Arquivos Cultura E História - Página 124 De 366 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

Afogados e seus porquês...

No Recife, a denominação da primitiva povoação dos Afogados é originária do Rio dos Afogados, afluente do Capibaribe, aonde, em 17 de fevereiro de 1531, sete marinheiros da expedição de Martin Afonso de Souza vieram a perecer em suas águas. O Rio dos Afogados, assim como outros afluentes do Capibaribe e do Beberibe, já aparece com a sua designação no Diário de Navegação de Pero Lopes de Souza (1532), e em mapa existente no Roteiro de todos os sinais etc., de Luís Teixeira (c. 1582-85), no qual, pela primeira vez, é assinalada, num documento cartográfico, essa primitiva povoação do Recife, distante uma légua da Vila de Olinda e de seus arredores. Cruzando a Ponte do Motocolombó, ingressamos em terras dos Afogados que ostenta, em sua praça central, um formidável cruzeiro esculpido em pedra, originário do Século 17, que fora ali fixado em 25 de novembro de 1868. O belo monumento, firmado em bonita peanha (pequeno pedestal onde se colocam imagem, estátua, cruz, busto etc.), foi transportado em procissão de penitência do primitivo Engenho Jiquiá (Século 16) para o Largo da Paz, quando das Santas Missões pregadas pelo capuchinho italiano Fidélis de Fognano. A praça é dominada pela Matriz de Nossa Senhora da Paz, originária de capela já existente em 1745. No ano de 1837, foi elevada à dignidade de matriz pela Lei Provincial nº 38, com o território de sua paróquia estendendo-se por toda a várzea do Capibaribe. A igreja passou por grandes obras em 1857, que conservaram sua estrutura primitiva bem como as imagens e alfaias, todas originárias do Século 18. No entanto, reformas realizadas em 1920 fizeram desaparecer todo o brilho do templo antigo que, em época recente, sofreu com o desabamento de sua nave central, restando de primitivo apenas seu austero frontispício. O termo dos Afogados só veio a ser incorporado ao Recife em dezembro de 1817, desmembrado de Olinda. De lá tinha início a estrada de rodagem para Vitória, inaugurada em 1836, com regular serviço de passageiros; daí a origem da Rua da Diligência, um pequeno beco existente à esquerda de quem cruza a ponte vindo da Rua Imperial. Até há pouco restava, em Afogados, na descida da ponte, o último dos nichos que outrora existiam nas ruas do Recife. Esse pequenino monumento, hoje transferido para o Largo da Paz, em frente ao cruzeiro, teve sua presença registrada pelo reverendo metodista Daniel Parrish Kidder, que aqui esteve em 1836: “Na extremidade oriental da ponte erguia-se o que Mr. Southey (referência ao historiador Robert Southey) chamaria de uma casa de ídolo. Suas dimensões não excediam a seis pés por quatro. Pela janela ou porta, quando aberta, o transeunte podia ver que continha uma pequena imagem, ricamente ornada, sobre um altar”. O bairro dos Afogados está ligado ao Centro do Recife pela Avenida Sul, com 2.500 metros, e pela Rua Imperial, com 2.300 metros, esta originária do “dique” construído ao tempo do conde João Maurício de Nassau (1637-1644) que servia de acesso ao forte holandês Príncipe Guilherme ali existente em área hoje ocupada pela antiga fábrica de Alimonda & Irmãos.

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Curiosidades da estátua do David de Michelangelo

