Arquivos cinema - Página 10 de 16 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Gabriel Mascaro antecipa lançamento do longa "Divino Amor"

“Divino Amor”, de Gabriel Mascaro (“Boi Neon”), divulga novo teaser antecipando a data de estreia após forte repercussão nas redes sociais. O longa estreou nos festivais de Sundance e de Berlim e já foi selecionado para mais de vinte festivais. A nova data de estreia no Brasil é 27 de junho com distribuição assinada pela Vitrine Filmes. O filme conta a história de uma mulher profundamente religiosa que é escrivã de cartório e usa sua posição no trabalho para tentar salvar casais que chegam para se divorciar. Joana (Dira Paes) faz tudo em nome de um projeto maior de fé dentro da fidelidade conjugal. Enquanto espera por um sinal em reconhecimento pelos seus esforços, é confrontada com uma crise no seu próprio casamento que termina por deixá-la ainda mais perto de Deus. O longa é produzido pela Desvia em coprodução com Malbicho Cine, Snowglobe, Bord Cadre Films, Mer Films, Film i Väst, Globo Filmes e Canal Brasil. No elenco estão Dira Paes, Emílio de Melo, Julio Machado, Thalita Carauta, Mariana Nunes, Teca Pereira e Tuna Dwek. “Divino Amor” é produzido por Rachel Daisy Ellis (“Boi Neon”, “Ventos de Agosto”, “Doméstica”) e coproduzido por Sandino Saravia Vinay (coprodutor de “Boi Neon” e produtor associado de "Roma", de Alfonso Cuarón), Katrin Pors (produtora de “Pássaros de Verão”, de Ciro Guerra), Maria Erkhovd (Mer film, Norway). O longa é fotografado pelo mexicano Diego Garcia, que também assina a fotografia de “Boi Neon”, tradicional parceiro de Mascaro, que depois foi convidado a assinar a fotografia de renomados diretores como Apichatpong, Reygadas e Widing Refn. O filme é uma coprodução entre Brasil, Uruguai, Dinamarca e Noruega. SINOPSE Brasil, 2027. Uma devota religiosa usa seu ofício num cartório para tentar dificultar os divórcios. Enquanto espera por um sinal divino em reconhecimento aos seus esforços é confrontada com uma crise no seu casamento que termina por deixá-la ainda mais perto de Deus.

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Jeorge Pereira, diretor de "Organismo", fala sobre o filme, que estreou esta semana

Estreou na última quinta (25), nos cinemas São Luiz e da Fundação/ Derby, o filme pernambucano, Organismo, que narra a história de um jovem que fica tetraplégico após sofrer um grave acidente. O diretor Jeorge Pereira, cadeirante desde a infância por conta de uma poliomielite, fala sobre seu primeiro longa-metragem e revela como surgiu a inspiração para essa história comovente.   Como surgiu a ideia e o que te inspirou a escrever e, consequentemente, dirigir “Organismo”? De uma experiência trabalhando alguns anos em uma ONG de um amigo, o Michel Peneveyre, onde eu atendia pessoas com lesão medular, que tinham passado por qualquer tipo de incidente e que tinham ficado paraplégicas, às vezes tetraplégicas. Eu entregava essas cadeiras e acompanhava essas pessoas. Fui conhecendo caso a caso e formando uma ideia sobre o que era aquele universo, que era diferente do meu. Como vivo em uma cadeira por conta da pólio, era outro mundo pra mim. Certo dia, Michel me contou uma história que foi, pra mim, o ponto de partida para escrever o curta “Organismo” (primeiro seria um curta). Ele contou que estava morando sozinho (ele é tetraplégico, mas tem uma certa autonomia, tinha uma diarista que ia em sua casa fazer limpeza duas vezes na semana) e, uma vez ela foi, ele estava dormindo e ao limpar o quarto, tirou a cadeira de perto da cama e esqueceu de pôr de volta. Quando Michel acordou, não tinha como sair da cama, nem para onde ir. Não tinha telefone celular nessa época e acabou por passar um dia inteiro preso à cama por conta disso. Ele conta sempre com muito bom humor esse fato, que foi o gatilho para a história de “Organismo”.   Qual o maior desafio enfrentado na produção do longa? Maior desafio foi o processo de capitação. Foram dois momentos distintos com um intervalo de um ano entre a primeira e a segunda etapa. A espera foi um dos grandes desafios. Um filme que ao todo, desde o primeiro momento do roteiro até o corte, me levou quase cinco anos da minha vida. Mas foi um exercício de grande aprendizado, de grandes realizações e que mudou completamente a minha concepção sobre o próprio cinema.   “Se você me perguntar o que sou hoje, é isso: um contador de histórias.” Jeorge Pereira     A princípio, você enveredou pela literatura, com a publicação do livro “Letagonia”, em 2002. Quando e como surgiu o interesse pelo cinema? O interesse pelo cinema cresceu junto com o próprio interesse, lá no início, antes mesmo da literatura, que foi a dramaturgia. Foi no teatro que aprendi adaptação de esquetes e descobri que curtia muito mais trabalhar a narrativa e construir esses universos. Foi a partir dessas experiências que fui entrando no mundo da literatura. Nesse universo literário tive a imensa sorte conhecer, ser amigo e aluno por mais de cinco anos do professor Raimundo Carrero. Ele foi a primeira pessoa que disse: “Olha, você escreve muito visualmente.” Também na época da faculdade, na AESO, fui da primeira turma do curso de cinema de animação, onde criei todo um círculo de amigos, de relações que perduram até hoje, uma delas, por exemplo, que guardo com muito carinho é do cineasta Pedro Severien. Figuras como Marcelo Lordello, Fernando Veler, Maurício Nunes, grandes amigos e grandes parceiros que tenho até hoje. A narrativa foi apenas uma mudança de modalidade, na verdade, continua tudo dentro da contação de histórias. Se você me perguntar o que sou hoje, é isso: um contador de histórias.     Quais os próximos projetos? Mais um longa pode vir em breve? Tenho vários projetos. Procuro ser um autor inquieto, e, atualmente, participo de um grupo de outros inquietos, que são roteiristas, diretores e produtores, entre eles, Henrique Spencer, André Pinto e outras figuras muito massa. Nos juntamos e temos hoje um trabalho muito consistente em desenvolvimento de roteiros. De lá estamos saindo com narrativas que irão surpreender, daquilo que se chama “cinema de gênero”. De cunho particular, tenho um projeto que estou fomentando com as meninas da Inquieta já há alguns anos. Estamos em busca de recursos para ele. É um longa que mistura um pouco de fantasia e drama histórico, passado na década de 60, para ser preciso no ano do golpe militar. É a história de um garoto cego que pretendo levar um dia às telas e outro projeto que ainda está em fase de desenvolvimento, também um filme de época.   Com as novas mudanças anunciadas para a ANCINE, o que esperar do cinema brasileiro nos próximos anos? Estamos vivendo um cenário de muita incerteza, com esta questão da Ancine, e o mercado inteiro está num momento bem complicado, mas estamos esperançosos de que toda essa situação possa se resolver. É um momento crítico, não me lembro de ter presenciado um momento assim antes no Brasil. Preocupa, porque se não há um ataque direcionado à cultura, pelo menos parece muito isso. O modo como se tem visto cultura no Brasil nos três últimos anos é algo que me inquieta muito, a forma até marginal como se tem colocado o artista brasileiro. Porém acredito muito na força da união do setor cultural, e na força que a própria cultura tem historicamente de ser resiliente, e de se reconstruir nos momentos mais críticos. Nós, aqui no Brasil, estamos passando por isso agora, mas em diversos momentos da história isso aconteceu tanto com cientistas, quanto com artistas, pessoas que, de certa forma, ameaçam o status quo de um modelo social que muitas vezes está falido, mas não abre mão daquilo que o levou a ser o que é. Mas é isso, é lutar e resistir sempre.     Organismo O filme acompanha Diego (Rômulo Braga), um jovem arquiteto que, após um grave acidente, fica tetraplégico.  A nova condição mergulha o protagonista numa profunda crise existencial, abalando sua relação com Helena (Bianca Joy Porte). A trama é costurada alternando flashes do passado com cenas do presente. A infância de Diego,

