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Gabriel Mascaro

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Cinema pernambucano em destaque: “O Último Azul” abrirá o Festival de Gramado

Filme de Gabriel Mascaro, premiado em Berlim e Guadalajara, estreia no Brasil em agosto e já tem distribuição em 15 países Com trajetória marcada por prêmios internacionais, o longa-metragem O Último Azul, de Gabriel Mascaro, foi escolhido para abrir a 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que acontece de 13 a 23 de agosto, no Rio Grande do Sul. A produção protagonizada por Denise Weinberg, com Rodrigo Santoro, Adanilo e a cubana Miriam Socarrás, terá sua estreia nacional na Serra Gaúcha antes de chegar aos cinemas brasileiros em 28 de agosto, sob distribuição da Vitrine Filmes. Premiado com o Urso de Prata no Festival de Berlim, o filme também conquistou reconhecimento no Festival de Guadalajara, no México, levando os troféus de Melhor Filme Ibero-Americano de Ficção e de Melhor Interpretação para Denise Weinberg. Com roteiro ambientado em um Brasil amazônico e distópico, a obra narra a jornada de Tereza, uma idosa que desafia seu destino de exílio compulsório para realizar um último desejo. "Quando fazemos filme brasileiro, o que mais queremos é mostrá-lo para o Brasil", afirma Gabriel Mascaro. Desde sua estreia na Berlinale, O Último Azul vem percorrendo os principais festivais de cinema do mundo, incluindo Sydney, Cartagena, Buenos Aires, Istambul, Lisboa e agora Xangai. O longa, que entrelaça elementos de ficção científica e fábula, tem recebido elogios da crítica internacional por sua sensibilidade, potência visual e densidade temática. A atuação de Denise Weinberg tem sido amplamente destacada por sua entrega e nuances emocionais. O filme é uma produção da Desvia Produções com coproduções do México, Chile, Países Baixos e Brasil, incluindo parcerias com a Globo Filmes e a Vitrine Filmes. Com distribuição internacional já garantida em mais de 15 mercados — entre eles Alemanha, França, México, Austrália e Israel —, O Último Azul se consolida como um dos maiores expoentes recentes do cinema brasileiro contemporâneo no cenário global.

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Premiado na Berlinale, “O Último Azul” amplia circuito internacional e fortalece o cinema brasileiro

Filme de Gabriel Mascaro, vencedor do Urso de Prata, terá exibições em 13 países e estreia comercial no Brasil no segundo semestre Após vencer o Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri na 75ª Berlinale, “O Último Azul”, novo longa de Gabriel Mascaro, consolida-se como destaque do cinema brasileiro no cenário internacional. Protagonizado por Denise Weinberg e com Rodrigo Santoro, Adanilo e Miriam Socarrás no elenco, o filme já tem presença confirmada em 13 festivais ao redor do mundo e garantiu distribuição em mais de 15 mercados internacionais, da Europa à Ásia. Neste mês, o longa faz sua estreia em festivais latino-americanos e europeus, com sessões em Cartagena (Colômbia), no BAFICI (Buenos Aires) e no Festival de Istambul. Em maio, integra a mostra Rizoma do IndieLisboa (Portugal), que foca em obras com forte apelo social, e em junho desembarca no Sydney Film Festival, na Austrália. A estreia nos cinemas brasileiros está prevista para o segundo semestre, com distribuição da Vitrine Filmes. Ambientado em um Brasil amazônico e distópico, “O Último Azul” narra a jornada de Tereza (Weinberg), uma idosa de 77 anos prestes a ser exilada em uma colônia habitacional estatal. Antes do destino imposto, ela decide realizar um último desejo, navegando pelos rios da floresta em uma jornada de resistência e transformação. A trama toca em temas como envelhecimento, liberdade e dignidade em meio a uma sociedade que descarta seus mais velhos. Além dos prêmios oficiais da Berlinale, como o Prêmio do Júri Ecumênico e o Prêmio do Júri de Leitores do Berliner Morgenpost, o filme recebeu críticas entusiasmadas da imprensa especializada. O The Hollywood Reporter chamou-o de “um deslumbrante filme de estrada aquático”, enquanto a Variety destacou seu tom entre a ficção científica e a fábula. O Screen Daily elogiou Denise Weinberg por sua “performance vencedora”, e o Cineuropa classificou sua Tereza como “uma personagem adorável, que carrega o filme com imensa sensibilidade”. Produzido por Rachel Daisy Ellis, da Desvia Produções, e Sandino Saravia Vinay (de “Roma”), o longa é uma coprodução entre Brasil, México, Chile, Países Baixos e conta com apoio da Globo Filmes.

