Arquivos Crise - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

crise

pernambuco alem crise

Pernambuco no palco global: desafios e oportunidades da internacionalização

Especialistas apontam potencial estratégico do Estado como hub no Atlântico Sul, destacam parcerias com a África e Europa Central e cobram protagonismo da iniciativa privada para impulsionar novo ciclo de desenvolvimento. O Pernambuco em Perspectiva é uma promoção da Revista Algomais e da Rede Gestão, com patrocínio do Banco do Nordeste e do Governo Federal. *Por Rafael Dantas A internacionalização da economia pernambucana desponta como um dos principais desafios do novo ciclo de desenvolvimento do Estado. Durante o encontro Pernambuco em Perspectiva - Estratégia de Longo Prazo, realizado em julho, Gilberto Freyre Neto, presidente do Iperid (Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia), e Rainier Michael, cônsul da Eslovênia, chamaram atenção para oportunidades ainda pouco exploradas pelos atores locais, como as parcerias com países da África e da Europa Central. Ambos defenderam a urgência de um planejamento estratégico que posicione Pernambuco na agenda global e cobraram maior protagonismo da iniciativa privada nesse processo. Os palestrantes também destacaram a longa trajetória internacional do Estado, com raízes no ciclo colonial, e o potencial diplomático de abrigar o segundo maior corpo consular do Brasil. No passado, Pernambuco teve um papel de protagonismo nas exportações durante o ciclo do açúcar. Na palestra, Gilberto Freyre Neto apresentou uma leitura histórico-estratégica da posição do Estado no mundo, defendendo sua relevância geopolítica como ponto de conexão entre continentes e culturas desde o período das Grandes Navegações até os desafios atuais da globalização. Ele argumenta que Pernambuco deve assumir seu papel como elo ativo no cenário internacional, investindo em ciência, tecnologia, educação e diplomacia cultural. Para isso, propõe uma revalorização do passado para projetar um futuro de protagonismo mais uma vez como um “Farol Estratégico no Atlântico Sul”. OLHAR PARA FORA DAS GRANDES POTÊNCIAS ATUAIS Apesar da proximidade geográfica e dos laços históricos compartilhados com o continente africano, Pernambuco tem negligenciado a construção de pontes estratégicas com países da costa ocidental da África. Em sua palestra, Gilberto Freyre Neto alertou para o potencial desperdiçado nessas relações, destacando a Nigéria como um exemplo simbólico. “A Nigéria já tem uma população maior que o Brasil, o PIB é 40% do nosso. Vai chegar daqui a 50 anos a 70%, e nos superar daqui a 100 anos”, projetou. Segundo ele, esse crescimento torna urgente o fortalecimento de vínculos culturais, comerciais e diplomáticos com o país africano, que deverá ocupar papel de protagonismo global nas próximas décadas. Ao invés de esperar que as oportunidades surjam espontaneamente, Freyre Neto defende uma atuação proativa de Pernambuco que precisa se posicionar como parceiro estratégico de uma África em ascensão. “E a gente não vai fazer amizade com os nigerianos?”, provocou, ao questionar a ausência de iniciativas concretas de aproximação. Para ele, o momento é de investir em relações de confiança e afeto, fundamentais para a criação de rotas comerciais sustentáveis e cooperação mútua. Ignorar esse potencial significa ceder espaço a potências como a China, que já atua intensamente na região, enquanto Pernambuco assiste de longe, sem marcar presença. Enquanto Gilberto Freyre Neto chamou atenção para o potencial da costa ocidental africana, Rainier Michael destacou a relevância estratégica da Europa Central, uma região frequentemente ignorada nas discussões sobre internacionalização. Ele apontou a Eslovênia, país com cerca de 2 milhões de habitantes e presença diplomática em Pernambuco há nove anos, como porta de entrada para mercados europeus sem acesso ao mar, como Áustria, Suíça e Hungria. Nesse contexto, o Porto de Koper, no Mar Adriático, surge como uma alternativa logística altamente competitiva. Rainier defende que Pernambuco adote uma visão mais ousada e criativa, apostando em rotas alternativas às grandes potências comerciais. “A Eslovênia é um país pequeno, mas está no Mar Adriático. Para negócios, é a porta de entrada para a Europa Central. Por que nós não olhamos isso?”, questionou. Ele lembrou que 30% dos carros da BMW são exportados por Koper, porto que está 300 quilômetros mais perto do que Hamburgo para boa parte da Europa Central. “Vários países dessa região europeia que não têm portos usam a Eslovênia para exportação. A gente tem que procurar novos horizontes. É a estratégia que o consulado utilizou”, completou. RISCO DE FICAR FORA DA NOVA ROTA DA SEDA A participação do Estado nas conexões bioceânicas impulsionadas pela China – por meio da Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative) – foi tema de uma das perguntas mais provocativas do público, feita por Sérgio Cavalcante, head de inovação do Grupo Cornélio Brennand. Em resposta, Gilberto Freyre Neto alertou para o avanço silencioso, mas consistente, de uma nova infraestrutura logística que conecta o Oceano Pacífico ao Atlântico Sul. Esses empreendimentos terão impactos diretos sobre o futuro da inserção internacional do Brasil e, especialmente, do Nordeste. Ele destacou, porém, que Pernambuco corre o risco de ficar de fora dos principais eixos de circulação de mercadorias globais. O presidente do Iperid explicou que os corredores ferroviários e hidroviários que compõem essa rota – ligando, por exemplo, o Porto de Chancay (no Peru) ao Porto de Ilhéus (BA) – estão em construção há mais de duas décadas, com participação crescente de investidores chineses e longe das fronteiras pernambucanas. Essas obras, já em fase avançada, incluem caminhos logísticos que atravessam o continente, inclusive em regiões onde países como o Paraguai, mesmo sem litoral, já se integram ao comércio internacional com mais eficiência que muitos estados brasileiros. O cenário se torna ainda mais preocupante diante da ausência de articulação de Pernambuco com esses fluxos globais. Gilberto Freyre Neto afirmou que o Estado poderia se tornar um centro de processamento de produtos asiáticos destinados à África, aproveitando sua posição privilegiada no Atlântico Sul. No entanto, isso exige infraestrutura intermodal eficiente, conexões ferroviárias funcionais – como a execução da Transnordestina e a sua conexão da a Ferrovia Norte-Sul – e políticas públicas integradas. PAPEL DO ESTADO E PAPEL DO EMPRESARIADO Um dos alertas mais recorrentes no debate sobre a internacionalização de Pernambuco foi a ausência de protagonismo da iniciativa privada. Para além de planos de governo ou acordos institucionais, os palestrantes insistiram que são