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Crítica| Shazam!

Parece que, definitivamente, a DC acertou a mão em seus filmes de super-heróis. Após errar feio em suas últimas investidas no segmento com os caros e ao mesmo tempo medianos Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Liga da Justiça, conseguiu lotar as salas e arrancar elogios da crítica com o excelente Mulher-Maravilha e o mais recente Aquaman, que trouxe para as primeiras fileiras um personagem, até então, considerado coadjuvante no catálogo do estúdio. Dando continuidade à boa fase da DC, chega aos cinemas sua nova aposta: Shazam!, filme de pegada mais bem-humorada, proposta explorada já há muito tempo pela concorrente Marvel. A história acompanha o órfão Billy Batson (Asher Angel) em sua jornada como super-herói após ter recebido superpoderes do mago Shazam (Djimon Hounsou). Parte da trama dá destaque à origem do vilão Dr. Silvana (Mark Strong) em uma das mais tensas sequências, logo no início. O clima sombrio de outras produções da DC, tal como a trilogia Batman ou O Homem de Aço, dá lugar à leveza e bom humor como na cena em que Shazam simula soltar raios laser pelos olhos, semelhante a um conhecido herói azulão de capa vermelha do estúdio. Em outra cena, Shazan! homenageia um clássico do melhor estilo “Sessão da Tarde” no qual o filme é inspirado: Quero ser Grande.     Zachary Levi, famoso por protagonizar a série Chuck, consegue transmitir a força e comicidade necessários ao Shazam proposto para a história, um herói corpulento com mente de adolescente e, por vezes, atrapalhado. O ator passou por uma maratona de exercícios durante cinco meses para chegar ao corpo ideal a seu personagem. Ainda assim, toscamente, foram colocados enchimentos em seu uniforme. Outro que se destaca no elenco, em alguns momentos até mais que o próprio protagonista, é Jack Dylan Grazer, conhecido por sua atuação em It: A Coisa. Aqui o ator interpreta o garoto Freedy Freeman, presente nos momentos mais engraçados do longa. Shazan! arrecadou US$ 3,3 milhões em exibições especiais nos EUA no mês de março, mais até que Aquaman em sua pré-estreia, com um total de US$ 2,9 milhões acumulados. Segundo a revista Variety, o filme deverá ser o grande vencedor do fim de semana americano, faturando entre US$ 45 e 50 milhões.    

