Cuidados paliativos trazem conforto ao paciente

Cuidados Paliativos é a assistência oferecida quando o indivíduo possui uma doença grave que ameace a continuidade da vida. A proposta desse serviço que se consolidou nos hospitais recifenses há alguns anos, aliás, não é voltado apenas para o paciente, mas também para sua família. A origem vem de Pallíum, palavra latina que significa manto. A proposta é a proteção contra a dor e promoção da qualidade de vida.

No dia em que equipe da Algomais chegou à Casa dos Cuidados Paliativos do Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira (Imip), Maria do Carmo da Conceição, 46 anos, estava deixando o hospital. Com uma doença pulmonar grave e tratando-se com quimioterapia, ela chegara 8 dias antes com muito sofrimento. Dores, cansaço, dificuldade de respiração. Após medicações para controlar os desconfortos e o cuidado da equipe de saúde, ela retornava para casa comomarido e dois filhos.“Estou voltando ótima. Voltando para lutar até o dia que Deus quiser”, declarou.

O leque de pessoas que, como Maria do Carmo, são atendidas por esse tratamento é bem amplo. “Segundo a OMS, todos os pacientes com qualquer doença avançada ou potencialmente fatal merecem receber cuidados paliativos desde seu diagnóstico. São pessoas que vão se beneficiar para sua qualidade de vida e prevenir o sofrimento”, afirma a coordenadora do Serviço de Cuidados Paliativos do Imip, Mirella Rebello.

Essa área tendo sido estigmatizada, associada a pacientes sem possibilidade de sobreviver. O que não é verdade. Mirella traz o exemplo da leucemia na infância, que tem 80% de chance de cura. Mas como há 20% de mortalidade, os pacientes e suas famílias recebem atenção desse serviço. Ela defende que familiares de crianças com microcefalia também deveriam receber essa atenção. Mesmo sem ter risco de morte, elas têm uma rotina de terapias intensa e uma dificuldade de desenvolvimento. Receber cuidados paliativos não significa suspender os demais tratamentos. Mas oferecer bem-estar ao paciente, um fator que, inclusive, fortalece-o para enfrentar sua doença. O primeiro dos pilares que compõem esse tratamento é a comunicação. Independente do estado do paciente, os médicos são treinados para se comunicar de forma a não criar traumas. “Há situações nas quais a maneira como o médico informa o diagnóstico pode matar o paciente. Ele leva um impacto que não esquece mais”, declara. Os demais pilares são o controle dos sintomas, os cuidados de fim de vida e, no caso das pessoas que vão à óbito, a assistência ao luto para a família. “Há pacientes que estão com dor, mas a dor é do medo de morrer. E há os que têm feridas físicas e também feridas sociais e emocionais. Temos que abranger tudo para cuidar”, destaca Mirella. Nesse contexto, o respeito às crenças e práticas espirituais do paciente é levado em conta. Nos últimos anos houve uma estruturação dessa abordagem em Pernambuco. Há 6 anos, o Imip era o primeiro a organizar um setor de cuidados paliativos.

Nessa trajetória ampliaram-se os serviços e foram criadas duas residências médicas: uma em cuidados paliativos e outra multiprofissional, que tambémpassa pelo setor. Foi estruturado ainda um mestrado na especialidade. O Hospital do Câncer, o Hospital Osvaldo Cruz e alguns dos grandes centros médicos particulares já oferecem esses serviços. O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) montou inclusive uma câmara temática específica sobre cuidados paliativos e que tem representação em todos os conselhos dentro das áreas da saúde.

O crescimento da especialidade tem atraído novos profissionais. Bruna França, Rebeca Barbosa e Livia Interaminense são algumas residentes que acompanharam a chegada de Maria do Carmo. “A proposta dos cuidados paliativos é de focar na vida do paciente e não na doença. Individualizar o tratamento para as necessidades dele, enxergando a pessoa dentro do seu contexto”, destaca Rebeca. Lívia está na terceira residência e por atuar em UTI tem dado atenção especial aos cuidados paliativos. “O Brasil ainda é classificado como um dos piores países do mundo para se morrer. É uma área que tende a crescer e os hospitais precisam ter esse serviço”, afirma.C

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