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O cego guiou o caminho

*Por Paulo Caldas É como se o fracasso fosse confortável para alguns; sempre encontram razões que o justifiquem, culpando o destino, o karma ou algo semelhante. Contudo, há quem abrace o desafio e transforme a queda em oportunidade. “O cego guiou o caminho” narra a jornada de Seu Augusto, que, aos vinte e oito anos, começou a perder a visão. E, não obstante possuir uma prole considerável, reiniciou a vida. Não venceu a cegueira, mas determinado, dominou a adversidade. Desse modo, com os ensinamentos transmitidos pela pedagogia do cotidiano, guiou os filhos a cultivar virtudes e repassá-las aos descendentes. No texto, o autor, João Carlos Barros, décimo sexto filho de Augusto e Júlia, além de homenageá-los, resgata a epopeia vivida pela família. Embora não siga o viés de autoajuda, pelos exemplos que apresenta, o livro pode auxiliar o leitor a buscar caminhos. Afinal, nos seus longos silêncios, o protagonista ensinou: “vencer é tirar as pedras do caminho: há uma luz que nos espera a cada curva do destino’’. A publicação traz o selo da Editora Nova Presença. Capa de Fabrício Oliveira. Revisão de Fernanda Caldas. Projeto Gráfico de Bel Caldas. Imagens do acervo do autor. Os exemplares podem ser adquiridos nas livrarias Jaqueira. *Paulo Caldas é escritor

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Estreia literária de Rafael Godoy expõe feridas da marginalização em contos viscerais

Em Bichos Cegos Tateiam Feridas, autor recifense narra com lirismo brutal histórias de abandono, desejo e violência urbana O escritor pernambucano Rafael Godoy estreia na literatura com Bichos Cegos Tateiam Feridas (Mondru, 62 págs.), uma coletânea de 20 contos divididos em três partes — “Os bichos”, “A cegueira” e “As feridas”. O livro mergulha em narrativas sobre dor, abandono, desejo e violência, dando voz a personagens que transitam nas margens da cidade e da linguagem. O texto de contracapa é assinado por Marcelino Freire, que define a obra como “porrada”, destacando sua visceralidade e cumplicidade com a literatura que nasce da rua. Brutalidade, sexualidade, afetos e violações atravessam histórias em que a sobrevivência é o único fio de esperança. A oralidade marca o ritmo das narrativas, em que a violência cotidiana se mistura à saudade, ao sarcasmo e à busca por pertencimento. Como afirma o autor, “maltratar, pisar, ignorar, tratar como bicho, só vai fazer com que mais ódio cresça, se espalhe e acabe matando a gente de ignorância”. Com narradores em primeira e terceira pessoa, os contos expõem ambientes de miséria humana com autenticidade, tanto nos diálogos quanto nos trejeitos das personagens. O lirismo da prosa surge da cadência poética, que imprime beleza mesmo em meio à brutalidade. Godoy recusa o embelezamento da miséria e aposta em uma escrita direta, desobediente e sem concessões, capaz de lançar o leitor ao barro, ao sangue e às ruínas do corpo e da cidade. Rafael Cabral Godoy, 29 anos, nasceu no Recife, cresceu entre a capital e Camaragibe e atualmente vive no Recife. É formado em História pela UPE e em Design Gráfico, área em que cofundou o estúdio PUYA!, onde atua como diretor de arte. Dedicado à literatura desde a adolescência, encontrou no conto sua principal forma de expressão. “Bichos Cegos Tateiam Feridas não é só um sonho realizado, é um ensinamento de persistência e um convite ao pertencimento. Agora eu consigo me chamar de escritor”, afirma. O livro pode ser adquirido no site da editora Mondru: mondru.com/produto/bichos-cegos-tateiam-feridas

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Roberto Marcos vencedor da categoria Romance