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Cinema: Diretora de arte, Séphora Silva fala sobre os desafios da profissão em Pernambuco

As belas imagens de alguns filmes às vezes chamam mais atenção que a própria história que está sendo contada. Produções como O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, com sua fotografia e cenários por demais coloridos e marcados principalmente pelo uso da cor rosa, enchem os olhos de qualquer espectador, inclusive dos menos atentos. Isso se deve ao trabalho de um profissional de grande importância para o processo de produção de um filme: o diretor de arte. Pernambuco tem nomes de peso que se destacam na função, como Thales Junqueira (Aquarius, Divino Amor) e Renata Pinheiro (Hotel Atlântico, Zama). Para falar sobre as alegrias e desafios relacionados à profissão, conversei com Séphora Silva, outro importante nome relacionado à direção de arte e cenografia no estado. Arquiteta de formação, trabalhou no drama dirigido por Tuca Siqueira, Amores de Chumbo, história que tem como pano de fundo o período da Ditadura, e, recentemente, no filme de horror Recife Assombrado, de Adriano Portela.   O que te levou a trabalhar com direção de arte? Foi o acaso. Eu já era arquiteta e conheci uma produtora de Recife que me apresentou esse mundo desconhecido dos bastidores do cinema- porque cinéfila eu sempre fui. Ela me convidou para ser assistente de arte num curta (Maracatu, Maracatus de Marcelo Gomes, 1994) e eu acabei sendo picada pelo bicho do cinema. Nunca mais saí dele. Qual o maior desafio enfrentado por quem trabalha com direção de arte em Pernambuco? Primeiro, formação na área. No início, apesar de ser arquiteta, eu não tinha nenhum conhecimento da técnica, do que era uma produção de cinema e tive necessidade de estudar sobre isso. Foi quando ganhei uma bolsa para fazer o curso de Capacitação e Formação em Audiovisual na Universidade de Guadalajara – México. Lá eu pude entender e praticar todo processo de produção e fui me especializando na área de arte (cenografia, maquiagem, figurino, arte). Depois voltei para Recife e entrei no mercado de audiovisual exercendo várias funções antes de ser diretora de arte. Achei fundamental exercer funções de produção de arte, objetos, cenografia, além de fazer cursos de efeitos especiais/maquiagem, antes de me lançar como diretora de arte, pois, vejo essa função muito mais conceitual e creio que requer experiência e pratica de pesquisa/referências e projeto de arte propriamente dito. Não consigo conceituar uma arte sem escrever um texto, fazer um projeto referenciado com muita pesquisa, elaborar paleta de cores. Depois de entender o que é arte em cinema, me deparei com o entendimento que a direção de arte não é considerada área fundamental /essencial para uma produção audiovisual. O que acontecia em Recife é que projetos de audiovisual acabavam com previsão de equipes muito pequenas e orçamentos muito baixos para a arte, embora os roteiros sejam sempre detalhistas e rebuscados no que se refere a direção de arte. E equipe pequena, ou composta por pessoas com pouca experiência na área e verba mínima, são uma combinação que acaba comprometendo a qualidade do trabalho. E isso é perceptível na tela. Mas isso também já vem mudando há alguns anos e acredito que vai melhorar. Algo que acredito que ajudaria bastante nesse entendimento é a divulgação dessa área pelos meios de comunicação, por exemplo, quando se fizer uma matéria sobre alguma produção citar a arte, entrevistar o/a profissional responsável pelo trabalho. O que acontece na mídia local é que sempre se restringe a informar sobre a direção, elenco, produção e nunca a arte é citada ou referida nas matérias. Tô achando ótimo você me entrevistar e eu poder falar isso!   Qual caminho inicial deve percorrer quem deseja trabalhar na área? Na minha opinião, quem quer trabalhar na área não tem que apenas ter bom gosto estético, sugiro que, além do curso superior de cinema onde a formação em direção de arte é muito restrita, tentem uma formação na área de arquitetura, artes visuais, design. Isso dá uma diferencial muito grande no resultado do trabalho. E também recorrer a oficinas e workshops na área onde se possa compartilhar experiências com outros profissionais. Arte em cinema não é apenas um trabalho intuitivo que requer muita criatividade para lidar com as pressões e mudanças que acontecem diariamente numa produção, é um trabalho que precisa ser referenciado e por isso ter um projeto embasador é tão importante. Com um projeto consistente, as mudanças podem acontecer sem que o resultado seja comprometido em sua essência. Isso garante a qualidade final no trabalho e dá pra ver claramente na tela. Dos trabalhos que já realizou qual mais te marcou profundamente? Todos os trabalhos são um grande aprendizado, pois, arte no cinema é muito específica de momentos/situações determinados pelo roteiro, então fica difícil dizer qual foi mais marcante. Na verdade, tenho um carinho especial por todos eles. Posso citar como exemplo “Três Contos de Reis” (Maria Pessoa, 2005), minha primeira participação como diretora de arte e cenógrafa para um curta que se passava em 1860 e foi dificílimo fazer a reconstituição de época. Recife é uma praça difícil para produção de época e foi uma responsabilidade muito grande, mas o resultado ficou ótimo, o mais autêntico possível, verossímil mesmo, posso até dizer. E ficou bonito. Dos longas, o desafio maior até o momento foi fazer o “Recife Assombrado” (Adriano Portela, 2017), que está em finalização, porque é um gênero muito específico: terror. Tô aguardando para ver o resultado. E tem o “Amores de Chumbo” (Tuca Siqueira), que foi o primeiro longa que fiz direção de arte e cenografia (sempre assumo a cenografia, essa é uma vantagem de ser arquiteta) e me rendeu dois prêmios (Festival de Cinema de Triunfo e Fest Ibero-Americano de Cinema de Caruaru, ambos em 2018) importantes na área. Prêmio é sempre um reconhecimento do nosso trabalho e fiquei muito feliz com isso. Direção de arte no teatro e cinema: qual setor tem mais oportunidades de trabalho no Brasil? Por quê? Na prática não tenho como te falar do Brasil, posso te falar de Recife, a praça onde trabalho. Na teoria,

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Oscar 2019: Saiba tudo sobre os indicados ao prêmio de melhor filme

