Arquivos história - Página 2 de 11 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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A história do primeiro frade negro

*Por Leonardo Dantas Silva Nasceu em 1609, de origem humilde, era conhecido pelo apelido de Pretinho. Com a invasão holandesa, em janeiro de 1630, logo apresentou-se ao comandante Henrique Dias (falecido em 1662), passando a integrar os exércitos nativos que, durante cinco anos fizeram parte as resistência luso-brasileira do Arraial do Bom Jesus. Durante 24 anos serviu à sua Pátria, pelejando ao lado dos guerreiros comandados pelo Governador dos Crioulos, Negros e Mulatos do Brasil, e, após a rendição de 26 de janeiro de 1654, resolveu ingressar na Ordem Franciscana dos Frades Menores no Convento de Nossa Senhora das Neves de Olinda. Não consta a data do seu ingresso no Convento Franciscano de Olinda, mas, segundo Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão (1695- 1769) era a ele atribuída uma vida religiosa, cuidando dos serviços interiores da casa, “de muita abstinência e sumamente caritativo”. Por mais que se dedicasse aos deveres da ordem, o frei Francisco de Santo Antônio, não conseguia sua promoção ao sacerdócio por conta de sua cor, sendo debalde todos os seus pleitos junto os seus superiores. O acidente da cor, como se atribuía na época, era causa impeditiva da conquista do sacramento da ordem sacerdotal. Vendo que todos os seus esforços seriam inúteis em Pernambuco, embarcou para Portugal com o objetivo de levar o seu desejo ao conhecimento do monarca D. Pedro II (1648-1706). Depois de suportar muitas grosserias das figuras da Corte, o Frei Pretinho, como era conhecido, consegue ser recebido pelo rei e, entre lágrimas de júbilo e agradecimento, recebe a ordem real determinando o seu ingresso no Noviciado do Convento Franciscano de Olinda, em 2 de agosto de 1689, quando contava com a idade de 80 anos. Seis anos depois, em data de 1º de agosto de 1695, celebra ele a sua primeira missa, no próprio Convento Franciscano de Olinda, mas vem falecer completando seu dilatado curso de vida gozando da fama de virtuoso e de santidade. Falecera Frei Francisco de Santo Antônio, com a idade de 86 anos, tornando-se, além de herói do Terço dos Henriques, o primeiro afrodescendente admitido como irmão professo no Brasil. Comenta Francisco Augusto Pereira da Costa: “Ele suportou heroicamente toda a oposição que lhe moveram, todos os embaraços que se lhes apresentaram, mas viu coroados os seus intentos, e viu triunfar a causa da igualdade e da fraternidade, e despeito dos prejuízos da época, dessa desigualdade que se procurou manter nas ordens religiosas”

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7 fotos para celebrar os 50 anos do Museu do Trem do Recife

*Por André Cardoso Inaugurado em 25 de outubro de 1972, o Museu do Trem do Recife é um dos mais tradicionais da capital pernambucana e está completando 50 anos em 2022. Sendo um dos primeiros museus ferroviários criados no Brasil, foi criado por iniciativa do Emerson Jatobá, Chefe da 3ª Divisão Nordeste da RFFSA, com o apoio do sociólogo Gilberto Freyre, através do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, atual Fundaj. Consolidou-se como um dos principais centros de preservação da memória ferroviária do país. Reunindo um importante acervo da antiga rede de ferrovias nordestina, o espaço conta a história de nossas estradas de ferro e seus impactos sociais e espaciais no desenvolvimento de Pernambuco. O museu promove ações diversas voltadas à difusão e à valorização do patrimônio ferroviário, se constitui como um espaço de aprendizado e de outras experiências enriquecedoras. Desde sua inauguração, está sediado na Estação Central do Recife, cartão-postal recifense e que teve sua construção finalizada em 1888 pela Estrada de Ferro Central de Pernambuco. No início do século XX, sob a gestão da companhia inglesa Great Western of Brazil Railway, passou a ser o principal terminal ferroviário da cidade para os trens de passageiros. Durante quase 100 anos, foi uma das principais estações ferroviárias do Nordeste. Em suas plataformas partiam e chegavam trens de passageiros de cidades da Zona da Mata, Agreste e Sertão do estado, bem como de outros estados nordestinos como Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, bem como do antigo sistema de trens urbanos do Recife que antecedeu ao Metrô. A partir de 1972, a Estação Central tornou-se sede do Museu do Trem, ao mesmo tempo que continuava operacional sob a gestão da Rede Ferroviária Federal S/A. Em 1983 a estação foi desativada para a construção do Metrô do Recife, sendo mantido o Museu. Em 2014, o Museu do Trem foi totalmente reestruturado, passando a ocupar todo o prédio. Em reforma desde maio desse ano, a Estação Central será reaberta ao público no próximo ano, trazendo de volta todo o conteúdo e as atividades presenciais do Museu do Trem, que nesse momento tem dado sequência à sua programação com atividades virtuais e com a exposição itinerante “Pare, Olhe, Escute: Os Caminhos do Patrimônio Ferroviário de Pernambuco”. *André Cardoso é historiador, mestre em História Social da Cultura Regional pela UFRPE e coordenador de Ação Educativa do Museu do Trem do Recife

