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Capoeira Kids: arte, esporte e movimento

Mais do que uma atividade física, a capoeira infantil desenvolve corpo, mente e identidade. Oficina do Sítio Dourado mostra como a prática transforma crianças com ritmo, disciplina e alegria Luta ou dança? Brincadeira ou esporte? A capoeira há muito tempo ultrapassou os rótulos e hoje é reconhecida como uma manifestação cultural brasileira de extrema riqueza, onde se entrelaçam história, resistência, musicalidade e movimento. Para as crianças, a prática da capoeira representa tudo isso e mais: é uma ferramenta de desenvolvimento físico, emocional e social. No Sítio Dourado, espaço de desenvolvimento infantil que aposta em metodologias ativas também  na valorização da cultura brasileira, sendo que a Oficina de Capoeira Kids já faz parte da rotina dos pequenos. Conduzida pelo Professor Renato Alexandre — o “Professor Timão”, que atua com capoeira desde 2001 e dá aulas desde 2008, a atividade vem ganhando espaço, respeito e muitos sorrisos. “A capoeira para crianças é uma das formas mais completas de trabalhar o corpo e a mente ao mesmo tempo. É ritmo, disciplina, expressão corporal, história e autoestima em uma só roda”, afirma o professor. Para quem é, e como funciona a capoeira infantil A capoeira é uma prática altamente inclusiva, podendo ser iniciada por crianças a partir dos 3 ou 4 anos, respeitando sempre o estágio de desenvolvimento de cada uma. Ao contrário do que muitos imaginam, não se trata apenas de golpes ou acrobacias. Na infância, a capoeira é vivida como jogo corporal, musicalidade e expressão lúdica, com movimentos adaptados, sem confronto físico direto, e sempre mediada por cantigas, palmas e instrumentos como berimbau e atabaque. “Nosso foco com os pequenos não é o combate, mas a construção de um corpo mais consciente, mais ágil e mais seguro. A roda é um espaço de aprendizado coletivo, onde a criança aprende a se expressar, a respeitar o outro, a escutar o ritmo e a ocupar seu espaço com alegria e responsabilidade”, explica o Professor Timão. A oficina acontece em grupo, e cada aula é construída com base na repetição de movimentos básicos, atividades rítmicas, rodas de música e, gradualmente, desafios que estimulam o equilíbrio, a coordenação motora e a atenção. A prática também promove o conhecimento da história da capoeira, sua origem africana e seu papel na resistência cultural brasileira. Movimento que empodera: autoestima e pertencimento Além dos ganhos motores, a capoeira infantil é especialmente potente para o desenvolvimento emocional e social das crianças. Por ser uma prática coletiva e expressiva, ela ajuda a vencer a timidez, desenvolve o senso de pertencimento, e fortalece a autoestima desde cedo. Cada criança é convidada a se colocar no centro da roda — simbolicamente e literalmente — e a experimentar a força de sua própria expressão corporal. “Quando uma criança percebe que pode cantar, bater palmas, gingar, se equilibrar e interagir com outras através do corpo, ela descobre um universo inteiro dentro de si. A capoeira ensina muito mais do que movimentos. Ela ensina escuta, empatia e coragem”, resume Renato Alexandre. Para a diretora do Sítio Dourado, Ana Maria Maciel, a inserção da oficina no currículo do espaço de desenvolvimento foi uma decisão natural, alinhada ao propósito de proporcionar uma educação integral e culturalmente conectada com as raízes brasileiras. “Criamos a Oficina de Capoeira Kids porque acreditamos no poder da cultura como ferramenta educativa. A capoeira tem corpo, tem voz, tem ancestralidade. Ela acolhe a criança em sua potência e a ensina com alegria e presença. É uma forma de educar com movimento, com afeto e com identidade”, defende Ana Maria. E quem não pode praticar? Há contraindicações? A capoeira é uma prática democrática, acessível e geralmente sem contraindicações para crianças. Em casos específicos, como limitações físicas, motoras ou condições médicas específicas, a participação deve ser orientada pelo pediatra ou equipe multidisciplinar. Mas, de modo geral, a capoeira pode ser adaptada para diferentes perfis, inclusive crianças neurodivergentes, com acompanhamento adequado. “A capoeira respeita o ritmo de cada criança. A roda é inclusiva por essência. Temos