O Oscar chega a 91ª edição este ano. A premiação mais tradicional de cinema no mundo acontece neste domingo (24), às 22h, no horário de Brasília, e terá transmissão na TV Brasileira. A íntegra da cerimônia pode ser vista ao vivo no canal por assinatura TNT, enquanto a Rede Globo exibe parte da entrega em tempo real, com flashes durante a programação. Oito longas disputam a estatueta de Melhor Filme. "Roma" tem sido apontado como o favorito ao prêmio, mas surpresas sempre podem ocorrer. Para que você conheça melhor as produções nomeadas à principal categoria, a Revista AlgoMais convidou os críticos de cinema Houldine Nascimento e Wanderley Andrade, que analisam aqui os oito trabalhos. Por Houldine Nascimento e Wanderley Andrade Bohemian Rhapsody Bohemian Rhapsody passou por uma produção bem turbulenta: primeiro a troca do ator que interpretaria Freddie Mercury: devido a diferenças criativas, Sacha Baron Cohen deu lugar a Rami Malek, astro da série “Mr. Robot”. Em seguida, veio a demissão de Bryan Singer. O diretor, conhecido por seu trabalho em filmes da franquia X-Men, colecionou problemas com atores do longa, acusado de sempre chegar atrasado e de abandonar uma vez as gravações. Problemas a parte, o filme foi um grande sucesso de público, ostentando o título de cinebiografia musical de maior bilheteria mundial, com um total de mais de US$ 750 milhões arrecadados. E contrariando a recepção negativa da crítica especializada que o levou a apenas 62% de aprovação no Rotten Tomatoes, ganhou o Globo de Ouro de melhor filme. A grande atuação de Rami Malek também trouxe bons frutos: ganhou o prêmio de melhor ator no Globo de Ouro, no Bafta e no Sindicato dos Atores (SAG), o que o coloca como grande favorito ao Oscar. (WA)   A Favorita (The Favourite) Com o maior número de indicações (10), ao lado de “Roma”, o novo filme do cineasta grego Yorgos Lanthimos narra situações bizarras envolvendo a Rainha Anne (Olivia Colman) durante o século 18 na Inglaterra. Sua amiga, Lady Sarah (Rachel Weisz), é quem na prática governa em seu lugar. A chegada da criada Abigail (Emma Stone) põe em xeque a condição de Sarah como a predileta da histérica monarca, às voltas com sua saúde frágil. O jeito debochado de contar esta história quebra o cânone destas produções de época sobre a realeza britânica. Em sua carreira, Lanthimos se notabilizou por desenvolver um “cinema do absurdo”. Em “A Favorita”, ele traz elementos característicos do grotesco, mas de uma forma mais acessível ao espectador, com figurinos luxuosos de Sandy Powell e uma trama que mostra a mesquinhez da nobreza. No fim de tudo, a personagem de Anne é mais trágica do que engraçada por tudo que a cerca e a interpretação de Colman é irretocável justamente por estar no limite de tudo isso. (HN)     Green Book (Green Book: o Guia) Este é o filme com maior possibilidade de tirar o iminente prêmio de “Roma” na categoria principal. Nesta temporada de premiações, houve um momento em que “Green Book” estava na dianteira, mas alguns fatos negativos sobre a equipe de produção acabaram prejudicando o longa na corrida pelo Oscar. A começar por Peter Farrelly: surgiu a informação de que ele mostrava as partes íntimas para colegas com quem trabalhou. Talvez por isso não tenha sido nomeado como diretor. Outro que contribuiu para puxar o filme para baixo foi o roteirista Nick Vallelonga. Um tuite seu datado de 2015 veio à tona. Na mensagem, ele concordava com uma afirmação de Donald Trump, o qual chegou a dizer que viu mulçumanos celebrando a queda das Torres Gêmeas, no atentado em 2001. Polêmicas à parte, a produção é feliz ao reconstituir uma arriscada turnê de um pianista clássico negro, Don Shirley (Mahershala Ali), pelo Sul dos Estados Unidos em 1962. A segregação racial ainda imperava nesta região. Para esta jornada, o músico resolve contratar um motorista, o ítalo-americano Tony Lip (Viggo Mortensen), e daí resulta uma amizade. “Green Book” é uma comovente obra, que emprega humor em determinados momentos e fala sério quando necessário. É um belo filme de estrada e com dois atores em plena sintonia. A viagem serve para desarmar preconceitos do próprio Lip, na vida real pai de Nick Vallelonga. (HN)   Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman) Spike Lee volta aos holofotes em "Infiltrado na Klan". O prestigiado realizador estadunidense emprega toda sua força neste belo longa, partindo da história real daquele que teria sido o primeiro policial negro do Colorado, Ron Stallworth (John David Washington). No final dos anos 1970, este homem conseguiu a façanha de entrar na Ku Klux Klan local como filiado e evitar uma série de atentados programada pelo grupo extremista. Para isso, recebe a ajuda de seu parceiro, um policial judeu (Adam Driver). O filme traz toda a intensidade de Lee. Aquela mesma intensidade de "Faça a coisa certa", só que numa trama sem alguns hermetismos presentes no clássico de 1989. Essencialmente antirracista, a narrativa flui muito e é irônica por vezes. Uma curiosidade: o ator central, John David, é filho de Denzel Washington. O desfecho traz imagens de grande impacto. Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, “Infiltrado na Klan” obteve seis nomeações ao Oscar e garantiu de forma inédita a Spike Lee um lugar na categoria de Melhor Direção. A maior chance do filme, no entanto, é em Roteiro Adaptado. (HN)   Nasce Uma Estrela (A Star Is Born) “Nasce Uma Estrela” foi sucesso de público, com direito a boicote dos fãs de Gaga, na época da estreia, ao blockbuster “Venon” no intuito de bombar as bilheterias do filme com a cantora. Até chegar às telas, o longa passou por grandes mudanças, principalmente na direção e no nome da atriz que interpretaria a protagonista. No projeto inicial, Clint Eastwood sentaria na cadeira de diretor e a cantora Beyoncé viveria Ally. Em meio a produção, Beyoncé engravidou e não pôde assumir o papel. Clint preferiu dar prioridade a outros projetos. A mudança não afetou negativamente o projeto. Além de