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No embalo do Oscar: Quais as expectativas para o cinema pernambucano?

O Sucesso de Ainda estou aqui traz a perspectiva de aumento de público para o cinema brasileiro e local. O setor audiovisual local abriu mercado para profissionais, mas precisa de mais investimentos públicos e despertar a iniciativa privada para financiar as produções. *Por Rafael Dantas O País está vibrando pelo primeiro Oscar do Brasil com Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, e diante de toda a visibilidade que a história de Eunice Paiva ganhou. Em meio às expectativas de Hollywood, outro longa-metragem, O Último Azul, com a direção do pernambucano Gabriel Mascaro, venceu também o Urso de Prata do Festival de Berlim. Com salas de cinema lotadas e um orgulho do cinema nacional tomando os brasileiros, as expectativas para o setor audiovisual nacional e do Estado, que é uma das referências na sétima arte, são de atrair mais investimentos e público. O furacão de sucesso de Ainda Estou Aqui, que já levou 5,7 milhões de pessoas para as telonas, aumentou o percentual de salas dedicadas ao cinema nacional. O longa, estrelado por Fernanda Torres, já representa 30,2% das vendas gerais da Ingresso.com, que é a maior tiqueteira do País. O setor cinematográfico nacional comemorou 3.509 salas de cinema em funcionamento em 2024, quebrando o recorde pré-pandemia de 2019. Pernambuco registrou 118 salas, que é o mesmo número do último ano antes da pandemia.  Evolução do número de salas de cinema em funcionamento em Pernambuco Neste momento de valorização do público com as produções nacionais e do impulso de voltar às salas de cinema, após anos de perda de cinéfilos para os streamings, há um otimismo, mesmo que contido, com o futuro do setor audiovisual. “Um Oscar não garante nada mas, certamente, é um fator que dá aval para que nosso cinema tenha capacidade de alcance de público e de competitividade, em um nível industrial internacional”, considera Nina Velasco, docente do curso de Cinema da Universidade Federal de Pernambuco. A pesquisadora ressalta que as produções nacionais e pernambucanas têm uma história de receber premiações em festivais de qualidade cinematográfica, especialmente festivais de arte. Festivais de Cannes (França), de Veneza (Itália) e de Berlim (Alemanha) sempre ofereceram espaços privilegiados ao cinema brasileiro. O reconhecimento da Academy Awards com o Melhor Filme Internacional traz um outro tipo de reconhecimento. “Concorrer e conquistar o Oscar nos leva a outro patamar de disputa e de visibilidade para o mundo. Se já havia esse reconhecimento internacional de qualidade, talvez não tivesse essa competitividade de público internacional. Ainda Estou Aqui é um fenômeno que dependeu também do público nacional para estar nesse lugar de disputa internacional”, avalia Nina Velasco. "Concorrer e conquistar o Oscar nos leva a outro patamar de disputa e de visibilidade para o mundo. Se já havia o reconhecimento internacional de qualidade, talvez não tivesse essa competitividade de público internacional". Nina Velasco UM MERCADO QUE PREMIA E EMPREGA MUITA GENTE Kleber Mendonça Filho, Gabriel Mascaro, Guel Arraes, Cláudio Assis, Lirio