Diz a lenda que Michelangelo Buonarronti (1475-1564), ao concluir a escultura do Moysés, hoje na igreja de São Pedro Advíncola, em Roma, batendo com um cinzel na testa de sua escultura exclamou: “Parla!” A mesma cena poderia ter se repetindo em 8 de setembro de 1504, quando da conclusão da mais famosa estátua do mundo: O David de Florença. Com seus 515 centímetros de altura e 200 centímetros de base, da qual o Instituto Ricardo Brennand possui uma réplica nos seus jardins, trata-se da mais famosa escultura daquele artista renascentista, feita sob encomenda para a cidade de Florença (Itália), retratando com todo realismo anatômico o herói bíblico minutos antes de enfrentar o gigante Golias (Samuel, 17.1). A obra original permaneceu em frente ao Palazzo Vecchio, na Piazza della Signoria, até o ano de 1873, quando veio a ser transferida para a Galleria dell’Accademia em Florença, onde pode ser admirada. A réplica do David de Michelangelo existente nos jardins do Instituto Ricardo Brennand (Recife) é obra dos estatuário Cervietti Franco & Cia., de Pietrasanta, cidade localizada na Toscana, nas proximidades de Carrara, aqui instalado no mês de janeiro de 2011. Recentemente a imprensa noticiou que a Universidade de Florença moldou a estátua original e a montou em uma Exposição nos Emirados Árabes, em Dubai. Os italianos, ao lado de um grupo sueco, usaram uma impressora 3D para imprimir a estátua. Pelo enorme tamanho, a peça foi dividida em 14 partes para ser montada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde acontece uma grande exposição mundial até março de 2022. Confessa no site da Revista IstoÉ, a jornalista Keka Consiglio, artista plástica, jornalista e empresária do setor de comunicação, que “cerca de 25 milhões de pessoas poderão ver naquela exposição a réplica, feita com tecnologia de impressão 3D, usando o conceito de Digital Twins (gêmeo virtual idêntico ao original). Michelangelo demorou três anos de trabalho ininterrupto para esculpir David a partir do zero e, mesmo com a mais moderna tecnologia, a versão digital precisou de 120 dias para ser produzida mesmo tendo disponível o original para cópia. Realmente, impressionante”. Estudos recentes vêm algumas singularidades na escultura original do David de Michelangelo: Até os dias de hoje é difícil imaginar a ginástica necessária para transformar aquele enorme bloco maciço de mármore, em uma das esculturas mais belas do mundo. O David está nu e segura uma tipoia sobre o ombro esquerdo e uma pedra na mão direita. Seu olhar transmite emoção, sua pose é imponente e suas mãos parecem que acabaram de se movimentar. Está apoiado na perna direita, tem a perna esquerda levemente dobrada e sua mão direita acompanha seu corpo, ao cair na altura da coxa. Sua mão esquerda mostra um movimento e seu rosto é pensativo e enigmático, parecendo desafiar o adversário. Toda a anatomia de David exprime tensão e apreensão, mas também ousadia. Suas veias chamam a atenção por estarem dilatadas, sua testa está franzida e o olhar é agressivo e sereno simultaneamente. Os estudos continuam e hoje apresentam observações originárias das mais diversas fontes: Canhoto ou destro - A escultura sugere que David é canhoto, porque segura um estilingue com essa mão, mas seu corpo demonstra que ele é destro. Esse é um enigma talvez causado pelas limitações da peça de mármore antes de ser esculpida. Olhar defeituoso – Durantes séculos, quase ninguém percebeu a sutileza do olhar de David. Foram os especialistas da Universidade de Stanford que conseguiram mostrar com a ajuda de computadores que o olho esquerdo de David enxerga para a frente enquanto o olho direito está focado em algum ponto distante. Definitivamente, os americanos não entenderam que é justamente esse movimento que faz com que o olhar da escultura seja um dos mais enigmáticos e interessantes da história da arte. Além disso, dizem que o olhar propositalmente estava direcionado para Roma, longe dos conflitos políticos da época e que envolviam os Médicis (família que por séculos dominou a Cidade de Florença). Todas essas observações poderão ser por nós comprovadas numa visita ao Instituto Ricardo Brennand (Recife), onde nos aguarda a réplica em mármore de Carrara, confeccionada pelo estúdio de Franco Cervietti, também responsável por cinco outras cópias, existentes uma no Cemitério de Los Angeles; a segunda para Austrália; a terceira para o Museu de Taiwan; a quarta para uma fundação de arte de Taiwan e esta quinta cópia concluída em 2000 que teve como destino o Brasil. *Por Leonardo Dantas Silva

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Dança das Cabeças exalta cores e corpos livres

Em cartaz na Christal Galeria, no Pina, a exposição Libertar do Gesto, de George Barbosa, se destaca pela leveza das suas pinturas e ainda a técnica mista de pastel e tinta a óleo sobre papel pardo muito bem representada, por exemplo, na obra Dança das Cabeças. A pintura foi feita exclusivamente para esta exposição com a escolha pelas cores primárias que, segundo George Barbosa, reforçam um tracejado de um rosto azul que sobrepõe por uma cabeça laranja e cabelos amarelos e vermelhos. Além disso, o premiado pintor evoca os corpos livres, vistos nus, mas com a percepção artística do corpo humano e com a valorização da intimidade. A exposição pode ser conferida até o dia 28 de janeiro de 2022 na Christal Galeria.