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Oscar 2019: confira nossas apostas para o maior prêmio do cinema

Noite do Oscar chegando e, claro, a Revista Algomais não poderia ficar de fora. Convocamos mais uma vez os jornalistas e críticos de cinema Houldine Nascimento e Wanderley Andrade para falar sobre a premiação e apresentar suas apostas.  Por Houldine Nascimento e Wanderley Andrade Há quem diga que a lista de indicados em 2019 é a mais fraca dos últimos anos. Fraca ou não, esta edição trouxe algumas (e bem-vindas) surpresas: é a primeira vez que um serviço de streaming tem um de seus filmes indicado ao prêmio principal. "Roma", da Netflix, recebeu ao todo dez indicações, entre elas a de melhor filme. Ainda sobre "Roma": esta também é a primeira vez que uma mulher indígena é indicada ao prêmio de melhor atriz. A mexicana Yalitza Aparicio está na disputa ao lado de grandes nomes do cinema como Glenn Close ("A Esposa"), Olivia Colman ("A Favorita") e da cantora pop Lady Gaga ("Nasce uma Estrela"). Apesar de ser uma festa feita essencialmente para celebrar a indústria cinematográfica estadunidense, é positivo que o Oscar demonstre estar mais aberto ao cinema mundial. Exemplo disso é a indicação do diretor polonês Pawel Pawlikowski, do igualmente polonês "Guerra Fria". Outra boa surpresa é a presença da superprodução "Pantera Negra" entre os nomeados a melhor filme. Com isso, o longa da Marvel é o primeiro sobre super-herói a disputar a principal estatueta.     Contudo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles segue tropeçando na tentativa desesperada de alavancar a audiência do Oscar, a qual vem despencando a cada ano. A começar pela ausência de um apresentador ou apresentadora, o que não ocorria há 30 anos. A escolha inicial tinha sido a de Kevin Hart, mas após comentários homofóbicos dele virem à tona, o ator desistiu. A decisão recente de rifar quatro categorias da transmissão televisiva também pegou muito mal, a ponto de, dias depois, a Academia desistir. O objetivo era o de diminuir a duração da cerimônia para três horas. Caso essa medida fosse adiante, a entrega dos prêmios de fotografia, montagem, curta de ficção e maquiagem e penteado seria feita nos intervalos comerciais, revelando profunda desvalorização destas categorias. Antes disso, a Academia chegou a anunciar a criação de um prêmio voltado a "filmes populares", mas recuou após fortes críticas. Ainda que, historicamente, nem sempre isso aconteça, que vençam os melhores! Abaixo, confira nossas apostas: Houldine Melhor Filme: Roma Melhor Diretor: Alfonso Cuarón (Roma) Melhor Ator: Rami Malek (Bohemian Rhapsody) Melhor Atriz: Glenn Close (A Esposa) Melhor Ator Coadjuvante: Mahershala Ali (Green Book: O Guia) Melhor Atriz Coadjuvante: Regina King (Se a Rua Beale Falasse) Melhor Roteiro Original: A Favorita Melhor Roteiro Adaptado: Infiltrado na Klan Melhor Filme em Língua Estrangeira: Roma Melhor Animação: Homem-Aranha no Aranhaverso Melhor Trilha Sonora: Pantera Negra Melhor Canção: "Shallow", de Nasce uma Estrela Melhor Fotografia: Guerra Fria   Wanderley Melhor Filme: Roma Melhor Diretor: Alfonso Cuarón (Roma) Melhor Ator: Rami Malek (Bohemian Rhapsody) Melhor Atriz: Glenn Close (A Esposa) Melhor Ator Coadjuvante: Mahershala Ali (Green Book: O Guia) Melhor Atriz Coadjuvante: Rachel Weisz (A Favorita) Melhor Roteiro Original: A Favorita Melhor Roteiro Adaptado: Infiltrado na Klan Melhor Filme em Língua Estrangeira: Guerra Fria Melhor Animação: Homem-Aranha No Aranhaverso Melhor Trilha Sonora: Infiltrado na Klan Melhor Canção: “Shallow", de Nasce uma Estrela Melhor Fotografia: Roma

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Recife e Caruaru recebem curso gratuito de finalização para cinema