crianças mais tímidas, outras mais expansivas, e todas encontram seu lugar. O importante é que se sintam acolhidas e motivadas a explorar seus corpos de forma positiva”, reforça o mestre Benefícios da Capoeira Infantil Físicos Emocionais e sociais Cognitivos e pedagógicos Capoeira é corpo, cultura, história e alegria Quando a capoeira entra na vida de uma criança, ela leva junto o som do berimbau, o canto ancestral, o jogo de corpo, a força dos movimentos, a beleza da coletividade. Mais do que um esporte, a capoeira é arte viva, é cultura em movimento, é educação com gingado. A prática não ensina apenas a ginga — ensina a ouvir o outro, a se respeitar, a brincar com o corpo e a se reconhecer como parte de algo maior. Como resume o Professor Timão, com a sabedoria de quem vive a roda há mais de duas décadas: “A capoeira transforma. E quando começa na infância, transforma para a vida inteira”, finaliza o mestre Timão. Na roda de capoeira, onde cada movimento exige ritmo, consciência e equilíbrio, o cuidado com a saúde também pede presença e harmonia. No fim, viver bem é encontrar o compasso certo entre corpo, mente e propósito. Festival de Raquetes e Picnic Dia das Crianças agitam Porto de Galinhas No dia 11 de outubro, a Cia do Lazer, em Porto de Galinhas, recebe o Festival de Raquetes, em parceria com o Picnic Dia das Crianças, oferecendo momento de esporte, lazer e convivência para toda a família. A partir das 9h, as quadras estarão abertas para Pickleball, Frescobol, Beach Tennis, Badminton e Tênis de Mesa, com categorias infantil, adulto e master, além de modalidades feminino, masculino e mista. Enquanto isso, o Picnic Dia das Crianças garante brincadeiras e momentos de lazer ao ar livre, proporcionando um ambiente acolhedor em meio à natureza. “Eventos como esse fortalecem vínculos familiares, promovem bem-estar e estimulam a prática esportiva”, destaca Rose Jarocki, CEO da Cia do Lazer. A participação é mediante inscrição paga, a partir de R$ 70 por pessoa. Alimentação será vendida no local,

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Da arte ao movimento: a capoeira é expressão cultural e contribui para o bem-estar

Bruno Jordão ministra aulas de Capoeira e informa que a luta beneficia a socialização entre as pessoas, além promover a saúde tanto física como mental Por Jademilson Silva A capoeira é originalmente uma luta que surgiu como arma de libertação e resistência para os negros escravizados no Brasil. A Capoeira foi criada no século XVII por escravos africanos da etnia banto. Na época, era praticada bastante em locais de vegetação rasteira chamada "capoeira", daí o nome. Porém, nas fazendas e senzalas, na intenção de ludibriar os Feitores, foram introduzidas a música e a dança, elementos fortes na cultura africana. Com o passar dos anos ficou evidente a pluralidade cultural que hoje é a Capoeira, podendo ser desenvolvida no âmbito da luta, esporte e cultura, mas a essência da luta nunca irá deixar de existir. O professor de Capoeira, Bruno Jordão, conhecido como Papaléguas, informa: “Eu particularmente, gosto de ensinar a Capoeira como luta, além de atividade esportiva e física”. Expressão cultural A roda de Capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2008, e em 2014, Patrimônio da Humanidade pela Unesco, por simbolizar a resistência negra no Brasil durante o período da escravidão. É no universo da Capoeira onde ocorre todo o ritual desde "jogo”, nome dado ao combate entre capoeiristas, sendo algo amistoso ou mais agressivo, que a musicalidade e dança acontecem, vindo do aprendizado com os Mestres mais experientes. Conforme a região, os golpes da Capoeira podem mudar de nome: “Existem vários estilos de golpe que segundo a região pode mudar a nomenclatura, alguns exemplos de golpes são martelo, chapa, armada, queixada, bênção, ponteira, meia-lua de compasso, rabo de arraia, galopante, escala, cotovelada, joelhada, baiana, cabeçada, dentre outros", informa Bruno Jordão Musicalidade Como falamos anteriormente, a música faz parte da Capoeira e da caracterização de alguns momentos da luta. “Na Capoeira a musicalidade tem importância no comando da roda, pois através da música, são passadas informações para os jogadores como, por exemplo, o comando para começar o combate, bem como