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Engenho centenário volta a funcionar em Serra do Vento, em Belo Jardim

Por Jornal Enfoco (@enfoco.belojardim) Historicamente falando, se você gosta ou sente curiosidade por conhecer engenhos de cana-de-açúcar, Belo Jardim é um lugar perfeito para isso. A cidade é lar do “Engenho Serra do Vento”, que recebe o nome do seu Distrito na Zona Rural, onde também fica localizado, especificamente no Sítio Chã. Com a retomada gradual do turismo, com o avanço da vacinação contra a covid-19 e as férias se aproximando, o estabelecimento é uma ótima escolha para quem busca turismo rural. Hoje em dia, o equipamento histórico é uma relíquia, visto que muitos engenhos, que dominavam o século 16 no Brasil Colonial, acabaram sendo fechados e/ou abandonados. Já outros são de difícil acesso, ou até pouco conhecidos pela população geral. Fundação e reabertura Criado há mais de 100 anos por Abdias Austriclínio, virou propriedade de Manoel Francisco e Zé Carlos. Atualmente pertence a João Martins Monteiro (62) que, nas redes sociais, conta: “Saí daqui (de Serra do Vento), com 5 anos de idade e fiquei no pensamento de voltar às minhas origens. Até que um dia comprei um ´pedacinho´ de terra e por coincidência tinha esse engenho dentro. O dono anterior me disse: “estou vendendo este terreno e uma indústria”. Fiquei sem entender, foi quando ele falou que no tempo dos seus pais, trabalhavam cerca de 12 pessoas aqui”, revela. O Engenho Serra do Vento foi reaberto em setembro deste ano, após seis anos inativo por falta de cana de açúcar e falecimento dos antigos donos. Lá já passaram mestres de rapadura como Pedro Baiano, Vicente Marinho e Braz Austriclínio. Braz, por sua vez, trabalhou por mais de 60 anos e é a filha Tatiana que relembra memórias do pai falecido, ao contar que a moagem da cana era feita por bois quando não tinha energia no local e acontecia por meses ininterruptos. O pai trabalhou até os 74 anos de idade. Os atuais mestres são: José Carlos (Zé Carlos de Mané Francisco), Zezé de Braz e Jorge do Toyota. Aberto para visitantes Seu funcionamento acontece a cada 15 dias, aos domingos. A cada semana, cerca de 600 rapaduras e 100 litros de mel são produzidos por lá, a unidade da rapadura é vendida a R$ 2,50, 1L de mel R$ 10,00, 1L de caldo de cana R$ 2,50 e são comercializados em Serra do Vento, Belo Jardim e demais regiões. Os visitantes podem conferir todo o processo de fabricação dos produtos, como a moenda local para moer a planta e extrair o caldo; as caldeiras e fornalhas, que é uma espécie de cozinha que abriga grandes fornos que aquecem o produto e o transformam em melaço de cana. Além de objetos antigos como moinho de pedra, telhas e tijolos que segundo histórias, foram produzidas por pessoas escravizadas entre 100 a 200 anos atrás, de tamanho curioso, uma única peça mede três vezes mais quando comparadas com os atuais. Acordou um leão "Mesmo que eu queira parar o povo não deixa, eu mexi no bom sentido com um leãozinho adormecido, e eu tenho que dar continuidade porque assumi um compromisso com Serra do Vento e região. O povo gosta disso aqui, ver movimentando, funcionando e eu fico feliz”, diz o proprietário do engenho, João Martins. Não é surpresa, portanto, que Serra do Vento, cultura e história estejam tão entrelaçados; e não é surpresa tampouco que tenham se tornado elementos formadores de um importante roteiro turístico de Belo Jardim. Aos que desejam visitar o engenho, devem passar pela Rua do Comércio, a mais antiga da localidade com casas com fachadas portuguesas; sede do Casarão das Artes e da igreja católica São Vicente Ferrer, fundada no século 18. Serviço: Engenho Serra do Vento, Sítio Chã, Serra do Vento. Funciona aos 2º e 4º domingos do mês, das 06h às 18h. Mais informações: 81. 98129-4509

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Pés na estrada, mochila nas costas

