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Tarifaço de Trump ameaça indústria em Pernambuco, alerta economista

Professor Edgard Leonardo analisa os impactos das novas tarifas dos EUA sobre a economia pernambucana, destaca riscos à cadeia exportadora e aponta caminhos para mitigar prejuízos no curto e médio prazo As tarifas impostas pelo governo norte-americano sob a liderança de Donald Trump colocam setores estratégicos da economia pernambucana em situação de alerta. Embora os Estados Unidos não sejam o principal destino das exportações do estado, produtos como frutas frescas e açúcar — fortemente dependentes daquele mercado — podem sofrer prejuízos expressivos. Em entrevista à Revista Algomais, o economista e professor da Unit-PE, Edgard Leonardo, explica que os impactos atingem não apenas grandes empresas, mas também pequenas que integram cadeias produtivas voltadas à exportação, especialmente no setor da fruticultura. Leonardo avalia que o cenário internacional atual, agravado pelo distanciamento diplomático entre Brasil e EUA, torna a situação ainda mais delicada para Pernambuco. “O tarifaço imposto pelos EUA afeta setores estratégicos”, afirma, destacando as dificuldades logísticas e regulatórias para redirecionar a produção a novos mercados. Ele defende medidas emergenciais, como linhas de crédito para empresas exportadoras, e uma ação coordenada do Itamaraty na busca de acordos bilaterais que aliviem as barreiras comerciais. Segundo o economista, a adoção de tarifas de retaliação também deve ser pensada com cautela, para evitar o aumento dos custos de insumos e novos entraves à competitividade local. Quais os setores mais ameaçados em Pernambuco com o tarifaço de Trump? Pernambuco é o terceiro maior exportador do Nordeste e o 16º do Brasil. Sua pauta de exportações é dominada pela indústria de transformação, que responde por 84,9% do total exportado, enquanto o setor agropecuário representa 14,6%. Entre janeiro e novembro de 2024, os principais produtos exportados por Pernambuco foram: açúcares e melaços (21%), veículos e automóveis de passageiros (19%), frutas e nozes frescas ou secas (14%), óleos combustíveis de petróleo ou minerais betuminosos, exceto os óleos brutos (11%) e veículos automotores para transporte de mercadorias e usos especiais (9,6%).Quanto aos mercados de destino, a Argentina lidera, absorvendo 24% das exportações, seguida pelos Estados Unidos (9,1%), Singapura (9,0%), México (7,8%), Países Baixos (6,5%) e República Democrática do Congo (2,7%). Apesar de Pernambuco não ser economicamente superdependente do mercado americano, o tarifaço imposto pelos EUA afeta setores estratégicos, especialmente as exportações de frutas. Esses produtos têm características específicas que dificultam uma adaptação rápida a outros mercados, principalmente por causa da sua alta perecibilidade. Além disso, redirecionar a produção para novos destinos apresenta desafios significativos, como o cumprimento de exigências específicas desses mercados, especialmente no que se refere às embalagens, que frequentemente precisam atender a requisitos rigorosos quanto a tamanho, rótulos, idioma e outras normas regulatórias. A estrutura empresarial pernambucana é composta majoritariamente por médias e grandes empresas, que representam 69% do total, enquanto microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas somam cerca de 31%. Importante destacar que muitas pequenas empresas dependem diretamente das maiores, pois vendem para elas produtos destinados à exportação, principalmente quando estamos falando do setor de fruticultura. Portanto, o setor de frutas, que envolve muitas dessas pequenas empresas, deverá sofrer impactos mais fortes, não só pelo desafio de encontrar mercados alternativos, mas também pelo risco de redução no aproveitamento interno da produção. O açúcar é um dos principais produtos exportados de Pernambuco para os EUA. A imposição da tarifa de 50% pode reduzir drasticamente a competitividade do produto, afetando o setor. Além claro do setor industrial, com destaque para os veículos automotores Quais são as alternativas para o mercado local enfrentar com menos dores essa crise? As ações necessárias variam conforme o setor e devem ser planejadas para o curto