Pernambuco no palco global: desafios e oportunidades da internacionalização Read More »

mobilidade crise

67% dos usuários do transporte público na Região Metropolitana do Recife estão insatisfeitos

Estudo realizado pela Unifafire revela que um terço dos passageiros da RMR consideram que o serviço piorou nos dois últimos anos. Com envelhecimento da frota de ônibus, colapso do metrô e trânsito engarrafado, especialistas defendem uma política de gestão metropolitana com foco no transporte coletivo, na integração modal e na mobilidade ativa. *Por Rafael Dantas O Recife figura entre as capitais mais engarrafadas do Brasil há bastante tempo. No entanto, uma pesquisa recém-realizada pela Unifafire revelou que a doença crônica que afeta a mobilidade urbana da capital e das cidades que compõem a região Metropolitana (RMR) se agravou para um terço da população. O estudo revelou que 33,69% considera que o transporte público piorou nos dois últimos anos e 67,72% dos usuários estão insatisfeitos com o serviço. O colapso do Metrô, o envelhecimento da frota de ônibus e o número de mortes de ciclistas são alguns sintomas sentidos na pele dos cidadãos. A pesquisa, que ouviu 851 moradores da RMR, tem 95% de margem de confiança. “A maioria não enxerga retrocessos significativos mas, também, não percebe avanços concretos na qualidade do serviço. Esse quadro de "mesmismo" é preocupante, pois indica que as políticas públicas implementadas não foram capazes de reverter os graves problemas crônicos do sistema, mantendo um status quo insatisfatório para a população”, indicou o estudo, que foi liderado por João Paulo Nogueira de Oliveira, coordenador da Unifafire Inteligência de Mercado. A rotina diária de Yuri Lenen, 33 anos, ilustra as dores do sistema de transporte público da RMR. Ele mora em São Lourenço, mas trabalha no Recife, no bairro de Boa Viagem. Contador e professor universitário, ele pega dois ônibus e faz um percurso de metrô tanto para ir quanto para voltar. Da sua cidade, ele vai até o TIP (Terminal Rodoviário do Recife), que é integrado ao Metrô, de onde segue até a Estação Joana Bezerra e aciona um segundo ônibus para a Zona Sul. Ele gasta em torno de duas horas nesse deslocamento, que se fosse feito de carro seria de 28 quilômetros. Além do demasiado tempo desperdiçado, ele considera que mesmo quando consegue fazer o trajeto sentado, “o conforto é péssimo”. A lotação, os poucos assentos e a temperatura estão entre as principais queixas. “Não tem ar-condicionado nos ônibus que eu pego e na maioria dos vagões do metrô. É uma verdadeira sauna!” "Não tem ar-condicionado nos ônibus que eu pego e na maioria dos vagões do metrô. É uma verdadeira sauna! [O transporte] vem piorando bastante, principalmente o metrô, que está péssimo. Às vezes, desço das estações e pego um Uber." Yuri Lenen Um dos sintomas mais perceptíveis da crise do transporte, segundo os dados da pesquisa Unifafire, é justamente o desconforto, relatado por 70,3% dos respondentes. A superlotação é considerada ruim ou muito ruim por 71,59% dos passageiros.  Acerca do tempo de espera, uma reclamação tão decisiva para a difícil rotina de Yuri, o estudo indicou que há uma grave insatisfação de 66,08% dos entrevistados. Apenas 11,38% consideram a frequência do serviço satisfatória. A pesquisa indicou também que 50,47% das pessoas não consideram que os ônibus e o metrô são pontuais. As queixas de Yuri não param por aí. Ele reclama da demora para chegada dos ônibus, de até 40 minutos, do tempo que fica preso nos engarrafamentos, das quebras do metrô e da imprevisibilidade da chegada das composições. É um teste de paciência diário, que ele classifica como “desumano”.  Apesar de viver essa rotina há muito tempo, ele percebeu uma piora nos últimos anos. A doença crônica parece ter entrado em estado avançado. “Vem piorando bastante, principalmente o metrô, que está péssimo. Às vezes, desço das estações e pego um Uber”, afirmou o passageiro que planeja adquirir um carro ao final do ano para diminuir o sofrimento. A dinâmica diária do contador não é uma exceção na metrópole. O local de moradia e de trabalho, a busca por serviços de saúde ou educação e, mesmo, o tempo de lazer não está separado pelas linhas invisíveis que dividem os municípios. Logo, o desafio de vencer as travas da mobilidade são também coletivas. Da mesma forma, o movimento que ele planeja fazer do sistema público para o transporte privado é quase uma regra na RMR. Mesmo com o trânsito pesado e os preços elevados para compra e manutenção do veículo, quem tem a mínima possibilidade faz a migração.  De acordo com os dados da Urbana-PE, os ônibus perderam 48% dos passageiros nos últimos 12 anos. De acordo com Bernardo Braga, coordenador técnico da instituição, uma parte significativa dessa demanda migrou para outros modais, especialmente para a moto e o mototáxi. Uma transição que traz ainda outras externalidades negativas para as cidades e para a população. “Já é possível perceber os impactos dessa migração no sistema de saúde com os sinistros envolvendo motos, no aumento do conflito no ambiente urbano, entre outros. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza gradativamente a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades”, avalia Bernardo. "Já é possível perceber os impactos dessa migração [para moto e mototáxi] no sistema de saúde. O uso excessivo do transporte individual motorizado penaliza a população, elevando os seus custos e o tempo gasto nos deslocamentos e restringindo acesso às oportunidades geradas nas cidades". Bernando Braga A crise no sistema de transporte público, alimentada por falhas que vão do planejamento deficiente ao subfinanciamento crônico da operação, desencadeia a fuga dos passageiros – e, em consequência, das receitas – ampliando ainda mais a pressão sobre o trânsito. Para usar uma expressão da saúde, trata-se de uma metástase no tecido urbano: os efeitos se espalham por todos os modais, penalizando a população e agravando a situação das empresas – públicas ou privadas – que operam no setor. O RAIO X PARA A OPERAÇÃO DOS ÔNIBUS O ônibus é o principal meio de transporte da RMR segundo a pesquisa da Unifafire, sendo adotado por 35,15% dos moradores. O segundo lugar já é ocupado pelos carros