*Por Paulo Caldas Diferente dos viajantes cativos às normas e roteiros, livre das retóricas repetitivas dos guias turísticos de plantão, Jayme Fonseca Júnior põe os pés na estrada e a mochila nas costas para expressar uma leitura leve, fácil, ao longo das 130 páginas deste "Meu confortável peso nas costas". O autor surpreende com um aparato de técnicas literárias, quem sabe concedias à espontaneidade do acaso, uma vez que deixa transparecer intimidade com o ato de escrever concebendo, inclusive, metáforas bem-humoradas e uma alegoria criada com o misterioso cão preto argentino. Na proposta de narrar as circunstâncias das viagens, foge ao convencional de publicações voltadas para o tema. Enxerido, Jayme leva o leitor ao íntimo dos lugares, busca usos, costumes, preferências: Em Buenos Aires, se alojam no mesmo albergue, caminham pelas calles, obeliscos, praças, entornam copos de vinho na curtição das noites portenhas. Na Europa vivenciam o embaraço dos doces em Montmartre, a sorte num trem errado na Catalunha ou num acarajé apressado em Salvador. Há pecadilhos estéticos na composição visual, o que, no entanto, não rejeitam o passaporte do leitor. O conteúdo traz ainda digressões às memórias familiares e situações divertidas acompanhadas de detalhes certificadores que convidam à próxima aventura. O trabalho de edição é da Autografia Comunicação Limitada. Rio de janeiro. Os exemplares são vendidos nas Livrarias NACC, Praça de Casa Forte e Idea Fixa, entre outras. *Paulo Caldas é escritor

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Projeto propõe a preservação e difusão do acervo de Capiba

Dono de uma produção musical das mais profícuas e variadas, Lourenço da Fonseca Barbosa (Surubim, 1904 – Recife, 1997) o Capiba, se consagrou principalmente por suas composições no gênero que se tornaria o mais representativo da música urbana do Recife: o frevo. Mas, Capiba, não se restringiu apenas a esse estilo musical e em suas composições incursionou por valsas, maracatus, sambas, guarânias, modas, canções, foxtrotes, baiões, batuques, cirandas, dobrados, toadas, choros, além de integrar o movimento Armorial ao lado de maestros como, Guerra-Peixe, Jarbas Maciel, Clóvis Pereira e Cussy de Almeida, onde se destacam, dentre outras composições armoriais, sua Missa Armorial e a suíte Sem Lei nem Rei. A versatilidade e a qualidade de suas composições podem ser percebidas a partir de declarações de músicos importantes como as do maestro José Xavier de Menezes ao afirmar que Capiba é o mais versátil de todos os compositores brasileiros pela imensa variedade de gêneros que sua obra abarca. No mesmo livro de Carlos Eduardo Carvalho dos Santos, Capiba, Sua Vida e Suas Canções, o próprio autor reconhece a importância do legado de Capiba não só para a música pernambucana, mas brasileira com um todo, sustentando ainda que sua obra não pode estar limitada a coleções particulares pois nela encontra-se o que “há de mais legítimo em termos de pernambucanidade” (SANTOS, 1984, p. 56). Santos, ainda atenta para a importância de que todo o vasto acervo de Capiba torne-se conhecido e público, enfatizando a criação de um museu ou memorial em sua cidade natal. Capiba é, de fato, considerado um dos mais importantes e influentes compositores da música urbana em Pernambuco do século XX. Ele não só acompanhou como viveu, em boa parte, a história da formação e consolidação da música brasileira durante o século passado. Literalmente atravessou o século e, por uma questão de poucos anos – faleceu aos noventa e quatro – não o abarcou por completo. Suas cerca de 326 composições foram gravadas por músicos consagrados da história da música denominada “popular” brasileira como Agnaldo Rayol, Agostinho dos Santos, Alceu Valença, Almirante, Araci de Almeida, Caetano Veloso, Chico Buarque, Ciro Monteiro, Claudionor Germano, Dilermando Reis, Dircinha e Linda Batista, Elza Soares, Francisco Alves, Gal Costa, Geraldo Azevedo, Guerra-Peixe, Heraldo do Monte, Jair Rodrigues, Jessé, João Bosco, Lia de Itamaracá, Luiz Gonzaga, Lula Cortes, Maria