e médio prazo, considerando que os ciclos produtivos podem ser afetados de forma progressiva, com impactos mais intensos ao longo do tempo devido à perda de investimentos. Consequentemente, essa situação pode acarretar redução de empregos, cujos efeitos negativos tendem a se espalhar pela economia caso não sejam identificadas e implementadas soluções. O lançamento de linhas de financiamento específicas para micro, pequenas e médias empresas exportadoras impactadas é fundamental para amenizar perdas e sustentar a produção enquanto novos mercados são buscados. O BNDES, pode apoiar esse processo oferecendo crédito com prazos longos e condições atrativas, fortalecendo a competitividade das empresas pernambucanas no mercado externo. Paralelamente, o Itamaraty pode atuar na negociação de acordos bilaterais para facilitar o escoamento dos produtos para mercados parceiros, reduzindo barreiras comerciais e ampliando as oportunidades de exportação." Essas medidas devem criar problemas também na economia americana, como inflação. É possível compreender as motivações dessas medidas que colocam em crise o mercado global? Certamente, o tarifaço terá impacto na economia dos EUA e setores específicos da economia americana, como café, afetarão diretamente o consumidor médio norte-americano, e certamente outros itens devem, mesmo que indiretamente, impactar os EUA com mais inflação. No entanto, nossa preocupação principal deve estar focada nos efeitos no Brasil, onde as tarifas podem causar perdas significativas no PIB, com impactos especialmente em setores exportadores. É preciso lembrar que o Brasil tem marcado sua posição de forma clara e, por vezes, ríspida, em relação aos Estados Unidos, evidenciando um distanciamento crescente nas esferas diplomática, econômica e geopolítica. Um gesto simbólico dessa nova postura foi o envio do vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, para representar o país na posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, em julho de 2024 (evento no qual muitos países optaram por não enviar representantes de alto escalão, demonstrando a prioridade que Brasília dá à relação com Teerã).Paralelamente, o governo brasileiro tem feito críticas contundentes e reiteradas às políticas norte-americanas, com episódios públicos e expressões firmes, como quando a primeira-dama xingou, desnecessariamente, Elon Musk, então figura próxima ao governo Trump, aprofundando ainda mais o clima de tensão bilateral. O Brasil também adota uma postura explícita contra o uso do dólar como moeda hegemônica nas trocas internacionais, posição reforçada em fóruns como os BRICS, onde defendeu a criação de moedas alternativas para o bloco e para o Mercosul. Posição com forte componente ideológico, sem argumentos técnicos robustos que sustentem sua viabilidade econômica. Importante lembrar que os EUA já deixou

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“Diante das tarifas aplicadas pelos EUA, produtos pernambucanos deverão buscar novos mercados consumidores.”

Os impactos do tarifaço provocado por Donald Trump são analisados pelo vice-presidente do Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia, João Canto. Ele avalia as oportunidades e ameaças que a crise apresenta a países como China e Brasil, aponta os setores mais afetados em Pernambuco e a necessidade de o Estado encontrar novos parceiros comerciais. Ao analisar a intrincada guerra tarifária desencadeada pelo Governo Donald Trump, João Canto, vice-presidente do Iperid (Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia), aponta para a perspectiva de o Brasil ser considerado como um destino interessante para algumas cadeias produtivas. Entretanto, caso a crise comercial se intensifique, o País pode ser prejudicado, segundo Canto, porque o comércio mundial perderá dinamismo, o que afetaria a demanda por commodities brasileiras. “A balança comercial brasileira sofreria alto impacto pois a China é o maior parceiro do Brasil; haveria fuga de dólar e desvalorização do real; aumento do custo de produção de muitos setores industriais brasileiros; entrada massiva de produtos chineses mais baratos no País; maior dificuldade para a indústria brasileira competir”, adverte o vice-presidente do Iperid. Na verdade, nesse