Mack: durante um acampamento de fim de semana, a pequena Missy desaparece. Horas depois, uma equipe de buscas da polícia localiza uma cabana e nela, um vestido sujo de sangue. Desde então, nada mais fora encontrado. Mack passa a carregar nos ombros o peso da culpa por nada ter feito para evitar a morte da filha. O tempo passou, menos a dor que continuava ferindo sua vida tal qual um espinho dilacerando a carne. Até que o improvável acontece para mudar esse quadro de sofrimento. Mack recebe uma suposta carta de Deus. Nela, um convite para uma conversa na, até então, infeliz cabana. Lá, ele encontrará, literalmente, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O encontro com a trindade mudará por completo sua vida. Servirá de bálsamo para cicatrizar não apenas as feridas provocadas pela perda da filha, mas também para apagar um passado mergulhado em traumas. O elenco é composto por grandes nomes do cinema mundial e outros não tão conhecidos. Sam Worthington, protagonista do grande sucesso “Avatar”, com uma boa atuação encarna Mack. A ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2012 pelo filme “Histórias Cruzadas”, Octavia Spencer, interpreta Deus. Antes que surja qualquer dúvida, caro leitor, na história, Deus se apresenta para Mack no corpo de uma mulher, artifício usado para quebrar a barreira negativa associada à figura masculina paterna, fruto da infância de traumas do protagonista. Completam o elenco o ator israelense Aviv Alush, que faz o papel de Jesus, a atriz japonesa Sumire como Sarayu (na verdade, o Espírito Santo), o cantor de música country, Tim McGraw, que aqui interpreta o melhor amigo de Mack e, por fim, a atriz brasileira Alice Braga, que surge na história como a Sabedoria. O primeiro terço da história é contado de forma não-linear, através de flashbacks. Escolha mais que acertada, que dá dinamismo à narrativa. Mas a partir da segunda parte o bom ritmo do início é arrefecido. Os longos diálogos de Mack com Deus, Jesus e Sarayu, apesar de importantes para o avançar da trama, tornam a narrativa mais lenta. Falhas técnicas à parte, “A Cabana” é uma boa opção para quem procura um filme para assistir junto à família. A história faz da dor matéria-prima para uma bela mensagem de redenção e perdão. *Wanderley Andrade é jornalista e crítico de cinema
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