Bethânia, Maysa, Nélson Gonçalves, Ney Matogrosso, Originais do Samba, Paulinho da Viola, Raphael Rabello, Sílvio Caldas, Sivuca, Vanessa da Mata, Lenine, Zélia Duncan, Antônio Carlos Nóbrega, só pra citar alguns dos mais de 176 intérpretes de sua obra. Suas primeiras lições musicais, desde muito criança, foram com seu pai, Severino Athanásio de Souza Barbosa, que era regente de banda. Possivelmente o fato de ocupar por trinta anos o cargo de escriturário no Banco do Brasil pode ter contribuído para construção e organização do seu acervo demonstrando que ele atribuía grande importância à atividade arquivista e que tinha plena consciência de que, a partir dessa construção, estaria elaborando, de algum modo, a forma como ele seria visto e compreendido pela posteridade. Observa-se que o compositor constituiu ao longo do tempo uma significativa trajetória, documentada num numeroso e diversificado acervo onde se encontram os registros de sua produção sobre vários tipos de suporte, desde os primórdios de sua carreira até o fim de sua vida, compondo uma fonte documental imprescindível para o desenvolvimento de pesquisas acerca da sua obra, sua vida, seu tempo. (assim como para o entendimento da música urbana em Pernambuco). Considerando a importância da sua trajetória artística e o seu aporte para a música pernambucana, bem como sua popularidade junto à classe artística e à população, Capiba representa uma referência inegável da nossa cultura. O acervo documental encontrado na casa de sua viúva, Zezita Barbosa, nos permite identificar seu valor histórico. Trata-se muito mais de conservar um documento, o mais autêntico possível, para uma futura atividade de restituição histórico-artística. Destaca-se, portanto a importância deste acervo enquanto bem cultural. Técnicos da Fundarpe realizaram uma visita técnica ao local que resultou num arrolamento (listagem do acervo com numeração provisória). Este documento oferece um panorama geral das peças, quantificando e indicando ainda o estado de conservação de cada uma. Imbuídos de tamanha responsabilidade cultural, a Página 21, produtora sediada em Recife-PE, fora convidada pelo então técnico do Minc na época (2017), Roberto Azoubel, para participar de uma reunião com os membros da Associação Cultural Capiba na cidade de Surubim, que tem como presidente de honra, Zezita Barbosa, única herdeira do acervo Capiba, para debater sobre a construção do Memorial Capiba na cidade de Surubim, porém, os produtores culturais, Amaro Filho e Claudia Lisboa, ficaram impactados com o estado de conservação do acervo, indicando que seria urgente uma intervenção no sentido da preservação daquele acervo antes mesmo da construção do Memorial, já que esta era uma obra de grande magnitude. De comum acordo, a Associação propôs a parceria por meio de seu diretor, proponente e curador musical do projeto, Lucas Guerra, com vasta expertise na música do compositor, Capiba. O Capiba – Preservação e Difusão, priorizou inicialmente trabalhar o acervo de suas partituras originais mais desgastadas, a partir do inventário, conservação, acondicionamento, digitalização e criação de site visando a difusão pública desse precioso material, objetivando salvaguardar parte da obra do compositor, sensibilizar instituições públicas, privadas e público em geral quanto a necessidade da preservação e restauro do acervo musical, fotográfico, fonográfico e audiovisual do compositor, possibilitar o acesso a partituras (inclusive inéditas) de Capiba, difundir a obra musical do compositor, colaborar com a identidade cultural do povo brasileiro. O site dará acesso gratuito às partituras através de um sistema de busca e possibilidade de download integral de cada obra musical – sendo esta a primeira compilação de suas obras. Se somam as iniciativas de conservação e difusão do acervo de Capiba, além da parceria entre a Página 21 e a Associação Cultural Capiba, o Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambucano – IAHGPE, que cedeu uma sala/laboratório onde serão realizados os trabalhos de conservação das partituras e a