Prêmios Cepe revelam novos destaques da literatura brasileira

Autores de cinco estados vencem nas categorias Romance, Conto, Poesia, Infantil e Infantojuvenil em premiação nacional da Cepe Editora. Na foto, Roberto Marcos, vencedor da categoria Romance A Cepe Editora anunciou os vencedores da 8ª edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura e da 5ª edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Infantojuvenil. Os autores premiados foram selecionados entre 1.740 obras inscritas, vindas de diferentes regiões do país. Os ganhadores receberão R$ 20 mil e terão suas obras publicadas e lançadas pela editora pernambucana. Na categoria Romance, o destaque foi Os escritos de Blanca Mares, do mineiro Roberto Marcos, que narra a vida de Timóteo, o velho Tussa, e sua relação afetiva com a Estrada de Ferro Bahia-Minas. “Acompanho o Prêmio Cepe há muito tempo e tenho o maior respeito pelo trabalho sério que vem sendo realizado em Pernambuco pela literatura. Isso me motivou muito a inscrever o romance. Estou muito feliz com a notícia”, afirmou o autor. No Conto, o premiado foi Atemoia, do paulista Daniel Keichi, elogiado pelo júri por suas histórias bem estruturadas e protagonizadas por personagens de mundos invisibilizados. Já na Poesia, o gaúcho Felipe Julius arrebatou o prêmio com Cicatrizes na paisagem, uma road novel poética sobre as enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul. “Era uma promessa de ano novo que fiz após ter vivido in loco a situação de 2024... talvez já tivesse alinhado tudo na minha mente e só faltava botar no papel, sou super grato pelo rumo”, declarou. Na categoria Infantil, Ernani Ssó venceu com A morte e o estagiário da morte, obra que aborda com leveza e humor um tema sensível, equilibrando profundidade e diversão. “É uma tremenda alegria, porque não sou apenas eu que ganha o prêmio. Muitas crianças, com quem falei em escolas, me pediram mais histórias sobre a morte... Isso não tem preço”, disse o autor, que tem mais de 30 livros publicados e é também tradutor de grandes clássicos. A mineira Lisa Alves venceu na categoria Infantojuvenil com A menina que não queria ver Deus, que apresenta a trajetória de Maria Antônia, uma menina de 11 anos em busca de sentido num mundo adulto cheio de silêncios e ausências. “Ganhar o Prêmio Cepe com A menina que não queria ver Deus é um alívio amargo... Obrigada a todas as mãos que cuidam das palavras. E a quem, como Maria Antônia, ainda prefere as perguntas às certezas”, afirmou. Para o editor da Cepe, Diogo Guedes, os prêmios literários promovidos pela casa são essenciais para a valorização da literatura nacional, pois incentivam a escrita e garantem a entrada de novos autores em seu catálogo. A 8ª edição teve a participação de jurados renomados como Cidinha da Silva, Jussara Salazar e Nara Vidal, além de uma pré-seleção com especialistas em cada gênero. A 5ª edição do prêmio infantil e infantojuvenil contou com júri único formado por Ana Estaregui, Nina Rizzi e Thiago Corrêa, que avaliaram as obras de forma anônima. “O processo da premiação é anônimo, então o que pesa é a qualidade dos textos e a negociação entre os diferentes repertórios do júri final, que este ano foi composto de três mulheres", destacou a editora-assistente Gianni Gianni. Serviço:A lista completa dos vencedores e informações adicionais estão disponíveis no site oficial da Cepe Editora: www.cepe.com.br/premio-cepe.

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Fundaj homenageia Cláudio Aguiar com exposição e lançamento de livro