Fase decisiva para um resultado final de sucesso de um filme, seja curta ou longa-metragem, a pós-produção ainda é um enigma e pouco debatida. Sabe-se, contudo, que esta última etapa, subsequente às filmagens, envolve uma equipe numerosa e de diversas áreas como: montagem, efeitos visuais, correção de cor, mixagem de som etc, de extrema importância ao produto final. Com o objetivo de suscitar o interesse de novos profissionais para atuarem nessas áreas, bem como o de desvendar os processos técnicos da fase de finalização dos filmes, a Gatopardo Filmes promove o MASTER – Curso de Finalização para Cinema, a ser realizado no Recife, de 4 a 9 de fevereiro, no Apolo 235/Porto Mídia; e em Caruaru, de 11 a 16 de fevereiro, no Armazém da Criatividade. Gratuito, o curso propõe uma imersão de seis dias no workflow da pós, desde a chegada dos arquivos brutos de um filme na ilha de edição até a masterização do arquivo final. Dividido em dois módulos (imagem e som) e uma masterclass, criará um ambiente propício para troca de conhecimento acerca dos processos que ditam o fluxo da pós-produção. O Master é voltado para quem está realizando seus próprios filmes e enfrenta os desafios da finalização, para profissionais iniciantes e estudantes da área de cinema. Com larga experiência em montagem e finalização, Matheus Farias será o responsável pelo módulo I - a imagem, enquanto o módulo II - o som, ficará a cargo de Nicolau Domingues, técnico e editor de som e trilhas sonoras. Completando a vivência, Eduardo Serrano, mestre em montagem, falará sobre sua experiência como montador e finalizador de inúmeros e importantes longas e curtas em uma masterclass, que acontece dia 18.02, no auditório do Apolo 235/Porto Mídia, das 19h às 21h.   “Pernambuco tem excelentes profissionais que atuam na fase da pós-produção de filmes, mas ainda são muito poucos. Existem muitos parâmetros e decisões puramente técnicas que devem ser levados em consideração e isso acaba afastando as pessoas. A intenção é, de maneira didática e com muitos exemplos, aproximar esses conhecimentos dos profissionais e capacitá-los para atuarem na área ou seguirem se especializando em etapas específicas como a correção de cor e a mixagem de som.”, explica Matheus Farias, coordenador pedagógico e um dos facilitadores do curso. De acordo com Farias, é a primeira vez que as duas cidades pernambucanas recebem um curso tão completo e abrangendo todas as etapas da pós-produção de um filme. “Normalmente os cursos são voltados apenas para uma ou duas etapas da finalização, como a montagem, ou a edição de som. Neste, queremos traçar o caminho que os arquivos de um filme realizam logo após serem gravados até a fase de exibição, ou seja, quando o filme é de fato lançado”, completa. O curso tem realização da Gatopardo Filmes (produção de Enock Carvalho e produção executiva de Rose Lima), incentivo do Funcultura Audiovisual, em parceria com o Porto Mídia e o Armazém da Criatividade (Caruaru). As atividades são abertas ao público e gratuitas, mas é necessário se inscrever previamente por meio de um formulário no site www.masterfinalizacao.com. Os selecionados serão anunciados até o dia 30.01. Para as aulas, serão destinadas 20 vagas em cada cidade. Já a masterclass, com capacidade para 80 pessoas, será realizada apenas no Recife e custará R$10 para quem não for aluno do curso, pois é uma atividade complementar. “Caruaru entrou na nossa mira por conta do que o Armazém da Criatividade tem feito por lá, que é fomentar a indústria criativa. Interiorizar a produção e pós-produção de cinema ainda mais é fundamental para o crescimento do mercado aqui no Estado. O Master vem para colaborar neste sentido”, explica Enock Carvalho, produtor do curso. Sobre o CURSO Módulo I - a imagem A proposta desse módulo é esmiuçar algumas das etapas pelas quais os arquivos percorrem durante a finalização de um filme: da captura à montagem, do armazenamento, organização e preparação das mídias à correção de cor e efeitos visuais, a masterização e a exibição. Visa desvendar todos os passos da pós-produção, de forma a criar sistemas e fluxos de trabalho que garantam o controle da qualidade técnica de uma produção cinematográfica. Módulo II - o som Tem como objetivo explorar de maneira abrangente todas as etapas envolvidas na pós-produção de som de um filme desde o recebimento dos arquivos, a preparação para a edição, a mixagem e a entrega do material para exibição. Com o auxílio de plataformas como o software Pro Tools será possível aliar teoria e prática exercitando a preparação de sessões para edição, mixagem e técnicas variadas de sound design, assim como todas as demais etapas envolvidas no processo de pós-produção de som como a composição de trilhas sonoras, foley e dublagem. As aulas incluem teoria e prática, com utilização de softwares profissionais utilizados no mercado, como Final Cut, Pro Tools, DaVinci Resolve, que serão utilizados em exercícios práticos com trechos de filmes. MASTERCLASS Com participação aberta ao público, a masterclass convida Eduardo Serrano para apresentar sua experiência na pós-produção filmes nacionais e estrangeiros, inclusive co-produções com diversos países. Essa atividade complementar tem como propósito mostrar na prática como funciona o mercado de pós-produção no Brasil e quais são as possibilidades de carreira na área, além de discussão de diversos exemplos reais de fluxos de trabalho utilizados em filmes como Boi Neon, Divino Amor, Aquarius e Bacurau. SOBRE OS FACILITADORES Matheus Farias (módulo I - a imagem) Graduado em Rádio, TV e Internet e pós-graduado em Estudos Cinematográficos, Matheus Farias trabalha desde 2011 com montagem de longas e curtas-metragens, séries de TV, trailers e spots para filmes brasileiros, colaborando frequentemente com distribuidoras como a Paris Filmes, Vitrine Filmes e Imovision. É sócio da Gatopardo Filmes, onde dirigiu, roteirizou e montou os curtas Quarto para Alugar (2016) e Caranguejo Rei (2019). Atualmente, está em fase de montagem dos longas O Filme Já Começa na Calçada (Kleber Mendonça Filho) e O Ateliê da Rua do Brum (Juliano Dornelles). Nicolau Domingues (módulo II - o som) Trabalha, desde 2009, com

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Bill Labonia: roteirista recifense une a paixão pela profissão à visão empreendedora