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Recife no século passado é um dos destaques de exposição no Instituto Moreira Salles

*Por Rafael Dantas O fotógrafo português Francisco Manoel Rebello viveu no Recife por décadas e registrou o cotidiano da capital pernambucana, das suas belezas e também dos seus problemas, para a Revista da Cidade. Seu acervo foi preservado pela família e a partir deste mês integrará uma mostra na capital paulista. O Instituto Moreira Salles inaugurou nesta semana a exposição "Moderna pelo avesso: fotografia e cidade, Brasil, 1890- 1930" com algumas imagens do fotógrafo. Com curadoria de Heloisa Espada, a exposição apresentará o Brasil da Primeira República, com foco no processo de urbanização das principais cidades brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Belém, Belo Horizonte e Porto Alegre. As imagens do Recife foram preservadas pelo filho de Francisco Rebello, o Sr. Artur Rebello. "Meu pai era de Goa, Índia Portuguesa. Veio ao Brasil e trabalhou como comerciante, fazendo representação comercial com tio e irmão. Tirar fotos era um hobby. Tem foto do Zeppelin quando chegou ao Recife, fotos do dia a dia, dos costumes. Ele fotografava na rua quando era solteiro. Ele fazia aos sábados as fotos e no domingo revelava. Ele casou com 42 anos, mamãe tinha 20. Como toda mulher, ela baixou a diretriz: Se ele quisesse tirar fotos, era de outra coisa: filhos, sobrinhos, filhos dos amigos… no terraço de casa". De acordo com Ligia Rebello, também filha do fotógrafo, ele registrou o cotidiano do Recife até o final dos anos 30. Muitas de suas imagens foram imortalizadas na Revista da Cidade, que circulou nos anos 20, na capital pernambucana. "Na Revista da Cidade se encontram as primeiras fotos dele públicas. Havia algumas críticas porque ele fotografava muitos mendigos, coisas negativas para a sociedade, que queria a coisa mais elitizada. Mas ele tirava as fotos do momento, das situações de vida. Não era nada planejado, como o cotidiano da feira, do mercado. Cada foto tem a sua história, um local". Confira abaixo algumas fotos do acervo do fotógrafo que foram publicadas na Revista da Cidade. As Lavadeiras O banho do pobre Velharias do Recife O suco de abacaxi

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Walt Disney inventou a Disneylândia, o Recife não precisa inventar nada!