Mostra “Entre Letras e Sonhos” celebra os 80 anos do escritor com acervo inédito, obras visuais e retrospectiva literária no Museu do Homem do Nordeste A Fundação Joaquim Nabuco inaugura, no dia 10 de julho, às 17h, a exposição Entre Letras e Sonhos: 80 Anos de Cláudio Aguiar, uma imersão na trajetória de um dos mais prolíficos escritores brasileiros contemporâneos. A mostra, com curadoria de Bruna Pedrosa, estará em cartaz na Galeria Waldemar Valente, no Museu do Homem do Nordeste, reunindo documentos, livros, capas ilustradas, esculturas e obras visuais que dialogam com os mais de 40 títulos publicados por Aguiar ao longo de sua carreira. A narrativa da exposição destaca a intersecção entre literatura e artes plásticas, com peças de artistas como J. Borges, Cavani Rosas, Gilvan Samico, João Câmara e Mestre Noza — muitos dos quais ilustraram as obras do autor. “Cada parede desta exposição compõe uma paisagem singular: do romance histórico Caldeirão, representado pelas esculturas de Mestre Noza, às xilogravuras de J. Borges, que ilustram a novela Os Anjos Vingadores”, destaca a curadora. Para ela, trata-se de “uma homenagem que movimenta memórias, política, arte e imaginação”. Na mesma ocasião, será lançado o livro Cláudio Aguiar – Vida e Obra Literária, organizado por Rosemberg Cariry. Com mais de 600 páginas, a publicação reúne ensaios, análises e documentos sobre o autor, membro de instituições como a Academia Pernambucana de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. “O Museu do Homem do Nordeste e a Fundação Joaquim Nabuco celebram os 80 anos do escritor Cláudio Aguiar com essa exposição. Uma homenagem e reconhecimento à sua longa e rica trajetória, com mais de 40 livros publicados e prêmios recebidos”, afirma Silvana Araújo, coordenadora de Exposições da Fundaj. Nascido no Ceará e radicado em Pernambuco, Cláudio Aguiar doou parte de seu acervo à Fundaj. “Embora eu tenha nascido no Ceará, minha vida foi praticamente toda vivida aqui em Pernambuco. Por isso, ter essa exposição na Fundação Joaquim Nabuco é uma grande alegria. É uma casa de muita história, ligada a figuras como Gilberto Freyre e Joaquim Nabuco — a quem comparo com Francisco Julião: um lutou pelos escravizados, o outro pelos camponeses”, afirmou o escritor. Sobre a mostra, completou: “Ela reúne obras, capas de livros e materiais de artistas que ilustraram meus livros, como Cavani Rosas, J. Borges e Samico. É uma retrospectiva de um escritor vivo.” Serviço:Exposição Entre Letras e Sonhos: 80 Anos de Cláudio AguiarAbertura: 10 de julho, às 17hLocal: Galeria Waldemar Valente – Museu do Homem do Nordeste (Fundaj – Campus Casa Forte)Visitação gratuita

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Mistério do Globo da Morte

*Paulo Caldas Quando o Gran Circo Afro-Latino chegou a Mata Grande trouxe mais do que alegria. Junto com ele, veio uma nuvem de sombras que encobriu a cidade durante alguns meses, envolvendo paixões secretas, um misterioso assassinato, o inexplicável desaparecimento de Léo, o leão do circo e, como se não fosse o bastante, um inusitado lobisomem para agitar ainda mais o sossego daquela gente. Como decifrar tais fenômenos? Por certo o leitor vai descobrir no conteúdo de o “Mistério do Globo da Morte”, livro de José Teles, autor de publicações literárias destinadas aos públicos adulto e infantojuvenil, inseridos nos segmentos dos paradidáticos e dentre os apreciadores do universo musical. Detentor de uma verve invejável, o autor, conceituado jornalista e renomado crítico, ainda produziu outros lançamentos tantos de títulos biográficos, quanto no universo do humor refinado. Mistério do Globo da Morte tem o selo da Editora Bagaço, com concepção de capa de Daise Teixeira, revisão de Carla Vanessa Sales. Os exemplares são vendidos na própria editora, Rua Luiz de Camões, 263, Poço da Panela, CEP52061160. WWWeditorabagaco.com.br, fone 981918546. *Paulo Caldas é Escritor

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Thays Medusa foto Nena Callejera Yastricia Santos e Julia Bione da esquerda para a direita foram as premiadas no Recital de poesia com Slam das Minas PE

Festival Literário das Periferias ocupa ruas e corações do Recife com arte, poesia e protagonismo negro

Segunda edição do Fliperifa promove programação gratuita com oficinas, mesas, recital e atrações culturais nos bairros do Totó e Arruda, valorizando a literatura e os espaços periféricos Com o tema “Leia a Rua”, o Festival Literário das Periferias do Recife (Fliperifa) chega à sua segunda edição ocupando, em junho, escolas públicas e espaços culturais nas Zonas Oeste, Sul e Norte da cidade. A programação gratuita segue neste domingo (15), a partir das 14h, no Cores do Amanhã, ONG situada no bairro do Totó, e na quinta-feira (19), no Ladobeco, centro cultural no bairro do Arruda. Com foco em crianças e adolescentes, o evento promove rodas de diálogo, oficinas, feira de livros, espaço infantil, recital de poesia com o Slam das Minas PE e atrações como o Coco de Água Doce e o Coletivo Família Malanarquista. Idealizado por Palas Camila, pedagoga e produtora cultural, e com curadoria da escritora Bell Puã, o Fliperifa nasceu como um compromisso com o direito à leitura e à cultura nas periferias. Em 2025, o festival homenageia duas mulheres negras de trajetória periférica: Maria Cristina Tavares, do Ibura, e Joy Thamires, do Coque, ambas reconhecidas por sua atuação em educação, arte e militância antirracista. Entre os destaques da programação estão a “Malateca”, biblioteca móvel criada pela arte-educadora Magda Alves, que percorreu escolas públicas com contação de histórias e recital poético, e as oficinas “Ancestralidade guiando nossos versos”, com Joaninha Poeta, e “Vivências de mapas afetivos e poesia”, com Cris Venceslau. As atividades também ampliam o acesso por meio de intérprete de Libras e ações de acessibilidade comunicacional. Financiado pela Lei Aldir Blanc Recife (PNAB) e realizado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife, o Fliperifa reafirma o protagonismo da arte literária nas periferias como um ato de resistência, imaginação e transformação social. Serviço📍 15/06, a partir das 14h – Cores do Amanhã (Av. Garota de Ipanema, nº 02, Totó)📍 19/06, a partir das 14h – Ladobeco (Av. Prof. José dos Anjos, nº 121, Arruda)📲 Programação e inscrições: bit.ly/447DRpN | Instagram: @fliperifape