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Cinema do Porto, da Fundaj, será inaugurado neste domingo

A chegada do Cinema do Porto, terceira sala administrada pela Fundação Joaquim Nabuco, para além de intensificar a movimentação cultural no coração do Recife, também é representativa das ações de décadas da instituição em prol do audiovisual local e nacional. As portas que serão abertas neste domingo (19), com a exibição do longa A Viagem de Pedro, de Laís Bodanzky, se somam a outras portas abertas nos eixos da difusão, produção e preservação cinematográfica que vêm se intensificando a cada ano nas ações e projetos da Fundaj. “A missão institucional da Fundação Joaquim Nabuco, de luta pela cultura, arte e história, precisa passar necessariamente pelo cinema, elemento importante da identidade brasileira. A abertura do Cinema do Porto, em um momento de retomada cultural e em uma localidade que pulsa memória e arte, acaba sendo um grande símbolo desse nosso empenho em promover e difundir a sétima arte, formando públicos e abrindo espaço para as mais diversas formas de expressão que o cinema abarca”, afirma Antônio Campos, presidente da Fundaj. A parceria com o Porto Digital dá seguimento à política da Fundaj de se aliar com outras instituições em prol da circulação cultural feita de forma acessível, sobretudo em um momento no qual o público volta a frequentar esses equipamentos após tanto tempo afastados. “A Fundaj é uma instituição que cuida de valorizar a cultura e a preservação do mais importante da memória e da história. E ao mesmo tempo promove e divulga a arte de qualidade, no que se inclui o cinema. Agora, associada ao mais importante centro de desenvolvimento da tecnologia no Nordeste colabora para o fortalecimento do bairro do Recife”, afirma Mario Helio, diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj. De acordo com o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, a retomada gradual das atividades culturais reforça a importância de oferecer novas opções para a população do Recife e Região Metropolitana. “Nada mais adequado e com a nossa cara do que oferecer mais uma sala de cinema, afinal, Pernambuco é destaque nacional na produção de filmes de grande qualidade. Por isso, essa parceria entre o Porto Digital e a Fundaj veio numa hora importante para retornarmos o incentivo à economia criativa, atividade que compõe também o nosso parque tecnológico”, complementa. O novo cinema da Fundaj contará com a já conhecida curadoria que sempre constrói uma programação plural e prestigiada do cinema nacional e global nas salas irmãs do Derby e do Museu. Neste começo de atividades, enquanto o Cinema do Porto recebe pré-estreia de A Viagem de Pedro, já anunciando a programação de celebração do bicentenário da Independência, a sala do Museu contará com a pré-estreia do longa do Baile do Menino Deus, que adapta o renomado espetáculo natalino local para as telonas. “A abertura da terceira sala do Cinema da Fundação é uma enorme conquista para o Recife, e sobretudo para o nosso público, que conhece bem a excelência técnica dos nossos equipamentos e a alta qualidade dos filmes que selecionamos. O Cinema do Porto/Fundação se somará às salas do Derby e do Museu, com uma audiência qualificada e uma curadoria de alto nível, além de nossas sessões especiais e das mostras e festivais que já fazem parte do calendário cultural do Recife, oferecendo o melhor da expressão audiovisual a preços populares. Uma nova sala de cinema melhora a vida da cidade”, declara Ana Farache, coordenadora do Cinema da Fundação e da Cinemateca Pernambucana. Os últimos anos foram de intensas movimentações na criação e expansão de equipamentos da Fundação voltados ao cinema, passando desde a inauguração da sala de exibição no Museu do Homem do Nordeste, em 2015, até a criação da Cinemateca Pernambucana, em 2018. Esta última ganhou uma sede própria neste ano no Complexo Cultural Gilberto Freyre, no campus Casa Forte. A iniciativa abriga mais de 1600 materiais em acervos digitais e físicos, entre longas, curtas, trailers, roteiros, figurinos, cartazes, objetos cênicos e equipamentos. O espaço também se empenha em promover uma preservação ativa, com diversas ações que colocam esse acervo para circular por meio dos mais diversos caminhos, das exibições do material de forma remota e presencial, à circulação de ideias, em especial com o livros publicados na Coleção Cinemateca Pernambucana, pela Editora Massangana. A instituição também coloca seu material humano à disposição de atividades formativas, à exemplo do curso “O Cinema Pernambucano na História: Uma Formação para Formadores”, ministrado por Paulo Cunha, pesquisador e consultor da Cinemateca, voltado para professores e com início previsto para 2022. “O curso surgiu a partir da experiência da Cinemateca Pernambucana: recebemos muitos estudantes do ensino público com seus professores e achamos interessantes preparar uma formação que tivesse a ver com esse público. Nosso objetivo é melhorar o nível de informação desses professores de educação de jovens para que eles possam, a partir de filmes do acervo da Cinemateca, fazer uma experiência em sala de aula produtiva para eles e para os alunos”, explica Cunha A exibição de A Viagem de Pedro na inauguração do Cinema do Porto, no próximo domingo, contará com uma exibição aberta ao público, às 19h. Os ingressos são gratuitos, adquiridos pelo Sympla, com a lotação da sala em 110 lugares. Já a pré-estreia do Baile do Menino Deus será realizada no próximo dia 23, no Cinema do Museu, com três sessões, às 18h, 19h30 e 21h, também com entrada gratuita pelo Sympla, com 30 assentos disponíveis para o público em cada sessão.

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Festival de Ciranda do Recife começa neste fim de semana