*Por Francisco Cunha Walter Elias Disney (1901-1966), conhecido como Walt Disney, fundou a Disneylândia para dar vida a uma cidade da fantasia, onde todos os personagens e cenários são inventados e se constituem num absoluto sucesso de público e renda há décadas. Já o Recife, não precisa inventar nada porque todos os seus personagens e cenários são reais e pertencem à história que está literalmente em cada esquina do seu Centro. Aliás, desde a pré-história, os depoimentos dos primeiros colonizadores dão conta de que toda a região do delta do Capibaribe era densamente povoada, com diversas aldeias indígenas que ficavam perto dos locais de coleta de alimentos (peixes, crustáceos e demais abundantes frutos do mar, bem como frutas como caju, pitanga, mangaba, todas encontradas em profusão nas matas da planície e na beira-mar). Inclusive, a crônica histórica dá conta de que o próprio Duarte Coelho Pereira, nosso primeiro donatário, teve que expulsar uma aldeia inteira dos índios caetés do alto de Olinda (a “Marim dos Caetés”) para se instalar lá e fundar a nossa primeira capital. A partir da colonização, a relação de personagens notáveis é imensa. Desde os franceses contrabandistas de pau-brasil; passando pelos piratas liderados por James Lancaster; a invasão holandesa, com seu rosário de personagens de todos os tipos, inclusive os mais ilustre deles, Maurício de Nassau; os judeus que moraram na Rua do Bom Jesus e, de volta para os Países Baixos, se perderam, foram parar em Nova Amsterdam e fundaram a colônia judaica de Nova York, a maior do mundo; os heróis da Insurreição e da Restauração Pernambucana; os mercadores que promoveram uma guerra com a “nobreza da terra” de Olinda (só ela, um rosário interminável de personagens), talvez a única entre cidades no Brasil, a “Guerra dos Mascates”; os artistas e artesãos que construíram um dos maiores acervos barrocos religiosos do mundo; os religiosos que povoaram as igrejas e os conventos das mais variadas confrarias e ordens religiosas que imperaram depois da expulsão dos holandeses; os mártires e heróis das revoluções de 1817, de 1824 e de 1848, sem falar das diversas outras menores durante o “Século da Revoluções” (XIX); o naturalista Charles Darwin (que esteve no Recife em 1836); o Conde da Boa Vista (Francisco do Rego Barros), reformador notável do Recife, patrono da vinda de Louis Vouthier (engenheiro revolucionário francês que construiu o Teatro Santa Isabel); Francisco Saturnino de Brito, herói do saneamento nacional, que saneou 100% do Recife na primeira década do século XX; os reformadores dos Bairros do Recife e de Santo Antônio na primeira metade do século XX; sem falar em toda a plêiade de personagens do Império e da República (mulheres e homens públicos, artistas, poetas, empresários) que povoaram o Recife, inclusive a primeira experiência de arquitetura moderna no Brasil com Luiz Nunes, Burle Marx e Joaquim Cardozo); e muitos e muitos outros… Isso tudo, sem citar os ambientes urbanos e edificados com exemplares ainda presentes na paisagem da cidade ou facilmente resconstituíveis pela profusão de imagens ilustrativas (pinturas, gravuras, fotografias), por si sós, cenários que, rigorosamente, nada têm de fantasiosos porque reais. Essa breve relação mostra o pontencial extraordinário que o Recife tem, em especial o seu Centro, para ser mais do que uma cidade da fantasia, uma cidade da história e da cultura, com fantasia, sim, por que não? Com atrações em cada canto, ancoradas na riquíssima história que temos. Para isso, necessário se faz todo um esforço liderado pelo poder público mas que precisa ser encampado e prestigiado pelos que temos conhecimento desta possibilidade e pudemos contribuir com a nossa vontade para torná-la realidade. Nós não precisamos criar nenhuma Disneylândia. Nós já a temos. Só precisamos animá-la e colocar para funcionar. Pode ser um sucesso maior do que sua congênere fantasiosa norte-americana. Um parque temático real: o da fantástica história do Recife! *Francisco Cunha é arquiteto e consultor

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Um passeio pelo Cemitério de Santo Amaro