O consumo de conteúdos audiovisuais cresceu substancialmente no país, alavancado pelo sucesso e consolidação de serviços de streaming como a Netflix e o Prime Vídeo, da Amazon. Esse crescimento resultou na valorização de um profissional até então injustamente ignorado: o roteirista. Para falar sobre o assunto, conversamos com o roteirista pernambucano Bill Labonia, que lançará na capital pernambucana a primeira sala de roteiro do Nordeste, a Recife Writers Room. Bill Labonia pertence à nova safra de roteiristas brasileiros que encara seus projetos com uma visão empreendedora, mais comercial. Em dois anos como roteirista profissional, conquistou 21 prêmios internacionais em festivais como o de Berlin, Los Angeles e Cannes. No início deste ano levou o prêmio de melhor drama no Los Angeles Film Awards com o roteiro do longa Meu Velho Fusca. O pernambucano ainda compartilha seu conhecimento na área ministrando oficinas de roteiro por todo o Brasil. Como surgiu a paixão pelo roteiro? A paixão pelo cinema sempre esteve presente dentro de mim, desde o meu primeiro emprego aos 16 anos em uma locadora de VHS, onde assistia a filmes o dia todo e aprendia inglês com eles. Me formei em cinema porque queria ser diretor – como a maioria – e fiz uma especialização em direção na New York Film Academy, onde tive a oportunidade de dirigir filmes em película 16mm, uma experiência incrível. Queria ser diretor porque queria criar, mas depois de passar por várias áreas do cinema, como direção, direção de fotografia, assistente de direção, produtor de elenco, acabei descobrindo que minha paixão mesmo era criar histórias e não executá-las. Foi por isso que fui me especializar em roteiro no Canadá e é por isso que vivo de roteiro hoje. Eu amo o que eu faço. O que te incentivou a trabalhar na área? Minha mãe. Ela não é da área nem nada, nem formação tinha, mas quando eu inventava de ir pra outro país estudar cinema, ela dizia “vai, mas vá pra ser o melhor”. Minha mãe foi minha heroína, foi ela quem me ensinou a tomar voos altos e é graças a ela que tenho grandes asas hoje. Ela foi minha maior incentivadora e até hoje o que move minha carreira é fazer jus ao sacrifício que ela teve ao mandar o filho único pro outro lado do mundo perseguir uma carreira incerta em um idioma que não era o dele. Quer incentivo maior do que esse? É possível viver bem como roteirista no Brasil? Sim. Hoje eu vivo exclusivamente de roteiro. Não tenho nenhuma outra profissão. Claro que na área eu executo outras funções, como consultor, script doctor, revisor e tradutor. Tenho dois livros de roteiro auto publicados e também dou aulas e cursos. Existem várias oportunidades dentro da área de roteiro para quem quer ser roteirista além de ser empregado de uma produtora. Eu não sou empregado de ninguém, eu trabalho com as produtoras e não para elas. Na tua opinião, o fim do Ministério da Cultura pode mexer de alguma forma com o mercado do audiovisual, principalmente para os roteiristas? Não. O Ministério da Cultura não acabou, virou secretaria e suas atribuições continuam as mesmas. A Lei do Audiovisual foi estendida por mais 20 anos e até lá ninguém vai mexer nela. Existe muito terrorismo em torno desse assunto. Antigamente o Ministério da Cultura era junto com o Ministério da Educação. Lembra do MEC? Existem sim mudanças necessárias nas leis de incentivo. Esses recursos não podem e não devem ir para Luan Santana, Claudia Leite ou Wesley Safadão. As leis de Incentivo devem servir para incentivar novos artistas e não sustentar os já reconhecidos. Existe muita crítica de alguns profissionais do audiovisual em relação aos serviços de streaming. Um bom exemplo é o Festival de Cannes, que rompeu com a Netflix. O crescimento desse tipo de serviço pode ser positivo para roteiristas? Pode ser não, já é. A Netflix já anunciou o investimento em 10 séries brasileiras por ano na linha de financiamento de até 5 milhões de dólares. O streaming é só mais uma das milhares de portas que ainda vão se abrir. É preciso aproveitar as novas tecnologias e não as repelir. Cannes deu mole nesse quesito. Recentemente você lançou o projeto da Recife Writers Room, primeira sala de roteiro do Recife. Por que começar pela capital pernambucana? Porque temos em Pernambuco realizadores e cineastas fantásticos que são pouco reconhecidos nacionalmente. Nossa cultura é riquíssima e merece estar dentro de um polo que a valorize. Além de eu ser recifense e pernambucano, a intenção era quebrar um pouco o eixo Rio-SP e transformar o Nordeste em um polo de roteiro para a nova era do audiovisual que se aproxima. A era do cinema como profissão, do cinema como negócio. A época do cinema “pé no chão” passou. Estamos caminhando cada vez mais em direção à industrialização, o que não significa o fim do cinema de autor. Um depende do outro para sobreviver. Vai ter cinema pra todo mundo. Qual caminho o roteirista iniciante deve seguir para obter sucesso na profissão? Escrever todos os dias. Ler todos os dias. Estudar todos os dias. Participar de festivais para validar seu trabalho, usar prêmios para chamar a atenção da mídia e do mercado. Frequentar eventos de pitch e rodadas de negócio, fazer contatos e criar relacionamentos é muito importante. É preciso ser roteirista e empreendedor para sobreviver na nova era. Por isso o Roteirista Empreendedor é tão importante. Eu sou um dos poucos que ensina audiovisual como negócio e os mecanismos e funcionamento do mercado brasileiro e americano. A próxima geração de roteiristas formada pela Recife Writers Room vai revolucionar a cara do audiovisual brasileiro, pois serão mestres no storytelling e empreendedores ligados no mercado. Site oficial: Roteirista Empreendedor