Após quase quarenta anos, o Festival de Ciranda do Recife volta com força total. A festa, tradicional no calendário cultural da capital pernambucana, que por muitos anos aconteceu no Pátio de São Pedro, no Recife, agora, se concentra em novos espaços. Nesta edição, os amantes da cultura popular, em qualquer parte do mundo, vão poder prestigiar a dança, a poesia, o ritmo e a musicalidade da Ciranda, por meio da internet, rádio e televisão. O evento começa neste domingo (19) e segue até o dia (22). Serão quatro dias de programação, e mais de 20 cirandeiros, de diferentes regiões e gerações do estado, animando o público.   O Festival de Ciranda do Recife tem como proposta exaltar a nova geração de Mestres e Mestras, que vêm preservando esta importante tradição de cultura popular do país. Além disso, tem como proposta festejar a conquista recente de ser consagrado Patrimônio Imaterial do Brasil. A estreia dos shows acontece neste domingo (19) e segue até o dia (22), sempre a partir das 20h, por meio do canal da Associação das Cirandas de Pernambuco, no Youtube.   Fazem parte da programação nomes como, as mestras: Dulce Baracho e Severina Baracho (Abreu e Lima), filhas de um importante ícone da ciranda pernambucana, o Mestre Baracho, natural do Município de Nazaré da Mata. Também integram a grade artística, Cristina Andrade (Recife), Elisete Souza (Cabo de Santo Agostinho), Margareth Laurindo (Goiana).   Entre os artistas regionais, os mestres: João Limoeiro (Carpina), Zé Dias (Lagoa do Itaenga), Josivaldo Caboclo (Lagoa do Itaenga), Sérgio da Imperial (Recife), Hamilton Filho (Recife), Mestre Bi (Nazaré da Mata), Anderson Miguel (Nazaré da Mata), Ricco Serafim (Cabo de Santo Agostinho), Canarinho (Aliança), Noé (Surubim), Adiel Luna (Carpina), Edmilson João (Lagoa do Itaenga), Natal (Lagoa do Itaenga).   O Festival Ciranda do Recife também vai contar com exibições na televisão. A TV Pernambuco, emissora pública do estado, vai levar para os lares de todos os pernambucanos, todo o colorido, arte e cultura da ciranda. Na TV, o telespectador vai acompanhar os shows em dois dias. No sábado, 25 ( Dia de Natal), e também no dia 1º de janeiro de 2022, na chegada do Ano-novo, a partir das 20h. A TVPE está disponível em sinal digital no Recife e Região Metropolitana, pelo canal 46.1, em Caruaru, pelo canal 12.1. Já em Petrolina, pelo 13.1.   A mesma programação será transmitida pela Rádio Frei Caneca FM, emissora pública do Recife. A ideia é sintonizar os ouvintes no clima da festa, que reúne importantes nomes da Ciranda pernambucana. Para acompanhar a programação no rádio, é preciso sintonizar a frequência: (101.5 FM). Os shows também vão ser transmitidos online, no aplicativo e site da rádio: http://www.freicanecafm.org/   Historicamente, o Festival Ciranda sempre foi realizado no Pátio de São Pedro, bairro de Santo Antônio, no Recife. Entretanto, em virtude do risco de aglomeração e contágio pelo novo coronavírus, será realizado de forma on-line. A apresentação dos artistas será realizada na Casa da Cultura da Cidade do Recife, com a participação do Som na Rural, um equipamento que vem ao longo dos anos se dedicando a divulgação da ciranda. O incentivo para esta ação é do Sistema de Incentivo à Cultura, da Prefeitura do Recife, por meio da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. Não há presença de público em virtude das regras sanitárias.   O projeto conta com produção musical: Buguinha Dub, Maciel Salú e Henrique Albino; produtores executivos: Joana D’Arc Ribeiro, Ricco Serafim e Josivaldo Caboclo; proponente e coordenação geral: Hamilton Filho; Gravações e edições de vídeos: Nilton Pereira; assessoria de imprensa: Salatiel Cícero e Hamilton Neto; um seleto grupo de músicos da região da mata norte e agreste, experientes com a musicalidade da cultura popular pernambucana.   Serviço   O quê: Festival de Ciranda do Recife será transmitido pela internet, rádio e televisão Quando: 19 a 22 de dezembro Onde: Youtube - Associação de Cirandas de Pernambuco Classificação: Livre para todos os públicos.

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Orquestra Sinfônica do Recife faz concerto aberto ao público neste sábado