67% dos usuários do transporte público na Região Metropolitana do Recife estão insatisfeitos Read More »

victor lamenha cerveja artesanal

"O dólar e a inflação deixaram as cervejarias artesanais numa situação delicada"

Victor Lamenha, Presidente da Associação Pernambucana de Cervejas Artesanais, fala do impacto da pandemia no setor, que nos últimos dois anos sofreu com a redução do número de cervejarias e com o consumidor preferindo produtos com menores preços. Mas ele se diz otimista com a retomada este ano. Q uem é apreciador de bebidas certamente observou que nos últimos cinco anos as gôndolas de supermercados e os cardápios de alguns bares locais passaram a exibir uma variedade de cervejas artesanais made in Pernambuco. Um setor que ostentava crescimento em termos de demanda, produção e de players. Mas, assim como outros segmentos da indústria, sofreu impacto da pandemia, da alta do dólar e da inflação. Das 26 marcas associadas à Apecerva (Associação Pernambucana de Cervejarias Artesanais) apenas 9 continuam afiliadas à entidade. Mas apesar das adversidades, o presidente da associação Victor Lamenha está otimista. “Entendemos que 2022 é o ano em que as coisas vão melhorar, no sentido de haver um controle maior da pandemia”. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ele também detalha outras razões para o seu otimismo como a inauguração neste semestre da Loja de Bebidas Pernambucanas no Marco Zero do Recife e o fato de o pernambucano dar valor ao que é da terra. A pandemia afetou o mercado de cervejas artesanais em Pernambuco? O mercado de cerveja artesanal é composto por indústrias e cervejarias ciganas, que são aquelas que não possuem fábrica própria e produzem nas indústrias de outras cervejarias. Elas compram insumos e uma indústria vai produzir para elas. O número que levantamos até agora é que havia 26 marcas – entre indústrias e ciganas – associadas à Apecerva e esse número caiu para 9 marcas. A redução do número de players foi muito grande e muitas empresas que fazem parte da cadeia indireta do mercado de cerveja artesanal, como PDV (ponto de venda), loja especializada em cerveja artesanal etc. também foram prejudicadas. Muita gente que montava evento diminuiu suas estruturas e entendemos que 2022 é o ano que as coisas vão melhorar, no sentido de haver um controle maior da pandemia. Já observamos um movimento de algumas marcas ciganas que podem voltar a produzir. Quais as causas que provocaram essa queda no número de produtores? O fator mais preponderante é que o consumidor na pandemia ficou muito sensível a preço e a maioria das indústrias de cerveja artesanal não consegue competir com as grandes marcas em termos de preço. Outro fator foi a pressão da inflação. A gente teve uma pressão muito grande no custo de produção dos insumos, das matérias-primas. Os insumos são importados e seus preços tiveram influência do câmbio alto? Existe malte produzido e comercializado no Brasil, mas trata-se de uma commodity que também é regida pelo mercado internacional. O lúpulo é outro item essencial das cervejas que sofreu muito impacto do dólar e esse, sim, é 99,9% importado. Além disso, o dólar pressionou o valor do vidro. Durante a pandemia enfrentamos a escassez de embalagens. O dólar também pressiona a economia como um todo, influencia no combustível, no lúpulo, no malte, nas embalagens. O meu entendimento é que o dólar e a inflação deixaram as cervejarias artesanais e a indústria de quase todos os segmentos numa situação muito delicada porque a gente não consegue repassar tudo para a ponta, porque o consumidor está muito sensível a preço, ele está buscando o melhor custo-benefício. A produção da cerveja artesanal começava com um hobby, que vai ganhando corpo, até se profissionalizar como um negócio? As cervejarias que permaneceram são as que estão mais estruturadas? As cervejarias ciganas, muitas vezes começam como um hobby, mas depois que ela vira cigana não tem mais como ser um hobby, porque agora ela assumiu um contrato com a indústria, comprou insumo, investiu num tanque de fermentação e maturação, comprou garrafa e rótulo. Tem que ir em frente, não tem mais alternativa. Muitas vezes, um advogado, por exemplo, resolveu abrir uma cervejaria para realizar o sonho dele. Isso é muito nobre, porque muita gente surgiu nesse contexto e veio com uma cerveja muito boa, veio para agregar, para somar no mercado e participou dos eventos do calendário da cerveja artesanal de Pernambuco que a gente tentou construir desde o primeiro ano da fundação da Apecerva. Eu vi cervejarias estruturadas, geridas por gente inteligente, fazendo cerveja muito boa que decidiu parar. Também há um detalhe: é mais fácil de fechar uma cervejaria cigana do que uma indústria. Acredito que, do mesmo jeito que foi fácil para eles pararem, pode ser que com a retomada, agora em 2022, seja fácil retornar. Entendo que não é porque eram mais desestruturados, acho que era porque eles tinham uma opção de pausar ou até desistir, porque o mercado de cerveja não é fácil, é muito competitivo. Brigamos com duas das maiores empresas do mundo, temos um market share de 2% (um pouco mais, um pouco menos). Assine a Revista Algomais para ler a entrevista completa: assine.algomais.com

"O dólar e a inflação deixaram as cervejarias artesanais numa situação delicada" Read More »

"Corremos o risco de um novo apagão"