A cidade do Recife sofreu grandes transformações na sua paisagem quando da administração de Francisco do Rego Barros (1802-1870), que veio a ser barão, visconde e finalmente Conde da Boa Vista. Formado em matemática pela Universidade de Paris, com apenas 35 anos de idade foi designado presidente da província de Pernambuco, ficando no cargo de 1837 a 1844, época em que o trouxe para o Recife o engenheiro francês Louis Léger Vauthier (1815-1901), responsável pela construção do Teatro de Santa Isabel (1850) e de importantes obras públicas. É dessa época a presença na equipe de obras públicas do Governo da Província do engenheiro José Mamede Alves Ferreira (1820-1865), bacharel em matemática pela Universidade de Coimbra, que além dos prédios da Casa de Detenção e do Ginásio Pernambucano foi responsável pelo projeto do Cemitério Público do Senhor Bom Jesus da Redenção, criado em 1841, pela Lei Provincial nº 91, tendo sido inaugurado em 1º de março de 1851. Trata-se de uma área plana, originalmente ocupando um terreno de 351,35 m de fundos por 320 m de largo, tendo ao centro uma elegante capela em estilo gótico, em forma de cruz grega, para onde convergem todas às alamedas de túmulos dando, assim, um formato estelar ao conjunto. Seria um ponto turístico do Recife, como acontece nas diversas cidades da Europa e mesmo das Américas, mas, infelizmente, não é de visitação habitual nem indicado por nenhum dos guias por nós consultados. Bem conservado pela atual administração municipal, o Cemitério de Santo Amaro, chama a atenção do visitante para o seu portão de entrada, trazendo na sua base a data de MDCCCLI (1851), confeccionado em ferro fundido pela firma A.C. Staar & Cia. (Fundição Aurora), a mesma responsável pelos portões do Cemitério dos Ingleses e da Ordem Terceira do Carmo do Recife. Aleias de palmeiras imperiais marcam a avenida principal, ladeada pelos primeiros túmulos do início da segunda metade do século 19, que conduz o visitante até a capela em estilo gótico, octogonal, situada ao centro do campo santo. Nas diversas alamedas do Cemitério de Santo Amaro, vamos encontrar singulares obras de arte de escultores diversos que estão a exibir o seu talento nos diversos túmulos alguns deles centenários. No ponto de confluência de suas ruas, encontramos uma singular capela gótica, a primeira do seu gênero em terras pernambucanas, projetada por José Mamede Alves Ferreira (1820-1865), mandada construir pela Câmara Municipal do Recife em 1853. “Trata-se de um monumento de puro estilo gótico de cruz grega, fechada por uma só abóbada, de uma belíssima e arrojada construção, e de grandeza proporcional ao fim a que é destinada, sem campanário e sem dependências”. Tem no seu centro uma imagem do Cristo Crucificado, em ferro, produto de fundição francesa, tendo na sua abóbada placas de mármore alusivas às diversas fases de sua construção, como as restaurações sofridas nos anos de 1899 e 1930: A Câmara Municipal do Recife a mandou fazer em 1853, ...1855, segundo o plano do engenheiro civil José Mamede Alves Ferreira; reaberta e melhorada na administração do Exmo. Dr. Esmeraldino Olympio de Torres Bandeira, prefeito do Município do Recife, em 16 de junho de 1899; restaurada na administração do Exmo. Sr. Dr. Francisco da Costa Maia, prefeito do Município, 1930. Relembrando a observação do escritor Rubem Franca (in Monumentos do Recife - Recife, 1977): O Cemitério encerra muito da cultura de um povo. Santo Amaro, aliás, ainda aguarda quem lhe faça um estudo completo, um levantamento dos sepulcros de pernambucanos famosos e populares. Um estudo dos seus monumentos funerários, que são, alguns verdadeiras obras de arte. Joaquim Nabuco e outros túmulos O mais suntuoso dos túmulos é dedicado ao Patrono da Raça Negra, o abolicionista Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo (1849-1910), obra do escultor italiano Giovanni Nicolini; sendo  encarregado de montar em Pernambuco outro escultor, também italiano, Renato Baretta, em novembro de 1914. O conjunto escultórico retrata a Emancipação do Elemento Escravo, em 13 de maio de 1888, formado por um grupo de ex-cativos levando sobre suas cabeças o sarcófago simbólico do grande abolicionista. À frente do monumento, o busto de Joaquim Nabuco, em mármore, tendo ao seu lado uma figura de mulher (a história), que ornamenta de rosas o pedestal do busto, onde se lê: A Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo. Nasceu a 19 de agosto de 1849. Faleceu a 17 de janeiro de 1910. Logo em frente ao mausoléu de Joaquim Nabuco, encontra-se o túmulo de José Mariano Carneiro da Cunha (1850-1912), também destacado líder do movimento abolicionista e de sua mulher Olegária (Olegarinha) Gama Carneiro da Cunha (1860 – 1898). Um busto em bronze do abolicionista e estátua de uma mulher chorando, conservando as inscrições: À José Mariano / o Povo / Pernambucano. / Olegária Gama Carneiro da Cunha, 16-9- 1860, 24-4- 1898. Outro belo túmulo do Cemitério de Santo Amaro, porém, pertence ao Barão e a Baronesa de Mecejana: Antônio Cândido Antunes de Oliveira e Colomba Ponce de Leão. “O túmulo é todo feito em mármore de Carrara com grande influência dos romanos, por causa do sentimento católico. O formato de tocha invertida é símbolo da morte e da expectativa de que essa luz se reacenda”, explica o escultor e responsável pela última restauração do túmulo, Jobson Figueiredo, realizada em 1999. Sobre seu mausoléu escreve o próprio Barão de Mecejana, em seu testamento, conservado no Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano, ter sido o túmulo destinado, inicialmente, a sua filha e seu genro que faleceram de uma das epidemias que assolaram o Recife na segunda metade do século 19. A posição do barão e baronesa, em genuflexo, demonstra a atitude do casal durante a doença que vitimou o casal. Como bem observou o escritor Clarival do Prado Valadares, in Arte e Sociedade nos Cemitérios Brasileiros (1972), vale reparar também o detalhe das esculturas em mármore do barão e da baronesa, que reproduzem até a textura de uma veste rendada. Segundo estudo da pesquisadora Semira Adler Vainsencher, da Fundação Joaquim Nabuco: “Vários mausoléus imponentes podem ser encontrados, também, no