xadrez de aumento tarifário, é difícil saber quem perde e quem ganha. Profissional de Comércio Internacional com mais de 15 anos de experiência, Canto afirma que a China aposta num jogo de paciência. “Quanto mais os EUA intensificam a retórica protecionista, mais se isolam de aliados e perdem competitividade global, abrindo espaço para Pequim se apresentar como alternativa estável e racional”. Mas salienta que a guerra comercial traz impactos para as duas maiores economias do mundo, que são as que mais importam e exportam. “O custo de conversão para empresas exportadoras chinesas e importadoras americanas é alto, e não há muitas saídas a curtíssimo prazo: ou absorvem o custo da tarifação (reduzindo rentabilidade), ou repassarão no preço (risco de redução no consumo). Isso desencadeia desaceleração econômica e pressão sobre outros parceiros econômicos das duas potências”.  De qualquer forma, para o analista, a alternativa para o Brasil e Pernambuco é buscar novos mercados exportadores para mitigar os impactos tarifários.  E acrescenta que exportadores pernambucanos têm ainda a possibilidade de se voltar para o mercado doméstico. Qual sua análise sobre o enfrentamento da China aos sucessivos anúncios de aumento de tarifas feitos por Trump? Especialistas afirmam que o Gigante Asiático já se preparava para esta situação e tem investido no seu mercado interno para não ficar à mercê das exportações.  A China tem adotado uma estratégia cuidadosamente calibrada que mescla firmeza diplomática, resiliência e planejamento de longo prazo, e tem respondido aos aumentos tarifários de forma equivalente ou até mais rigorosa, como ocorreu recentemente com a elevação de taxas para produtos norte-americanos de 84% para 125%. É um recado de que Pequim não cederá à pressão, nem aceitará acordos desvantajosos, preservando sua imagem tanto interna, quanto externa.  A China vem diversificando suas cadeias de suprimentos, incentiva a inovação tecnológica, para semicondutores, IA, entre outros, como forma de independência estratégica, e vem investindo no consumo interno para depender cada vez menos de exportações. Uma diretriz clara desde o plano “dupla circulação” anunciado por Xi Jinping. Entretanto, ainda que a China tenha poder de reação, a guerra comercial com os EUA traz impactos para os dois lados, pois são as duas economias que mais importam e exportam, sempre estão no topo e dependem uma da outra.  A função de pivotar grandes cadeias de suprimentos estabelecidas para países intensivos em comércio internacional, como China e EUA, tem um custo alto. O custo de conversão (ou também de não fazer nada) para empresas exportadoras chinesas e importadoras americanas é alto, e não há muitas saídas a curtíssimo prazo: ou absorvem o custo da tarifação (reduzindo rentabilidade), ou repassarão no preço (risco de redução no consumo). Isso desencadeia desaceleração econômica e pressão sobre outros parceiros econômicos das duas potências.  Segundo especialistas, a China aposta num jogo de paciência: quanto mais os EUA intensificam a retórica protecionista, mais se isolam de aliados e perdem competitividade global, abrindo espaço para Pequim se apresentar como alternativa estável e racional. Isso também é importante domesticamente para a China, onde o governo precisa mostrar à população e ao próprio Partido Comunista que não se dobra às provocações estrangeiras, especialmente de um rival estratégico como os EUA.  Todo esse embate tarifário não está apenas no comércio de bens e serviços, há conexão com o tema da dívida pública americana. A China é um dos maiores detentores de títulos da dívida americana, e, há anos, exportava produtos para os EUA e reinvestia os dólares recebidos comprando títulos dessa dívida. Isso ajudava a financiar gastos do governo americano a juros baixos, a manter o dólar forte e o yuan relativamente desvalorizado, favorecendo suas exportações. Com a guerra comercial imposta, a tendência é que a China venda menos, tenha menos dólares e, portanto, compre menos títulos da dívida.  