respeitar determinado comando. A música é um elemento fundamental em todo o processo”, explica Bruno Jordão. Os instrumentos musicais são: berimbau, atabaque, pandeiro, agogô. Treino de capoeira O treino de capoeira pode ser realizado por pessoas de qualquer sexo e sem rotulação de idade. “Existem profissionais que trabalham com a Capoeira Kids fazendo um belíssimo trabalho desenvolvendo inúmeras capacidades nas crianças como equilíbrio, reação, coordenação motora, dentre outros aspectos. Tenho um amigo, o prof. Timão, por exemplo, que trabalha com crianças a partir de 3 anos”, esclarece Bruno Jordão. Na Capoeira, além dos golpes, há movimentos acrobáticos, rápidos e fluídos. Tais movimentos contribuem para manutenção do peso ou emagrecimento. "A quantidade de calorias perdidas, durante 1 hora de aula de capoeira, vai depender da intensidade do treino e do metabolismo do aluno, mas pode variar de 400 a 700 calorias", informa o professor. Amor à primeira vista - Isabelle Holanda, 28 anos, bióloga, teve o primeiro contato com a Capoeira aos 7 anos, diante de uma apresentação na escola: "Lembro como se fosse hoje o quão fiquei encantada com a musicalidade e os golpes que os capoeiristas aplicavam. Eu senti uma energia de união, aquela roda parecia um organismo único, desde os dois que lutavam, até os de fora que batiam palmas e cantavam. Tudo num perfeito equilíbrio", afirma a aluna, que treina duas vezes por semana. Inclusão social - A Capoeira tem sido usada em muitos contextos para promover a inclusão social de pessoas com diferentes habilidades, incluindo portadores de síndrome de Down. É fundamental que haja conscientização e treinamento adequados para aqueles que trabalham com pessoas com síndrome de Down e outras habilidades diversas, a fim de garantir uma experiência positiva e inclusiva para todos os participantes. No município de Jaboatão dos Guararapes, o Mestre Sabiá desenvolve trabalho de inclusão social com portadores de síndrome de Down. Benefícios A Capoeira contribui para o condicionamento físico e cardiovascular do praticante, além de promover a saúde mental, socialização, desenvolvimento cognitivo, perda de peso e funciona como defesa pessoal. Evolução do treino No processo de graduação da Capoeira, cada professor avalia seu aluno no decorrer do ano em relação aos requisitos de sua instituição. Ao término dessa avaliação, ocorrerá um evento em data marcada, onde tem o chamado “Batizado”, neste momento acontecerá a atualização da graduação. “Na Capoeira utilizamos o sistema de cordas ao invés de faixas como ocorre, por exemplo, no jiu-jitsu", frisa o professor Bruno Jordão. "Deixo a ressalva sobre a importância da divulgação da capoeira nas escolas, para que os mais novos tenham a oportunidade de conhecer. Posso não saber muito de capoeira, mas uma coisa eu digo: a capoeira se expressa de forma única" - Aluna Isabelle Holanda. Um pouco de história Existem 3 tipos de Capoeira: Angola, Capoeira Regional e o que chamamos de Contemporânea, que é um segmento onde o capoeirista treina para jogar o que o berimbau tocar, buscando aprender um pouco de cada estilo. Existem vários golpes que podem e são utilizados na defesa pessoal. O prof. Bruno Jordão lamenta ainda existir preconceito contra a Capoeira, principalmente pela origem africana. “Infelizmente ainda existe preconceito contra pessoas negras, como a Capoeira é originalmente brasileira criada pelos negros, consequentemente, há discriminação ainda atualmente, porém já fizemos muito avanço, levando a Capoeira para instituições de ensino, como, por exemplo, na Universidade Federal de Pernambuco, trabalho feito pelas mãos do Mestre Tchê”, frisa Bruno Jordão. A Capoeira não é ligada a nenhuma religião: “O capoeirista é que terá a sua religião ou filosofia de vida. Assim como um advogado pode ser católico, evangélico ou do candomblé, ou até mesmo ateu”, complementa. Proibição, perseguição e legalização A capoeira foi proibida pelas autoridades coloniais e mais tarde pelo governo brasileiro no século XIX e início do século XX, devido ao seu potencial como uma forma de resistência e revolta. A prática continuou de forma clandestina durante esse período, muitas vezes disfarçada como uma dança. A capoeira foi

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