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Cipriano Barata: um revolucionário em nome da liberdade

Para a maioria, liberdade é o poder de o cidadão exercer a sua vontade, sua autonomia e espontaneidade. De certa forma, pois, a liberdade é utópica, posto ser questionável que os indivíduos tenham, verdadeiramente, a liberdade que pensam ter, especialmente nas sociedades modernas e suas mídias avassalantes. Já a liberdade de expressão, especificamente, é a garantia que permite ao indivíduo expressar livremente suas opiniões e crenças sem impedimentos, isoladamente ou em grupo, dentro dos limites da lei. Não era esse, no entanto, o entendimento vigente no Século 19. Expressar-se, tácita ou explicitamente, pela separação de Portugal tinha como corolário o esquartejamento. Mesmo assim, um homem chamado Cipriano Barata fez da pena a sua lança na Revolução Pernambucana de 1817. Cipriano José Barata de Almeida foi um liberal combativo que, iluminado pelas luzes da Revolução Francesa, movimentou a opinião pública para defender a ideia de um Brasil independente de Portugal, o fim da monarquia e da escravidão. Era tão comprometido com a causa, que graduado em medicina na Universidade de Coimbra, ficou na história como um dos mais atuantes jornalistas políticos do Primeiro Reinado. De fato, ele foi incansável, na Revolução Pernambucana de 1817, o único movimento político que a partir de 1140 afrontou vitoriosamente o reino português. Tratava-se da mais radical ruptura com a monarquia, pondo em prática os princípios da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e deitando por terra o suposto direito divino que a nobreza se atribuía. Por falar em direitos, para assegurar condições mais humanas aos presos políticos, ele fundou comitês de solidariedade. Crítico e contestador, Cipriano Barata foi em 1821 deputado pela província da Bahia às Cortes de Lisboa, mas não se furtava a defender publicamente a separação de Portugal. Por conta disso, regressando da Corte foi impedido de desembarcar em Salvador, vindo, então, para o Recife, onde iniciou sua atividade jornalística no Aurora Pernambucana, o primeiro jornal do Estado. Dois anos depois fundou seu próprio periódico, o Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, posicionado a favor das ideias republicanas e da autonomia das províncias. Incansável, organizou, embora dela não haja participado diretamente, a Confederação do Equador, mais um grande movimento revolucionário, de caráter separatista e republicano ocorrido em Pernambuco. E continuou a escrever, nomeando, com grande engenhosidade, seus jornais, como Sentinela da Liberdade, no entanto variando o final do título de acordo com o local em que estivesse. Em 1830, voltou para a Bahia, onde publicou o Sentinela da Liberdade na Guarita do Quartel-General de Pirajá, e em seguida abandonou as atividades políticas. Em 1836 e foi morar em Natal, passando a ser professor de francês, e, por fim, encontrou sua definitiva e inalienável liberdade. Morreu dois anos depois, aos 76 anos de idade. *Por Marcelo Alcoforado Publicado no 06/06/2018

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9 imagens e a história do Bonde Elétrico no Recife