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Ao leitor reflexivo

*Paulo Caldas Na apresentação do livro "Sonho impossível o Recife e Cervantes um encontro de história, cultura e arte”, de Francisco Dacal, o professor espanhol José Alberto Miranda Poza afirmou: Convido o leitor reflexivo a não perder nenhuma das páginas... e boa leitura. E Poza tinha razão. Dacal, mais um cavaleiro andante percorre o Recife traçando um roteiro, aparentemente comum no plano físico, mas rico em simbolismo espiritual. Assim, descreve com elogiável sensibilidade cenários que lhe são caros – e capazes de emocionar até o recifense mais cético -, bares, cafés, padarias, restaurantes, livrarias, clubes, esquinas, praças, academias e quiosques. Os rumos do Capibaribe, o som dos parques... citações para reflexão e sentimentos dirigidos ao leitor. Faz, com notável habilidade, referências a autores e críticos recifenses, tal Gilberto Freyre ou o adotivo Ariano Suassuna, que reconheciam o cervantismo como fonte de estímulo às ideias presentes em suas obras. Distingue ainda figuras mais recentes, caso do inesquecível livreiro Tarcísio 7. O autor ressalta ainda a nitidez de outro traço do cervantismo: a vocação do Recife para o pioneirismo, lutas libertárias, difusão e disposição para resguardar o seu patrimônio cultural e histórico. Os textos constantes nesse livro não são inéditos de todo, uma vez que atravessaram as prestigiadas colunas do Diario e da Folha de Pernambuco. Por outro lado, deixam antever que no cotidiano das ruas estão os apelos de sedução ao leitor, quando definem, por exemplo, o caráter “cervantino” da cidade do Recife. A publicação tem a produção editorial da Appris Editora, diagramação de Maria Vitória Ribeiro, projeto de capa de Sheila Alves. Os exemplares podem ser adquiridos (impresso e ebook), nas principais plataformas: Amazon, Magalu, Americanas, na própria Editora Appris. Nas livrarias Martins Fontes, Vila, Travessa... E suas plataformas. *Paulo Caldas é escritor

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Festival RioMar de Literatura lota teatro com debates, música e faz homenagem ao escritor Marcelo Rubens Paiva