T roca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes, banhos mais rápidos e o desligamento de aparelhos eletroeletrônicos. Quem vivenciou, em 2001, o apagão no País, certamente recorda-se de ter tomado medidas como essas para reduzir o consumo de eletricidade em 20%. Caso contrário, sofreria aumento na conta de luz. Passados 20 anos, eis que estamos novamente numa situação de risco iminente de corte de energia elétrica em todo o País. Para saber sobre os motivos que levaram, mais uma vez, o Brasil a essa situação, Cláudia Santos conversou com Ricardo Baitelo, coordenador de projetos do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente). Baitelo aponta gargalos como a falta de planejamento, a necessidade de ampliação do sistema de transmissão de eletricidade e a não realização de leilões de energia nos últimos dois anos. Mas o especialista reconhece avanços ocorridos nessas últimas duas décadas como a diversificação da matriz energética com fontes renováveis e destaca que o Nordeste passou de importador para fornecedor de energia para a região Sudeste. Ele adverte, porém, que a MP da privatização da Eletrobras, que tramita no Congresso, concede uma reserva de mercado às usinas termoelétricas, o que pode pesar no bolso dos consumidores na hora de pagar a tarifa, além de elevar em 25% a emissão de gases de efeito estufa do setor de energia. Confira a entrevista a seguir. Como chegamos a essa situação de crise hidrológica e energética? Temos enfrentado, nos últimos anos, um risco de racionamento em maior ou menor grau por uma série de fatores, como uma variação do regime hidrológico – menos chuvas, um nível menor dos reservatórios das hidrelétricas – e, principalmente, de planejamento. Depois do racionamento em 2001, podemos dizer que o sistema elétrico e as decisões governamentais se aprimoraram para evitar que aquela situação acontecesse de novo. O racionamento provocou esse trauma político e, a partir de então, procurou-se mudar o planejamento, diversificar a matriz energética e melhorar o sistema de transmissão de eletricidade. Nesse sentido, o Brasil está em vantagem, não existe outro país continental com um sistema interligado como o nosso. Apesar disso, ainda existem gargalos. Nos últimos anos, houve novamente um gap de planejamento. O reflexo disso é que, durante os dois últimos anos, o governo optou por não fazer leilões de energia porque a demanda estava baixa, em razão da crise econômica e da pandemia. Então se considerou, naquela época, que o sistema estava folgado e que não era necessário fazer leilões, pelo menos até a demanda se recuperar. Mas a questão é que os leilões contratam empreendimentos que vão ficar prontos depois de três, quatro, cinco anos, é um planejamento para o futuro. Os setores de energia renováveis – eólica e solar – pediram para que esses leilões acontecessem mas o governo resolveu pausar durante esses dois anos. Se esses leilões tivessem acontecido, teríamos um parque maior de eólica e solar que poderia atender o sistema. Como não aconteceram, continuamos usando as usinas térmicas cada vez mais nesses cenários emergenciais, inclusive importando energia da Argentina e do Uruguai. Somado a isso, é que agora temos uma matriz elétrica que é o dobro daquela de 20 anos atrás, mas temos novos gargalos de transmissão de eletricidade. Existem muitos empreendimentos, principalmente de energia solar, que querem ser contratados no mercado livre e estão tendo que esperar porque é necessário um reforço da transmissão. É possível resolver essa problemática, mas não dá para resolver para amanhã. Corremos o risco de um novo apagão? Sim, corremos o risco. Apesar de o governo afastar o risco de racionamento, a sua comunicação está sugerindo que as pessoas não consumam tanta energia nos horários de pico. Se o risco não estivesse aí, a comunicação não seria dessa forma, porque o governo é o primeiro interessado em que essa situação não aconteça porque tem impacto sobre a sociedade e a economia. É a restrição do uso de energia impedindo a retomada econômica que o Brasil precisa. Hoje há algumas medidas paliativas que podem ser adotadas. Dá para contratar mais térmicas, que são mais caras e têm um