As ruas e avenidas da capital pernambucana já foram recortadas por Bondes Elétricos. O modal de transporte foi alvo de um recente trabalho acadêmico intitulado Bonde Elétrico e transformações urbanas no Recife, produzido por Mariana Zerbone Alves de Albuquerque e Tales de Lima Pedrosa para a Revista Temporalidades, do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG.   Você pode conferir o artigo no link a seguir: Bonde Elétrico e transformações urbanas no Recife . Bonde Elétrico na Rua do Imperador (Acervo Benício Dias/Villa Digital/Fundaj)   De acordo com os pesquisadores, a chegada dos bondes elétricos no País está conectada a uma série de transformações urbanísticas que ocorreram entre o final do século 19 e início do século 20. Essas mudanças no tecido urbano recifense são fruto da "introdução de novas técnicas e planos urbanísticos em busca de se aproximar à modernidade europeia que havia sido instaurada em cidades como Paris", apontaram os pesquisadores no artigo. De acordo com a pesquisa, a implantação dos bondes elétricos no sistema de transporte da capital pernambucana ocorreu em 1914. "O Jornal de Recife na sua edição do dia 12 de maio de 1913 trouxe em sua capa comentários sobre o discurso do então governador de Pernambuco, Dantas Barreto, ao Congresso. Naquele enunciado, os serviços de bondesde burro eram apontados como “péssimo e arcaico”, algo que envergonhava os cidadãos do Recife “pelo atraso de civilização”, sendo então apresentado um contrato para a exploração da tração elétrica. Para o periódico, nesse momento o estado se integrava ao “movimento de progresso” e, a partir daí, a The Pernambuco Tramways & Power Companypode começar seus trabalhos no ano de 1913. A ideia da eletrificação do sistema já era discutida desde o ano de 1899, mas os elétricos circularam pela primeira vez 13 de maio de 1914 com uma inauguração que movimentou toda a cidade", afirmaram Mariana Zerbone e Tales Pedrosa (2020, p. 585). . Postal com imagem da Avenida Marques de Olinda, com uma sequência de três bondes elétricos. (Acervo Josebias Bandeira/Villa Diital/Fundaj) . A pesquisa destaca que os jornais da época apresentaram o Bonde Elétrico como um avanço em substituição dos bondes de tração animal. A modernização foi comemorada diante dos criticados serviços do antigo modal de transporte, apontado como ineficiente e sem a qualidade que a população almejava. A imagem abaixo é de uma publicidade, que está inserida na pesquisa, que foi publicada na Revista do Nordeste. Ano II. Número 22. Janeiro/1920 . As demais imagens dessa postagem são da Fundaj, publicadas na Villa Digital, nos Acervos de Benício Dias e de Josebias Bandeira. . Rua Nova (Acervo Benício Dias/Villa Digital/Fundaj) . Bonde Elétrico passando em frente à Matriz da Boa Vista (Acervo Josebias Bandeira/Villa Digital/Fundaj) . Bonde elétrico atravessando a Ponte Buarque de Macedo, em 1940 (Benício Dias/Villa Digital/Fundaj) . Bonde Elétrico passando ao lado do Teatro Santa Isabel (Acervo Josebia Bandeira/Villa Digital/Fundaj) . Praça de Boa Viagem e Obelisco (Acervo Josebia Bandeira/Villa Digital/Fundaj) Bonde elétrico, com destino ao bairro de Beberibe, atravessando a Ponte Santa Isabel, em 1930 (Acervo Benício Dias/Villa Digital/Fundaj)   .   . . *Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)     . VEJA TAMBÉM NO NOSSO SITE . 7 imagens para voltar ao tempo dos bondes nas ruas do Recife . 10 fotos do Recife no tempo dos bondes

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12 imagens da Livro 7 Antigamente