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Crítica| Aquaman

Aquaman se tornou, nos últimos anos, motivo de piada entre fãs da cultura pop. Séries animadas e até o sitcom nerd, The Big Bang Theory, não deixaram de tirar sua “casquinha”. Mas a era das gracinhas parece ter chegado ao fim com a estreia do filme solo do Rei dos Mares. Dirigido pelo especialista em filmes de terror, James Wan (Jogos Mortais, Invocação do Mal), Aquaman marca uma nova fase da DC Comics no cinema. A história começa pouco antes do nascimento de Aquaman e conta como seus pais se conheceram, um faroleiro, Tom Curry (Temuera Morrison), e a rainha do mar, Atlanna (Nicole Kindman). Já adulto e dividido entre a terra e o mar, Aquaman terá como missão tornar-se rei de Atlântida e enfrentar seu meio-irmão, o Rei Orm (Patrick Wilson), no intuito de evitar uma possível guerra entre os dois mundos. O tom sombrio das produções anteriores da DC deu lugar a um visual mais leve, em cenários que, de tão coloridos, lembram bastante um sucesso não muito antigo da concorrente Marvel, Thor: Ragnarok. As cores se destacam também no belo figurino do longa, elaborado por Kym Barrett e Nicanor Mendoza III. Barrett trabalhou em filmes como O Espetacular Homem-Aranha (2012) e na trilogia Matrix.   Ainda comparando Marvel a DC, do mesmo jeito que Hugh Jackman encontrou um personagem perfeito ao seu perfil, com Wolverine, parece que Jason Momoa também conseguiu o feito ao encarnar Aquaman. Na pele do ator havaiano, o herói é um misto de força, truculência e bom humor. A produção conseguiu reunir um elenco bem eclético, com a presença de grandes nomes do cinema mundial como a já citada Nicole Kindman e até de um conhecido astro dos filmes de ação, Dolph Lundgren. O ator sueco interpreta o Rei Nereus, um dos antagonistas da história. Completam o cast Willem Dafoe, no papel de Nuidis Vulko, uma espécie de mentor do Aquaman e a estonteante Amber Heard, que encarna Mera, a princesa guerreira de Atlantis, par romântico do protagonista e parceira na cenas de ação e alívio cômico. Aquaman tem um início empolgante, com boas cenas de ação, como a de Atlanna enfrentando os soldados de Atlantis logo no primeiro ato. Mas o uso excessivo da câmera lenta e até compulsivo de planos-sequência entediam e tiram um pouco do brilho de algumas dessas cenas. É como se James Wan quisesse revisitar um de seus sucessos, o Velozes e Furiosos 7.     Aquaman traz às telas uma louvável mensagem, mais até que grandes cenas de ação. Ao lutar para unir os dois reinos, terra e mar, o herói aquático, por ser mestiço, enfrenta mais que guerreiros de Atlantis, combate a intolerância e o preconceito, infelizmente, tão presentes em nosso tempo.

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Filme pernambucano sobre o Forró na Europa será exibido no Festival Rota, no Rio

Existem cerca de 20 festivais musicais exclusivamente de forró e shows cada vez mais demandados em vários países na Europa. Esse é o cenário vivido hoje pelo forró brasileiro de raiz no continente, um mercado que já voltava seus ouvidos há algum tempo para essa música, mas que nos últimos anos entrou num processo de consolidação. Tal movimentação está registrada no documentário Quanto Mais Longe Vou, Mais Perto Fico, dirigido por Daniel Ortega, com produção do coletivo pernambucano LA Sangre Mamute Produções, com estreia marcada para o próximo sábado (29), no ROTA - Festival de Roteiro Audiovisual, no MAM, no Rio de Janeiro. As filmagens foram realizadas em 2013, durante a segunda turnê do Quarteto Olinda pelo Velho Continente, em que Daniel Ortega assinou também a fotografia com Yuri Rabid. Quanto Mais Longe Vou, Mais Perto Fico mescla registros das experiências dos quatro músicos (Cláudio Rabeca, Guga Amorim, Carlos Amarelo, além de Rabid), que compunham a banda, com entrevistas com pessoas que movimentam essa cena cultural, como professores, músicos e alunos. O grupo levou o forró tocado com Rabeca com um repertório de canções próprias, de outros artistas da música nordestina e clássicos do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Um trabalho importante na disseminação do forró é desenvolvido por professores e grupos brasileiros de dança que atuam na Europa. Durante todo o ano, esses grupos fomentam a cultura do forró em apresentações e aulas. O filme aborda a preservação da história de artistas do forró, dando destaque às danças e aos bailarinos desta manifestação popular. Os festivais de forró no Velho Continente atraem cada vez mais participantes interessados em aprender a dança e os ritmos, tornando-se um ponto de encontro cultural entre brasileiros e estrangeiros. Há russos, italianos, franceses, alemães, formados por brasileiros. O modelo desses eventos demonstra que os europeus estão muito interessados em conhecer a fundo as raízes do ritmo que se desenvolveu mais fortemente no Nordeste Brasileiro. Em boa parte dos festivais, além de shows musicais, são promovidas oficinas de dança e instrumentos musicais e workshops em que o debate enfoca a natureza e as origens do forró. A turnê teve início em Lisboa e, em seguida, percorreu Munique, Berlim, Colônia, Londres, Dublin, Paris, Nantes, Bordeaux, São Petersburgo, Genebra e Roma.

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