impacto direto na tarifa do consumidor, não mais na bandeira vermelha, mas bandeira vermelha patamar 2, que é ainda mais cara. Também é possível implantar a eficiência energética que é o último ponto a ser usado. Seria a adoção de um conjunto de medidas de uso racional, como a substituição de equipamentos, consciência de uso etc., que passam também pelo gerenciamento da demanda. Tem bastante gordura para evitar mas historicamente se lança muito pouco mão dessa alternativa. Como o sistema é interligado, todo o País sofreria o apagão. Mas existe uma diferença em relação ao racionamento de 2001. O Nordeste naquela época era um notório importador de energia e hoje, ao contrário, a região apresenta uma geração bem grande de eólica com a missão de destinar energia para os estados mas, também, enviá-la para o Sudeste, que é o grande polo de consumo. Mas há que se prestar atenção nos gargalos que mencionei, na dinâmica do sistema, porque a eólica e a solar são fontes flexíveis, que têm que despachar energia quando ela está sendo gerada pelo sol e pelo vento (elas não podem ser armazenadas), diferente das despacháveis, como as hidrelétricas com reservatório e as térmicas. Essa dinâmica também tende a afetar o cenário de racionamento. Para citar um exemplo, está sendo discutida agora pela MP da Eletrobras, a contratação de térmicas que operam o tempo todo e não de forma emergencial. Isso também tende a afetar de maneira negativa a eólica e a solar. Estamos num paradoxo no qual temos o risco de falta de energia mas desperdiçamos energia eólica e solar. Então, voltamos à questão da transmissão que precisa ser reforçada. Você poderia explicar melhor esse gargalo na transmissão? A questão é bastante técnica mas o foco é que a prioridade tem quer ser dada para essas fontes flexíveis. Quando há sol e vento, elas têm que escoar a energia para o sistema. E a gente vem de um sistema que foi durante

"Corremos o risco de um novo apagão" Read More »

Número de casos de Covid-19 empata com pior momento da pandemia

O número de novos casos confirmados de Covid-19 na Região Metropolitana do Recife já é praticamente o mesmo do pior momento da pandemia, quando a capital e um cinturão de cidades vizinhas sofreu o período mais duro lockdown. O alerta foi feito pelo Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco (IRRD). O gráfico acima, por exemplo, da última semana, fechada no dia 19 de fevereiro, apontou a média móvel dos últimos 7 dias de 973 novos casos. A média mais elevada desde o descobrimento do novo coronavírus em Pernambuco foi em 22 de maio, quando foram registrados uma média em 7 dias de 1024 novos casos por dia de Covid-19 na RMR. Os números estão no site do instituto: https://www.irrd.org/covid-19 Quando olhamos o gráfico do Estado de Pernambuco, a média móvel da última semana é pior que o momento mais crítico da pandemia, alcançando 1.513 novos casos no dia 19 de fevereiro deste ano. Em julho do ano passado, na pior semana no Estado, foi registrada uma média de 1.450 novos infectados da doença. "O Brasil não dá sinal nenhum de melhora na pandemia. Pernambuco oscila em alta, acompanhando o mundo como um todo. Se observarmos os dados absolutos da RMR, percebemos que hoje temos uma média móvel de infecção dos últimos 7 dias, comparada com a média móvel de 19 de maio, quando trancamos tudo. Agora estamos no mesmo patamar, mas com tudo funcionando. Isso é muito preocupante", afirma o pesquisador que coordena o IRRD, Jones Albuquerque. Ele lembra que nos ultimos 30 dias o Recife caminhou para o pior cenário de infecção. "Os Estados Unidos consideram 50 novos casos por 100 mil habitantes como risco alto. Na Região Metropolitana do Recife estamos com 454 por 100 mil habitantes. Isso nos deixa céticos e preocupados quanto à eficácia do processo de vacinação para conter uma pandemia deste tamanho. Não estamos conseguindo conviver com o vírus, os protocolos não estão funcionando com a população. Daí os números altíssimos que vemos. Esse é o cenário da pandemia hoje. Um dos piores momentos", revela o pesquisador. Apesar dos números de novos casos em alta, o número de mortes, apesar de ter crescido no último mês, não segue a mesma curva.