Atualmente, a dívida pública dos EUA ultrapassa US$ 34 trilhões, e o país precisa vender mais títulos para pagar juros e financiar seus programas. Se a China e outros países compradores (como Japão) se retraem economicamente, os EUA precisariam aumentar o juro da dívida para atrair outros investidores e, caso o FED (Federal Reserve, banco central norte-americano) recompre, terá efeitos inflacionários, agravando a situação.  A China, claro, evita fazer isso de forma agressiva porque também seria prejudicada. Mas o simples fato de ter esse poder é uma alavanca estratégica importante no contexto. É curioso o comportamento da China, que tem uma economia socialista de mercado, criticar e desestimular tarifas no comércio internacional e, ao mesmo tempo, o descompasso teórico ou ideológico de Washington que, nesse tema, renunciou ao liberalismo da Escola de Chicago para defender sua economia sob o protecionismo tarifário. Quais os prejuízos da economia brasileira, especialmente o setor industrial, provocados pela guerra tarifária? Há risco de o mercado do Brasil ser invadido por produtos chineses mais baratos? Sim. Já estamos sendo invadidos por produtos chineses há muito tempo e seriámos ainda mais. A China é uma economia em que a

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Pernambucanos agora terão mais facilidade em viajar para China e EUA

Pernambuco está voando cada vez mais alto e ampliando a conectividade aérea externa. Agora vai ficar mais fácil para os pernambucanos viajarem para Pequim, Boston e Nova Iorque, além de outros destinos nos EUA. Tudo isso porque a Azul, que tem o seu hub instalado no Aeroporto do Recife, fechou acordos com outras companhias aéreas para facilitar viagens internacionais, tornando-as mais rápidas e cômodas. “Pernambuco está voando cada vez mais alto. O hub da Azul instalado no Aeroporto no Recife e a nossa política de crescimento na malha aérea permitem uma conectividade jamais vista na história da aviação de Pernambuco. Além dos 11 voos diretos, ficará mais rápido e fácil viajar para a China e os EUA”, afirma o Secretário de Turismo do Estado, Felipe Carreras. Um dos acordos firmados pela Azul foi de compartilhamento de voos, o chamado codeshare, com a JetBlue Airways. A companhia brasileira colocará seu código (AD) em diversos voos operados pelas duas empresas, o que garante ainda melhores conexões para destinos dos EUA por meio dos aeroportos de Fort Lauderdale/Miami e Orlando, para os quais a Azul opera voos diários partindo de Recife para Orlando. Tudo isso com apenas uma rápida parada nos aeroportos da Flórida. Será um serviço unificado de reservas e emissão de bilhetes ao comprar passagens para os destinos em codeshare, o que inclui, entre outras vantagens, despacho de bagagem até o destino final e conexões mais rápidas. Para se ter ideia da conectividade área, a JetBlue conta com aproximadamente 1.000 voos diários para 101 cidades nos Estados Unidos, Caribe e América Latina. “A Azul e JetBlue estão entre as 5 melhores companhias aéreas do mundo segundo a TripAdvisor. Além das melhores conexões, nossos clientes também terão a melhor experiência de voo em ambas as empresa”, comenta Marcelo Bento, diretor de Alianças e Distribuição da Azul. A outra parceria da Azul foi de um acordo de interline com a Beijing Capital Airlines, em que agora ficará mais fácil para o pernambucano também aportar na China. A Azul e Beijing passam a comercializar passagens de maneira conjunta para voos entre os países, com apenas uma conexão em Lisboa. Juntas, as duas companhias ofertarão três voos semanais para os principais destinos no Brasil e na China. Os hubs da empresa chinesa localizam-se em Hangzhou e Pequim, de onde partem voos para mais de 25 destinos. Além disso, as empresas aguardam aprovação do acordo de compartilhamento de códigos de voos (codeshare), que passa por análise das autoridades brasileira e chinesa e deverá entrar em vigor em breve. VOOS DIRETOS – Ao todo, Pernambuco conta com 11 voos internacionais saindo direto do Aeroporto do Recife, o que representa a maior conquista de voo internacionais na história da aviação de Pernambuco. O Estado está conectado aos seguintes destinos: Lisboa (TAP), Montevidéu (GOL), Buenos Aires (LATAM e GOL), Cabo Verde (TACV), Frankfurt (Condor), Cidade do Panamá (Copa Airlines), Miami (Latam), Milão (Meridiana), Orlando (Azul) e Munique (Condor). (Agência Brasil)

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