Ferreira, Marcelo Gomes… são muitos os cineastas pernambucanos com premiações nacionais e internacionais nas suas estantes. Com filmes que levaram as histórias e paisagens de Pernambuco para o mundo. Em paralelo, essas produções geram empregos e renda para muita gente. Se são os atores que estão nas telas e são reconhecidos pelo público, a mágica da sétima arte se faz com o trabalho de diretores, produtores, roteiristas, editores/montadores, figurinistas, cenógrafos, entre tantas outras posições. De acordo com dados do IBGE de 2021, ainda em plena pandemia, Pernambuco tinha registradas 262 empresas ou organizações que atuavam no segmento das atividades cinematográficas, que engloba ainda produção de vídeos e de programas de televisão, gravação de som e edição de música. No País, o Anuário Estatístico do Audiovisual Brasileiro de 2023 (o último publicado) indica que o setor gerou 86.227 empregos formais em 2022.  Isadora Gibson é uma profissional multifacetada que viveu as experiências de estar na frente e por trás das câmeras, atuando tanto como atriz quanto na direção de arte. Arquiteta de formação, seu envolvimento com o cinema começou de forma espontânea, influenciado por amigos da área. Dentre suas experiências mais marcantes, Isadora destacou sua atuação no filme O Som ao Redor e na série Lama dos Dias, da Globoplay. No campo da direção de arte, atuou como assistente de produção de arte e objetos em O Último Azul, o filme premiado de Gabriel Mascaro.  Além das produções que vão para as telonas, ela afirma que os profissionais locais estão entrando também no mercado dos streamings, onde ela já teve experiências na direção de arte. "Onde mais trabalho são em produções selecionadas em editais públicos, mas já trabalhei em streaming para Cangaço Novo, que foi em Campina Grande. Há várias produções em São Paulo e no Rio de Janeiro, isso deu uma fomentada no nosso mercado”.  Ela ressalta que, apesar da profissionalização do setor, os desafios persistem, sobretudo com a carga tributária elevada para os profissionais autônomos. Contudo, mantém o otimismo em relação ao futuro, torcendo por mais investimentos e valorização do cinema nordestino. “Pernambuco é um lugar rico culturalmente como um todo, na área musical, na dança, no teatro. O cinema pernambucano é forte porque junta a grande base de capital cultural, com certa precariedade que torna tudo mais criativo. Fazemos na raça, mas está mudando. Com a profissionalização e com os recursos. Com o Oscar, esperamos melhorar os investimentos para o setor”, almeja Isadora. "O cinema pernambucano é forte porque junta a grande base de capital cultural com certa precariedade que torna tudo mais criativo. Fazemos na raça, mas está mudando. Com a profissionalização e com os recursos. Com o Oscar, esperamos ter mais investimentos". Isadora Gibson Outra que atua na direção de arte é Sephora Silva. Também arquiteta, ela ingressou no audiovisual após ser convidada para trabalhar como assistente em um projeto de um amigo que estava realizando seu primeiro filme. Essa experiência inicial despertou sua paixão pelo cinema e a levou a buscar capacitação técnica, incluindo um curso de formação no México. Ao longo de sua trajetória, ela já