Número de casos de Covid-19 empata com pior momento da pandemia Read More »

57% das empresas preveem recuperação no médio-longo prazo

Pesquisa da empresa Boa Vista realizada com empresários, de todo o Brasil, demonstra que, pouco mais de três meses após o início da crise ocasionada pelo novo coronavírus, a fotografia do cenário atual é de cautela e pouco otimismo. 57% das empresas acreditam que vai demorar seis meses ou mais para a recuperação dos negócios. A forte retração das vendas (77%) reflete negativamente no faturamento de 78% das empresas e de 76% no fluxo de caixa. A pesquisa ouviu 1.260 empresários dos setores indústria, comércio e serviços. No que se refere ao quadro de funcionários, mesmo com a crise, 59% das empresas informam que não demitiram. Por outro lado, apenas 3% delas contrataram e 38% diminuíram o quadro funcional, principalmente no setor da indústria e nas médias e grandes empresas. As principais ações para diminuição de quadro foram: demissão (50%), suspensão temporária de contrato (26%) e redução da jornada (24%). O levantamento feito pela Boa Vista também constatou que, em média, 45% das empresas estão pagando apenas parte de seus compromissos. Os micro e pequenos empresários são os que mais vêm sofrendo esse impacto, pois o fluxo de caixa dos mesmos é naturalmente menor. Busca por crédito Em média, 39% das empresas buscaram por apoio financeiro, inclusive, em mais de uma instituição. Os bancos privados foram os mais procurados (40%), seguidos de instituições públicas (21%) e procura por familiares e amigos (14%). Perguntados sobre obtenção de crédito, 49% dos empresários já conseguiram ou estão em vias de receber o crédito solicitado. Mesmo assim, quase metade não obteve sucesso nesta busca (51%). Entre os fatores estão o desconhecimento dos programas do governo (24%) e as exigências impostas (23%), aquém das possibilidades principalmente das PMEs. Para 38% das empresas que adquiriram empréstimo, os recursos serão destinados para alavancar o capital de giro e 37% disseram que o destino será o pagamento de dívidas. Mesmo conseguindo o crédito, para 78% das empresas, o valor concedido será insuficiente para “cobrir” todas os compromissos financeiros. Metodologia A Pesquisa ‘Fotografia atual dos negócios, acesso aos programas de apoio aos empresários e perspectivas de recuperação’ foi realizada pela Boa Vista em junho, com 1.260 empresários, representantes dos setores do Comércio, Indústria e Serviços, de todas as regiões do Brasil. Para a leitura dos resultados considerar cerca de 2 p.p. (pontos percentuais) de margem de erro e 90% de grau de confiança.    

57% das empresas preveem recuperação no médio-longo prazo Read More »

Empresários da construção civil estão otimistas com retomada do setor

A mais recente edição do Índice de Confiança da Construção, da Fundação Getúlio Vargas, aponta que a confiança do setor da construção civil voltou a subir em junho, ao avançar 9,1 pontos, para 77,1 pontos. A alta é decorrente da melhora das expectativas dos empresários para os próximos três e seis meses. Em Pernambuco, a construção civil retomou as atividades no mês passado após dois meses e meio de atividades suspensas, por conta do decreto do governo do estado. O empresário Ricardo Albuquerque, que é dono da Attiva Engenharia, acredita que o setor irá se recuperar rapidamente. “Acredito na retomada em uma velocidade semelhante à da queda. Isso porque a construção civil já vinha crescendo bastante entre o final do ano passado e o início deste ano. A nossa empresa atua no ramo imobiliário e de manutenção e, apesar das dificuldades, houve um incremento no número de contratos”, explica. Em 2019, a construção civil avançou 1,6%, puxado principalmente pelo setor de edificações imobiliárias. Foi o primeiro ano positivo depois de cinco anos no vermelho. “A construção sempre foi decisiva e impactante nos resultados econômicos do país, porque é o motor que rege a economia brasileira. Como é um setor que impacta outras áreas do ramo industrial e comercial, a construção tem capilaridade suficiente pra sair mais rápido da crise”, complementa Ricardo. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção segue este mesmo raciocínio, tanto que acredita que o acesso ao crédito auxiliar disponibilizado pelo governo federal, para as pequenas e médias empresas, ainda que não tenha alcançado e suprido todas as necessidades, foi uma forma de fazer com que este motor continuasse funcionando, mesmo com a diminuição ou paralisação da geração de caixa.