Com ingressos esgotados, evento reuniu autores, influenciadores e artistas em uma celebração da literatura no Recife O XI Festival RioMar de Literatura, realizado nesta quinta-feira (24), lotou o Teatro RioMar, no Recife, com uma programação que uniu literatura, música e solidariedade. O evento contou com a participação de nomes como os escritores Pedro Pacífico, Daniela Arrais e Marcelo Rubens Paiva, que conversaram sobre o poder da escrita e os desafios do mundo digital. A mediação ficou por conta da jornalista Beatriz Castro. Além dos debates literários, o público foi convidado a participar da campanha de doação de livros infantis e juvenis, que serão entregues a crianças do Sertão de Pernambuco por meio da ONG Amigos no Sertão. A programação musical do evento ficou por conta dos pocket shows da cantora Isadora Melo e do músico, poeta e escritor Lirinha. Com curadoria da jornalista Carmen Peixoto, o festival reafirma seu papel como um dos principais encontros literários da capital pernambucana. Ao reunir autores de diferentes gerações, o evento mostrou que a literatura continua sendo um espaço de diálogo, memória e transformação social. Marcelo Rubens Paiva fala sobre memória, ditadura e o papel da literatura Após o sucesso da adaptação de Ainda estou aqui para o cinema, que rendeu reconhecimento internacional e um Oscar, o escritor Marcelo Rubens Paiva compartilhou reflexões sobre sua trajetória e o impacto de suas obras. “O papel do escritor é ser lido. Acho que atingi o ápice disso tudo com o filme... levou as pessoas a lerem de novo uma obra minha que já estava no canto das livrarias há muito tempo”, afirmou, destacando o sentimento de missão cumprida ao ver sua história pessoal alcançando novos públicos. Durante a conversa, Marcelo também fez paralelos entre o passado e o presente do país. Ele comentou o episódio do 8 de janeiro como um alerta para a necessidade de manter viva a memória da ditadura militar. “É a prova de que é preciso falar de 64, relembrar, repensar se o Brasil deve perdoar os golpistas”, disse. Para ele, os resquícios do regime ainda se fazem presentes na estrutura da segurança pública brasileira: “A forma como a polícia militar abate as pessoas começou na ditadura. O fato de a polícia ser militar... isso não existe em lugar nenhum do mundo.” Autor de uma trilogia autobiográfica, Marcelo explicou como O Novo Agora se conecta com seus livros anteriores. “Uma fase quando eu era jovem, uma fase com minha mãe com Alzheimer e uma fase que eu virei pai. O Novo Agora foi quase uma necessidade... uma sugestão do editor para continuar uma história que ainda estava engasgada.” Ele reforçou que, ao narrar experiências íntimas, também se comunica com o coletivo. “Você fala de você para falar do coletivo... falando profundamente da minha mãe, das relações familiares... você aborda o conflito que é universal.” O escritor também revelou que o pedido de não exibir cenas de tortura no filme partiu dele, numa tentativa de construir uma narrativa emocional e não explícita sobre o período. “Queria que fosse sutil, nas entrelinhas”, disse. “Faltava um filme da família comum... não ideológico ou didático.” Neste momento, Paiva vive uma fase dedicada à literatura e aos lançamentos internacionais de suas obras, com passagens por França, Itália, Espanha, Portugal e Inglaterra. “Esse ano vai ser em função da literatura”, concluiu. Literatura como espelho e abrigo: Daniela Arrais e Pedro Pacífico falam sobre juventude leitora e escrita pessoal no Festival RioMar Durante coletiva no XI Festival RioMar de Literatura, os autores Daniela Arrais e Pedro Pacífico refletiram sobre o novo perfil de leitores no Brasil e o papel transformador da escrita autobiográfica. Ambos celebraram a crescente adesão dos jovens à leitura, impulsionada pelas redes sociais. “Ainda bem que tem esperança”, afirmou Pacífico. “O BookTok virou uma porta de entrada para muitos adolescentes, que agora estão levando os próprios pais para as bienais. É uma inversão linda.” A conversa também destacou a potência da escrita pessoal como ferramenta de conexão. “Quando a gente lê e se identifica no livro do outro, vem aquela sensação reconfortante de não estar sozinho nas dores e medos”, contou Pacífico, autor de uma obra marcada por relatos sobre identidade e autoconhecimento. Daniela, por sua vez, falou sobre o receio inicial de compartilhar experiências íntimas em seu livro: “Pensei: será que alguém vai se interessar? Mas percebi que as experiências são universais. Falar de mim é, de alguma forma, falar do outro.” Ambos também expressaram preocupação com os impactos da inteligência artificial na produção literária. Daniela relatou ter recebido um livro assinado por IA e se recusado a lê-lo: “Fiquei assustada. A gente precisa de mais humano, mais naturalidade na escrita.” A dupla ainda defendeu políticas públicas de incentivo à literatura e o fortalecimento da cadeia do livro no Brasil, especialmente fora do eixo Sudeste.