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Gabriel Mascaro: “No Brasil, há uma ala dos evangélicos com um projeto de poder muito claro”

Houldine Nascimento O filme “Divino Amor” estreou no circuito nacional na última quinta-feira (27). Ambientada em 2027, a obra tem a direção de Gabriel Mascaro e, entre outras coisas, se debruça sobre o avanço do protestantismo no estado brasileiro. Tudo isso a partir da experiência de Joana (Dira Paes), uma adepta da religião e muito apegada à fé. Mascaro concedeu uma entrevista exclusiva à Revista Algomais, em que responde a diversas questões relacionadas ao longa-metragem. Algomais: Como surgiu a ideia e qual a motivação de abordar o universo dos evangélicos? Gabriel Mascaro: Eu via cada vez mais crescente o avanço da religião no Estado brasileiro e isso me inquietou como artista, como realizador. Na verdade, essa confusão entre Estado e religião vem de muito tempo atrás. Algomais: Você falou em um debate em São Paulo que o protestantismo tem um projeto de poder. Gostaria de saber sua opinião a respeito disso. Gabriel Mascaro: É difícil falar em evangélico como algo estático, acho que são vários evangelismos, várias doutrinas. Cada uma que prega coisas muito específicas. Não dá para tratar como uma coisa única, mas é fato que também há, no Brasil, uma ala hegemônica dentro da comunidade evangélica com um projeto de poder muito claro. Tem uma eficiência, um pragmatismo e uma relação de financiamento que faz ter uma agenda política e religiosa cada vez mais forte no país. E o filme discute esses vários evangelismos, mas também leva em consideração esse projeto de poder dessa religião. Algomais: Já chegou ao seu conhecimento alguma reação do público evangélico ao filme? Gabriel Mascaro: Já começou a ter algumas reações distintas. Curioso também é que, na sessão de estreia em João Pessoa, teve uma pastora que era da Igreja Metodista e ela trouxe uma abordagem sobre o feminismo evangélico muito inusitada a partir do filme. Então, o que a gente vê é isso: o evangelismo é uma manifestação muito diversa e não dá para a gente querer generalizar as coisas. Em parte, as reações às vezes são de pessoas que não viram o filme, é muito em função do que leram na imprensa. Acho que é preciso relativizar um pouco isso. O filme foi feito com muito carinho e espero que as pessoas, evangélicas e não evangélicas, possam ir para serem tocadas pelo mundo da personagem, que é muito singular e foi feito com muita honestidade. É uma mulher de fé e que leva sua crença até as últimas consequências. Algomais: Já que você puxou para a protagonista, então queria que você comentasse essa escolha de Dira Paes. Gabriel Mascaro: A Dira foi maravilhosa, eu acompanho o trabalho dela há muito tempo. É uma atriz inteligentíssima e tem uma bagagem cinéfila surpreendente. Foi incrível poder contar com essa atriz que respira e transborda cinema, sabe? Ao mesmo tempo, Dira tem uma coisa especial que é atuar com o coração aberto, para uma personagem que acredita na fé e está disposta a doar corpo em nome dessa fé. Ela consegue atuar sem nenhum julgamento da personagem. Algomais: Nesse filme, você acaba repetindo a parceria com o diretor de fotografia Diego García e esse trabalho está muito alinhado com o design de produção. Há uma conexão nesse sentido. Você pode falar a respeito? Gabriel Mascaro: A gente tinha um desafio muito grande no universo visual do filme porque a Igreja Evangélica no Brasil nega a tradição da arte sacra [da Igreja Católica] Apostólica Romana. Eles não têm os objetos, as esculturas religiosas, não têm a adoração a santo nem imagem de quadro religioso. É uma igreja muito minimalista, muito contemporânea, que é galgada na ideia da palavra, da fé e da experiência emocional entre pastores e fieis. Então como pensar visualmente essa religião em 2027? A gente tinha um desafio muito grande que era imaginar a experiência da espiritualidade. No começo a gente trouxe esses elementos da iluminação, da cromática do filme, da fumaça, das músicas. Todo um ingrediente capaz de produzir uma experiência sensorial nesse filme, trazer a espiritualidade que a gente utilizou para demonstrar essa prática ritualística. O neon aqui é pura luz. Algomais: O filme acaba mirando o futuro, mas acerta o presente em alguns pontos, não é? Gabriel Mascaro: Pois é. Uma pergunta bem curiosa porque a gente começou a pesquisa quatro anos atrás. A gente rodou o filme antes de Bolsonaro sair como candidato. É um filme realmente feito tentando pensar e especular um estado de coisas que eu já vinha observando que, mais cedo ou mais tarde, poderia passar por esse avanço da agenda conservadora. Mas o filme é uma alegoria, claro. É como eu tento reler essa influência da cultura evangélica no Estado brasileiro. Que bom que a gente conseguiu fazer um filme muito vivo e que possa estar o tempo todo conectado e oferecendo recurso para pinçar o presente, mesmo se passando no futuro. E eu acho que esse é o lugar da arte. A arte não tem que trazer resposta, não tem que responder o presente. A arte tem que fazer perguntas.