Empresários da construção civil estão otimistas com retomada do setor Read More »

Pesquisadores defendem economia ambientalista para superar a crise causada pela COVID-19

A construção de novas rotas de desenvolvimento econômico baseadas na valorização e na valoração da biodiversidade e dos serviços prestados pela natureza (ecossistêmicos), como o fornecimento de água e a regulação climática, será crucial não só para evitar crises desencadeadas por novas pandemias como para superar a atual. A avaliação foi feita por pesquisadores participantes do seminário on-line “Biodiversidade, crise climática, economias e pandemias”, que aconteceu em 22 de maio por ocasião do Dia Internacional da Biodiversidade. O encontro foi realizado por iniciativa da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos BPBES e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, com apoio do Programa BIOTA-FAPESP e da Academia Brasileira de Ciências ABC. “É fundamental a compreensão de que a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico não são processos antagônicos, mas interdependentes. Desenvolvimento não é viável sem uma base de sustentação dos processos naturais que geram os serviços ecossistêmicos, também conhecidos como contribuição da natureza para o bem-estar humano”, disse Cristiana Seixas, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da coordenação da BPBES. A produção em larga escala de alimentos, fibras têxteis e madeira, entre outros itens, pela rota atual, tem impactado diretamente na expansão de áreas de cultivo agrícola e de pastagem para áreas naturais em biomas brasileiros, como a Amazônia. Além de possuírem uma grande diversidade de animais, plantas e microrganismos, cuja interação gera os serviços ecossistêmicos, essas áreas de floresta estocam carbono e são reservatórios de vírus, bactérias e outros microrganismos, presentes em espécies selvagens de animais e com potencial de serem transmitidos para o ser humano, como ocorreu com o novo coronavírus, o SARS-CoV-2. Dessa forma, a destruição dessas áreas naturais causa a perda de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, agrava a crise climática e aumenta o risco de novas pandemias, ressaltou Seixas. “Está claro que a escolha de consumo que fazemos hoje de alimentos, roupas ou utensílios domésticos tem implicações diretas na conservação ou destruição de áreas naturais e no risco de novas pandemias”, afirmou a pesquisadora. A fim de desacelerar a perda de áreas naturais, minimizar as mudanças climáticas e favorecer o desenvolvimento sustentável em longo prazo, será preciso promover mudanças em políticas públicas, nos padrões de consumo e investir em novos modelos de produção agropecuária que conservem a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. Além disso, será necessário desenvolver sistemas de produção industrial que operem em uma lógica de economia circular, evitando a poluição ambiental; investir na produção de energia renovável, saneamento básico e tratamento de efluentes, de modo a evitar a poluição de corpos d’água; e valorar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos nos processos econômicos, apontou Seixas. “Em geral, os serviços ecossistêmicos, que são gerados pela interação de animais, plantas, fungos e microrganismos, não são contabilizados nos custos de produção”, disse a pesquisadora. O serviço de polinização de culturas agrícolas de grande importância para a agricultura brasileira, como a soja (Glycine max) e a laranja (Citrus sinensis), realizado por abelhas e outros polinizadores, foi estimado em 2018 em R$ 43 milhões (leia mais em agencia.fapesp.br/29730). Já o valor total dos serviços ecossistêmicos prestados pela natureza nas Américas equivale ao PIB do continente, de mais de US$ 24 trilhões por ano, exemplificou Seixas. Estímulo à economia verde A crise econômica gerada pela COVID-19 deve resultar em uma retração de 5% a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, que em 2019 foi de US$ 87 trilhões. Essa redução da atividade econômica global – da ordem de US$ 5 trilhões a US$ 10 trilhões – é equivalente a perda de três a cinco vezes o PIB do Brasil, o nono maior do mundo, estimado em US$ 1,8 trilhão, comparou Carlos Eduardo Frickmann Young, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em economia ambiental. “Teremos uma crise de desemprego que certamente não tem paralelo no mundo pós Segunda Guerra Mundial”, disse Young. As crises econômica e fiscal – marcada pela queda de arrecadação de impostos – geradas pela pandemia devem resultar em um aumento dos gastos públicos dos países, voltados a apoiar atividades que contribuam para a recuperação de suas economias. Os critérios para a concessão desses incentivos devem levar em contar atividades que contribuam para o desenvolvimento de uma economia verde ou de baixo carbono, que não piorem as condições socioeconômicas atuais, avaliou Young. “O risco agora é que, em vez de ser desenhado um conjunto de incentivos econômicos que melhorem as condições socioeconômicas, se regresse ao modelo econômico anterior à pandemia, que é predatório e gera desemprego”, disse Young. De acordo com o pesquisador, o modelo econômico adotado pelo Brasil, por exemplo, baseado na agropecuária e na extração mineral, é pouco inclusivo. O setor agropecuário tem apresentado um déficit de 3,6 milhões de empregos nas últimas duas décadas, apontou.  "O modelo econômico em vigor no Brasil não gera empregos, dinamismo e crescimento econômico desejáveis. É fundamental ter, nesse momento, outra forma de incentivar a recuperação da atividade econômica do país”, avaliou Young. Na opinião de Eduardo Brondizio, professor da Indiana University, dos Estados Unidos, o momento atual representa uma janela de oportunidades para repensar a trajetória de desenvolvimento econômico e social do planeta. “Estamos em um momento crítico em que, de maneira sem precedentes, os países vão começar a investir, subsidiar e ajudar a recuperar vários setores da sociedade. Temos a oportunidade de escolher novos caminhos ou reforçar os existentes e que só servem aos interesses de grupos particulares”, avaliou. O pesquisador brasileiro, radicado há mais de 20 anos nos Estados Unidos, foi um dos coordenadores da primeira avaliação global da biodiversidade, publicada em 2019 pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). O relatório produzido pelo órgão, que inspirou a criação da BPBES, indicou que a extinção de espécies de plantas e de animais tem ocorrido em uma escala sem precedentes e anteviu a possibilidade de surgir uma pandemia (leia mais em agencia.fapesp.br/30430). “O relatório mostrou que progressivamente estamos erodindo a fundação mais básica da nossa economia, que garante a saúde, segurança alimentar, disponibilidade de água e o bem-estar humano, que é a biodiversidade”,