Nesta semana o Recife se despediu com muito pesar do livreiro Tarcísio Pereira. Em homenagem a sua contribuição à cultura, a coluna Pernambuco Antigamente  publica hoje uma série de 10 imagens da livraria que foi o principal ponto de debates e de difusão de novas publicações da capital por algumas décadas. A maioria das fotos foram lembranças publicadas por amigos e frequentadores do espaço no grupo de Facebook Amigos da Livro 7 ou de acervo pessoal. Originada de uma pequena loja na Rua Sete de Setembro, a Livro 7 teve a sua inauguração no dia 27 de julho de 1970, segundo informações da Fundaj. Situada na vizinhança de importantes pontos culturais e universitários da cidade, como a Faculdade de Direito do Recife, o Cinema Veneza e o Teatro do Parque, a livraria se tornou um espaço muito frequentado por artistas, intelectuais e estudantes. "Em 1978, mudou-se para um grande galpão, na mesma Rua Sete de Setembro, com o objetivo de ser a maior livraria pernambucana. Com os seus cavaletes e estantes, ocupando um espaço de 1.200 m2, tornou-se, nos anos 1970 e 1980 (por cinco anos seguidos), a maior livraria do Brasil, em número de títulos (60 mil) e extensão de prateleiras, segundo o Guiness Book", afirmou Lúcia Gaspar, em artigo da Fundação Joaquim Nabuco. A loja chegou a ser chamada pelo consagrado escritor Fernando Sabino de Maracanã do Livro. Clique nas imagens para ampliar Tarcísio Pereira, em 1975. (Registro de Cláudio Marinho) . Imagens internas da Livro 7 (Do Blog Angústia Criadora) . Outras fotografias interna do acervo de livros, em outro ângulo (Página Recife Antigamente) . Imagem de Tarcísio na livraria (Publicada no portal Vermelho, por Urariano Mota) . .Bar da Livro 7, numa tarde de verão de 1973  (Foto de Daniel Santiago) . Marcus Accioly autografando na Livro 7, em 1980 (Diario de Pernambuco/Hemeroteca da Biblioteca Nacional) . Um clique de Tarcísio Pereira na Livraria, em 1996 (Diario de Pernambuco, Fernando Gusmão; Hemeroteca da Biblioteca Nacional) . Um dos destaques da trajetória da livraria foram os eventos e lançamentos de grandes autores. No destaque abaixo, o poeta João Cabral de Melo Neto. (Imagem de Acervo Pessoal de Tarcísio Pereira, publicada no Por Aqui) . O escritor Sidney Sheldon foi uma das celebridades que passou pela livraria . Registro do Diario de Pernambuco, na comemoração de 15 anos de atividades de Tarcício Pereira, em 3 de agosto de 1985 (Foto: Diógenes Montenegro) Nota sobre a Livro 7 na coluna de João Alberto, em 28 de janeiro de 1983 . . . *Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente rafael@algomais.com rafaeldantas.jornalista@gmail.com . LEIA TAMBÉM Nos arredores da Livro 7   A despedida de Tarcísio Pereira   8 fotos de lojas do Recife Antigamente

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6 fotos do casario do Recife na década de 1920

Na década de 1920 circulava a Revista de Pernambuco. No acervo desse material que trazia fotografias de várias cidades e registros de eventos da época, selecionamos 6 imagens de construções do Recife, nos anos de 1925 e 1926. A publicação exaltava o desenvolvimento imobiliário, com a construção das novas casas em ruas recém-abertas ou com novo calçamento e iluminação na capital pernambucana. Recife novo, a cidade inteira se enche de habitações modernas Essa foi a legenda dessa foto publicada em 1925 na Revista de Pernambuco. Infelizmente não há informação do bairro ou da rua dessa casa. . Cada dia novas construções vão surgindo dos terrenos baldios. A proporção que a cidade inteira se ilumina e asfalta. Descrição da foto na publicação indica o avanço do calçamento das ruas e da iluminação pública no Recife, também em 1925.  . Por todo o Recife espalham-se vivendas confortáveis e elegantes . Casario na Rua Amélia, em 1925 . Recife Moderno. Um trecho do Largo do Hospicio, no bairro da BoaVista, em 1926 . As edificações abaixo foram descritas como "Edifício da Usina e das oficinas de saneamento, na Avenida do Cabanga, uma das artérias de acesso ao Pina, construída pelo Governador Sérgio Loreto." . . . *Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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10 praças de Pernambuco Antigamente

Selecionamos hoje imagens de praças públicas espalhadas pelo Estado de Pernambuco no passado. Dentro da base de fotografias da Biblioteca do IBGE localizamos registros dos municípios da Região Metropolitana do Recife, do Agreste e do Sertão. Confira! . Praça Agamenon Magalhães, em Paulista . Praça Doutor José Bezerra, Cabo de Santo Agostinho . Praça Dom Malan, em frente ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina . Praça da Abolição, em Olinda . Praça em Garanhuns . Praça no Cabo de Santo Agostinho . Praça Rio Branco, no Recife . Praça Coronel Porto, em Caruaru . Praça Padre Simão de Figueiredo, São Lourenço da Mata . Praça Maria dos Prazeres, em Inajá *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com) . LEIA TAMBÉM 9 praças do Recife no século passado 5 fotos das Praças de Burle Marx no Recife antigamente

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