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Em “Divino Amor”, Gabriel Mascaro constrói um Brasil futurista

Houldine Nascimento A carreira do diretor pernambucano Gabriel Mascaro é bastante prolífica: com apenas 35 anos, já assinou nove filmes, entre curtas e longas documentais e ficcionais. Seu mais novo trabalho, “Divino Amor”, chega ao circuito comercial nesta quinta-feira (27). No começo deste ano, a coprodução entre o Brasil e mais cinco países passou por festivais importantes, como Sundance e Berlim, e arrancou elogios da imprensa internacional. Com elementos de ficção científica, Mascaro realiza um exercício de imaginação sobre o Brasil. A trama se passa em 2027 e o país, ainda descrito como laico, é dominado pela visão de mundo evangélica. Joana (Dira Paes) é escrivã de cartório. Muito apegada à sua fé cristã, enquanto recebe casais em litígio, tenta dissuadi-los da ideia e atua para a reconciliação de vários deles, convidando-os para um culto. Casada com o florista Danilo (Julio Machado), Joana busca de diversas formas ter um filho e, assim, fortalecer seu casamento. Para isso, utiliza expedientes que ajudam na sua fertilidade e na do companheiro. Um deles é a troca de experiências com outros casais em crise, com base em rituais religiosos e carnais. Essa tentativa inicialmente fracassada provoca dilemas sobre a sua crença. Ao agir para a manutenção de casamentos e não ser “recompensada” com a dádiva de maternidade, a protagonista passa a questionar a relação com Deus. Em determinadas cenas, Mascaro aposta na sensualidade dos personagens, embora o sexo seja visto como algo sublime. Essa construção feita pelo diretor, imbuída de erotismo ao retratar um segmento religioso com hábitos conservadores, salta aos olhos do espectador e promete suscitar fortes reações a respeito. Os caminhos adotados pela narrativa, no entanto, condizem com o cinema de Gabriel, notabilizado pela audácia. Nesses momentos há um balé de corpos em consonância com o que já foi visto em seus outros trabalhos ficcionais, “Ventos de Agosto” e “Boi Neon”. É interessante observar os detalhes empregados pelo realizador na trama. É um futuro extremamente informatizado, com situações curiosas, como a presença de um drive-thru de oração, ao qual a protagonista recorre com frequência, e de raves cristãs, aqui chamadas de “festa do amor supremo”. A burocracia também é observada sob essa perspectiva não convencional. A história é guiada por uma narração em off que se justifica ao final. Para construir este universo peculiar, Gabriel Mascaro repete a parceria com o diretor de fotografia mexicano Diego Garcia e aposta novamente num tom neon, além da prevalência de uma trilha sonora eletrônica. Ele usa um famoso episódio bíblico e traça um paralelo com a crença protestante no retorno de Jesus Cristo, visto como o Messias. Apesar de “Divino Amor” ser anunciado como um filme futurista, o enredo conserva semelhanças com o momento por que passa o Brasil. O protestantismo é a religião que mais cresce no país, conforme Mascaro aponta através de suas lentes, em razão da grande organização política dentro dessa denominação. A ascensão contínua dos evangélicos, que representam mais de 22% da população brasileira, de acordo com o último censo, realizado em 2010 (um número hoje maior, a ser detectado no próximo levantamento), está atrelada a isso e à forte presença desse segmento em áreas em que o Estado está ausente, caso notório das periferias. Nesse sentido, é muito pertinente que o audiovisual lance um olhar mais agudo sobre o protestantismo, como “Divino Amor” se propõe, mesmo ao fazê-lo de maneira fantasiosa. Assim, destoa de produções anteriores, que chegaram a abordar essa religião sem a profundidade merecida.

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