Pesquisadores defendem economia ambientalista para superar a crise causada pela COVID-19 Read More »

De“repente”, a turbulência internacional (por Francisco Cunha)

Logo nos primeiros dias de 2020, os EUA, em ataque relâmpago e fulminante no aeroporto de Bagdá, eliminaram o general iraniano Qasem Soleimani, considerado o segundo personagem mais poderoso do Irã, atrás apenas do aiatolá Ali Khamenei, sucessor do aiatolá dos aiatolás, Ruhollah Khomeini, líder inconteste da revolução iraniana de 1979 que depôs o famoso xá Reza Pahlav. Sem entrar no mérito dos argumentos usados pelo presidente Donald Trump para justificar o ato, o fato é que, imediatamente, sobreveio uma grande incerteza sobre o cenário internacional, mudando completamente a “temperatura” das tendências predominantes para o ambiente externo que fecharam as projeções do ano de 2019 para o de 2020. Esse acontecimento que, depois de ocorrido, pode parecer até óbvio, nos chama a atenção para, justamente, uma espécie de inverso do óbvio que é a incerteza diante do grande leque de possibilidades disruptivas, a partir de uma aparente ordem que nos incentiva a projetar no futuro a pseudo “calmaria” do presente, como se ela estivesse condenada a acontecer para a frente só porque era o estado “normal” até pouco tempo atrás. Que nada! Nós tendemos a esquecer disso mas o “normal” é, justamente, o “anormal”. Afinal, como nos disse o compositor Paulo César Pinheiro na letra da música Mordaça que fez sucesso na década de 1970, incluída no disco O importante é que a nossa emoção sobreviva: “Pois tudo é instável e irregular / E de repente o furor volta”. E, no caso específico, que potencial de furor! Nada mais, nada menos do que, de um lado, todo o excepcional poderio bélico e de inteligência dos EUA, supremamente comandados por um presidente sobre o qual, o mais brando que se pode dizer é que se trata de uma criatura nada convencional. Do outro lado, toda a carga do fundamentalismo xiita comandado por uma obstinada ortodoxia de tradição milenar muçulmana, herdeira direta do império persa. Dois “ossos” muito “duros de roer”! A partir daí, tudo pode acontecer, inclusive nada, como diz o ditado popular, embora, dadas as características dos contendores, “nada” seja o menos provável. De “repente”, o ano começa agitado no cenário externo para nós brasileiros que tivemos os últimos anos bem agitados no cenário interno. Mas, estamos aí para isso mesmo, afinal, o importante é que a emoção sobreviva.

De“repente”, a turbulência internacional (por Francisco Cunha) Read More »

Economia brasileira cai 0,2% no primeiro trimestre do ano

O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu 0,2% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre de 2018. A queda ocorreu depois de altas de 0,5% no terceiro e de 0,1% no quarto trimestres do ano passado. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira cresceu 0,5% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado e 0,9% no acumulado de 12 meses. Os dados mostram que, do último trimestre de 2018 para o primeiro trimestre de 2019, a queda de 0,2% foi puxada por um recuo de 0,7% no setor industrial. As principais atividades em queda foram a indústria extrativa mineral (-6,3%), construção (-2%) e indústrias da transformação (-0,5%). A agropecuária também teve queda (-0,5%). Os serviços tiveram taxa positiva de 0,2% no período, evitando uma queda mais acentuada da economia. Sob ótica da demanda, a queda foi puxada pela formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos, que caíram 1,7% do último trimestre de 2018 para o primeiro trimestre deste ano. As exportações também caíram (-1,9%). Ao mesmo tempo, os consumos do governo e das famílias cresceram 0,4% e 0,3%, respectivamente. As importações tiveram alta de 0,5%. (Da Agência Brasil)

Economia brasileira cai 0,2% no primeiro trimestre do ano Read More »