Neste sábado (18), os novos regentes da Orquestra Sinfônica do Recife encontram, pela primeira vez, o público da cidade, em concerto de celebração dos 91 anos do grupo, considerado o mais antigo do país em atividade ininterrupta. A apresentação acontecerá no Teatro Santa Isabel, às 19h. Os ingressos serão distribuídos gratuitamente, na bilheteria do teatro, a partir das 18h.   O programa, que marcará a estreia de Lanfranco Marcelletti Jr. e José Renato Accioly como diretor e regente titular da Orquestra Sinfônica do Recife e como regente adjunto, respectivamente, já servirá de indicativo para os novos rumos artísticos que estão sendo pensados pela nova regência, celebrando o gênero erudito, mas também contemplando composições populares, além de ritmos que estão entre os mais expressivos da cultura recifense. Os maestros garantem muita emoção para o público neste concerto.   Sobre a OSR – A Orquestra Sinfônica do Recife, a mais antiga em atividade ininterrupta do Brasil, foi fundada no dia 30 de julho de 1930, sob a regência do fundador e maestro Vicente Fittipaldi, que comandou o conjunto sinfônico entre 1930 e 1961. Além dele, a Orquestra já teve como regentes: Mário Câncio (1962-1974); Guedes Peixoto (1975-1984); Eleazar de Carvalho (1985-1988); Eugene Egan(1989); Arlindo Teixeira (1991), Diogo Pacheco (1992); Carlos Veiga (1993-2000); Osman Giuseppe Gioia (2001-2013); e Marlos Nobre (2013-2020).   Nomes como Heitor Villa-Lobos, Isaac Karabtchevsky, Francisco Mignone e Guerra Peixe, que, na década de 1970, atuou como primeiro trompista, já regeram apresentações da OSR, que também recebeu músicos famosos para tocar como solistas, a exemplo de José Siqueira, Arthur Moreira Lima e Nelson Freire.   No dia 8 de outubro de 2018, a Orquestra foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da capital pernambucana, a partir de proposição da Câmara do Recife, sancionada pelo poder público municipal.       SERVIÇO   Concerto Especial 91 anos da Orquestra Sinfônica do Recife   Com os novos maestros: Lanfranco Marcelletti Jr. e José Renato Accioly   Quando: Sábado (18)   Horário: 19h   Local: Teatro de Santa Isabel, Praça da República, s/n   Entrada franca   Ingressos distribuídos a partir das 18h, na bilheteria

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Fundaj promove culto ecumênico e cantata natalina hoje (16)

Lançado no início de dezembro, o Natal dos Bons Ventos da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) promove um circuito de atividades entre os dias 16 e 18, no Complexo Cultural Gilberto Freyre, em Casa Forte, e no Poço da Panela. Nesta quinta-feira (16), a partir das 16h, a sala de exibição do Cinema da Fundação no Museu do Homem do Nordeste será palco de um culto ecumênico e do retorno ao vivo da tradicional cantata natalina promovida pela Instituição. “Em 2021, nós suscitamos os ventos anunciados pelo poeta Joaquim Cardozo para pensar as mudanças e transformações que precisamos enquanto humanidade. Mais do que uma época de fé, o Natal é um período para celebrar a renovação dos votos de tempos melhores”, afirmou o presidente da Fundaj, Antônio Campos. O culto ecumênico abre a ordem do dia, às 16h. Participam da solenidade religiosa representações espíritas, umbandistas, católicas e evangélicas: a presidente da Federação Espírita de Pernambuco, Cristina Pires; o babalorixá Terreiro da Nação Xambá, Pai Ivo de Xambá; o pároco da Igreja Matriz de Casa Forte, Padre Fábio Paes de Queiroz; e o pastor da Igreja Evangélica da Família de Jardim São Paulo, Ricardo Dutra. Às 17h, é a vez da Orquestra de Câmara do Alto da Mina, do Maestro Israel França, executando 15 clássicos, entre eles "Jesus Alegría dos Homens", de J.S.Bach, "Nona Sinfonía (tema)", de L.V. Beethoven, "Deixei Meu Sapatinho," de Otávio B. Filho, e "Noite Feliz", de J. Mohr. Na sequência, o coral da Fundaj, sob a regência do Maestro Jadson Oliveira, convida para integrar a apresentação os corais Canto no Ponto, do Grande Recife Consórcio de Transportes, Espírita Afag, de Olinda, e os independentes Sonetto Vocale e Vocal Bom Dia. O Coral Viver Casa Forte, da paróquia local, também integra o programa. “Neste ano, a cantata tem um caráter especial”, diz Jadson. A apresentação marca o retorno ao vivo do coral. Em 2020, a participação foi gravada e transmitida virtualmente. No repertório, além das canções natalinas tradicionais, ele destaca a música “A paz”, releitura da banda Roupa Nova para o clássico “Heal the World”, de Michael Jackson. Respeitando as medidas sanitárias, a sala contará com limitação de até 132 pessoas. Serviço Natal dos Bons Ventos: culto ecumênico & cantata natalina Data: quinta-feira, 16 de dezembro Horário: 16h Local: Museu do Homem do Nordeste Complexo Cultural Gilberto Freyre Gratuito e sujeito à lotação

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