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Como a literatura pode ajudar crianças a lidarem com o luto

No Dia Nacional do Livro Infantil, psicóloga recomenda obras que ajudam a falar sobre a morte com sensibilidade e afeto Falar sobre a morte com crianças é um dos grandes desafios enfrentados por famílias e educadores, especialmente quando o assunto deixa de ser abstrato e passa a fazer parte da realidade. Neste 18 de abril, Dia Nacional do Livro Infantil, a psicóloga Simône Lira, especialista em luto no Morada da Paz, propõe o uso da literatura como ferramenta para lidar com o tema de forma cuidadosa, verdadeira e acolhedora. “As crianças merecem respostas verdadeiras, dadas com afeto. Os livros são ferramentas poderosas para ajudar os pequenos a entender que a morte faz parte da vida e que é possível falar sobre isso com naturalidade”, destaca. A profissional lembra que, diferente dos adultos, as crianças ainda estão formando seus conceitos sobre a vida e a morte. Por isso, muitas vezes não conseguem nomear o que sentem diante de uma perda. Livros infantis que abordam o luto com empatia e delicadeza ajudam não só a dar nome às emoções, mas também a criar um espaço de escuta e expressão. "É uma leitura que convida os adultos a escutar com atenção e validar os sentimentos das crianças", complementa Simône, ao comentar o livro Vovô não vai voltar?, de Kitty Crowther. Para ajudar pais, cuidadores e professores nessa missão, Simône preparou uma seleção especial de obras, que vai desde publicações clássicas como O livro do adeus, de Georgina Lázaro, até materiais educativos como a cartilha O Luto Infantil da Turma do Vilinha, produzida pelo próprio Morada da Paz, com acesso gratuito. A curadoria evita metáforas confusas como “foi viajar” ou “virou estrelinha”, que podem dificultar a compreensão do luto. Entre os destaques estão Pode chorar, mas fique inteiro, de Eric Lindner, que valoriza a autenticidade emocional durante o processo de luto, e O pontinho da saudade, de Mariela Sigal, que traz uma metáfora visual para explicar a saudade de forma sensível. “É uma obra sensível que representa o silêncio e o vazio deixado pela perda, sem pesar o conteúdo”, comenta Simône sobre O dia em que o passarinho não cantou, de Blandina Franco. Serviço:🖍️ A cartilha O Luto Infantil da Turma do Vilinha está disponível gratuitamente em: bit.ly/turmadovilinha📚 As demais obras podem ser encontradas em livrarias físicas e online.

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Festival RioMar de Literatura reúne grandes nomes da cena literária nacional no Recife

11ª edição do evento acontece em 24 de abril e homenageia Marcelo Rubens Paiva, com painéis, apresentações e campanha solidária. Marcelo Rubens Paiva será o homenagedo. Foto: Mauro Figa O Festival RioMar de Literatura chega à sua 11ª edição reafirmando sua força como um dos mais relevantes encontros literários de Pernambuco. Com programação marcada para o dia 24 de abril, a partir das 16h, no Teatro RioMar, o evento contará com a presença de nomes de destaque nacional como Marcelo Rubens Paiva, Pedro Pacífico, Daniela Arrais e Lirinha. Além de debates e apresentações culturais, o festival promove uma campanha de arrecadação de livros infantojuvenis para crianças do Sertão, em parceria com a ONG Amigos no Sertão. O escritor Marcelo Rubens Paiva, vencedor do Prêmio Jabuti e autor de Ainda Estou Aqui — livro que inspirou o filme ganhador do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025 — será o grande homenageado do festival. A programação também conta com um painel reunindo o criador do perfil @Bookster, Pedro Pacífico, e a escritora e jornalista pernambucana Daniela Arrais, autora de Para todas as mulheres que não têm coragem. Já o músico e poeta Lirinha promete emocionar com uma performance que mistura música e poesia, celebrando seus 35 anos de carreira. A abertura do festival será com um pocket show da cantora recifense Isadora Melo. Além do evento no Teatro RioMar, haverá uma programação matutina voltada para os jovens atendidos pelo Instituto JCPM. Os ingressos para o festival custam R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira) e podem ser adquiridos no app do RioMar Recife. Os participantes também são convidados a levar livros infantis e juvenis, novos ou usados em bom estado, para doar na entrada do teatro, incentivando o acesso à leitura nas comunidades sertanejas. Serviço📚 11ª edição do Festival RioMar de Literatura📅 Data: 24 de abril de 2025📍 Local: Teatro RioMar – Piso L4 do RioMar Recife🕓 Horário: A partir das 16h (abertura do teatro às 15h30)🎟️ Ingressos: R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira)💻 Venda: App do RioMar Recife, site oficial e bilheteria do Teatro📲 Informações: App do RioMar Recife e Instagram @riomar_recife📖 Campanha de doação: livros infantojuvenis, novos ou usados em bom estado, para crianças do Sertão

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